Os meus gráficos - parte II
17:05 28 Dez. 2001
Conforme o prometido, esta semana vou concluir a minha lista dos 6 passos que costumo seguir quando analiso um gráfico. Se não leu os primeiros três passos na semana passada, procure no final deste artigo (em "artigos relacionados") e leia, pois só assim esta segunda parte poderá ser entendida.
Sem mais demoras, vamos ver os últimos três passos e alguns gráficos.
Passo número 4: Identifique os movimentos com forte volume.
É um passo muito similar ao passo número 2, onde nós identificamos os "momentos especiais" do gráfico, no que diz respeito ao preço. Aqui, no passo número 4, diz respeito ao volume. Porquê olharmos também para os volumes? A acção do preço é uma parte importante do gráfico mas, para mim, o volume tem a mesma - ou talvez maior - importância. De facto, é raro quando um movimento com forte volume surge e não identifica uma importante mudança no gráfico. Por isso, temos que tentar observar tudo que sejam volumes fora do normal.
O que é que eu considero volumes fora do normal? Normalmente considero volumes mais de 1,5 vezes superior à média dos últimos 50 dias. Mas, como vai poder observar nos gráficos mais à frente, estes movimentos de forte volume são muito fáceis de detectar à primeira vista.
Passo número 5: Identifique a tendência do volume.
Este passo, apesar de descurado por um número elevado de pessoas, é provavelmente o mais crítico e decisivo neste processo de análise de gráficos. A tendência do volume - seja ela crescente, decrescente ou lateral -pode dizer-vos tudo. Por exemplo, se uma acção está a retrair depois de ter quebrado uma resistência, a observação de que o volume está a diminuir é um ponto chave para considerarmos que é uma bela oportunidade para se entrar na acção, pois trata-se de um típico "trader`s remorse".
Quando analiso qualquer gráfico, tento sempre retirar ilações da tendência do volume. Este é um aspecto que as pessoas que se iniciam na análise técnica descuram e que, só mais tarde, se apercebem da sua crucial importância. Será que eu consigo analisar gráficos sem volume? Claro, mas ler um gráfico só com preços e sem volume é como jogarmos futebol sem chuteiras. Mesmo o Pélé teria dificuldades em brilhar...
Passo número 6: Formule um cenário "E se isto acontecer?".
Ou seja, só se verificar o cenário por si colocado é que se negoceia. Se os primeiros 5 passos o ajudaram a ler um gráfico, este passo tenta tornar essa leitura em algo negociável.
Nesta altura, assimilado tudo aquilo que sabe sobre o gráfico, há que elaborar o tal plano de acção que lhe assegure uma entrada com baixo risco e alta rentabilidade ou , ao invés, reconhecer que aquele gráfico não pode proporcionar uma boa entrada. Lembre-se que há uma enorme diferença entre ler gráficos e negociá-los. Eu, por exemplo, todos os dias tiro inúmeras conclusões em diversos gráficos. Contudo, apenas alguns se apresentam como boas hipóteses de entradas. E só estes é que eu quero negociar!
Vistos estes últimos três passos finais, é a altura de vermos um exemplo para mais facilmente se perceber a importância destes últimos 3 passos.
BPSM- 2º Semestre de 1999
O nosso cenário já está criado. Resta esperar que esse cenário aconteça ( repare que o cenário pode nunca vir a suceder) e depois negociar com base no nosso plano de acção. Observem o que aconteceu ao BPSM uns dias mais tarde...
BPSM- 2º Semestre de 1999 e início de 2000
Em suma, o que é que fizemos até aqui? Tudo o que fizemos foi dividir a leitura de gráficos em 6 importantes passos. E, na realidade, é como eu faço. Apesar de os observar, dou muito pouca importância a outros indicadores e sinais. Apenas preço, volume, tendência, suportes e resistências.
Mantenha-se nas coisas simples, debruce-se sobre gráficos que pareçam óbvios, pratique muito e, de certeza, melhorará imenso os seus resultados de negociação. Ou, em último caso, envie-me um mail dizendo que eu só escrevi asneiras na minha última análise!