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Caldeirão da Bolsa

BES - A LUTA

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 13/1/2015 13:38

Boas,

EX-DIRETORA FINANCEIRA DO BES NA CPI: TODAS AS OPERAÇÕES ERAM APROVADAS POR MORAIS PIRES
Janeiro 13th, 2015
20150113

Isabel Almeida, a ex-diretora financeira do BES, revela que o antigo administrador financeiro lhe deu indicação de que investimento da PT na Rioforte era a um ano, mas a operadora aplicou a três meses.

“Nunca tomei nenhuma decisão relevante que não tivesse sido do conhecimento e recebesse autorização prévia de Amílcar Morais Pires“, sublinhou Isabel Almeida. A ex-diretora financeira do Banco Espírito Santo (BES) prometeu responder a todas as perguntas dos deputados à porta aberta, mas com reserva sobre as matérias em segredo de justiça: a Eurofin e a colocação de obrigações do BES.

Isabel Almeida revelou ainda que recebeu indicações iniciais de Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES, de que o investimento em papel comercial da Portugal Telecom de 897 milhões na Rioforte teria o prazo a um ano. Foi a PT que esclareceu depois que só podia fazer a aplicação a três meses, de acordo com o relato de acompanhamento da CPI sobre o BES aque está a ser feito pelo Observador.

Citando
Isabel Almeida, antiga responsável pelo departamento financeiro e de mercados do Banco Espírito Santo (BES), está a ser ouvida esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do BES e GES.

Considerada o braço direito de Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES, Isabel Almeida não pediu para ser ouvida à porta fechada. A antiga diretora financeira do BES não pode contudo falar sobre o esquema de recompra de obrigações colocadas pela Eurofin, que provocou avultados prejuízos ao banco nas semanas antes da resolução.

Foi Isabel Almeida quem explicou aos auditores e administração de Vítor Bento porque estava a recompra de obrigações a gerar tantos prejuízos. A ex-diretora financeira terá sido constituída arguida no âmbito das investigações a esta operação e deverá invocar segredo de justiça, como aliás fez Amílcar Morais Pires. Siga aqui em direto a audição.

“Processar custa dinheiro, e eu não tenho muito”, respondeu Isabel Almeida quando questionada sobre se processou a comunicação social.

O papel comercial renovado pela PT não passou pelos balcões do BES. A PT é um investidor qualificado e não havia limitações à comercialização.

As perguntas passaram há pouco para o deputado do PSD, Duarte Marques que voltou à carga com a Rioforte. Isabel Almeida disse que já respondeu em sede própria a estas perguntas (justiça e Banco de Portugal).

Antes, Isabel Almeida também disse que não viu a lista dos créditos cobertos pela garantia de Luanda. E o financiamento da ESI dado à Eurofin, alegadamente por ordens da ex-diretora financeira do BES?, questiona Mariana Mortágua. A deputada não percebe porque razão a parte não financeira compra ativos à Eurofin que por sua vez tem dívida do GES.

“Foi outra grande surpresa que tivemos no final de 2013″, diz Isabel Almeida sobre a má qualidade dos créditos concedidos pelo BESA. A ex-diretora financeira lembra a garantia irrevogável dada por Luanda a estes créditos em caso de incumprimento.

Parte dessa exposição resulta da capitalização de juros. E ao contrário do que aqui foi dito (por Álvaro Sobrinho), o BESA deixou de pagar os juros. Isabel Almeida sublinha ainda que as taxas cobradas eram normais. Entre 2012 e 2014, o não pagamento de juros fez a exposição aumentar. Os juros devem valer mais de 400 milhões e assim se chega aos 3500 milhões de euros.

Inicialmente tinha a ver com o perfil de negócio virado para grandes investimentos e private banking. Mas quando começa a surgir uma classe média em Angola e a necessidade de desalavancar, inicia-se uma discussão entre o BES e o BESA sobre a necessidade de encontrar um novo equilíbrio. Mas isso só acontece quando entra uma nova equipa.

Mariana Mortágua perguntou igualmente sobre a exposição do BES ao BESA. O grande aumento da exposição decorre entre 2009 e 2012 quando a exposição duplica em 1500 milhões de euros para fazer face ao modelo de financiamento e aos desequilíbrios de liquidez da subsidiária.

Isabel Almeida diz que há duas parcelas que são totalmente irregulares: o Privée reteve 20 milhões e a Esfil que ficou com 28 milhões de euros que teriam como destino a Rioforte. E depois há os 72 milhões de euros associados ao empréstimo do Nomura ao ESFG. São estas três operações que, segundo Isabel Almeida, levaram ao aumento da exposição do banco ao grupo, contrariando as ordens do Banco de Portuga.

Isabel Almeida pensa que a exposição até 733 milhões do BES ao ESFG seria do conhecimento do Banco de Portugal. As operações que saíram do controlo, tinham a ver com os 72 milhões do Nomura, e mais 20 milhões que resultam de fundos apropriados pelo Privée. Há ainda uma outra operação de 28 milhões de euros à ESFIL por conta do adiantamento de um financiamento à Rioforte.

A instrução do Dr Ricardo e que o Dr Morais Pires aceita é dada neste enquadramento, numa altura em que as ações dadas como garantia ainda valiam mais do que a exposição nesta operação que seria no máximo 160 milhões de euros. E foi reportado ao BdP.

Isabel Almeida revela que chegou a ser discutido o financiamento direto do BES à sua acionista, a ESFG, substituindo o Nomura. Não era normal que um banco financiasse a casa-mãe. Era uma proposta extraordinária que foi enviada ao Banco de Portugal.

E houve um aumento de exposição que resultou de instruções diretas do presidente da comissão executiva. O Dr. Joaquim Goes pediu para comunicar ao Banco de Portugal. Tivemos poucas horas para reforçar o colateral exigido pelo Nomura. Se não, o banco tinha o direito de despejar 5% do capital em bolsa, pressionando ainda mais as ações.

A ex-diretora do departamento financeiro lembrou o empréstimo do Nomura à ESFG para esta ir ao aumento de capital do BES, que correspondia a cerca de 5% do banco. Este financiamento determinava entregas de dinheiro sempre que fossem furados patamares de cotações, o que aconteceu várias vezes.

Isabel Almeida discutiu como seria possível fazer essa redução de exposição perante as grandes dificuldades financeiras da ESFG. A exposição aumentou até 730 milhões de euros, mas o reforço dos colaterais.

Em maio, o comité de partes relacionadas no BES dei orientação para se reduzir a exposição do banco à ESFG, e através dos bancos detidos por esta holding, que à data seria próxima de 600 milhões de euros.

A ex-diretora financeira lembra que a entidade sujeita à supervisão do Banco de Portugal era a Espírito Santo Financial Group (ESFG) que detinha o banco do Panamá.

E sobre o empréstimo do BES ao ES Bank of Panamá, ultrapassando os limites do Banco de Portugal? Isabel Almeida diz que não aprovou nenhum financiamento, havia uma linha já aprovada pelo BES. No caso do banco do Panamá havia uma garantia.

Isabel Almeida lembra que não tinha conhecimento das colocações de papel comercial feitas pelo Banque Privée. Sabia que havia financiamentos ao GES via Esfil e pelo Bank ES Panamá. Já o financiamento concedido pelo banco era diminuto, andaria na casa dos 500 milhões de euros.

O pecado original é que os documentos sobre as contas da Espírito Santo Internacional estavam errados. A situação não era positiva, mas sim negativa.

O papel comercial do GES era um produto muito competitivo e os clientes acorreram. Foram colocadas quantias muito significativas. Isabel Almeida não se recorda de pressões.
O CEO da Rioforte e Isabel de Almeida tinha informação de Amílcar Morais Pires que a aplicação era a um ano. E fomos informados pela PT que a aplicação seria apenas a três meses
Mas em momento algum, o departamento financeiro esteve envolvido em negociações. Recebia as instruções, explica Isabel Almeida. Foi neste quadro que comunicou com a Rioforte

O departamento recebeu as instruções e a informação sobre as taxas e prazos da subscrição do papel comercial. Isabel de Almeida diz que havia uma divergência sobre o prazo da aplicação. A PT dizia que a aplicação era a três meses e Amílcar Morais Pires tinha dito que o investimento da PT na Rioforte era a um ano.

O departamento financeiro do BES trabalhava diretamente com a Rioforte? Mas a aplicação da PT na Rioforte foi decidida e negociada pelos meus superiores hierárquicos, Amílcar Morais Pires e Ricardo Salgado, com a PT

Mas nunca lhe foi evidenciado nenhum problema concreto em relação aos problemas revelados em 2013 e 2014.

A ex-diretora financeira revela o que sabia da área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES). Tinha consciência de que era um grupo grande e muito endividado. Mas esta é uma caracteréstica do tecido empresarial português.

Isabel Almeida diz que só viu as contas da Espírito Santo Internacional (ESI) de 2012 quando em setembro de 2013 preparou a emissão de papel comercial. Só mais tarde em novembro, dezembro, teve conhecimento do passivo oculto da ESI.

Mariana Mortágua questiona sobre offshores que antes de 2002 eram financiadas pelo banco e que compravam ações próprias do BES. Mas Isabel Almeida lembra que as questões das offshores estão sobre investigação na justiça.

Isabel Almeida confirma que recebeu instruções de Ricardo Salgado que depois reportava a Amílcar, E tem a convicção de que o Dr. Salgado tinha toda informação sobre o que se passava no departamento financeiro, responde à deputada do Bloco de Esquerda-

“Nunca tomei nenhuma decisão relevante que não tivesse conhecimento e autorização prévia de Amílcar Morais Pires”, respondeu a Mariana Mortágua.

Está disponível para responder, mas com as limitações impostas pelo segredo de justiça.

A ex-Directora do BES disse que é com mágoa que vê o seu nome e do departamento financeiro associados a práticas alegadamente ilícitas.

Isabel Almeida conta que recusou todas as abordagens da comunicação social, apesar do primeiro impulso para falar. Entende ser este o momento e a oportunidade para se defender, exercer o contraditório e repor a verdade dos factos.

Isabel Almeida diz que foi surpreendida com a inclusão do seu nome na lista como administradora financeira, da qual não foi previamente ouvida, nem consultada. Lembrando que poderia ser ouvida à porta fechada, entendeu não o fazer.

Não abandonei o banco, apesar das calúnias que sobre mim caíram. Isabel Almeida conta que acompanhou o aumento de capital do BES e que perdeu tudo o que investiu e que correspondia a uma parte importante das poupanças. E deixa uma palavra de solidariedade para os que tendo menos, perderam também com o BES.

“Acreditei até ao fim na viabilidade do BES. Nunca desistimos e lutámos até ao limite das capacidades pela sobrevivência do BES”.

A” minha conduta perante as entidades que têm solicitado colaboração, incluindo o Novo Banco, auditores e supervisores, foi e continuará a ser pautada pelo espírito de colaboração “.Isabel Almeida agradece a competência dos 130 profissionais do departamento financeiro.

O departamento que dirigia não podia ter executado qualquer ato que esteja envolvido em investigações e suspeitas sem o conhecimento e autorização do superior hierárquico. O departamento estava sujeito a auditoria interna e à auditoria da KPMG.

Isabel Almeida refere agora os limites de gestão de risco e de concessão de crédito que limitavam a atuação do departamento. Mas as principais transações eram sempre apresentadas e sujeitas à apreciação prévia do administrador financeiro. O Dr Morais Pires autorizava de forma autónoma ou com o resto da comissão.

Trabalhei com o Dr. Morais Pires com responsabilidade e respeito profissional. Tive apenas um administrador de pelouro e nunca tive dúvidas sobre o reporte. Das poucas vezes em que recebeu instruções de outros membros, incluindo presidente, informava Morais Pires, com que reunia todos os dias.

Assumiu o cargo de diretora geral em 2004 quando Amílcar Morais Pires foi para CFO. Durante 14 anos reportei sempre ao Dr. Amílcar Morais Pires. As decisões não foram tomadas pelo meu departamento, mas sim executamos as decisões que foram decididas pela comissão executiva.

Isabel Almeida faz uma declaração inicial em que explica o seu percurso profissional que começou em 1984 na Pricewaterhouse na área da auditoria. Esteve na IBM e em maio de 1995 entrou para a direção financeira e de mercados do BES. Até 2004, esta área foi dirigida por Dr. Morais Pires.

Fernando Negrão agradece a clareza quanto à sua audição, uma vez que está disposta a responder a todas as perguntas, não obstante ser arguida em processos crime e de contraordenação. Ainda assim, há temas proibidos pelo segredo de justiça: a Eurofin e a colocação de obrigações do BES.

Isabel Almeida entrou agora na sala (cerca das 09H00) onde vai iniciar a audição e aguarda enquanto é fotografada.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 13/1/2015 13:35

Boas,
“SALGADO TINHA QUE SABER” DAS EMISSÕES DE PAPEL COMERCIAL
Janeiro 13th, 2015
20150113

Foi eleito pela BBC como o pior CEO do ano. Passou de Dono Disto Tudo, para o homem que diz que não sabia de nada. A queda de Ricardo Salgado e da família Espírito Santo foi o acontecimento mais marcante do ano de 2014 em Portugal

A ex-diretora do BES Isabel Almeida afirmou que a aplicação da PT na Rioforte foi “decidida e negociada” por Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, salientando que o departamento financeiro só recebeu instruções.

“Essa aplicação da PT na Rioforte foi decidida e negociada pelos meus superiores hierárquicos, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, com a PT. A mim só me foram comunicado os montantes, prazos e taxas por Amílcar Morais Pires”, afirmou a ex-diretora financeira do BES.

Isabel Almeida disse que o departamento financeiro só recebeu instruções e que havia “uma diferença” entre nas informações dadas, já que a PT dizia que era a três meses e a informação de Morais Pires foi de que seria uma aplicação a um ano.

A ex-diretora disse desconhecer quem negociou a aplicação em representação da PT, adiantando apenas que terá sido “ao mais alto nível”.

A PT SGPS investiu cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, investimento do qual não foi reembolsada e que deixou um ‘buraco’ nas contas da operadora portuguesa.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 13/1/2015 0:40

Boas,
Directora do BES arguida vai esta terça-feira ao inquérito ao BES
12 Janeiro 2015, 23:05 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt
Depois das audições à porta fechada de José Castella e Machado da Cruz, tesoureiro e contabilista do GES respectivamente, Isabel Almeida inaugura as sessões da comissão de inquérito desta semana. Seguem-se António Souto, Sikander Sattar e Luís Horta e Costa.
Isabel Almeida é um dos nomes que mais têm sido referidos na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. A directora do departamento financeiro, mercados e estudos do BES, que esteve envolvida e revelou a operação de recompra de obrigações que estava a causar perdas ao banco em Junho deste ano, vai, terça-feira, 13 de Janeiro, pelas 9 horas, falar perante os deputados.

A ex-directora encontra-se no grupo de arguidos constituídos no âmbito do processo relativo ao universo Espírito Santo. A directora do BES, que esteve para chegar à administração com a indicação de Morais Pires para suceder a Salgado, esteve no centro das operações do esquema de financiamento que pode ter passado pela Eurofin e Panamá.

Já sobre a gestão do BES irá falar António Souto, suspenso de funções aquando da apresentação de resultados da instituição financeira a 30 de Julho passado. A audição está marcada para as 15 horas de terça.

No dia seguinte, Sikander Sattar, já ouvido na comissão como presidente da KPMG Portugal, volta a ser chamado, mas desta vez para falar enquanto responsável pela KPMG Angola. A primeira era auditora do BES em Portugal, a segunda do BES Angola. Luís Horta e Costa, da angolana Escom e cuja actividade permanece misteriosa, presta declarações na quinta-feira.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 13/1/2015 0:34

A História...triste.
RUI MACHETE: EDUARDO DOS SANTOS ASSUME FIM DE CICLO DE MAL ENTENDIDOS COM PORTUGAL ENVOLVENDO BANCOS BES E BESA, BNA E BDP, ESCOM E SONANGOL
JANEIRO 12TH, 2015
20150112

Citando

Observador

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, reuniu-se hoje com o Presidente angolano, em Luanda, o qual terá anunciado o fim de um ciclo de mal entendidos entre os dois países.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, reuniu-se hoje com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que anunciou o fim de um ciclo de mal entendidos entre os dois países.

“O senhor Presidente [de Angola] disse algo que eu fiquei particularmente grato. Ele acentuou que se encerrava um ciclo em que tinha havido um ou outro mal entendido e que agora as coisas estavam naturalmente límpidas e caminhando muito bem”, afirmou aos jornalistas Rui Machete, ainda no palácio presidencial, em Luanda. O governante português iniciou hoje uma visita de dois dias a Angola, a primeira que realiza enquanto ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, assumindo o propósito encontrar “soluções cada vez melhores” nas relações entre os dois países.

Esta visita tem em pano de fundo o anúncio, feito a 15 de outubro de 2013 pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, do abandono do estabelecimento de uma parceria estratégica com Portugal.
Na altura estava agendada, para fevereiro de 2014, uma cimeira entre os dois países, que já não se realizou e que continua sem qualquer data prevista. “Isso aí é um problema que não é da minha competência, pronunciar-me sobre ele”, disse ainda Rui Machete, questionado pelos jornalistas sobre um eventualmente reagendamento da cimeira.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, anunciou hoje a intenção de avançar com um regime de vistos em passaporte facilitador para empresários, no âmbito do acordo já vigente com Angola.

A posição foi transmitida pelo governante, em Luanda, após reunir-se com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, juntamente com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti. “O acordo de vistos [com Angola] pode ser francamente melhorado”, admitiu Rui Machete, em declarações aos jornalistas ainda no palácio presidencial, em Luanda, no primeiro de dois dias de visita oficial a Angola.

Ainda segundo o Observador , Machete disse admitir “que haja progressos a fazer, designadamente se nós conseguirmos descobrir os meios adequados para criar vistos empresariais mais eficazes”, sublinhou o chefe da diplomacia portuguesa, garantindo que o balanço feito com o homólogo angolano, sobre o atual acordo de vistos, é positivo.
O ministro enfatizou ainda o “reforço significativo” recentemente introduzido na emissão de vistos nos consulados de Portugal em Luanda e em Benguela, o mesmo acontecendo por parte de Angola. “Mas, sobretudo, o que registámos é que não há ainda um conhecimento suficiente das potencialidades que o acordo já tem, o que é pena”, apontou, em declarações conjuntas com o homólogo angolano.

“A parte portuguesa fez um esforço considerável em termos da redução dos tempos de concessão dos vistos nos seus consulados. Acho que devemos trabalhar mais para aumentar o nível da facilitação, também por parte de Angola, particularmente para a classe empresarial”, reconheceu Georges Chikoti, no final da audiência do governante português com José Eduardo dos Santos.

Ainda sobre a emissão de vistos, tendo em conta que Portugal é uma das portas principais para entrada dos angolanos no espaço Schengen, o ministro Rui Machete admitiu a necessidade de “atenção” às novas regras que os países europeus pretendem adotar, na sequência dos atentados de Paris. “Eu penso que não haverá [risco de diminuição de emissão de vistos para angolanos], se justamente tomarmos as cautelas necessárias e devemos estudar atentamente os problemas, quando eles surgirem. Neste momento ainda não há razões para pensar em concreto em nenhumas ameaças desse tipo”, assegurou o ministro português.

De acordo com Rui Machete, as possíveis dificuldades da economia angolana, face à forte quebra na cotação do barril de petróleo no mercado internacional, e eventuais atrasos nos pagamentos a empresários portugueses no país, foi outro dos temas abordados no encontro com o chefe de Estado angolano.

“Foi abordado apenas em termos genéricos, mas é natural que as empresas portuguesas se preocupem com um facto que é naturalmente sério e haverá certamente soluções que podem ser encontradas. Nós sabemos que o preço do petróleo cria problemas aos países produtores, não é apenas a Angola, teremos de analisar esses problemas e, a seu tempo, encontrar soluções adequadas”, concluiu Machete.

Em Junho de 2011, vêm a público as investigações da PJ ao então presidente do BESA. Álvaro Sobrinho é suspeito de branqueamento de capitais num caso que começou em Luanda. Os investigadores suspeitam de fraude na transferência de dezenas de milhões de euros do Banco Nacional de Angola através do BES Londres. Sobrinho é constituído arguido e algum do seu património em Portugal chega a ser congelado. A investigação não foi conclusiva e os bens de Sobrinho são mais tarde libertados.

O caso quase resultou num grave conflito económico entre Luanda e Lisboa, conforme referiu o Observador.

Agosto de 2011. Era Passos: fora da privatização

Arranca o processo de venda da EDP, a primeira e mais importante privatização do programa de ajustamento. O Governo escolhe a Perella Weinberg para assessorar o Estado nas operações da energia. A opção é contestada em público e privado, pelo presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi. As queixas rendem ao BESI a coordenação das próximas privatizações, TAP e ANA, mas as escutas a conversas de Ricciardi apanham revelações comprometedoras que levam à abertura de um inquérito para averiguar suspeitas de manipulação de preços nas privatizações da REN e EDP.

Abril de 2012. Aumento de capital, ato 1

A Espírito Santo Financial Group (ESGF), a holding financeira do GES que detém as participações no BES e na Tranquilidade realiza um aumento de capital de 500 milhões de euros.

Maio de 2012. Ato 2 e… Monte Branco

O Banco Espírito Santo (BES) concretiza um reforço do capital de mil milhões de euros. É a única operação feita por um banco português que é totalmente assegurada com capitais privados durante a intervenção da troika. A família Espírito Santo consegue levantar fundos para manter a sua posição, mas o Crédit Agricole limita a sua exposição ao banco português. Investe no BES, mas em troca do encaixe da venda da sua participação na seguradora Tranquilidade à ESFG.

A Operação Monte Branco chega aos jornais. A rede de branqueamento de capitais com centro na empresa suíça Akoya foi detetada a partir das investigações aos casos Furacão e BPN. Os sócios Micael Canals e Nikolas Figueiredo, bem como o intermediário Francisco Canas, são detidos. O nome de Ricardo Salgado surge na lista de clientes. Álvaro Sobrinho também é falado, e mais tarde sabe-se que o ainda presidente do BESA é acionista da Akoya.

Junho de 2012. Escapar ao olho do BCE

Depois de terem passado quase um ano a recusar a necessidade de recorrerem ao fundo de recapitalização de 12 mil milhões de euros, três dos maiores bancos portugueses anunciam a realização de aumentos de capital. Os privados BPI e BCP vão recorrer à linha da troika.

Para os banqueiros, a imposição da linha de apoio à banca, equivale a uma self fulfling prophecy (uma profecia que se cumpre a si própria). As exigências acrescidas de rácios, a política restritiva e a obrigação de provisionar perdas na dívida pública, que são um resultado direto da aplicação do programa, não deixam alternativas à banca.

Para além dos juros altos e da intervenção na gestão, a ajuda pública cobra outro preço alto: a negociação de planos de reestruturação com Bruxelas que podem implicar venda de ativos e negócios, para além de uma vigilância reforçada aos balanços e operações. Apesar de se submeter aos testes de stress, (é a ESFG que vai a exame), o BES escapou a esta devassa, um feito elogiado na altura, mas que hoje é olhado com a maior desconfiança.

sobrinhoNovembro de 2012. Amílcar Pires com o BESA

Álvaro Sobrinho deixa a presidência executiva do BESA a fica como chairman do banco angolano que passa ser acompanhado diretamente pelo braço direito de Ricardo Salgado, o CFO (administrador financeiro) do BES, Amílcar Morais Pires. O afastamento do matemático angolano, que foi uma escolha pessoal de Salgado, não é no entanto uma transição tranquila. Há algum tempo, que o presidente do BES era pressionado para afastar Sobrinho, devido a suspeitas de descontrolo na gestão e concessão de créditos do BESA.

Dezembro de 2012. Perdão fiscal a Salgado

Na qualidade de presidente não executivo Álvaro Sobrinho preside à inauguração da sede do BESA em Luanda, cerimónia para a qual são convidados jornalistas portugueses. A ausência de Ricardo Salgado é notada.

Por esta altura, a investigação do Monte Branco já tinha chegado ao presidente do BES que aproveita o perdão fiscal para corrigir a situação e pagar impostos por rendimentos no estrangeiro. As explicações são dadas ao Procurador por Ricardo Salgado que vai voluntariamente ao DIAP.

Janeiro de 2013. Justiça iliba Salgado

Em janeiro o jornal i noticia três correções fiscais feitas pelo presidente do BES, relativas a rendimentos fora de Portugal. Dias depois é tornado público um despacho do procurador Rosário Teixeira que iliba Ricardo Salgado de suspeitas de envolvimento na operação Monte Branco.

Janeiro de 2013. Justiça iliba Salgado

“Tendo em conta a repercussão pública das referidas notícias, o Banco de Portugal entende, neste caso, dever comunicar que as informações disponíveis, recolhidas e recebidas no quadro dos procedimentos aplicáveis, não constituem fundamento, à luz da legislação em vigor, para a abertura de processos de reavaliação de idoneidade em relação aos casos referidos na comunicação social. “

Esclarecimento do Banco de Portugal, 5 de FevereiFevereiro de 2013. Banco de Portugal também
Perante as notícias insistentes, sobretudo dos jornais Sol e i, de que o Banco de Portugal estaria a questionar Salgado no quadro da reavaliação da sua idoneidade, o Banco de Portugal segue o exemplo do procurador e faz um comunicado inédito, com data de 5 de fevereiro em que afasta qualquer procedimento sem nunca nomear a instituição.

“Tendo em conta a repercussão pública das referidas notícias, o Banco de Portugal entende, neste caso, dever comunicar que as informações disponíveis, recolhidas e recebidas no quadro dos procedimentos aplicáveis, não constituem fundamento, à luz da legislação em vigor, para a abertura de processos de reavaliação de idoneidade em relação aos casos referidos na comunicação social. “

Agosto de 2013. A guerra pela Semapa com o GES a meio

O Expresso traz à superfície uma guerra subterrânea que se travava já nos tribunais entre Pedro Queiroz Pereira (PQP) e a irmã Maude pelo controlo da Semapa. O GES e Salgado estão do lado da irmã e Queiroz Pereira desconfia que este alinhamento esconde a vontade de lhe roubar o controlo da Semapa. A guerra vai ser notícia nos próximos meses e vai envolver a intervenção de intermediários como Eduardo Catroga e Fernando Ulrich.

pedro queiroz pereira

Setembro de 2013. Onde para o dinheiro?

São reveladas informações comprometedoras sobre a situação financeira do Grupo Espírito Santo. Dois fundos geridos pela ESAF, a ES Liquidez e ES Rendimentos, tinham aplicado dois a três mil milhões do dinheiro dos seus clientes em dívida das empresas GES, sobretudo na Espírito Santo Internacional (ESI).

Em alguns casos a exposição atinge 80% dos ativos e uma nova diretiva comunitária obriga a reduzir esse valor para 20%. A composição das carteiras é pública e quem consultar as contas dos fundos vê reservas e ênfases dos auditores. A situação não é nova, embora se tenha agravado nos meses anteriores, mas a emergência pública da história coincide com a guerra pela Semapa. PQP é acionista da ESI e exige acesso a informação.

O GES está numa corrida contra o tempo, tem pouco tempo para refinanciar uma dívida de três mil milhões. E agora que já são públicas as dificuldades em obter fundos, o grupo usa o único recurso disponível: o banco e os seus clientes.

A informação de que a dívida das holdings do GES está a ser comercializada nos balcões do BES é noticiada no final de setembro. A CMVM sabe, mas o seu presidente explicará mais tarde (julho de 2014) que tinha as mãos atadas: a lei estava a ser cumprida, a colocação privada foi feita em grupos até 149 investidores, o que dispensa a aprovação do regulador.

Ainda em setembro começam a chegar ao Banco de Portugal as primeiras informações sobre as auditorias às empresas não financeiras do GES com sede no Luxemburgo. A iniciativa é uma consequência do exame às contas e viabilidade dos grupos que são os maiores devedores da banca. As holdings do GES estão na lista negra. Começa a emergir a dívida oculta não reconhecida nas contas da ESI. Mas ainda ninguém advinha a verdadeira dimensão do buraco.

Outubro de 2013. Um enorme buraco em Angola

Pedro Queiroz Pereira é chamado ao Banco de Portugal para mostrar documentação sobre o GES, quando o regulador já tinha informação grave sobre o universo empresarial que se sustenta no BES. E já há problemas a rebentar em outro lado.

São identificados créditos de 5700 milhões no BESA (Banco Espírito Santo Angola) concedidos sem garantia sob a tutela do ainda chairman do banco, Álvaro Sobrinho. Para sustentar a concessão de crédito da sua participada, e apesar de não ter acesso ao sistema informático da instituição angolana, o BES emprestou 3,3 mil milhões de euros ao BESA.

Salgado vai a Angola e após um encontro com José Eduardo dos Santos consegue uma garantia bancária pessoal do ministro das Finanças, no valor de 4200 milhões de euros que cobre o risco de incumprimento dos clientes do banco angolano. Dias depois, Álvaro Sobrinho abandona as funções de chairman no BESA.

Sem esse o aval de Luanda, o BES teria de reconhecer as imparidades no BESA e iria ao tapete. Sabe-se mais tarde que o Banco de Portugal questionou a validade desta garantia, mas o aval salva as contas anuais do banco que apesar de más não comprometem os rácios exigidos pela supervisão.

Novembro de 2013. Cai o tabu: Salgado desafiado

Ricardo Salgado não precisa de mais problemas, mas sim de soluções. O banqueiro está sob forte pressão, por causa da fragilidade financeira do grupo e das investigações judiciais, quando fecha acordo com PQP no início do mês. Convence a Maude Queiroz Pereira a vender a sua posição na Semapa ao irmão por um valor muito inferior ao que esta exigia, O GES ainda tem de compensar em parte essa perda, soube-se mais tarde na reprodução feita pelo i da reunião do conselho geral do GES que tratou o tema.

Ricardo Salgado , BES

Mas o alívio dura pouco. Dias depois, a PJ faz buscas na sede do BES. Toda a imprensa noticia. No final do dia, o conselho superior do grupo reúne-se numa reunião explosiva. José Maria Ricciardi desafia a liderança de Salgado. Mas Salgado dá-lhes a volta, pede um voto de confiança e convence a família que é o único com capacidade de resolver os graves problemas do grupo.

A notícia desta reunião, publicada no dia seguinte pelo Jornal de Negócios, relata Salgado como o resistente a um golpe de Estado movido pelo primo Ricciardi. A precária situação do grupo é disfarçada por uma guerra de poder num banco. É a história que os jornais preferem porque recorda o conflito no BCP e a destruição de valor que se seguiu. Mas Salgado não é Jardim Gonçalves e Ricciardi nada tem a ver com Paulo Teixeira Pinto. O BES não é o BCP e os tempos são de crise e não de prosperidade.

Depois de um comunicado em que Ricciardi revela não ter dado confiança ao primo, seguem-se passos de conciliação, pelo menos na esfera pública. O presidente do BESI aceita a liderança de Salgado que não o afasta da corrida à sua sucessão. Ricciardi começa a distanciar-se do primo e das irregularidades que já são evidentes para os mais próximos.

O fim do reinado absoluto de Salgado está à vista. O tema que até então tinha estado apenas nas capas dos jornais Sol e i, associados a um inimigo do presidente do BES, Álvaro Sobrinho, deixa de ser um tabu. Mas Salgado quer deixar a casa arrumada antes de sair, o que implica escolher o seu sucessor. Tal como Jardim Gonçalves no BCP, o presidente do BES demorou a perceber que não era a solução, mas o maior problema.

Dezembro de 2013. Banco de Portugal pressiona

O Banco de Portugal começa a identificar a real dimensão do buraco na ESI e exige medidas urgentes de saneamento e a proteção do negócio financeiro controlado a partir da ESFG. Para o banco central, são também precisas mudanças de fundo nas pessoas que estão no topo do grupo, que implica afastar a prazo a família que é a maior acionista.

O BES já vendeu a participação na EDP. O GES tem um plano de venda de ativos que arranca com a dispersão em bolsa da ES Saúde. São dados passos para tornar a arquitetura do GES mais transparente para potenciais investidores. O objetivo é atrair capitais à Rioforte que passa a concentrar os negócios. É contratado José Honório, gestor independente e com boa reputação, que tinha saído da Semapa em confronto com Pedro Queiroz Pereira.

Mas ao mesmo tempo que o Banco de Portugal tenta separar as águas entre o grupo e o BES (ring fencing), a gestão do banco trabalha no sentido contrário, empurrando a dívida das holdings para os clientes de retalho e institucionais. Dentro e fora de Portugal é usada a rede cirúrgica de pequenos bancos em países estratégicos para captar capital e com pouca regulação.

As gravações divulgadas recentemente pelo jornal i das reuniões do conselho geral do GES revelam a desorientação da família. Na resposta às perguntas, o presidente do BES que começa a desvendar a dimensão do buraco. Mas, por agora, o prestígio de Salgado ainda funciona dentro e fora do grupo e o nome Espírito Santo ainda é sinónimo de solidez, para a maioria.

Janeiro de 2014. Auditoria destapa buraco no GES

O Banco de Portugal intensifica as instruções e a pressão. O banco central fica a saber no final do mês os resultados da auditoria da KPMG que apontam para uma situação financeira líquida negativa de 2400 milhões de euros na ESI. Há ainda uma dívida superior a cinco mil milhões de euros.

“O dr. Ricardo Abecassis é um excelente banqueiro mas, no Brasil, estamos em período de férias, entre o Natal e o Carnaval, e ele anda um bocadinho distraído.” “O capital [do BES] é robusto, mas não podemos cantar glória e não posso dizer que não vamos ter um aumento de capital pela frente”. Salgado aproveita para enviar “um beijinho” ao primo.

Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES

Fevereiro de 2014. O último sucesso

Apesar da fraca procura do público e colaboradores, a Espírito Santo Saúde estreia-se em bolsa com a ajuda dos investidores institucionais. Questionada sobre a ausência de Ricardo Salgado, presidente do BES, de José Maria Ricciardi, do BESI, na sessão de resultados, a presidente da ES Saúde, Isabel Vaz respondeu: “Penso que estão todos a trabalhar. O grupo está em grande atividade, foi anunciada uma grande reestruturação”.

O IPO da ES Saúde foi o último êxito do GES. Dias depois o BES anuncia os seus piores resultados anuais, com perdas superiores a 500 milhões de euros. Mas na apresentação, Salgado está confiante quando comenta com ironia as declarações feitas pelo primo Ricardo Abecassis dias antes no Brasil. “O dr. Ricardo Abecassis é um excelente banqueiro mas, no Brasil, estamos em período de férias, entre o Natal e o Carnaval, e ele anda um bocadinho distraído.” “O capital [do BES] é robusto, mas não podemos cantar glória e não posso dizer que não vamos ter um aumento de capital pela frente”. Até aproveita para enviar “um beijinho” ao primo.

Março de 2014. Uma garantia?

A Espírito Santo Financial Group anuncia uma provisão extraordinária de 700 milhões de euros para cobrir riscos potenciais da exposição ao setor não financeiro do GES. É a resposta às exigências crescentes dos reguladores. A mensagem que passa é a de que a provisão ao ser feita na ESGF poupa o BES.

A garantia a favor do BES e dos seus clientes tem como colateral a Tranquilidade, cuja venda seria acionada em caso de defualt no GES. Só mais tarde se percebeu que a seguradora não valia nem metade do montante pelo qual tinha de responder. Em parte porque os seus ativos foram contaminados com dívida do grupo.


Henrique Granadeiro, presidente executivo da PT SGPS, demite-se em Agosto por causa do GES

AFP/Getty Images

Abril de 2014. A irmã PT dá a mão

Enquanto a PT está focada nos últimos passos da fusão com a Oi, os gestores do GES estão mais preocupados em atrair investidores para refinanciar a gigantesca dívida de curto prazo do grupo. E a tesouraria da PT é uma fonte de recursos preciosa. Sob pressão de Salgado e Morais Pires, a PT renova aplicações milionárias em papel comercial na Rioforte. Henrique Granadeiro viria a assumir ter dado instruções ao gestor financeiro da operadora para investir.

Depois de identificada a situação insustentável na ESI, a holding não financeira do GES passa a ser o polo principal de financiamento ao grupo. A dívida alastra das holdings que estão no topo da estrutura do grupo para a Rioforte e para os clientes do BES. A grande fuga para a frente estava em marcha. O país estava obcecado com o fim do programa da troika. Não seria um banco a sujar a saída limpa de Portugal.

15 de maio. Aumento de capital a caminho

O BES anuncia um aumento de capital de 1.045 milhões com um desconto de 34%. A operação “permitirá ao BES reforçar a sua base de capital, por forma a potenciar a sua vantagem competitiva na recuperação da economia portuguesa e o crescimento nos mercados internacionais onde está presente e, ao mesmo tempo, criar reservas adicionais de capital” para responder às novas exigências da União Bancária.

21 de maio. O prospeto explosivo

É divulgado um segundo prospeto relativo ao aumento de capital que traz informação bombástica sobre o grupo que pela primeira vez vem a público de forma inequívoca, por pressão da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O BES revela irregularidades materialmente relevantes detetadas nas contas da ESI cuja situação financeira é descrita como grave. O banco assegura ter tomado as medidas para evitar que casos de incumprimento na ESI possam ter impacto financeiro no BES, agravando a situação financeira, mas reconhece que há um risco de reputação sobre os administradores do banco, que afinal são em muitos casos os mesmos.

22 de maio. A última entrevista: a culpa é do contabilista

Na última entrevista como presidente executivo, Ricardo Salgado justifica-se ao Jornal de Negócios. Diz que é apenas o líder da área financeira. Responsabiliza o contabilista da ESI, Francisco Machado da Cruz, pelo descontrolo das contas e insiste que todos temos de ser solidários. Quer dizer, solidários com ele.

27 de maio. Crédit Agricole põe um pé fora

Os dois maiores acionistas, ESFG e o Crédit Agricole, anunciam que não vão acompanhar o aumento de capital e vendem os seus direitos de voto. A ESFG reduz a sua posição no BES para 25% O banco francês termina a parceria de décadas com a família Espírito Santo com uma participação inferior a 15% no banco. A empresa que juntava as duas participações, a Bespar, é dissolvida.

12 de Junho. Sucesso de Pirro

Ricardo Salgado anuncia satisfeito: “Foi o aumento de capital de maior sucesso do BES desde a privatização em 1992″. A operação atraiu 150 investidores, a maior parte do Reino Unido, EUA e Irlanda. Mais tarde o Financial Times viria a classificar a operação como um dos piores negócios de sempre no mundo financeiro.

13 de junho. O contabilista falou

O contabilista desaparecido reaparece, citado em documentos divulgados pelo Expresso onde garante que desde 2008 que Salgado e outros administradores sabiam que as contas da ESI escondiam uma parte do passivo. Em registos entregues ao Banco de Portugal, Machado da Cruz revela que as contas só eram apresentadas aos administradores depois de José Castella (controlador financeiro) e Salgado decidirem o que ficava fora do passivo no processo de consolidação. O buraco então detetado era de 1300 milhões.


Amílcar Pires, braço direito de Salgado para a área financeira

Miguel Lopes/LUSA

20 de junho de 2015. Salgado vai sair, mas fica Amílcar

Terminado o aumento de capital, é tempo de sucessão no banco. Os acionistas ESFG e Crédit Agricole revelam a proposta para novos órgãos sociais. Salgado sai da presidência, mas vai liderar o novo órgão, o conselho estratégico onde terá assento a família Espírito Santo. São indicados Amílcar Morais Pires para CEO e Mota Pinto para chairman.

A lista não é consensual na família, Ricciardi vota contra. No final do dia, o Banco de Portugal emite um comunicado esclarecedor nas suas omissões: “Relativamente ao preenchimento dos órgãos de administração e fiscalização, o Banco de Portugal aguarda a decisão da Assembleia Geral dos acionistas do BES para avaliar o cumprimento por cada um dos indigitados dos requisitos necessários para o exercício de tais funções, designadamente os previstos nos artigos 30 e 31 que definem os critérios de idoneidade”.

Em privado, o Banco de Portugal insiste: é preciso afastar todos os membros da família, e seus aliados, da gestão. No BES vive-se um período de vazio de poder que se vem a revelar trágico para o banco. Enquanto não há caras novas, mandam os que já lá estavam. As operações aprovadas na primeira quinzena de julho, nas quais se incluem as transações intermediadas pela sociedade suíça Eurofin, vão afundar o BES.

27 de junho. A notícia da Rioforte

O Expresso e o i revelam um investimento de 897 milhões da PT na Rioforte, uma empresa do GES, o maior acionista da operadora, que está à beira do incumprimento. Em paralelo à crise Espírito Santo começa-se a desenrolar-se o drama da PT que é o maior dano colateral do colapso GES/BES. A cotação da operadora entra num ciclo de quedas sucessivas.

1 de julho. Ricciardi vende ações

José Maria Ricciardi comunica a venda da totalidade das acções no BES. Dias antes, o BES tinha em comunicado afastado a possibilidade de venda do BESI, contrariando intenções manifestadas pelo seu presidente.

3 de julho. O BES em perigo

A Espírito Santo Financial Group revela a sua exposição às empresas não financeiras e comunica ter contraído empréstimos de 823 milhões no BES.

O Banco de Portugal faz o primeiro de vários esclarecimentos sobre a situação financeira do banco. “A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital. O Banco de Portugal tem vindo a adotar um conjunto de ações de supervisão, traduzidas em determinações específicas dirigidas à ESFG e ao BES, para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não-financeiro do GES”.

No mesmo dia, a brasileira Oi afirma desconhecer o investimento da parceira portuguesa no GES. A fusão que iria criar um grande operador luso-brasileiro treme, os brasileiros impõem condições.

5 de julho. A vez de Vítor

É proposta uma nova composição para os órgãos sociais do BES. O CEO escolhido é Vítor Bento, entram ainda José Honório e João Moreira Rato, que sai do IGCP para assumir o cargo de CFO. Amílcar Morais Pires sai de cena. Desaparece também referência ao conselho estratégico onde se sentaria a família Espírito Santo. As alterações de nomes e modelo vão ao encontro das orientações do Banco de Portugal que as aceita em comunicado. As mudanças devem ser aprovadas em conselho de administração a dia 28, por cooptação. E quem manda entretanto?

10 de julho. Ações em queda, Salgado tenta tudo

A manhã começa com um comunicado que detalha a exposição do BES às empresas do GES: 1200 milhões. E a exposição dos clientes do BES ao GES. Retalho: 853 milhões. Institucionais: dois mil milhões. Esta era a situação identificada a 30 de Junho. Mas o quadro ainda não estava completo.

Depois de quedas fortíssimas, a ESFG suspende a negociação das acções. A pressão vendedora é cada vez maior no BES, destruindo o valor do investimento recente dos novos acionistas. Com a sucessiva divulgação de operações suspeitas, a espiral de desconfiança que começa nos mercados alastra aos clientes do BES.
O surgimento de comunicados das autoridades e declarações do governo que procuram tranquilizar os depositantes, em vez de acalmar são vistas com um sinal de alarme.

“O Banco de Portugal esclarece que, tendo em conta a informação reportada pelo BES e pelo seu auditor externo (KPMG), o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES)”.

Comunicado do Banco de Portugal a 11 de Julho

Nos bastidores, Ricardo Salgado movimenta todas as influências para tentar salvar o grupo. Bate à porta dos governos de Lisboa e Luanda a pedir financiamento, mas só houve recusas. Apela à amizade de Durão Barroso. Numa reunião do conselho geral do GES, revelada pelo jornal Sol, José Manuel Espírito Santo apela: “O Moedas, eu punha já o Moedas a funcionar”. Mas o então secretário de Estado adjunto de Passos Coelho não agiu, ou se o fez, não teve resultados.

11 de julho. Carlos Costa põe água

Mais um comunicado do Banco de Portugal: “Em face do comportamento especialmente adverso no mercado de capitais nacional decorrente da incerteza latente sobre a situação financeira do Banco Espírito Santo (BES), o Banco de Portugal esclarece que, tendo em conta a informação reportada pelo BES e pelo seu auditor externo (KPMG), o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor. (…)”

“A situação do ramo não financeiro do GES foi detetada na sequência de uma auditoria transversal realizada por entidade independente por determinação do Banco de Portugal, no final de 2013, aos oito maiores grupos bancários portugueses. Recorda-se ainda que, na sequência das conclusões extraídas dessa auditoria, foram determinadas várias medidas destinadas a salvaguardar a posição financeira do BES relativamente aos riscos emergentes do ramo não financeiro do GES. (…) Não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, pelo que os seus depositantes podem estar tranquilos”.

Os atos seguintes do regulador desmentem esta tranquilidade.

13 de julho. Substituição

O Banco de Portugal convoca uma reunião extraordinária do conselho de administração do BES num domingo. É antecipada a entrada dos novos administradores no BES. Entram Bento, Honório e Moreira Rato. Saem Salgado, Ricciardi, Manuel Espírito Santo e Morais Pires. Mas os novos gestores são só três e têm de trabalhar com os homens de confiança de Salgado.

15 de julho. Derrocada na ESFG

Em resultado das desvalorizações em bolsa, a ESFG é obrigada a entregar 5% do capital do BES, que tinham sido dados como garantia a um financiamento para a holding familiar participar no aumento de capital. Nos dias seguintes serão comunicadas demissões em série dos órgãos sociais.

17 de julho. Maria Luís avisa, poucos ouviram

A ministra das Finanças é chamada ao Parlamento para justificar as nomeações “políticas” para a administração do BES. Maria Luís remete o dossiê para o Banco de Portugal, embora reconheça que o Governo está a acompanhar o tema. Alerta ainda que as regras sobre as intervenções no setor financeiro alteraram-se. “Passou a existir a figura da partilha dos encargos. Quando haja indispensabilidade da intervenção pública tem que haver um plano aprovado pelas autoridades europeias”.

18 de julho. Carlos Costa confia na almofada

Carlos Costa vai ao Parlamento. Repete que, com base na informação do banco e do auditor, o BES “tem uma almofada de capital suficiente para acomodar possíveis impactos negativos da exposição ao braço financeiro do GES sem comprometer os rácios de capital”.

O banco central não antecipa um impacto negativo relevante da posição no capital do BES resultante da situação financeira da filial angolana, tendo em conta a garantia dada pelo Estado angolano.

Revela que está em curso uma auditoria independente para rever toda a carteira de crédito, de modo a dissipar dúvidas e outra auditoria forense para apurar o cumprimento de regras e leis.

O governador realça as conversas preliminares entre o BES e bancos de investimento internacionais, assim como o interesse demonstrado por diversas entidades (fundos de investimento e bancos europeus) em assumir uma posição de referência no BES. São sinais que indiciam que uma solução privada para reforçar o capital é realizável.

Conclui que se for necessário, a linha de recapitalização criada pela troika “encontra-se disponível em 6,4 mil milhões de euros e poderá ser disponibilizada para suportar qualquer necessidade de capital de um banco português, no enquadramento legal relevante e em aplicação das regras de ajuda estatal”. É o plano B do Banco de Portugal.

24 de julho. CMVM (in)tranquila; Salgado detido

É a vez de Carlos Tavares ser ouvido no Parlamento. O presidente da CMVM é menos tranquilizador, até porque já saíram notícias de operações fortemente realizadas após o fecho das contas de 30 de junho. Carlos Tavares confirma que há investigações em curso sobre transacções de acções e que comunicou indícios de natureza criminal relacionados com o GES relativos a infidelidade, abuso de confiança e de informação privilegiada. O regulador avisa que há informação relevante para conhecer nos próximos dias, numa alusão aos resultados semestrais cuja divulgação foi adiada.

Mas o acontecimento que domina todas as atenções é a detenção de Ricardo Salgado que é levado de manhã para o Tribunal de Instrução Criminal para ser questionado pelo juiz Carlos Alexandre, na sequência da investigação liderada pelo procurador Rosário Teixeira.

Com alguma ironia, o interrogatório nada tem a ver com os problemas do BES ou do GES. É o caso Monte Branco, em investigação há dois anos, que leva à detenção de Salgado. As autoridades querem saber o rasto do dinheiro que se perdeu em negócios como a venda da Escom e as contrapartidas do contrato dos submarinos. Salgado sai às seis da tarde, constituído arguido, e depois de pagar uma caução de três milhões. Está indiciado por crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais.

28 de julho. PT perde força na Oi

A Portugal Telecom anuncia os novos termos da fusão. Os portugueses, via PT SGPS, perdem poder e vêm a sua posição cair de 37,4% para 25,6% da nova empresa que ainda é liderada por Zeinal Bava. A PT SGPS ficará reduzida à participação na nova empresa e à divida de 897 milhões da RioForte cujo incumprimento já é oficial.

29 de julho. O buraco alarga-se

Uma notícia do Expresso anuncia que os prejuízos semestrais do BES podem chegar aos três mil milhões por causa do reconhecimento de operações realizadas nas últimas semanas. Em causa estão produtos comercializados por intermédio da Eurofin, que foram usados através de transferências para offshores para contornar as limitações do Banco de Portugal e aumentar a exposição do banco e dos seus clientes às empresas do grupo.

O Banco de Portugal volta a insistir: caso venha verificar-se qualquer insuficiência da atual almofada de capital (hipótese que admite pela primeira vez), o interesse demonstrado por diversas entidades em assumirem uma posição de referência no BES, indicia que é realizável uma solução privada para recapitalizar o banco. “No limite, se necessário, está disponível a linha de recapitalização pública criada no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira (…). Em todo o caso, a solvência do BES e a segurança dos fundos confiados ao banco estão asseguradas.”

O dia seguinte muda tudo.

“A auditoria forense determinada pelo Banco de Portugal, que já está em curso, permitirá avaliar responsabilidades individuais, incluindo as do anterior Presidente da Comissão Executiva, anterior administrador com o pelouro financeiro e outros membros da Comissão Executiva que entretanto renunciaram aos cargos exercidos. Caso se confirme a prática de ilícitos, serão extraídas as necessárias consequências em matéria contraordenacional e, porventura, criminal.”

Comunicado do Banco de Portugal, 30 de Julho de 2014

30 de julho. As contas, além do pior cenário

Às dez da noite, o Banco Espírito Santo apresenta os maiores prejuízos de sempre na história empresarial portuguesa. São piores do que a pior previsão: 3600 milhões de euros de perdas refletem as muitas e avultadas provisões que o banco teve de constituir para responder a todos os fogos que deflagraram nos últimos meses. Estes prejuízos pulverizam a almofada de capital que há duas semanas era considerada suficiente pelo regulador.

O Banco de Portugal é empurrado a emitir o comunicado mais violento da sua história. Argumenta que fatos só descobertos pelo auditor na segunda quinzena, com impacto negativo de 1500 milhões, alteraram profundamente o valor das perdas, comprometendo os rácios do banco. Estes factos, imputáveis à administração liderada por Ricardo Salgado indiciam atos de gestão gravemente prejudiciais para os interesses do BES e um claro incumprimento das determinações do Banco de Portugal. “Caso se confirme a prática de ilícitos, serão extraídas as necessárias consequências em matéria contraordenacional e, porventura, criminal”.

O banco central afasta imediatamente administradores em funções com o pelouro do controlo interno e os responsáveis de auditoria, compliance e gestão de riscos e suspende direitos de voto do GES. O Banco de Portugal exige um aumento de capital, a curto prazo. Apesar de continuar a preferir soluções de mercado assinala que a solidez do BES “está salvaguardada pelo facto de continuar disponível a linha de recapitalização pública criada no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira para suportar eventuais necessidades de capital do sistema bancário”.

Ainda nesse dia, a Comissão Europeia é informada da intervenção iminente e abre um procedimento para avaliar a legalidade da operação. Os traços gerais da solução terão sido comunicados a Bruxelas, embora não formalmente, garantem o Governo e o Banco de Portugal. Houve trocas de informação sobre cenários que excluem o regulador da bolsa.

31 de julho. Um caos nos bastidores

O BES pode precisar de um aumento de capital até quatro mil milhões de euros. É um valor colossal que afasta os privados que até então mostraram interesse no banco.

Os investidores receiam a revelação de novos buracos. Um mini-Conselho de Ministros (Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Rui Machete e Hélder Reis, sec. Estado Orçamento) aprova um decreto-lei das Finanças para aplicar uma medida de resolução ao BES, com recurso ao Fundo de Resolução da banca. O Presidente promulga no próprio dia. O vice-primeiro ministro Paulo Portas “referenda” o decreto no dia a seguir.

1 de agosto. Inferno na bolsa

Na sexta-feira vive-se mais uma sessão infernal na bolsa de Lisboa. As ações do banco estão em queda livre. Em dois dias caíram 80% até serem suspensas a uma hora do final da sessão de bolsa; à espera de um plano ou solução. O BES não voltará a ser negociado, mas nos últimos dois dias foram transacionados mais de 12% do capital da instituição. Houve grandes investidores a vender, travando as perdas. À noite, as televisões anunciam que o Estado vai entrar no capital do BES, usando para tal o fundo de recapitalização da troika, numa solução à Banif.

2 de agosto. Mendes anuncia resolução

Marques Mendes no comentário na SIC revela os traços de um plano diferente do descrito na véspera e que seria porventura o preferido pelo Banco de Portugal. Não será uma recapitalização com fundos públicos (financiados pela troika), mas uma resolução que separa o banco mau do bom. O Estado não entra como acionista, mas apenas como financiador. Acionistas e credores de dívida subordinada perdem tudo.

Governador Carlos Costa na noite em que anunciou a resolução do BES
TIAGO PETINGA/LUSA

3 de Agosto

O governador do Banco de Portugal está sozinho quando anuncia ao país o fim do BES e o nascimento do Novo Banco. A instituição recebe 4.900 milhões de euros e é assumida pelo fundo de resolução da banca que pediu emprestado capital ao fundo da troika. A solução é inédita e segue no essencial as novas regras europeias que obrigam a responsabilizar primeiro os investidores. Na segunda linha da assunção de previsíveis prejuízos está o sistema bancário. O BES vai ser uma cobaia. Vítor Bento mantém-se para já. O banco mau entra em liquidação, há contas congeladas. Governo e banco central asseguram que não haverá prejuízos para o contribuinte. É o fim do Banco Espírito Santo e o início de uma outra história.

(Fim de citação)
 
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Re: BES - A LUTA

por Jaws_PC » 12/1/2015 12:08

 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 9/1/2015 22:20

Boas,

AUDITORIA AO INVESTIMENTO DA PT NA RIOFORTE. SALGADO FOI O ÚNICO QUE NÃO RESPONDEU
Janeiro 9th, 2015
20150109

Citando

A auditora PwC ouviu Granadeiro, Bava, Mora, Morais Pires e Joaquim Goes, entre outros sobre o financiamento que a PT fez à Rioforte, a holding não financeira do grupo GES/BES. Só não conseguiu entrevistar Salgado. o ex-líder do BES omitiu informação sobre a Rioforte quando pediu à PT para investir.

Ricardo Salgado diz que a única coisa que não previu foi o efeito da queda do grupo na PT

A PricewaterhouseCoopers (PwC) entrevistou vários ex-gestores da Portugal Telecom e do Banco Espírito Santo (BES) para apurar todas as circunstâncias que rodearam os investimentos realizados em empresas detidas pelo Grupo Espírito Santo (GES), que através do BES era o maior acionista da operadora.

Entre as 15 pessoas ouvidas estão Henrique Granadeiro e Luiz Pacheco de Melo, os dois responsáveis da PT que se demitiram na sequência do investimento de 897 milhões de euros na Rioforte, mas também Zeinal Bava, João Mello Franco (atual presidente da PT SGPS e antigo membro da comissão de auditoria), Rafael Mora, administrador da PT e da Ongoing, Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes, dois ex-administradores do BES que estavam representados no conselho de administração da operadora de telecomunicações. Só não conseguiu chegar à fala com o homem que terá dado indicação expressa à PT para investir na Rioforte, apesar de não exercer qualquer cargo na empresa.

“Não foi possível, apesar dos contactos estabelecidos, entrevistar o Dr. Ricardo Salgado”, revelam as conclusões da auditoria divulgadas pela empresa na quinta-feira à noite. O documento sugere que o ex-presidente do BES omitiu informação sobre a situação financeira da Rioforte na reunião em que apresentou a nova holding do GES ao administrador financeiro da PT no início de 2014.

Neste encontro com Luíz Pacheco de Melo, o então presidente do BES detalhou o plano de reestruturação do Grupo Espírito Santo, indicando que os investimentos realizados até então na Espírito Santo International, e que à data ascendiam a 750 milhões de euros, deveriam ser desviados para a Rioforte. A apresentação era omissa sobre a situação financeira da Rioforte, que se degradou substancialmente depois das operações concluídas uma semana antes por via da compra da participação da ESI na Espírito Santo Financial Group (ESFG). De acordo com a PwC, o preço desta transação foi fixado muito acima do valor de mercado, representando 4,34 vezes a capitalização bolsista da ESFG, tendo a Rioforte passado de credora da ESI para devedora de 1,4 mil milhões de euros.

O nome de Ricardo Salgado é ainda invocado numa reunião realizada no BES a 26 de março entre o chief finance officer da PT, o diretor financeiro Carlos Cruz, e Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES que serviu para analisar a continuação do investimento da PT na Rioforte. Neste encontro, Morais Pires diz que o presidente do BES lhe terá transmitido que a renovação da aplicação já teria sido combinada com Granadeiro e Zeinal Bava, envolvendo aqui o então presidente da Oi. Pacheco de Mello invoca orientações de Henrique Granadeiro, à data presidente executivo da PT.

Na audição na comissão parlamentar de inquérito, Ricardo Salgado lamentou o que aconteceu à PT, acrescentando que foi a única consequência que não previu quando alertou o Banco de Portugal para os efeitos sistémicos da queda do grupo e do banco. “Foi uma tristeza o que aconteceu na PT. Foi o único elemento que não previ”, afirmou o antigo presidente do BES.

O investimento na Rioforte de 897 milhões de euros foi renovado a 15 e 17 de Abril por três meses, quando já tinha sido aprovado o relatório e contas de 2013 da holding não financeira em que o auditor alertava para o excesso de passivos sobre os ativos correntes na sequência da compra da ESFG, que foi financiada com dívida de curto prazo (foi uma parte desta dívida que a PT refinanciou), avisando, ainda, para a incerteza quanto ao processo em curso de extensão da maturidade dos empréstimos.

Segundo testemunhou na comissão de inquérito ao BES o ex-presidente executivo da Rioforte, este relatório estava disponível quando a PT renovou a aplicação. João Pena Rodrigues garante que a operadora nunca contactou a administração da empresa onde investiu 897 milhões de euros.

Mais do que renovar a operação, o que a auditoria revela é que a PT teve de ir ao mercado levantar dinheiro, aumentando a dívida, para poder cumprir os seus compromissos no aumento de capital da Oi, devido à aplicação feita na Rioforte. Não foi, aliás, a primeira vez. Já em maio de 2013, a empresa, então liderada por Zeinal Bava (que só assumiu a presidência da Oi no mês seguinte), emitiu obrigações no valor de mil milhões de euros, dos quais metade foi usada para subscrever títulos da Espírito Santo International (ESI).

Decisões informais sem evidência de quem as tomou

A PwC assinala as várias restrições e limitações a que foi sujeito o seu trabalho, designadamente ao nível do acesso a documentos e análises que poderão estar na posse de pessoas que já não estão na empresa. Refere informações contraditórias prestadas pelos entrevistados e decisões tomadas de forma informal e sem ser deixada evidência sobre quem tomou determinada decisão ou sobre quem aprovou determinada transação.

Levanta ainda a questão: em que medida é que os dois administradores da PT que também eram do BES, Joaquim Goes e Amílcar Morais Pires, deveriam ter alertado para o risco de solvabilidade da ESI e Rioforte, mas conclui que não foi possível apurar que tivessem conhecimento das dificuldades financeiras dessas entidades.

O que disseram os ex-gestores do BES na comissão de inquérito sobre o investimento da PT na Rioforte

Ricardo Salgado “Foi uma tristeza o que aconteceu na PT. Foi o único elemento que não previ. O BES sempre esteve ao lado da PT para financiar todas as empresas que a PT comprou.”

Amílcar Morais Pires “Nunca tomei uma iniciativa para sugerir investimentos na Rioforte ou na ESI. Do lado do banco, só podia ter sido Ricardo Salgado a dar indicação para a PT realizar o investimento.”

Joaquim Goes “Nunca tive conhecimento direto do investimento da PT no Grupo Espírito Santo. Nunca tive intervenção e o caso nunca foi discutido no conselho de administração.”

(Fim de citação)
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 9/1/2015 14:24

Boas,


MANUEL PINHO QUER 7,8 MILHÕES DO NOVO BANCO
09-01-2015 • SÁBADO | FOTO: Miguel Pereira da Silva/Correio da Manhã
O Novo Banco tem um novo processo judicial: o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, interpôs uma acção para exigir o pagamento de 7,8 milhões de euros. É o correspondente a 10 anos de pensão, escreve o jornal Sol. Pinho regressou ao universo BES após deixar o Governo de José Sócrates, passando a ser vogal do conselho de Administração do BES-África.

Manuel Pinho alega um acordo estabelecido com Ricardo Salgado em 2013, em que o banco se comprometia a pagar-lhe o valor correspondente a 10 anos de salários, e de uma só vez. Agora, exige em tribunal o pagamento do valor e, mais do que isso, quer ainda que o pagamento do IRS agravado e Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) dos tempos da troika fiquem a cargo do banco, não resultando numa perda para si.

A acção de Manuel Pinho contra o BES foi interposta no início de Dezembro. Pinho demitiu-se do Novo Banco em Outubro último, após uma redução do seu vencimento determinada pela nova administração de Stock da Cunha: passou de 39 mil para dois mil euros mensais. Esta redução afectou também vários outros administradores do ex-BES, fazendo parte de um plano mais geral de redução de algumas remunerações a nível de cargos directivos, consideradas demasiado elevadas.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 9/1/2015 12:06

Boas,
Presidente da comissão de inquérito ao BES diz que contabilista respondeu a “todas as perguntas”
Janeiro 9th, 2015
20150109

Contabilista do GES Francisco Machado da Cruz [Lusa]

Uma sessão à porta fechada. Foi assim que Machado da Cruz foi ouvido no inquérito parlamentar ao BES. Mas houve respostas, segundo Fernando Negrão.

TVI24 (c/ Lusa)
O presidente da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES disse hoje que o ex-contabilista da Espírito Santo International (ESI) respondeu a “todas as perguntas” na audição hoje tida à porta fechada.

“Todas as perguntas foram respondidas”, disse Fernando Negrão (PSD) aos jornalistas no final da audição de Francisco Machado da Cruz. Uma posição completamente diferente da que teve no dia anterior, depois da audição ao tesoureiro do GES, José Castella, que se recusou a falar sobre temas sob segredo de justiça.

O ex-contabilista da ESI foi ouvido pelos deputados durante cerca de nove horas, tendo começado a ser escutado cerca das 16:00 de quinta-feira e prolongado a sua presença em sede de comissão até às 01:00 de sexta-feira.

“Foi uma sessão com muitas horas, mas foi uma sessão profícua, com declarações com interesse, obviamente, para a descoberta dos factos”, declarou Fernando Negrão no final da sessão.

Sobre a importância da presença do ex-contabilista da ESI no parlamento, o presidente da comissão realçou que a audição de Machado da Cruz “foi importante como as outras”.

No que refere a uma eventual divulgação pública do conteúdo – ou de partes do mesmo – da reunião, Negrão disse que cabe ao contabilista considerar ou não essa possibilidade.

Já quando questionado sobre se num eventual regresso de nomes como Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi ou Carlos Costa ao parlamento seriam utilizados temas hoje referidos, Fernando Negrão lembrou que já houve audições com partes abertas aos órgãos de comunicação social e outras fechadas.

Quando Sikander Sittar, presidente da KPMG Portugal, esteve na comissão parlamentar à gestão do BES e do GES, deu-se esse caso, recorde-se.

“Essa pode ser uma solução” a ser repetida num eventual cenário futuro, reconheceu o presidente da comissão.

Machado da Cruz esteve a ser ouvido numa sessão à porta fechada com o contabilista a alegar segredo de justiça em virtude de processos em curso no Luxemburgo.

De todo o modo, algumas informações sobre a audição foram saindo da sala das comissões parlamentares onde as personalidades requisitadas têm sido ouvidas.

(Fim de citação)
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 9/1/2015 12:04

Boas,

DÚVIDAS SOBRE A PWC
Janeiro 9th, 2015
Citamos:

Correio do Estado

Para não ter os nomes de seus administradores ligados às operações de investimento da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), a Portugal Telecom SGPS pediu à consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers) uma nova versão da auditoria, excluindo a identificação de quem teve ou não responsabilidade nos investimentos na holding.

O pedido se refere, principalmente, à aplicação de 897 milhões de euros que levou à mudança nos termos da fusão entre Oi e Portugal Telecom.

O pedido, que teria sido acatado pela auditoria, atrasou a entrega da versão definitiva do documento, diz reportagem do jornal português Público.

A holding do GES entrou em colapso financeiro, não pagou a dívida e desencadeou a forte queda das ações da Portugal Telecom SGPS na bolsa de Lisboa desde 2014.

O conselho de administração da Portugal Telecom -holding dona de 25,6% da Oi- manteve a convocação da assembleia geral de acionistas para a segunda-feira (12), quando vão decidir sobre a venda dos ativos da PT Portugal, subsidiária da Oi, ao grupo francês Altice.

Em meio aos receios de que a assembleia não acontecesse se os acionistas não tivessem acesso em tempo hábil ao relatório da PwC, as ações da PT despencaram 19,5% apenas na quarta-feira (7), na bolsa de Lisboa.

Apenas em 2015, a queda aproxima-se de 20%. Em 2014, a desvalorização superou 70%. Em documento enviado ao regulador de mercado CMVM (órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários em Portugal) na quarta (7), a Portugal Telecom informou que a PwC concluiu e entregou naquele dia a versão final do relatório elaborado no âmbito da análise independente dos procedimentos relacionados às relações com o GES.

Na terça-feira (6), o canal televisivo TVI informou que a auditoria da PwC, que pode ser divulgada ainda nesta quinta-feira (8), deve apontar que a Portugal Telecom teve que se endividar para fazer o investimento na Rioforte, para ajudar o GES a garantir liquidez meses antes da queda do grupo.

Calote

O ano de 2014 da Portugal Telecom foi marcado pelo polêmico investimento de 900 milhões de euros em notas comerciais da Rioforte, holding da família Espírito Santo, que pediu insolvência e descumpriu pagamentos.

O investimento de tesouraria obrigou à revisão do acordo de fusão entre Portugal Telecom e a operadora brasileira Oi, que culminou na redução da participação da portuguesa na CorpCo para 25,5% dos anteriores 38%.

Na sequência do calote da Rioforte, o presidente do Conselho de Administração e presidente-executivo da PT SGPS, Henrique Granadeiro, demitiu-se dos cargos.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 9/1/2015 1:45

Boas,

Mais dois candidatos a compra do Novo Banco: BBVA e Grupo Cidadãos Nacionais.
 
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Re: BES - A LUTA

por FDPC » 8/1/2015 20:34

Até a carta vir a publico , a Comissão e o Presidente já toparam o estilo e Luxemburgo irá ser consultado conforme quer o Presidente da Comissão, pelas conclusões que chegaram a comissão, que não há facccctos que justifiquem manter a comissão a porta fechadas. :twisted:

Entre o Diabo e o Padre qual é mais politicamente incorreto?
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Re: BES - A LUTA

por Ulisses Pereira » 8/1/2015 20:20

pvg, essa é uma discussão jurídica complicada e dividem-se as opiniões. Pelo sim, pelo não... :)
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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Re: BES - A LUTA

por pvg80713 » 8/1/2015 20:06

http://www.tvi24.iol.pt/economia/bes/no ... ruz-ao-ges

a carta que explica muito da verdade do que aconteceu no BES, na minha opinião !
 
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Re: BES - A LUTA

por pvg80713 » 8/1/2015 20:00

Ulisses,
O Caldeirão é responsável por cada post ?
 
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Re: BES - A LUTA

por Ulisses Pereira » 8/1/2015 19:41

pvg, edita lá o post para não o termos que apagar.

Não temos vontade nenhuma que os escritos aqui no Caldeirão possam ser alvos de processos judiciais.
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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Re: BES - A LUTA

por pvg80713 » 8/1/2015 19:36

Je suis Charlie !
Editado pela última vez por pvg80713 em 8/1/2015 19:57, num total de 4 vezes.
 
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Re: BES - A LUTA

por pvg80713 » 8/1/2015 10:43

............ apagar
Editado pela última vez por pvg80713 em 8/1/2015 19:58, num total de 1 vez.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 7/1/2015 16:14

Boas,

​BDP CONTRATA EX-DIRETOR DO BES
Pedro Raposo vai iniciar funções a 01 de março

Por: Diana Catarino Diana Catarino | há 3 horas

O Banco de Portugal contratou para a direção de recursos humanos Pedro Raposo, ex-diretor de recursos humanos do Banco Espírito Santo, e que transitou para o Novo Banco aquando da resolução do BES.

A informação foi confirmada à TVI pelo BdP, que sublinha que o responsável foi escolhido no âmbito de um processo de recrutamento e seleção desenvolvido por uma empresa de Executive Search «e que envolveu a avaliação de um número alargado de candidatos, que preenchiam os requisitos de perfil profissional e académico previamente definidos pelo Banco».

A decisão final, assegura o BdP, foi baseada nos resultados de um painel de avaliação composto por elementos internos e externos ao Banco.

Pedro Raposo inicia funções no Banco de Portugal a 01 de Março.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 7/1/2015 16:03

Boas,

QUEM LEVOU A PT A INVESTIR NA RIOFORTE?
JANEIRO 6TH, 2015
20150106

No espaço «Gabinete de Crise», do Jornal das 8, o editor de economia da TVI explica que o documento permite perceber quem são os responsáveis pela aplicação dos 900 milhões de euros da PT na Rioforte.

TVI24

Quem levou a PT a investir na Rioforte?

Vasco Rosendo, editor de Economia da TVI, explica que a consultora admite no relatório que «não consegue provar quem deu autorização às operações», mas apresenta uma cronologia que permite a responsabilização pelas decisões

A TVI teve acesso ao relatório da auditoria levada a cabo pela PricewaterhouseCoopers às aplicações financeiras da PT que apresentou sob a forma de reportagem com o título Relatório da PwC feito à operação, a que a TVI teve acesso, diz ainda que a PT não fez qualquer análise de risco e não se sabe se foi a mais vantajosa.

Buscas na sede da PT por suspeita de burla qualificada

A sede da Portugal Telecom, em Lisboa, esteve esta terça-feira a ser alvo de buscas durante várias horas. Terá sido a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários solicitar estas buscas ao Ministério Público, segundo confirmou à agência Lusa fonte ligada ao processo. As buscas, realizadas pelo Ministério Público com a ajuda da própria CMVM, Polícia Judiciária (PJ) e Autoridade Tributária (AT), realizaram-se no décimo andar do edifício, onde se encontram as instalações da administração da PT SGPS.

Em comunicado, a Procuradoria Geral da República (PGR) «confirma a realização de buscas, designadamente na PT SGPS, no âmbito de um inquérito em investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)». Ou seja, a PGR deixa subentender que existem buscas noutros locais. A TVI confirmou que também a sede da consultora Price WaterHouse Coopers está a ser alvo de buscas. Esta «empresa está a colaborar com as investigações», acrescentou a PGR em comunicado mais tarde, confirmando as buscas.

O inquérito encontra-se em segredo de justiça e o comunicado da PGR não refere, por isso, o nome da empresa RioForte. A procuradoria indica, contudo, os crimes em investigação: «Neste inquérito estão em causa suspeitas de participação económica em negócio e burla qualificada, investigando-se aplicações financeiras realizadas pela empresa.»

Em reação, o ministro da Economia, António Pires de Lima, disse esperar que a justiça «continue a funcionar» em Portugal:

«Se algumas destas investigações procuram encontrar explicação para aquilo que eu próprio, enquanto governante há uns meses, classifiquei como inexplicável, tanto melhor».

Em causa está o investimento feito na Rioforte, a holding do Grupo Espírito Santo, onde a empresa investiu 897 milhões de euros em papel comercial.

O relatório feito ao empréstimo da PT à Rioforte, feito pelo consultora PriceWaterHouseCoopers, conclui que a Portugal Telecom teve de se endividar para manter as aplicações financeiras junto do Grupo Espírito Santo.

O documento, a que a TVI teve acesso, conclui que a PT não efetuou qualquer análise de risco antes das aplicações financeiras. E também não terão sido efetuadas quaisquer consultas ao mercado para avaliar qual a aplicação de título mais atrativa para o grupo PT SGPS.

Este investimento de Tesouraria obrigou à revisão do acordo de fusão entre PT e Oi, que culminou na redução da participação da portuguesa na CorpCo para 25,6% dos anteriores 38%.

O ano de 2014 da PT foi marcado pelo polémico investimento em 900 milhões de euros (ME) de papel comercial da Rioforte, ‘holding’ da família Espírito Santo, que incumpriu nos pagamentos e foi declarada insolvente.

Na sequência do default da Rioforte, o presidente executivo da PT SGPS, Henrique Granadeiro, demitiu-se a 7 de agosto dos cargos.

O filme dos acontecimentos
Foi em junho do ano passado que a PT esclareceu à Comissão de Mercado e Valores Mobiliários que subscreveu, através de duas subsidiárias (PT International Financee BV e PT Portugal SGPS), um total de 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo, que venciam em meados de julho.

Segundo a PT, a parceria estratégica incluía a troca de participações entre as duas empresas, bem como a definição da PT enquanto fornecedora preferencial de telecomunicações do BES e a definição deste como fornecedor preferencial de serviços financeiros à operadora.

No início de julho a Oi garantiu que não foi informada pela PT sobre esta dívida da Rioforte, acrescentando que iria «tomar medidas para defender os seus interesses». Foi aí o princípio do fim da parceria estratégica entre a portuguesa e a brasileira.

Em outubro, o regulador brasileiro começou a investigar a Oi, para apurar se os administradores da empresa sabiam da aplicação dos 900 milhões.

Em dezembro, o Tribunal do Comércio do Luxemburgo declarou a falência da Rioforte, cinco dias depois de esta empresa do Grupo Espírito Santo ter visto rejeitado o seu recurso relativamente ao pedido de gestão controlada.

A consultora admite no relatório que «não consegue provar quem deu autorização às operações», mas apresenta uma cronologia que permite a responsabilização pelas decisões.

O relatório revela que a PT teve de se endividar para aplicar dinheiro em dívida da Rioforte.

Em maio de 2013, a operadora emitiu mil milhões de euros em obrigações. Metade deste montante (500 milhões de euros) foi aplicado na Espírito Santo International (ESI). Na altura, a exposição da PT à holding do Grupo Espírito Santo era de 250 milhões de euros, e triplicou para 750 milhões.

Em Fevereiro de 2014, a ESI reembolsou os 750 milhões aplicados pela PT, mas, no mesmo mês, a operadora investe outros 897 milhões de euros, desta vez na Rioforte, outra holding do Grupo Espírito Santo.

A cronologia reunida pela PricewaterhouseCoopers mostra que Ricardo Salgado apresentou a Rioforte a Pacheco de Mello, o administrador financeiro da PT, a 28 de janeiro de 2014. Dias depois, a PT fez a aplicação em dívida da Rioforte. Em março seguinte, teve lugar uma reunião entre Pacheco de Mello e Amílcar Morais Pires, o braço direito de Ricardo Salgado no BES, que era administrador financeiro do banco. O objetivo da reunião, era a renovação da aplicação da PT na Rioforte.

Quatro meses depois, em julho, a Rioforte falhou o reembolso da dívida detida pela PT.

PT investiu na RioForte de forma «consciente» e «instruída»

Portugal Telecom [Reuters]

Portugal Telecom [Reuters]

É um «investidor qualificado», diz o CEO da holding não financeira do Grupo Espírito Santo, no dia em que a sede da operadora de telecomunicações foi alvo de buscas por suspeitas de burla qualificada, precisamente por causa do investimento de 900 milhões na RioForte.


«A PT é um investidor qualificado. Tem, como qualquer investidor qualificado, plena consciência das decisões que toma, tanto mais da dimensão e da natureza da decisão que tomou aqui»

Foi assim que Rodrigues Pena respondeu, depois de já ter sido confrontado pela deputada do PS, Ana Paula Vitorino, com a notícia das buscas que realizadas esta terça-feira na sede da PT, por suspeitas de burla qualificada precisamente no investimento em causa. A empresa teve, de resto, de se endividar para emprestar dinheiro à RioForte, segundo o relatório da consultora PriceWaterHouseCoopers sobre o dito empréstimo a que a TVI teve acesso.

Mas o CEO da holding não financeira do Grupo Espírito Santo descarta responsabilidades nesse investimento. Ninguém obrigou a PT a aplicar dinheiro na RioForte. Foi isso que quis notar ao dizer que acredita que «um tomador de uma emissão obrigacionista fá-lo seguramente de uma forma consciente e instruída». «A operação de que estamos a falar é uma operação que cuja decisão terá cabido à entidade tomadora», ou seja, a PT.

Para além do mais, lembrou, «existiu renovação em abril das linhas de financiamento da PT tomadas em fevereiro. Se não fosse uma situação de mínimo conforto», em relação ao investimento, a renovação «não teria existido». Até porque, acrescentou, o relatório de auditoria da Ernst & Young, de março de 2014, é anterior a essa renovação. A PT estava, por isso, informada, porque o relatório estava disponível no momento da decisão.

O CEO da RioForte notou também que o endividamento da RioForte junto da PT foi assumido pelo «conselho da administração, sob solicitação do acionista», isto é, a Espírito Santo Internacional. Quem intermediou a operação, pela ESI, terá sido, segundo explicou, Manuel Fernando Espírito Santo, que era o presidente do conselho de administração.

Na sua audição, João Pena mostrou-se «muito frustrado» com o destino da RioForte que, vê agora, «estava infelizmente condenada desde o início». Ou seja, desde que foi criada, em 2009.

Citando por diversas vezes Manuel Fernando Espírito Santo como o elo de ligação entre a ESI, acionista única da RioForte, e esta holding não financeira do Grupo Espírito Santo, o CEO da Rio Forte admitiu, como a generalidade dos inquiridos nesta comissão (e já lá vão 22 pessoas) que Ricardo Salgado era eve «claramente» o seu «cunho» em decisões importantes. «Era o líder claro do grupo. Já foi admitido por várias pessoas e é admitido por mim também, de acordo com a minha experiência».

No final da audição, foram aprovados os requerimentos dos próximos dois inquiridos.

O controller financeiro do GES, José Castella, e o contabilista Francisco Machado da Cruz vão ser ouvidos à porta fechada.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 7/1/2015 16:00

Boas,

CASO ESPÍRITO SANTO: SALGADO PEDIU EM MAIO AJUDA A CAVACO
Janeiro 6th, 2015
20160106

Banqueiro enviou à comissão de inquérito um memorando que apresentou nas reuniões que teve com responsáveis políticos no pico da crise do banco. Entre eles, o Presidente da República.

CAVACO Reuniu-se presencialmente para ouvir Ricardo Salgado, conta agora o antigo banqueiro em carta enviada à comissão de inquérito CAVACO Reuniu-se presencialmente para ouvir Ricardo Salgado, conta agora o antigo banqueiro em carta enviada à comissão de inquérito dando conta das acções a pedir a intervenção de políticos no apogeu da crise do BES.

Expresso Diário

Em maio de 2014, num dos momentos mais críticos da crise do universo Espírito Santo, Ricardo Salgado pediu ajuda aos principais responsáveis políticos do país para salvar o banco e o Grupo Espírito Santo, entre eles o Presidente da República. Objetivo: conseguir desses dignitários “apoio institucional” e “confiança nos planos de recuperação apresentados na área das relações institucionais e/ou internacionais e no relacionamento com os reguladores internacionais”.
 
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Re: BES - A LUTA

por ovelhaxone » 7/1/2015 12:34

 
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Re: BES - A LUTA

por katolo » 7/1/2015 0:11

Obviamente que os Bancos não têm culpa nenhuma da experiência lunática de BCE, UE, BdP e Governo!

Desde o início que se sabe que tudo isto vai dar barracada e, mais uma vez, o Zé a pagar as favas!

Continuo a dizer que devem todos acabar com a arrogância e a casmurrice e sentar-se à mesa para chegar a um consenso equilibrado que defenda ambas as partes com o menor prejuízo e impacto para o país!
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 6/1/2015 23:57

Todos a Fugirem...

POSIÇÃO DA APB
BANCOS RECUSAM FICAR COM RISCOS DE LITIGÂNCIA DA RESOLUÇÃO DO BES
06 Janeiro 2015, 20:46 por Maria João Gago | mjgago@negocios.pt

“O risco de litigância [contra a resolução do BES] nunca poderá afectar os bancos”, defendeu o presidente da APB no Parlamento. Faria de Oliveira apelou à necessidade de “não fazer pagar o justo pelo pecador”.
Os bancos que participam no Fundo de Resolução, entidade que ficou accionista do Novo Banco, recusam ter de assumir os custos relacionados com os processos judiciais em curso ou que venham a surgir contra a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo (BES). A mensagem foi transmitida esta terça-feira, 6 de Janeiro, pelo presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.

É importante "tomar em consideração os efeitos da medida de resolução que teve de ser aplicada ao BES e que representam custos para os restantes bancos", bem como garantir que "o risco de litigância nunca poderá afectar os bancos que não foram nem são envolvidos na decisão", afirmou Fernando Faria de Oliveira, citado pela Lusa, numa audição sobre a proposta de transposição de directivas comunitárias sobre regras bancárias.

"Neste momento, o que mais importa é que a venda [do Novo Banco] corra o melhor possível, que é a melhor forma de minimizar esses custos. Em relação aos outros custos da crise do BES – os de imagem e reputação, que afectaram o sector e o País – é importante separar o trigo do joio", defendeu o representante dos banqueiros perante os deputados. Faria de Oliveira apelou à necessidade de "não fazer pagar o justo pelo pecador com generalizações injustas".

AS PALAVRAS DO PRESIDENTE DA APB SURGEM NUMA ALTURA EM QUE COMEÇAM A SURGIR DIVERSOS PROCESSOS JUDICIAIS CONTRA A MEDIDA DE RESOLUÇÃO APLICADA AO BES, QUE LEVOU À CRIAÇÃO DO NOVO BANCO. Acções cujos custos não serão aceites pelos potenciais interessados no banco de transição e que terão de ser assumidos pelo Estado ou pelo Fundo de Resolução, para blindar a venda do Novo Banco contra os riscos de litigância.

As palavras de Faria de Oliveira mostram que os bancos, que como participantes do Fundo de Resolução financiaram a injecção de capital do Novo Banco, não estão disponíveis para absorver os encargos relacionados com a litigância contra a resolução do BES e os efeitos desta medida.

Recorde-se que o risco de o Novo Banco vir a ser vendido abaixo dos 4.900 milhões de euros de capital que recebeu do Fundo de Resolução será assumido pelos bancos, através de contribuições extraordinárias para este mecanismo destinado a financiar a intervenção em crises bancárias.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 6/1/2015 0:31

Boas,

"BURLADOS DO NOVO BANCO" VÃO PROCESSAR GESTÃO
05 Janeiro 2015, 23:11 por Maria João Gago | mjgago@negocios.pt

Clientes de retalho do banco que investiram em papel comercial do GES estão a organizar-se numa associação para processarem a equipa de Stock da Cunha e reclamarem o seu dinheiro. Prometem invadir agências do Novo Banco.
Um grupo de clientes de retalho do Novo Banco com aplicações em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) está a promover um movimento destinado a criar a "Associação de Clientes Lesados" pela instituição ...
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 5/1/2015 19:50

Boas,

EMPRESAS/FINANÇAS14:40
SÍRIO QUE REESTRUTUROU SWAPS OFERECE AJUDA AO BANCO DE PORTUGAL
MARGARIDA PEIXOTO
14:40
Sírio que reestruturou swaps oferece ajuda ao Banco de Portugal
Jaber G. Jabbour, o consultor financeiro sírio que assessorou a Metro do Porto na renegociação de swaps, quer ajudar o banco central no conflito com o Goldman Sachs.
Jaber G. Jabbour, o consultor financeiro sírio que assessorou a Metro do Porto na renegociação de swaps com o Goldman Sachs e o Nomura, está de volta.
A 29 de Dezembro, Jaber G. Jabbour enviou uma carta a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, onde oferece assistência financeira no caso que opõe o banco central ao Goldman Sachs.
"Caro Carlos da Silva Costa", começa a missiva enviada às 13h57 de 29 de Dezembro, e a que o Económico teve acesso. "Compreendo que o Goldman Sachs está a ameaçar processar o Banco de Portugal em relação à sua decisão sobre as responsabilidades do BES em relação ao Oak Finance Luxembourg SA".
"Baseado na minha análise da informação disponível publicamente, creio que o Banco de Portugal tomou a decisão correcta e que a posição da Goldman Sachs é completamente injustificada", defende o consultor financeiro com escritórios em Londres.
De seguida, Jaber G. Jabbour dá alguns dados sobre a sua especialidade na consultoria financeira - é perito em "transacções estruturadas e derivados financeiros complexos" - recordando que trabalhou "durante alguns anos com o sector público" português e que "aconselhou com sucesso a Metro do Porto no sentido de recuperar dezenas de milhões de euros do Goldman Sachs e do Nomura". O consultor refere-se à renegociação de swaps feita pela empresa de transportes portuguesa, pela qual cobrou um milhão de euros, de acordo com o relatório e contas da Metro do Porto.
Por fim, Jaber G. Jabbour disponibiliza a sua ajuda: "Gostaria de oferecer qualquer assistência de que possa precisar sobre este assunto e gostaria muito de me encontrar consigo em Lisboa, consoante a sua disponibilidade". E frisa que "considera que este é um tema urgente e importante para o Banco de Portugal".
A 2 de Janeiro, a secretária do gabinete de Carlos Costa, Ana Leonor Baptista, confirma a recepção da carta num email enviado para Jaber G. Jabbour.
O Económico contactou o Banco de Portugal, mas ainda não foi possível obter esclarecimentos.
 
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