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Caldeirão da Bolsa

Manifestação anti-troika dia 15 de Setembro

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por alexandre7ias » 14/9/2012 17:40

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Crise
Saiba onde se realizam as 30 manifestações de amanhã
Publicado hoje às 12:47
Leonor Mateus Ferreira

"Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" é o mote que promete juntar milhares de pessoas em mais de 30 cidades contra a austeridade. O protesto ameça passar fronteiras e está marcado também no Brasil, Inglaterra, Alemanha e França. Quase 50 mil pessoas já aderiram ao evento no Facebook, só em Lisboa. Conheça aqui onde vão acontecer as manifestações amanhã à tarde.
As manifestações têm estado a ser convocadas via Facebook. Clique nas cidades para ver o evento na rede social. Saiba AQUI mais informações no blogue da organização.

Lisboa: Praça José Fontana às 17h

Porto : Avenida dos Aliados às 17h

Portimão: em frente à Câmara Municipal às 16h

Viseu: Rossio às 17h

Aveiro: Rua Carlos Aleluia às 17h

Guarda: Praça Luís de Camões às 17h

Braga: Avenida Central às 15h

Coimbra: Praça da República às 17h

Loulé: Mercado de Loulé às 17h

Vila Real : junto à Câmara Municipal às 17h

Covilhã: Pelourinho às 17h

Marinha Grande: Parque da Cerca às 17h

Moncorvo: Torre de Moncorvo - Largo da Corredoura às 17h

Leiria : Fonte Luminosa às 15h

Caldas da Rainha: Largo da Câmara (em frente ao tribunal) às 15h

Faro: Largo da Pontinha às 17h

Portalegre: Praça da República às 17h

Castelo Branco: em frente à Câmara Municipal às 17h

Beja: Praça da República às 17h

Figueira da Foz: em frente à Câmara Municipal às 15h

Santarém: em frente ao W Shopping às 17h

Évora: Praça do Giraldo às 17h

Lamego: Monumento ao Soldado Desconhecido "Chico do Pinto"às 17h

Mogadouro: Parque da Vila às 17h

Peniche: Praça Jacob Rodrigues Pereira às 17h

Santa Maria da Feira: em frente à Câmara Municipal às 17h

Setúbal : Praça do Bocage (em frente ao município) às 17h

Sines : Rossio às 17h

Nisa: Praça da República (junto à Biblioteca) às 17h

Ponta Delgada: Portas da Cidade às 16h

Funchal : Praceta do Infante às 17h

Berlim (Alemanha): Zimmerstrasse, número 56

Fortaleza (Brasil): Rua Desembargador Leite Albuquerque, 635 Sala 402

Londres (Inglaterra): Embaixada Portuguesa (11 Belgrave Square London)

Paris (França): Embaixada de Portugal (3 Rue de Noisiel)

Nos EUA e Canadá não haverá uma manifestação presencial, mas cada um é convidado no evento a fazer cartazes de indignação e fotografias e colocar durante o dia de amanhã no Facebook.
.

http://m.dn.pt/m/newsArticle?contentId= ... related=no
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por salvacao » 14/9/2012 16:47

elias, podes acrescentar a essas as dos professorese outras mais, e sim, ajudaram e muito a mudar as moscas, infelizmente a m**** continuou lá e é isso que é necessário mudar também. és suficientemente letrado para conheceres a história do "maio de 68" e as suas consequências.com as manifestações passa-se o mesmo que com as greves: alguns dão o corpo ao manifesto arriscando a sua situação nas empresas e ainda são criticados, mas depois se vem alguma coisa em resultado da pressão feita pelas greves então todos beneficiam e ninguém diz: eu não quero porque não fiz greve.
 
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por nfmarque » 14/9/2012 16:05

e-finance Escreveu:Contra a troika não alinho se fosse contra os lóbies, corrupção, por uma justiça de verdade etc etc participava. Parece-me que que são os políticos mais uma vez a organizar o rebanho dos cordeirinhos.


Isto mesmo.
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por pocoyo » 14/9/2012 16:01

Não há nenhuma manif marcada para uma praia?

É que eu amanhã vou até à praia e assim juntava o util ao agradavel.

Bora lá povo do facebook!!!
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por Elias » 14/9/2012 15:49

Aumenta lista de manifestações antitroika
Alexandre Costa (www.expresso.pt)
17:23 Quinta, 13 de Setembro de 2012

A manifestação de Lisboa, originalmente marcada para a Praça José Fontana, irá afinal seguir até à mais ampla Praça de Espanha. No Facebook, já são mais de 41 mil os que dizem ir e aumenta também a lista de cidades com 'manifs' idênticas.

"Estão a surgir como cogumelos", comenta Paulo Raposo, um dos envolvidos na organização da manifestação do próximo sábado "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", a propósito do aumento do número de pessoas que se comprometeram a ir através da página do Facebook (que neste momento já ultrapassam os 41 mil) e do aumento da lista de cidades portuguesas que vão aderir ao protesto.

Anunciada para as 17h de sábado, em Lisboa os organizadores da manifestação decidiram manter o ponto de partida da mesma na Praça José Fontana, mas fazer seguir depois o protesto até à mais ampla Praça de Espanha.

"A iniciativa está a crescer de forma dinâmica, espontânea e em autoorganização" refere o antropólogo e professor do ISCTE-IUL, Paulo Raposo, que faz parte do grupo de 29 pessoas (a maioria das quais da área da cultura e de instituições universitárias) que escreveram o manifesto que acompanha o anúncio da manifestação.

Criada ainda no mês de agosto, a manifestação ganhou peso e os apoios de forma exponencial após as medidas de austeridade anunciadas sexta-feira pelo primeiro-ministro, Passos Coelho.

"É um protesto de cidadania, que não está ligado a nenhuma organização, partido ou ideologia particular", refere Paulo Raposo.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/aumenta-lista-d ... z26SK1P4st
 
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por e-finance » 12/9/2012 23:36

Contra a troika não alinho se fosse contra os lóbies, corrupção, por uma justiça de verdade etc etc participava. Parece-me que que são os políticos mais uma vez a organizar o rebanho dos cordeirinhos.
Don't run a race that doesn't have a finish line.
Turney Duff
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por Elias » 12/9/2012 23:25

Quarta-feira, 12 de Setembro de 2012
Que se lixe a troika: a manifestação já é nacional e internacional

Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Lisboa, Loulé, Marinha Grande, Moncorvo, Portimão, Porto, Vila Real e Viseu são as cidades onde já se conhecem iniciativas para que este sábado as pessoas saiam à rua recusando as políticas de austeridade e o roubo dos salários que o Governo Passos-Portas-Troika querem impor.
Também no Brasil se organiza uma manifestação solidária e há mesmo quem organize um evento para quem está "em trânsito". Para além disso, em Espanha e no mesmo dia o país mobiliza-se contra as mesmas políticas que estão a destruir o emprego e a economia na Europa e que só criam desemprego, precariedade, pobreza e desigualdades sociais.

Este sábado estamos nas ruas defendendo as nossas vidas e gritando: que se lixe a troika!

Lista de iniciativas retirada do blog Que se Lixe a troika.

http://www.precariosinflexiveis.org/201 ... -ja-e.html
 
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por Elias » 12/9/2012 23:19

É tão giro ir a manifestações pelo facebook, sei lá :lol:


Manifestação anti-troika já tem mais de 32 mil confirmações no Facebook
2012-09-12 16:47:05

Lisboa – A manifestação «Que se lixe a troika - Queremos as nossas vidas» marcadas para sábado em Lisboa, Porto e outros pontos do país, já tem a confirmação de mais de 32 mil adeptos na página do Facebook.

«Que se lixe a troika - Queremos as nossas vidas», é o nome do conjunto de protestos marcados para sábado em Lisboa, Porto e outros pontos do país, no próximo sábado, dia 15 de Setembro.

Mesmo antes das novas medidas de austeridade terem sido anunciadas pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a adesão ao protesto na sua página do Facebook já era superior à registada antes das manifestações da Geração à Rasca, e neste momento já são mais de 32 mil adeptos a confirmarem a participação na manifestação.

«A austeridade que nos impõem e que nos destrói a dignidade e a vida não funciona e destrói a democracia. Quem se resigna a governar sob o memorando da troika entrega os instrumentos fundamentais para a gestão do país nas mãos dos especuladores e dos tecnocratas, aplicando um modelo económico que se baseia na lei da selva, do mais forte, desprezando os nossos interesses enquanto sociedade, as nossas condições de vida, a nossa dignidade.» , refere o manifesto publicado no Facebook.

Ainda segundo a organização, «Este é um apelo de um grupo de cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos. Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias que concordem com as bases deste apelo para que se juntem na rua no dia 15 de Setembro.», frisando que é uma manifestação «pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença.».

As manifestações anti-troika estão marcadas para sábado às 17h. Em Lisboa, a concentração terá lugar na Praça José Fontana e no Porto na Avenida dos Aliados. Braga, Funchal, Guarda, Coimbra, Loulé, Faro, Vila Real, Covilhã e Portimão são outras cidades onde o protesto irá também ter lugar.

(c) PNN Portuguese News Network
 
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por Elias » 30/8/2012 21:11

A-330 Escreveu:Ah ok..E acredita em que?? Voto , transmissão de pensamento ,mezinhas da avó , o que é que acha que tem utilidade?

A330


No voto acredito, mas não com o nosso sistema político, acredito sobretudo na responsabilização das pessoas e isso acontece com a democracia participativa (um sistema desconhecido em Portugal).

No que diz respeito às manifestações, não acredito na sua utilidade. Ainda não há muito tivemos grandes manifestações: a manifestação da geração à rasca, a manifestação dos indignados... e eu pergunto: serviram para alguma coisa? mudou alguma coisa? diz-me alguma coisa que tenha mudado como resultado dessa manifestação a ponto de se poder afirmar "valeu a pena".
 
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por A330-300 » 29/8/2012 10:47

Elias Escreveu:
A-330 Escreveu:
Elias Escreveu:A-330,

Já por diversas vezes criticaste o facto de as pessoas em Portugal participarem pouco nas manifestações.

Tenho alguma curiosidade em saber se tu costumas participar.


Apesar de só passar uma média de 12 dias por mês em Portugal estive na manifestação dos à rasca por quase duas horas.

Além disso , passei 8 anos da minha vida ligado aos sindicatos.Não tive nenhum cargo, mas passei lá muitas folgas e participei em uma greve.

E você ? Foi alguma vez a alguma?

A330


Obrigado pela resposta.

Não costumo participar em manifestações, porque não acredito muito na sua utilidade.

Mas respeito quem participa, naturalmente :)


Ah ok..E acredita em que?? Voto , transmissão de pensamento ,mezinhas da avó , o que é que acha que tem utilidade?

A330
 
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por Ulisses Pereira » 29/8/2012 2:23

kupkka, ao longo das últimas semanas a Administração foi alertando para o tom despropositado dos teus posts que estão completamente fora do ambiente do Caldeirão e daquilo que se pretende.

Ou mudas a tua forma de estar no Caldeirão, ou terás que sair deste espaço.

Um abraço,
Ulisses
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Ulisses Pereira

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por Las_Vegas » 29/8/2012 2:20

kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:A troika é do melhor que há no mercado.


podes elaborar?


Pagas?


Então? isso tá a dar? já alguém pagou?

:mrgreen:
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por Mcmad » 28/8/2012 23:36

richardj Escreveu:estás a falar do emprego, mas e a inflação? e os produtos que vem de fora mais caros? e a qualidade de vida? e as taxas de juros? e os empréstimos a 10 15 e 20%


Preocupa-me tudo isso, mas o mais preocupante é o desemprego quanto a mim. Os preços altos até é positivo a longo prazo para diminuirmos as importações e "dependências externas "
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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por kuppka » 28/8/2012 21:13

Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:Antigamente havia...a Nobreza,o Clero e o Povo.
Agora?
Onde está a Direita?
Onde estás tu?


Eu estou aqui a teclar :P


:P :P :P :P :P :P :P :P
:P :P :P :P :P :P :P :P
 
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por Elias » 28/8/2012 21:09

kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:A troika é do melhor que há no mercado.


podes elaborar?


Pagas?


Não.

Isto é um espaço de debate livre e gratuito.

Só dá a sua opinião quem quer.

Se não quiseres dar, não dás.

De qualquer forma, permito-me recordar-te que foste tu quem me interpelou :wink:
 
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por kuppka » 28/8/2012 21:07

Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:A troika é do melhor que há no mercado.


podes elaborar?


Pagas?
 
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por Elias » 28/8/2012 21:05

kuppka Escreveu:A troika é do melhor que há no mercado.


podes elaborar?
 
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por kuppka » 28/8/2012 21:02

kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
nfmarque Escreveu:
para : Baixar os salarios significa mais emprego.


Pois é... o problema é que a malta quer trabalho para todos, com salários altos e de preferência sem ter de vergar muito a mola :P


E então?


Então as pessoas querem os proveitos sem terem os custos... :roll:


Quem são as pessoas?


As pessoas que querem a troika daqui para fora...


A troika.


A troika é do melhor que há no mercado.
 
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por kuppka » 28/8/2012 21:01

Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
nfmarque Escreveu:
para : Baixar os salarios significa mais emprego.


Pois é... o problema é que a malta quer trabalho para todos, com salários altos e de preferência sem ter de vergar muito a mola :P


E então?


Então as pessoas querem os proveitos sem terem os custos... :roll:


Quem são as pessoas?


As pessoas que querem a troika daqui para fora...


A troika.
 
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por atomez » 28/8/2012 20:58

Breve história das bancarrotas em Portugal:

Portugal Já Esteve Várias Vezes na Bancarrota

Oficialmente a 1ª bancarrota ocorreu em 1560 durante a regência da viúva de D. João III e a última, no final da monarquia, acabou com uma reestruturação da dívida soberana cuja negociação durou 10 anos. Na realidade, podem-se contabilizar 8: 1560, 1605, 1834, 1837, 1840, 1846, 1852 e 1892, ou seja, a maioria já no século XIX.

A parte final da dinastia de Bragança acumularia, entre 1828 e 1892, mais de duas décadas de situações de default, um recorde na história económica portuguesa. No entanto, o campeão das bancarrotas foi Espanha, com 12 episódios, concentrados na dinastia filipina e durante o século XIX.

Dois outros momentos que fazem parte da história das bancarrotas de Portugal, apesar de não estarem catalogados como tal, são o período de hiperinflação no reinado do fundador da dinastia de Aviz no final do século XIV e o aviso de bancarrota em 1544 através da feitoria portuguesa em Antuérpia ainda no reinado de D. João II.

1384-1422: Mestre de Aviz, o campeão da hiperinflação

Um real de prata valia 19 vezes menos do que no tempo do reinado do seu meio-irmão D. Fernando, o último monarca da dinastia afonsina, e a inflação era galopante, tendo os preços quintuplicado.

A bancarrota seria certa se D. João I e os seus conselheiros não tivessem decidido, desde as reuniões em Torres Vedras em 1412, desencadear um processo de projecção externa cuja primeira operação viria a ser a conquista de Ceuta, em Marrocos, em 1415. Seguiu-se depois o intensificar do corso atlântico e finalmente a expansão marítima - os Descobrimentos.

Um balanço daquela época de economia de guerra e de crise até 1422: a desvalorização do marco de prata foi da ordem dos 100.000% face ao valor que tinha em 1383.

1544: A quase bancarrota na Flandres

As dívidas na feitoria de Antuérpia, na Flandres, somavam 3 milhões de cruzados. D. João III salvou-se de ser o primeiro monarca português a decretar a falência do Estado. Os mercados financeiros europeus deram o benefício da dúvida pois o comércio das especiarias que vinha de além-mar era, ainda, atraente. Entretanto, a feitoria na Flandres seria fechada em 1549 e o rei morreria em 1557. Os problemas seriam herdados pela viúva, Catarina da Áustria.

1560: A herança que a viúva recebeu: o 1º default oficial

Durante a regência caiu-lhe em cima a bomba da dívida astronómica. O neto Sebastião ainda era demasiado novo e coube-lhe a ela gerir a emergência da decadência do grande império manuelino. Em 1559 ainda foi possível levantar 900 mil cruzados como adiantamento na Flandres o que acalmou os credores da dívida portuguesa. Mas no ano seguinte já não havia volta a dar. Catarina resolveu "imitar" o sobrinho, Filipe II, que inaugurara em 1557, no país vizinho, a moda das bancarrotas ibéricas. O alvará de 2 de Fevereiro de 1560 representa o 1º default oficial português. Mandava cessar o pagamento de juros a cargo da Casa da Índia, proibia a colocação de novos empréstimos.

Na ponta final da dinastia de Aviz, nos reinados de D. Sebastião e do cardeal Henrique, as obrigações do governo português já se negociavam a 45 e até a 40% do seu valor facial. Pela época, as grandes casas financeiras alemãs e italianas que estiveram envolvidas no que parecia ser um excelentíssimo negócio, o da pimenta, foram varridas por uma vaga de falências.

1605: o default com sabor castelhano

O motor da venda de títulos pela Fazenda Real - que se tornara uma rotina desde os tempos de D. Manuel - começou a gripar pelos anos de 1600. A pimenta deixara de ser monopólio dos portugueses com a desagregação do império português no período filipino de monarquia dual entre Espanha e Portugal e sobretudo depois do início da ofensiva dos holandeses no Índico.

Foi neste contexto que ocorreu a bancarrota de 1605 - uma peripécia menos conhecida e raramente referida.

1828-1834: A factura do "miguelismo"

Com a morte de D. João VI em 1826, abre-se uma crise de sucessão que desaguou numa guerra civil entre liberais constitucionalistas e conservadores miguelistas que se agrupavam em torno da viúva Carlota Joaquina e do filho Miguel.

No meio da guerra civil, D. Miguel negociou em 1832 um empréstimo de 40 milhões de francos junto dos banqueiros parisienses Outrequin & Jauge, com um juro de 5% com uma maturidade a 32 anos. Apesar dos riscos envolvidos, os banqueiros franceses conseguiram que estes títulos fossem admitidos para cotação na Bolsa de Paris, onde, aliás, se mantiveram até 1837. Os credores internacionais que emprestaram ao governo de D. Miguel sabiam que estavam correr um grande risco pois estavam a apostar num governo com a possibilidade de cair.

Os juros e a amortização ainda foram pagas até Setembro de 1833. Depois, derrotado Miguel, o empréstimo viria a ser renegado pelos liberais e depois pelo governo de Dona Maria da Glória, sobrinha de Miguel. O empréstimo não foi considerado legítimo. Eram contas do tio que, entretanto, fugira para a Alemanha. Que o fossem cobrar à Baviera, onde ele morreria.

O assunto passou, assim, a contencioso. Os credores franceses organizaram-se em comité em 1840 e várias manobras diplomáticas continuaram pelas décadas seguintes a ver se conseguiam reaver pelo menos 2,5 milhões de francos, cujos papéis comprovativos consta que se encontravam no Tesouro em Lisboa.

1837 a 1852: O calvário de incumprimentos no reinado de Maria da Glória

O reinado da filha de D. Pedro IV (o imperador Pedro I do Brasil), a jovem Maria da Glória, coroada D. Maria II (1837-1853), juntou vários eventos de suspensão de pagamentos, o primeiro logo em 1837, que geraram o período mais longo de defaults na história portuguesa.

Em 1852, decreta-se a consolidação da dívida interna e externa, o que gerou a revolta sobretudo dos credores ingleses, até que se celebrou um convénio em Dezembro de 1855, que no dizer do historiador Rui Pedro Esteves, da Universidade de Oxford, surpreenderia hoje pelos credores "terem aceitado a consolidação em troca de contrapartidas bastante modestas".

Estas bancarrotas ocorreram num período de quase 20 anos de golpes e contra-golpes e de um movimento popular, a Revolta da Patuleia, mais conhecida por Maria da Fonte.

A situação só acalmou, de facto, com a regência do viúvo de Maria da Glória, o rei-consorte Fernando II, da poderosa casa europeia de Saxe-Coburgo e Gota. O país adopta o padrão ouro que permitia estabelecer uma relação com a libra esterlina, a moeda chave do comércio internacional e das relações comerciais com Portugal, e chega a acordo em Londres nos finais de 1855, com o Council of Portuguese Bondholders (detentores de títulos portugueses), liderado pelo banqueiro Richard Thornton.

1892-1902: A longa re-estruturação da dívida soberana no final da Monarquia

A famosa revista inglesa The Economist andava a avisar desde 1880: "Os mercados monetários da Europa estão a ficar cansados, e não sem razão, da constante solicitação por Portugal de novos empréstimos", escrevia em 27/11/1880. E em 1885: "No próprio interesse de Portugal era preferível que as suas facilidades de endividamento fossem, agora, restringidas".

Rebentou então uma crise financeira mundial, com o epicentro na City londrina, iniciada em 1890 com a falência do banco Baring Brothers que contagiaria Portugal por vários canais, incluindo via Brasil. O próprio Baring era o principal parceiro do governo português na City e, na aflição, reembolsou-se em 1 milhão de libras em Lisboa, o que levou a uma redução significativa das reservas em ouro do Banco de Portugal. Em 1888, no Fenn's Compendium, Portugal já tinha sido considerado como um país de alto risco.

Com a contracção dos mercados de capitais internacionais, durante a crise financeira mundial de 1890-1893, o ecossistema financista português desabou. Juntou-se o esboroamento do padrão-ouro que havia sido adoptado em 1854. Finalmente, viveu-se uma crise política aguda que misturaria o efeito dos problemas geopolíticos em África - com o ultimatum sobre o mapa cor-de-rosa por parte da Grã-Bretanha - com a ascensão do movimento republicano (revolta no Porto em 31 de Janeiro de 1891) e das lutas dentro dos partidos monárquicos.

A balança de pagamentos acaba por ter um défice gigante em 1891, depois de um período em que acumulara excedentes. A dívida total (externa e interna) que andava pelos 24 milhões de libras em 1858 disparou para 127 mil milhões de libras. Apesar da pobreza do país, era a 2ª maior da Europa per capita, depois da França.

A revista inglesa, de novo, escrevia: "Tem sido evidente de há bastante tempo que o país estava a viver acima dos seus meios. Mais tarde ou mais cedo era inevitável que acabasse em bancarrota - e foi à bancarrota que Portugal agora chegou" (6/2/1892). E acrescentava: "É inevitável uma redução significativa do encargo com a dívida, que absorve quase metade da receita total. Os detentores da dívida portuguesa têm de consentir num abatimento dos seus direitos, por força das circunstâncias". Os ingleses aconselhavam mesmo: "Se Portugal abordar os seus credores leal e francamente nestas linhas ser-lhe-á relativamente fácil efectuar um acordo razoável com eles".

A solução acabaria por ser imposta por decreto. Os credores externos não aceitaram o curso forçado do papel-moeda emitido pelo Banco de Portugal. O default parcial acabaria por acontecer em Junho de 1892. O governo teve de suspender parcialmente os encargos altos da dívida. Em Paris, os credores ficaram surpresos com a redução das taxas de juro em 66%. O objectivo último acabaria por ser a reestruturação e reescalonamento dos pagamentos.

Julgava-se que no final do convénio de 1902 com os credores se obteriam novos empréstimos - mas isso não aconteceu. A dívida seria convertida num novo empréstimo amortizável a 99 anos, até 2001.

O efeito de afastamento dos mercados financeiros internacionais não seria muito prejudicial para a economia real, que dependia sobretudo do comércio com o Brasil, as colónias em África e o Reino Unido. Os principais credores financeiros da dívida estavam em Paris e em Berlim. A economia portuguesa acabaria por recuperar relativamente bem.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
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por Elias » 28/8/2012 20:58

kuppka Escreveu:Antigamente havia...a Nobreza,o Clero e o Povo.
Agora?
Onde está a Direita?
Onde estás tu?


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por Elias » 28/8/2012 20:55

kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
nfmarque Escreveu:
para : Baixar os salarios significa mais emprego.


Pois é... o problema é que a malta quer trabalho para todos, com salários altos e de preferência sem ter de vergar muito a mola :P


E então?


Então as pessoas querem os proveitos sem terem os custos... :roll:


Quem são as pessoas?


As pessoas que querem a troika daqui para fora...
 
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por kuppka » 28/8/2012 20:49

Elias Escreveu:
kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
nfmarque Escreveu:
para : Baixar os salarios significa mais emprego.


Pois é... o problema é que a malta quer trabalho para todos, com salários altos e de preferência sem ter de vergar muito a mola :P


E então?


Então as pessoas querem os proveitos sem terem os custos... :roll:


Quem são as pessoas?
 
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por kuppka » 28/8/2012 20:48

Elias Escreveu:
tavaverquenao2 Escreveu:a direita é muito mais eficaz na propaganda.


Tens elementos concretos para sustentar o que afirmas ou é mais uma daquelas afirmações sem qualquer base que apenas reflectem as tuas preferências ideológicas?


Antigamente havia...a Nobreza,o Clero e o Povo.
Agora?
Onde está a Direita?
Onde estás tu?
 
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por Elias » 28/8/2012 20:46

kuppka Escreveu:
Elias Escreveu:
nfmarque Escreveu:
para : Baixar os salarios significa mais emprego.


Pois é... o problema é que a malta quer trabalho para todos, com salários altos e de preferência sem ter de vergar muito a mola :P


E então?


Então as pessoas querem os proveitos sem terem os custos... :roll:
 
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