Investidores apertam os cintos. Vem aí muita turbulência nos mercados

[MarcoAntonio]

Elias, não vale a pena estar a fazer essas observações quando eu próprio já deixei ressalvas. Não estás a dizer nada que já não esteja admitido no meu texto...

Já agora, deixo o quadro com a média porque acho que tem algum interesse (facilita a leitura) incluir uma média. Se depois tiver pachorra alargo para 15 ou 20 (alguns países que ainda não incluí - como a Espanha e Suíça - dão um bocado mais de trabalho incluir).

[Elias]

as férias são marcadas individualmente

nem sempre; há empresas que fecham completamente em Agosto e os empregados não podem escolher as datas de férias que são fixadas pela entidade patronal (o que, aliás, a lei permite).

[MarcoAntonio]

É um factor a tomar em linha de conta na avaliação global, mas em efectivo são questões separadas (até porque - na generalidade dos casos e embora muitas coincidam - as férias são marcadas individualmente, enquanto que os feriados são nacionais; além disso as férias são sempre contadas em dias úteis, os feriados não, ou por outra, nem sempre).

Não há forma de integrar na análise de cima (muito embora se possa falar e considerar isso numa avaliação global).

Outro problema com a integração das férias deriva do facto de o seu número ser também variável (nem todos os trabalhadores têm o mesmo número de férias, pode variar com a idade, etc).

[Elias]

Bom, já cobri 12 países e creio que já dá uma perspectiva. Portugal está na faixa superior do número total de feriados mas é precisamente nos feriados a meio da semana que ele mais se destaca, o que ajuda a compreender o dito de que Portugal é o país das pontes...

Sem querer retirar o mérito à comparação que apresentas, parece-me importante lembrar que qualquer comparação do número de dias de descanso, para ser completa, deve incluir uma referência aos dias de férias.

Aqui fica uma contribuição que já tinha colocado num dos posts iniciais do tópico:

http://edition.cnn.com/SPECIALS/2007/wo ... nce/chart/

[MarcoAntonio]

Bom, já cobri 12 países e creio que já dá uma perspectiva. Portugal está na faixa superior do número total de feriados mas é precisamente nos feriados a meio da semana que ele mais se destaca, o que ajuda a compreender o dito de que Portugal é o país das pontes...

A tabela está ordenada por número crescente de feriados ao meio da semana (isto é, entre terça e quinta).


Nota: Alemanha fiz uma espécie de média. Reino Unido exclui Escócia. É possível que contenha algum lapso.

[MarcoAntonio]

Havia um lapso nos valores de cima (o número de dias ao meio da semana em Portugal é maior ainda) mas já corrigi.


Automech, tou a ver se faço aqui relativamente rápido um quadro de resumo comparativo para quem quiser ter uma perspectiva do número de feriados e como ele se distribuem num número alargado de países europeus...




Elias, se produzires mais (para consumo interno), não precisas de importar tanto. À partida vão acontecer as duas coisas em simultaneo: aumento das exportações (porque parte do que se produz a mais também é para exportação) e diminuição das importações (não me peças para quantificar porque obviamente não consigo).

[Elias]

Eventualmente perde-se alguns postos de trabalho. Mas isso acontece ao mesmo tempo que estão a ocorrer alterações mais significativas (aumento global da produção, redução global do consumo com o exterior) que é precisamente o que queremos mudar!

Mas como tens escrito que o problema é o défice externo, então essa produção adicional só tem interesse se se traduzir num aumento de exportações, certo? Caso contrário estamos a produzir mais para consumo interno...

E como é que vais aumentar a produção exportável?

[Automech]

Pois, é preciso ir sempre ao detalhe nistos dos feriados. Os Noruegueses têm 3 dos feriados todos concentrados (5a, 6a e 2a feira de Páscoa).

Depois têm 2 feriados que são sempre ao Domingo (além da Páscoa), o que eu não contaria propriamente como sendo feriado porque, além de não apanhar uma boa parte da população, quem hoje trabalha ao Domingo continua a trabalhar mesmo nesses feriados (ganha é mais mas isso é outra questão).

[MarcoAntonio]

Em média a Noruega tem dos seus 13 feriados:

- 4.4 ao fim de semana (sab, dom)
- 4.4 junto ao fim de semana (2ª, 6ª)

- 4.1 ao meio da semana (3ª, 4ª, 5ª)


Em média a Dinamarca tem dos seus 11 feriados:

- 2.9 ao fim de semana (sab, dom)
- 5.9 junto ao fim de semana (2ª, 6ª)

- 2.3 ao meio da semana (3ª, 4ª, 5ª)

Já agora, deixo também para Portugal e os seus 14 feriados (se incluirmos o Carnaval):

- 3.9 ao fim de semana (sab, dom)
- 3.9 junto ao fim de semana (2ª, 6ª)

- 6.3 ao meio da semana (3ª, 4ª, 5ª)



Em Portugal temos mais feriados ao meio da semana que ao fim de semana ou que junto ao fim de semana. Nos outros dois países que citei acontece precisamente o oposto.

Estes são só dois exemplos e naturalmente há outros países em que não se passa nada disso também, serve apenas para ilustrar diferentes modelos e como os feriados se vão/podem distribuir...



Um panorama geral em formato reduzido:

Alguns dos países que têm mais feriados móveis que Portugal (que são 4)

Finlandia (8)
Noruega (8)
Dinamarca (8)
Suécia (7)
Alemanha (6)
Grécia (5)

Alguns países têm igual número como a Polónia ou a Holanda por exemplo. Também há países com menos como a França por exemplo (com 3). Convém notar contudo que a França tem apenas 11 Feriados nacionais bem como alguns dos outros países que apesar de terem menos feriados móveis, apresentam um número total de feriados relativamente reduzido também. A maior parte dos feriados móveis são definidos ou ao fim de semana ou junto (2ª ou 6ª) muito embora existam umas quantas excepções.

E daquela lista de cima a "excepção" é a Grécia com montes de feriados fixos para além daqueles 5 móveis (surpresa!).

[Automech]

Há 3 feriados que são sistematicamente ao domingo (móveis no calendário),

Além do Domingo de Páscoa são outros indexados também à Páscoa. Realmente deve ter grande significado para eles porque fazer 2 feriados que são sempre ao Domingo (além da Páscoa) parece estranho...

2 feriados que são sempre à quinta (móveis no calendário),

Um é a quinta feira de Páscoa (não é ponte). O outro é o dia da ascensão (que permitirá ponte). É interessante ver que eles não mudam este para outro dia apesar da 5a feira de ascensão (espero não estar a dizer uma blsafémia), ter uma importância reduzida por cá.

2 feriados que são sempre à segunda (móveis no calendário),

Um deles é a segunda feira de Páscoa e outro é 51 dias depois da Páscoa (porque um dos tais que é ao ao Domingo é calculado 50 dias depois da Pásco). Fica por isso feriado no Domingo e na 2a feira.

Curioso que eles na Páscoa tiram a 5a, 6a e 2a. Ou seja são 3 feriados mas todos seguidos.

E depois têm mais 2 feriados que são o Domingo e a 2a feira a seguir.

Não tinha a noção de terem uma ligação tão forte à religião (pelo menos assumindo que os feriados reflectem a questões culturais e a religião de um país)...

[MarcoAntonio]

2. Um dos sectores que mais está em crescimento, o do turismo, é dos que mais beneficia com as pontes e os fins-de-semana prolongados; acabando-se com alguns destes fins-de-semana, o turismo é um dos sectores que mais perde, anulando parte dos ganhos de produtividade supostamente obtidos noutros sectores

Elias, o nosso verdadeiro ganho com o turismo é com o turismo de cidadãos de outros países.

O turismo interno só é benéfico enquanto lazer (bem estar) e em termos económicos apenas quando é em detrimento de saídas do país. Turismo interno não é produção, é consumo interno. São recursos que se gastam cá dentro (o que é preferível a gasta-lo lá fora). Já vender turismo ao exterior eu considero produção (porque é capital que entra no país em resultado do trabalho das pessoas).



O Turismo vai sofrer? Creio que no global, expectavelmente sim, esperemos mesmo que sim porque isso é sinal que as medidas estão a funcionar: o português está a produzir mais e a passear menos.

Isso é bom!

Se tu esperas que o turismo vá sofrer então estás a admitir que as medidas vão ter efeito a montante (pois esta será uma das consequências desses efeitos). Agora argumentas que isso é mau porque vai prejudicar o sector do turismo. Mas vai prejudica-lo para o lado que interessa menos expandir e não vai afectar o lado que interessa expandir e se isso acontecer é sinónimo que os portugueses estão a trabalhar mais e ou a gastar menos (em viagens/combustíveis/etc).

Logo é bom!

Eventualmente perde-se alguns postos de trabalho. Mas isso acontece ao mesmo tempo que estão a ocorrer alterações mais significativas (aumento global da produção, redução global do consumo com o exterior) que é precisamente o que queremos mudar!


Promover o turismo?

Sim senhor. Mas é atrair estrangeiros e motivar os portugueses a passear em Portugal em lugar de sair do país. Em si não são razões para não se mexer nos feriados, na verdade são praticamente independentes...


Aliás, se por exemplo cortar feriados e tolerâncias de ponto faz com que os portugueses saiam menos do país e passem mais reveillhons cá, até é um (eventual) benefício para o turismo interno pelo menos nesse caso.

[MarcoAntonio]

Um feriado móvel na quinta feira significa um feriado movido para a 5a feira ??? Não devo ter percebido bem.
Ou será que significa um feriado móvel (tipo os nossos que estão ligados à Páscoa e que nunca calham na mesma data) ?

Bom, para que não haja confusão com os termos (algo natural) aqui fica para que se perceba que tipo de definição tenho estado a utilizar:

- Fixo = numa data fixa no calendário independentemente do dia da semana em que cai;

- Móvel = num dia fixo da semana, móvel no calendário portanto.

E os três ao Domingo só posso interpretar como eles não movendo os feriados que coincidem com um Domingo. Será isto ?

Não.

Há 3 feriados que são sistematicamente ao domingo (móveis no calendário), 2 feriados que são sempre à quinta (móveis no calendário), 2 feriados que são sempre à segunda (móveis no calendário), 1 feriado sempre à sexta (móvel no calendário).

Depois há 5 feriados que são fixos no calendário e que podem cair em qualquer dia da semana ou fim de semana (distribuindo-os probabilisticamente, sai aqueles resultados que ali coloquei, depois de ter dividido a semana em 3 partes).

[Automech]

Os Feriados são na maioria móveis:

> Dois ocorrem à quinta-feira.
> Três ao domingo (!!!).

Um feriado móvel na quinta feira significa um feriado movido para a 5a feira ??? Não devo ter percebido bem.
Ou será que significa um feriado móvel (tipo os nossos que estão ligados à Páscoa e que nunca calham na mesma data) ?

E os três ao Domingo só posso interpretar como eles não movendo os feriados que coincidem com um Domingo. Será isto ?

[Automech]

Pois eu continuo com muitas dúvidas sobre o impacto na produtividade das alterações propostas.

E isto pelo seguinte:

1. Cada vez há mais empregos / funções em que se trabalha por turnos, ou seja, cada vez menos os descansos estão concentrados nos fins-de-semana e feriados; quem trabalha por turnos não pode tirar pontes a seu bel prazer porque está "escalado"

A questão era se a mudança dos feriados aumentava a produtividade. Nestes casos dos turnos parece-me ser neutra (as vossas opiniões para isto ?)

Mas há uma boa parte (sobretudo o chamado trabalho de escritório e os respectivos fornecedores) que ainda têm um peso considerável e que não trabalham por turnos.

2. Um dos sectores que mais está em crescimento, o do turismo, é dos que mais beneficia com as pontes e os fins-de-semana prolongados; acabando-se com alguns destes fins-de-semana, o turismo é um dos sectores que mais perde, anulando parte dos ganhos de produtividade supostamente obtidos noutros sectores

Tens razão. Não sei quantificar e seria bom sabermos quanto é que se perde nas pontes (em perdas de produtividade) e quanto é que se ganha no sector do turismo.

A minha reacção inicial será dizer que apenas uma parte das pessoas vai de férias (muitas ficam simplesmente em casa) e duvido que as perdas no turismo sejam superiores aos ganhos na economia.

Mas não tenho dados para sustentar a tese.

3. Independentemente das considerações anteriores, e já que estamos a falar de aumentar o número de dias de trabalho, porque não reduzir o número de dias de férias de 25 para 22 (como era de lei até há alguns anos atrás), deixando as pontes e os feriados como estão?

Isto foi uma tentativa de premiar os bons trabalhadores que nunca faltem. Beneficiei da medida mas nunca concordei com ela por achar que iria ser, no global, negativa.

Um trabalhador que nunca falte (ou que falte poucos dias) recebia 22 dias e passou a receber 25 (pode ser 23, 24 ou 25 mas para o caso não interessa).

A medida só seria por isso compensadora se os trabalhadores que faltam muito passassem a faltar menos, ao ponto de compensarem os dias a mais que se deram aos funcionários que faltavam pouco.

Não sei se há estudos (nunca os vi nem procurei) sobre o impacto da medida e se a mesma foi vantajosa em temos globais.

Nem sei sequer se quando a medida foi aprovada se houve algum tipo de projecção a nivel económico com esses pressupostos.

É uma memdida que me sabe bem mas com a qual não concordei

[Elias]

Curiosamente a Noruega tem uma maior proporção de feriados religiosos.

[MarcoAntonio]

Voltando ao que me parece mais interessante e como já citei várias vezes, aqui fica um exemplo de um país que nos pode servir de inspiração. A Noruega:

January 1 New Year's Nyttårsdag
Moveable Sunday Palm Sunday Palmesøndag Sunday before Easter Sunday
Moveable Thursday Maundy Thursday Skjærtorsdag The Thursday before Easter Sunday
Moveable Friday Good Friday Langfredag The Friday before Easter Sunday
Moveable Sunday Easter Sunday Første påskedag
Moveable Monday Easter Monday Andre påskedag The day after Easter Sunday
May 1 Labour Day Første mai Arbeidernes dag, International Workers' Day
May 17 Constitution Day Syttende mai or Grunnlovsdagen Celebration of the Constitution of 1814
Moveable Thursday Ascension Day Kristi himmelfartsdag 40 days after Easter
Moveable Sunday Pentecost Første pinsedag 50 days after Easter
Moveable Monday Whitmonday Andre pinsedag 51 days after Easter
December 25 Christmas Day Første juledag Christmas is usually celebrated on December 24, the "Julaften"
December 26 St Stephen's Day Andre juledag A Christian saint's day celebrated on 26 December in the Western Church and 27 December in the Eastern Church


Os Feriados são na maioria móveis:

> Dois ocorrem à quinta-feira.
> Três ao domingo (!!!).
> Três junto ao fim de semana (2 numa segunda, 1 numa sexta).

Têm além destes 8, mais 5 feriados fixos (totalizando 13) e isto já inclui o dia 26 de Dezembro.

Em média a Noruega tem dos seus 13 feriados:

- 4.4 ao fim de semana (sab, dom)
- 4.4 junto ao fim de semana (2ª, 6ª)
- 4.1 ao meio da semana (3ª, 4ª, 5ª)



O caso dinamarquês é ainda mais extremo (pois tem apenas 3 feriados fixos e dos móveis só um numa quinta-feira).



edit: distribuição média de feriados nacionais na dinamarca

Em média a Dinamarca tem dos seus 11 feriados:

- 2.9 ao fim de semana (sab, dom)
- 5.9 junto ao fim de semana (2ª, 6ª)
- 2.3 ao meio da semana (3ª, 4ª, 5ª)

[Elias]

Pois eu continuo com muitas dúvidas sobre o impacto na produtividade das alterações propostas.

E isto pelo seguinte:

1. Cada vez há mais empregos / funções em que se trabalha por turnos, ou seja, cada vez menos os descansos estão concentrados nos fins-de-semana e feriados; quem trabalha por turnos não pode tirar pontes a seu bel prazer porque está "escalado"

2. Um dos sectores que mais está em crescimento, o do turismo, é dos que mais beneficia com as pontes e os fins-de-semana prolongados; acabando-se com alguns destes fins-de-semana, o turismo é um dos sectores que mais perde, anulando parte dos ganhos de produtividade supostamente obtidos noutros sectores

3. Independentemente das considerações anteriores, e já que estamos a falar de aumentar o número de dias de trabalho, porque não reduzir o número de dias de férias de 25 para 22 (como era de lei até há alguns anos atrás), deixando as pontes e os feriados como estão?

[MarcoAntonio]

Eu até citei o caso do professor não foi por mais nada, é que ainda recentemente alguém apresentava aqui casos concretos e isso é um exemplo evidente de como uma ponte e umas férias "em período de férias" não são exactamente a mesma coisa (mesmo que nos dois casos se recorra a dias de férias). Espero que isto não contribua para que mais um tópico se transforme num tópico sobre professores, foi quase um exemplo avulso...

[MarcoAntonio]

Então se as férias é bom ser concentrado no tempo, se toda a gente as tira ao mesmo tempo, qual é o problema de toda a gente fazer as pontes ao mesmo tempo???

Os problemas não são o mesmo, dando de barato que nalguns casos são (mas genericamente não é a mesma coisa).

A titulo de exemplo, uma coisa é uma escola estar fechada no Verão. Outra é um professor gozar um dia de férias numa ponte a título individual...

O mesmo se aplica a serviços administrativos e etc. Na generalidade dos casos não está toda a gente fazer pontes mas isso acontece mais (pelo menos em determinados sectores de actividade) com as Férias. Logo o grau de concentração e abrangência não são exactamente os mesmos.

E também se estende ao privado (muitos privados fecham para um período de férias, já com as pontes, dando de barato que alguns fecham também em "dias de ponte" há outros que não chegam a fechar só porque determinados funcionarios pedem férias para fazer uma ponte). Isto creio que é tão mais válido quanto maior for a empresa, se a empresa for muito pequena a diferença entre uma situação e a outra tende-se a desvanecer provavelmente (o que não significa em termos globais a mesma coisa, para mim globalmente não é a mesma coisa).

[Automech]

Mas isso são as férias que as pessoas têm. Têm de as ter nalguma altura e até nem é mau ser concentrado no tempo.

Então se as férias é bom ser concentrado no tempo, se toda a gente as tira ao mesmo tempo, qual é o problema de toda a gente fazer as pontes ao mesmo tempo???

Porque as pontes não são gozadas por toda a gente. São dias em que metade das pessoas estão e metade não estão.

Podes dizer que nas férias é o mesmo. E é verdade.

A questão é que as férias não podem ser evitadas mas as pontes podem, se os feriados fossem movidos, o que foi uma das coisas que esteve em discussão neste tópico e com a qual concordo.

[Elias]

Mas isso são as férias que as pessoas têm. Têm de as ter nalguma altura e até nem é mau ser concentrado no tempo.

Então se as férias é bom ser concentrado no tempo, se toda a gente as tira ao mesmo tempo, qual é o problema de toda a gente fazer as pontes ao mesmo tempo???

[Automech]

Eu continuo a achar que isto de alterar os feriados é uma tentativa de mudar qualquer coisa (o menos possível) para que tudo fique na mesma. Quem é que no seu perfeito juízo acredita que por se eliminar duas ou três pontes o país vai resolver o seu problema de produtividade?

A questão não era essa. A questão era se a alteração dos feriados aumentava ou não a produtividade. Eu penso que si (pelas razões que já escrevi).

Quanto ao impacto, claro que estou de acordo. Não vai fazer explodir o PIB, mas penso que é suficientemente relevante para se fazer a alteração proposta.

Aliás, toda a gente se mostra muito preocupada com o facto de o país parar quando há uma ponte mas sobre isto eu gostaria de lembrar o seguinte:

Primeiro, o país como que pára em Agosto. Marcha tudo para a praia e quem fica a bulir já sabe que é um mês para trabalhar a meio gás.

Mas isso são as férias que as pessoas têm. Têm de as ter nalguma altura e até nem é mau ser concentrado no tempo.

Segundo, o país praticamente encerra entre o Natal e o Ano Novo. E aí não estamos a falar de um dia mas sim de uma semana inteira.

idem

Se queremos realmente aumentar a nossa produtividade, então é melhor mexer a sério no calendário das férias, incluindo as escolares (pois são as férias escolares que mais condicionam a escolha das férias laborais). Porque não nos inspiramos na Alemanha que é um dos países mais produtivos da Europa, para rever o nosso calendário de férias? Na Alemanha, as datas férias são diferentes de província para província, o que uma dupla vantagem: evita congestões em todo o país no dia de partida para férias e evita que o país pare todo ao mesmo tempo.

A título de exemplo deixo aqui o calendário das férias escolares de Verão para 2010, nas várias regiões (os outros períodos de férias também têm desfasamentos):

• Bremen, Niedersachsen, Sachsen-Anhalt, Thüringen: Quinta-feira, 24 de Junho 2010 – Quarta-feira, 4 de Agosto 2010
• Sachsen: Segunda-feira, 28 de Junho 2010 – Sexta-feira, 6 de Agosto 2010
• Rheinland-Pfalz: Segunda-feira, 5 de Julho 2010 – Sexta-feira, 13 de Agosto 2010
• Hessen, Saarland: Quinta-feira, 8 de Julho 2010 – Sábado, 14 de Agosto 2010
• Berlin: Quarta-feira, 7 de Julho 2010 – Sábado, 21 de Agosto 2010
• Brandenburg: Quinta-feira, 8 de Julho 2010 – Sábado, 21 de Agosto 2010
• Hamburg: Quinta-feira, 8 de Julho 2010 – Quarta-feira, 18 de Agosto 2010
• Schleswig-Holstein, Mecklenburg-Vorpommern: Segunda-feira, 12 de Julho 2010 – Sábado, 21 de Agosto 2010
• Nordrhein-Westfalen: Quinta-feira, 15 de Julho 2010 – Sexta-feira, 27 de Agosto 2010
• Baden-Württemberg: Quinta-feira, 29 de Julho 2010 – Sábado, 11 de Setembro 2010
• Bayern: Terça-feira, 2 de Agosto 2010 – Segunda-feira, 13 de Setembro 2010

Os Alemães têm isto e não um povo de burros mas eu não vejo como é que isto possa ser bom para as empresas.

Para uma empresa de Lisboa que tabalhe com fornecedores de Lisboa é bom (fecham os dois na mesma altura).

Mas e se a empresa for de Lisboa e o fornecedor for do Porto ? Quando um está não está o outro e vice versa.

Parece evidente que é uma medida boa para o turismo (por exemplo garantia fluxo para o Algarve durante mais tempo e com uma redução do pico que existe em Agosto), mas para as empresas não o vejo como uma vantagem.

[MarcoAntonio]

Nesse caso, porque não legislar no sentido de passar o Carnaval a feriado nacional?

É um ponto pertinente. A minha opinião é que não é necessário uniformizar tudo. Podemos deixar o mercado decidir por si e o carnaval até me parece um bom caso para isso (esteja eu certo ou errado nesta minha noção). Se não for feriado nacional, as empresas/pessoas podem decidir mais livremente se querem trabalhar ou não, se for feriado quase como que se decreta que é dia de não trabalho (naturalmente há excepções e quem trabalhe em feriados). Mas em todo o caso acho que já transmiti a ideia...

As minhas propostas entre outras coisas, reduzem desigualdades. Mas não é a minha intenção eliminá-las por completo porque eu não acho que uma igualdade absoluta seja propriamente benéfica nem que o grau de beneficio seja o mesmo para todos os casos.

A ser no dia 26 de Dezembro, o que fazias do dia 24? Seria um dia de trabalho normal até às 18 horas?

Eu penso que o feriado adicional seria preferivel no dia 24, mas pronto, estou a por os dois como potenciais.

Isto são meras sugestões, não são propostas de lei que eu nem sequer sou deputado nem estou a pensar vir a sê-lo.

Qualquer dia adicional para além do feriado nacional, passaria por gozar um dia de férias.

E o dia 31 de Dezembro, a mesma coisa?

Idem, quem quiser gozar o dia 31 porque vai fazer a passagem de ano não sei onde, teria de pedir um dia de férias como agora os utiliza para realizar pontes (isto já estava inclusivamente nesse meu post).

[MarcoAntonio]

Quem é que no seu perfeito juízo acredita que por se eliminar duas ou três pontes o país vai resolver o seu problema de produtividade?

Quem é que disse que é suposto resolver?

É uma medida entre várias. Interessa discutir/verificar se ajuda a resolver ou não. E depois interessará verificar se vão existir outras ou não (para já estão a mexer nas prestações sociais que é outra matéria que está envolvida na redução da massa produtiva do país e embora não totalmente coincidente com a minha opinião, estão a fazer algo).

Esta noção de que o problema tem de ser atacado só por um lado ou resolvido de forma categórica de uma só penada caso contrário não vale a pena faz muito pouco sentido. A sociedade é por natureza complexa, com uma enorme conjugação de forças e contextos, a resolução dos problemas é também ela complexa, uma medida é boa se ajudar a resolver mais o problema do que o que o agrava e é o que interessa discutir.

No caso presente nem sequer é válido - no meu entender - que esta é uma forma de não mexer em mais nada porque não só já se mexeu em várias coisas como continuam a surgir propostas para outras coisas (continua-se a discutir publicamente a questão das reformas, ainda paira no ar a redução de vencimentos na função pública e nada impede que mais regras sobre o subsidio de desemprego ou RSI ainda venham a aparecer além das que já apareceram).

Não se está a "não fazer nada". Estão-se a fazer várias coisas. Individualmente vamos concordar com umas e discordar doutras e para todas elas há opositores. Da mesma foram que haverá discordantes para as alterções às prestações sociais, vai haver para os feriados and so on and so on...

Nenhuma delas individualmente resolve tudo. Todas juntas ajudarão (potencialmente) a resolver.

E se se vier a verificar que alguma delas não é benéfica volta-se a alterar no futuro. As coisas não são imutáveis (os portugueses é que parece que gostam que sejam!).


Quanto à questão da "inspiração", não acho uma má questão, é um ponto interessante. O problema é que é igualmente interessante para a questão dos feriados: os países do norte da europa com pibs per capita bastante superiores ao nosso (na ordem de +50% e +100%) como a Noruega, Finlândia, Dinamarca, etc aplicam bastante o modelo dos feriados móveis!

Portanto, podemos inspirar-nos aí. E noutras coisas também, naturalmente...

[Elias]

> Reduzir tolerâncias de ponto a nada ou quase nada (abria talvez uma excepção para o Carnaval, um feriado "de facto" para meio Portugal).

Nesse caso, porque não legislar no sentido de passar o Carnaval a feriado nacional?

> Substituir parte dessa redução por um feriado Nacional adicional (à primeira vista sugeria o dia 26 ou 24 de Dezembro).

A ser no dia 26 de Dezembro, o que fazias do dia 24? Seria um dia de trabalho normal até às 18 horas?

E o dia 31 de Dezembro, a mesma coisa?