Resistência dos accionistas da REN premiada com alta na bolsa
A negociação bolsista de ontem da REN mostrou bem que tipo de accionistas compraram acções da empresa na OPV de Julho passado. São sobretudo investidores de longo prazo, que estão no capital da empresa para ficar, uma estratégia que foi premiada com uma forte subida em bolsa. José Penedos defendeu que as acções da REN "são para guardar" e é isso mesmo que a grande maioria dos pequenos accionistas está a fazer.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
A negociação bolsista de ontem da REN mostrou bem que tipo de accionistas compraram acções da empresa na OPV de Julho passado. São sobretudo investidores de longo prazo, que estão no capital da empresa para ficar, uma estratégia que foi premiada com uma forte subida em bolsa. José Penedos defendeu que as acções da REN "são para guardar" e é isso mesmo que a grande maioria dos pequenos accionistas está a fazer.
No primeiro dia em que os 174.582 pequenos investidores que compraram acções com desconto na OPV podiam negociar livremente os títulos, as acções fecharam em alta de 5,28% para 3,59 euros, contrariando as expectativas de que surgisse uma pressão vendedora e mostrando que os institucionais estão a reforçar no capital da companhia, devido ao reduzido "free float".
Foram efectuadas 3.866 ordens de venda envolvendo menos de 160 acções da REN (o número máximo de títulos que coube a cada pequeno investidor), sugerindo que apenas 2,2% dos investidores optaram por se desfazer das acções no primeiro dia.
Estes negócios envolveram pouco mais de 550 mil acções, uma pequena parte dos 26,7 milhões de títulos que estes investidores controlam e apenas 15% do total de acções ontem transaccionadas.
Um outro sinal de que a maioria dos accionistas da REN é de longo prazo está no facto de entre os mais de 180 mil investidores que compraram acções na OPV sem desconto (livres de serem negociadas desde a OPV), apenas 15%, ou cerca de 27 mil, terem vendido as suas acções ao longo dos últimos três meses.
E a opção da grande maioria dos pequenos accionistas em ficar com as acções surge apesar do apelo para realizar mais-valias ser tentador. Quem comprou acções na tranche dos pequenos subscritores, trabalhadores e emigrantes, regista um lucro potencial de 156,8 euros com o investimento efectuado em Julho, enquanto nas ordens da tranche do público em geral a mais-valia é de 277,2 euros.
Baixo "free float" impulsiona
A impulsionar ontem as acções esteve também, além da resistência dos pequenos accionistas em venderem acções, a notícia de que não haverá nova fase de privatização da empresa este ano, ao contrário do que chegou a estar em cima da mesa.
Na sessão especial de bolsa em Julho o ministro das Finanças admitiu tal cenário e mais recentemente disse que o Governo iria cumprir o encaixe previsto para este ano através de nova fase de privatização da EDP, REN ou Galp Energia. Ontem Teixeira dos Santos admitiu que poderá avançar com a venda de uma nova parcela de acções da EDP, ganhando força a ideia que será esta a empresa alvo de nova operação.
A baixa percentagem de capital disponível para negociar em bolsa (24%) é um dos motivos mais citados pelos analistas para justificar a performance dos títulos desde a OPV. Caso o Governo optasse por recorrer à REN para assegurar os 675 milhões de euros que faltam este ano nas privatizações, teria que vender cerca de 37% do capital da empresa de José Penedos, reduzindo a presença do Estado na REN para apenas 13%.
As acções subiram ontem para 3,59 euros, o valor mais elevado desde 12 de Setembro, encontrando-se 31% acima do preço a que foram vendidas na OPV (2,75 euros). Dado não se prever para breve a disponibilização de mais acções, os investidores institucionais estiveram ontem fortemente activos na compra dos títulos.
Foram transaccionadas 3,56 milhões de acções, o volume mais elevado desde 20 de Julho passado e que excede em quase seis vezes a média diária dos último mês (602 mil títulos negociados).