Uma manhã num banco
CyberNet, desculpa mas não posso concordar contigo: Não podes querer transformar um produto de risco e com potencial de perdas num produto sem risco. Estamos de acordo quanto à necessidade de os produtos serem promovidos e vendidos com total transparência, mas para quem quer produtos sem risco há muito por onde escolher!
Querer o melhor de dois mundos não é realista!
Um abraço
FT
Querer o melhor de dois mundos não é realista!
Um abraço
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
Gato por Lebre!
Isso é vender Gato por Lebre!
Enquanto que num produto de supermercado, caso estivesse defeitoso ou estragado, a troca por um outro em bom estado acontecia, aqui, em matéria financeira, não acontece, pelo menos neste tipo de produtos.
É autêntica fraude, onde se tira partido da "pseudo" relação de confiança com o cliente e a ingénuidade própria de cada um!
A legislação não prevê (e não quer prever!) estes casos.
Os clientes é que podem defender-se, se, com o auxilio de um advogado, garantirem no minimo a taxa de inflação e eventuais/quaisquer prejuizos é o banco que os assume.
Óbviamente são poucos os clientes nestas condições para além de que, o banco provávelmente recusaria tal contrato, assinado por ambas as partes.
Ou seja: Colocar o risco do lado da Instituição Bancária.
Algo que evidentemente o banco ao não aceitar, é a COMPROVAÇÃO IN FACTO de que não é inteiramente de confiança a venda de um produto desses:
Resumindo, a questão é: De que lado está o risco?
Esta é a questão que interessa que o Banco responda!
Quanto a "GARANTIAS!", "É DE CONFIANÇA!", "VALE A PENA!", "É DO MELHOR!", "NÃO HÁ MELHOR NO MERCADO!", "DOU A MINHA PALAVRA DE HONRA!"...
...De Boas intenções está o INFERNO cheio!
Enquanto que num produto de supermercado, caso estivesse defeitoso ou estragado, a troca por um outro em bom estado acontecia, aqui, em matéria financeira, não acontece, pelo menos neste tipo de produtos.
É autêntica fraude, onde se tira partido da "pseudo" relação de confiança com o cliente e a ingénuidade própria de cada um!
A legislação não prevê (e não quer prever!) estes casos.
Os clientes é que podem defender-se, se, com o auxilio de um advogado, garantirem no minimo a taxa de inflação e eventuais/quaisquer prejuizos é o banco que os assume.
Óbviamente são poucos os clientes nestas condições para além de que, o banco provávelmente recusaria tal contrato, assinado por ambas as partes.
Ou seja: Colocar o risco do lado da Instituição Bancária.
Algo que evidentemente o banco ao não aceitar, é a COMPROVAÇÃO IN FACTO de que não é inteiramente de confiança a venda de um produto desses:
Resumindo, a questão é: De que lado está o risco?

Esta é a questão que interessa que o Banco responda!
Quanto a "GARANTIAS!", "É DE CONFIANÇA!", "VALE A PENA!", "É DO MELHOR!", "NÃO HÁ MELHOR NO MERCADO!", "DOU A MINHA PALAVRA DE HONRA!"...
...De Boas intenções está o INFERNO cheio!
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CyberNet
Uma manha num banco
Dantes o banco era uma instituiçao respeitavel e que tinha bons produtos,hoje em dia um banco e uma peixaria e igual,so interessa e vender,um vende dinheiro o outro peixe,so que um pode dar cabo do bolso e da vida de uma pessoa o outro pode causar uma ~indisposiçao.O mal e nao haver leis neste Pais
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"
Lion_Heart
Lion_Heart
Um péssimo exemplo, sem dúvida. Não acredito é que seja só no BCP. Aliás, para mim, e embora admita honrosas excepções, o negócio da banca e, ainda mais, o dos seguros, é dos menos transparentes que existem, porquanto as atenções dos clientes incautos são sistematicamente desviadas das chamadas "letrinhas pequeninas" dos contratos.
Veja-se por exemplo o que se passa com os cartões de crédito: A DECO anda a batalhar há anos contra cláusulas abusivas ou mesmo ilegais, mas trata-se de uma questão recorrente: Todos os anos a DECO reclama e todos os anos fica mais ou menos tudo na mesma.
Dou-vos um outro exemplo do mais vergonhoso que conheço na banca e no seu cross-selling com os seus irmãos gémeos seguros:
Muitos de vocês por certo compraram casa com recurso ao crédito e foram obrigados a fazer um seguro multi-riscos. O capital que vos exigem para esse seguro é, no mínimo, o valor do empréstimo. Natural, parece-vos... Mas é ujm roubo descarado na maioria das situações. Vejamos um exemplo:
Vamos imaginar que o valor da compra coincide com o da avaliação, para simplificar as coisas.
Compra e avaliação: 200.000 euros
Empréstimo contratado: 160.000 euros
Seguro obrigatório: 160.000 euros
Mas o preço da casa decompõe-se em três parcelas básicas (poderíamos decompor muito mais claro): Valor do terreno, custo de construção e margem comercial. Na zona de Lisboa o primeiro facilmente supera os 50% do preço final. Imaginemos no entanto que a repartição é 40% / 40% / 20%.
Valor do terreno: 80.000 euros
Custo de construção: 80.000 euros
Margem comercial: 40.000 euros
Em caso de perda total (por exemplo sismo ou incêndio), quanto pensam que o seguro vos paga? 160.000 euros? Desenganem-se! Paga-vos 80.000 euros apenas! Porquê? Porque vos paga apenas o custo de reconstrução, e não o de reposição do bem seguro...
De facto o terreno permanece de vossa propriedade e, se mandarem reconstruir, não terão de pagar a margem comercial do negócio imobiliário de novo. Tudo certo. Mas então por que diabo vos obrigam a fazer um seguro por 160.000 euros? A resposta parece-me óbvia...
Ora isto não se passa apenas no Grupo BCP e certamente muitos de vós corroborarão esta minha opinião.
Sou cliente do BCP quase desde a sua fundação e posso garantir-vos que, em estilos diferentes confrme as redes, nunca fui tão bem e tão eficazmente atendido como aos balcões do Grupo. Mas também vos digo que já há bem mais de 10 anos eu dizia ao meu Gerente de Conta (na altura da rede tradicional) que o BCP era um banco excelente, mas apenas para os clientes com os olhos bem abertos. Desgraçado de quem se distraia... Tive aliás várias pegas com eles e andei bem perto de os meter em tribunal. Mas não quero outro banco... De notar aliás que, relativamente ao exemplo que dei acima, o meu seguro faz a reposição integral do valor do bem...
Resumindo, há coisas em que o BCP é mau mas não o é menos que os outros...
Um abraço
FT
Veja-se por exemplo o que se passa com os cartões de crédito: A DECO anda a batalhar há anos contra cláusulas abusivas ou mesmo ilegais, mas trata-se de uma questão recorrente: Todos os anos a DECO reclama e todos os anos fica mais ou menos tudo na mesma.
Dou-vos um outro exemplo do mais vergonhoso que conheço na banca e no seu cross-selling com os seus irmãos gémeos seguros:
Muitos de vocês por certo compraram casa com recurso ao crédito e foram obrigados a fazer um seguro multi-riscos. O capital que vos exigem para esse seguro é, no mínimo, o valor do empréstimo. Natural, parece-vos... Mas é ujm roubo descarado na maioria das situações. Vejamos um exemplo:
Vamos imaginar que o valor da compra coincide com o da avaliação, para simplificar as coisas.
Compra e avaliação: 200.000 euros
Empréstimo contratado: 160.000 euros
Seguro obrigatório: 160.000 euros
Mas o preço da casa decompõe-se em três parcelas básicas (poderíamos decompor muito mais claro): Valor do terreno, custo de construção e margem comercial. Na zona de Lisboa o primeiro facilmente supera os 50% do preço final. Imaginemos no entanto que a repartição é 40% / 40% / 20%.
Valor do terreno: 80.000 euros
Custo de construção: 80.000 euros
Margem comercial: 40.000 euros
Em caso de perda total (por exemplo sismo ou incêndio), quanto pensam que o seguro vos paga? 160.000 euros? Desenganem-se! Paga-vos 80.000 euros apenas! Porquê? Porque vos paga apenas o custo de reconstrução, e não o de reposição do bem seguro...
De facto o terreno permanece de vossa propriedade e, se mandarem reconstruir, não terão de pagar a margem comercial do negócio imobiliário de novo. Tudo certo. Mas então por que diabo vos obrigam a fazer um seguro por 160.000 euros? A resposta parece-me óbvia...
Ora isto não se passa apenas no Grupo BCP e certamente muitos de vós corroborarão esta minha opinião.
Sou cliente do BCP quase desde a sua fundação e posso garantir-vos que, em estilos diferentes confrme as redes, nunca fui tão bem e tão eficazmente atendido como aos balcões do Grupo. Mas também vos digo que já há bem mais de 10 anos eu dizia ao meu Gerente de Conta (na altura da rede tradicional) que o BCP era um banco excelente, mas apenas para os clientes com os olhos bem abertos. Desgraçado de quem se distraia... Tive aliás várias pegas com eles e andei bem perto de os meter em tribunal. Mas não quero outro banco... De notar aliás que, relativamente ao exemplo que dei acima, o meu seguro faz a reposição integral do valor do bem...

Resumindo, há coisas em que o BCP é mau mas não o é menos que os outros...
Um abraço
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
Se eu assistisse a tal situação o mais provavel era fechar as minhas contitas e partir para outra paragem.
É inadmissivel "abarbatarem-se" dessa forma ás poupanças de toda uma vida de um reformado, como estará ele hoje?! (menos 30%-40%)
É muito triste mas infelizmente exemplos desses não devem faltar!
PS: afinal guardar as poupanças debaixo é mais seguro
É inadmissivel "abarbatarem-se" dessa forma ás poupanças de toda uma vida de um reformado, como estará ele hoje?! (menos 30%-40%)
É muito triste mas infelizmente exemplos desses não devem faltar!
PS: afinal guardar as poupanças debaixo é mais seguro
O verdadeiro caracter de um Homem vê-se pelo modo como trata alguém que não lhe vai dar absolutamente nada!
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aproveitando a dica
vou também falar da minha experiência com os bancos.
Na verdade a ideia de Banca Universal se atrai muitos clientes e novas formas de rentabilizar as inúmeras dependências bancárias que proliferam pelo nosso país deve ser vista com algum cuidado no que se refere ao seu funcionamento em especial a médio e longo prazo.
E o problema não é só BCP, mas todos e repito, todos os Bancos com balcão aberto neste nosso Portugal.
Na verdade, há cerca de dois anos atrás o meu gestor de conta, cansado de me tentar impingir os produtos do Banco, lá insistiu mais uma vez sobre a possibilidade de eu contratar o seguro de saúde.
Tendo em conta a situação do nosso SNS, naturalmente que o ouvi com um pouco mais de atenção do que quando me falava em produtos financeiros strictu sensu.
A apresentação do produto foi rápida e muito sumária, pelo que tive necessidade de colocar algumas questões básicas sobre as vantagens daquele seguro de saúde para poder comparar com os restantes.
Mas a verdade é que, apesar de toda a simpatia e disponibilidade do dito senhor, este não sabia responder, reencaminhando-me para um call center ( mas só depois de subscrever o produto), não conseguindo inclusive encontrar a resposta nos papeis que tinha à sua frente.
E como se isto não bastasse o call center não sabia responder reencaminhando-me para a linha telefónica de serviço directo do Banco, os quais por sua vez também vacilaram e preparavam-se para me reencaminhar para o dito call center não fosse eu insistir e andava ali tipo bola num jogo de ténis
O máximo que consegui foi uma promessa de me ligarem mais tarde a dar resposta às minhas questões.
Isto para já não falar na euforia das Cimpor, EDP, Brisa, etc... nessa altura vi muita gente a entalar-se completamente só porque seguiram o conselho do funcionário bancário que dizia: "subscreva o máximo que a lei permite, pois decerto não vai conseguir ficar com tudo e depois nós fazemos um crédito não precisa de mexer no seu dinheiro... "o resultado todos vocês sabem: muito dinheiro que os bancos encaixaram com os juros dos empréstimos e das acções que o trolha e o reformado adquiriram ... e no final esses mesmos gestores porque já tinham vendido o produto, não souberam acompanhar a evolução dos mercados e tentar evitar grandes perdas para os seus clientes
Esta é a verdade, a banca portuguesa universalizou-se mas os funcionários não! Continuam a ser os mesmos caixas que aceitam depósitos e pagam cheques a vender seguros e produtos financeiros, para além dos faqueiros e das colecções de selos e moedas
Vão dois ou três dias à sede receber formação e voilá: Aí estão os experts a quem nós confiamos o nosso dinheiro a impingir-nos produtos à força, não porque acreditam nele, mas porque se assim não for, voltam para a caixa ou pior vão para o olho da rua!
Mas a ver vamos como se comportará o Banco Postal, já que se trata do Banco com maior nº. de dependências no país e que chega até ao mais isolado do reformado algures numa aldeia em Trás-os Montes o qual está habituado a confiar nos seus correios com os seus certificados de aforro.
A ver vamos...
beijinhos
didi
Na verdade a ideia de Banca Universal se atrai muitos clientes e novas formas de rentabilizar as inúmeras dependências bancárias que proliferam pelo nosso país deve ser vista com algum cuidado no que se refere ao seu funcionamento em especial a médio e longo prazo.
E o problema não é só BCP, mas todos e repito, todos os Bancos com balcão aberto neste nosso Portugal.
Na verdade, há cerca de dois anos atrás o meu gestor de conta, cansado de me tentar impingir os produtos do Banco, lá insistiu mais uma vez sobre a possibilidade de eu contratar o seguro de saúde.
Tendo em conta a situação do nosso SNS, naturalmente que o ouvi com um pouco mais de atenção do que quando me falava em produtos financeiros strictu sensu.
A apresentação do produto foi rápida e muito sumária, pelo que tive necessidade de colocar algumas questões básicas sobre as vantagens daquele seguro de saúde para poder comparar com os restantes.
Mas a verdade é que, apesar de toda a simpatia e disponibilidade do dito senhor, este não sabia responder, reencaminhando-me para um call center ( mas só depois de subscrever o produto), não conseguindo inclusive encontrar a resposta nos papeis que tinha à sua frente.
E como se isto não bastasse o call center não sabia responder reencaminhando-me para a linha telefónica de serviço directo do Banco, os quais por sua vez também vacilaram e preparavam-se para me reencaminhar para o dito call center não fosse eu insistir e andava ali tipo bola num jogo de ténis

O máximo que consegui foi uma promessa de me ligarem mais tarde a dar resposta às minhas questões.
Isto para já não falar na euforia das Cimpor, EDP, Brisa, etc... nessa altura vi muita gente a entalar-se completamente só porque seguiram o conselho do funcionário bancário que dizia: "subscreva o máximo que a lei permite, pois decerto não vai conseguir ficar com tudo e depois nós fazemos um crédito não precisa de mexer no seu dinheiro... "o resultado todos vocês sabem: muito dinheiro que os bancos encaixaram com os juros dos empréstimos e das acções que o trolha e o reformado adquiriram ... e no final esses mesmos gestores porque já tinham vendido o produto, não souberam acompanhar a evolução dos mercados e tentar evitar grandes perdas para os seus clientes

Esta é a verdade, a banca portuguesa universalizou-se mas os funcionários não! Continuam a ser os mesmos caixas que aceitam depósitos e pagam cheques a vender seguros e produtos financeiros, para além dos faqueiros e das colecções de selos e moedas

Vão dois ou três dias à sede receber formação e voilá: Aí estão os experts a quem nós confiamos o nosso dinheiro a impingir-nos produtos à força, não porque acreditam nele, mas porque se assim não for, voltam para a caixa ou pior vão para o olho da rua!
Mas a ver vamos como se comportará o Banco Postal, já que se trata do Banco com maior nº. de dependências no país e que chega até ao mais isolado do reformado algures numa aldeia em Trás-os Montes o qual está habituado a confiar nos seus correios com os seus certificados de aforro.
A ver vamos...
beijinhos
didi
- Mensagens: 224
- Registado: 5/11/2002 1:49
- Localização: Porto
Eu diria qual dinheiro!!!
Acho este exemplo paradigmático do que se passa no grupo BCP!!
abraço Ulisses,
scuba
abraço Ulisses,
scuba
-
Visitante
caro ulisses
tenho o prazer de conhecer uma pessoa do "sotto" integra, vai a reunioes para a apresentaçao de novos produtos e a meio levanta-se e diz-lhes: eu isso nao vendo. o problema e que isso e uma infima parte dos funcionarios , e que isto de empregos esta complicado .e isto e um jogo psicologico com os funcionarios que fazer: vender esta "coisa"aos clientes de longa data (a estes venden-lhe o que querem )e colocar uma velinha a virgem de turno para que a coisa corra bem ou entao arriscar o olho da rua .e complicada a eleiçao .ja agora conheces o sistema de distribuiçao de produtos financeiros que o citibank esta a lançar agora na europa?parece-me bastante bom e sem estas habilidades que comentavamos e estao a ter um exito espectacular.um abraço.
- Mensagens: 544
- Registado: 6/12/2002 0:05
Uma manhã num banco
É um pouco "off-topic" mas lembrei-me deste episódio quando estava a ler a discussão sobre o BCP e sobre o ódio de estimação que algumas pessoas nutrem por ele.
A história passou-se em Maio de 2001 num balcão do BPA que já tinha sido adquirido pelo BCP. Fui tratar de um assunto com o meu gestor de conta e estava à espera da minha vez, sentado numa cadeira bem perto do balcão onde o senhor que estava à minha frente estava a ser atendido.
Estava tão perto deles que era impossível não escutar a conversa deles (esta é uma tentativa mal-sucedida de justificar que ouvi a conversa dos outros!
). O cliente era um homem com mais de 60 anos e estava a falar das suas poupanças.
"Estes fundos de investimento em acções são do melhor que anda aí. Tem que os subscrever!", dizia o gestor de conta.
"Mas não é muito arriscado estar a colocar todas as minhas poupanças em acções?", retorquia o cliente.
"Não! Isto é o melhor produto que anda aí e com estas quedas nas bolsas, isto vai dar muito dinheiro.", argumentava convincentemente o gestor de conta.
" É que eu já me queimei aí com um dinheirito que pus no ano passado num fundo de acções e acho que não devo lá colocar todo o dinheiro. Isto da bolsa é um bocado arriscado", dizia o cliente já quase intimidado, baixando o tom de voz a um nível que quase me impedia de ouvir.
"Não se preocupe. Subscreva os 10 mil contos e vai ver o dinheiro crescer logo ao fim de uns meses. Assine aqui e ali...", conclui sorridente o gestor de conta.
O senhor lá assinou os papéis e foi-se embora.
Era a minha vez. O gestor de conta já me conhecia de há longo tempo e sabia da minha ligação ao mercado de capitais.
"Olá Ulisses! Ainda bem que aparece... Estou muito preocupado com a bolsa. Isto ainda vai cair muito mais, não vai? Cá para mim até 2002 isto vai ser cá um trambolhão", afirmou com ar preocupado.
"Não acredito no que estou a ouvir! Então acabou de aconselhar um reformado a colocar todas as suas poupanças num fundo de investimento em acções e agora está a dizer que acha que isto vai cair muito mais?", respondi eu indignado.
"Sabe como são estas coisas, Ulisses... Temos que vender os nossos produtos", respondeu ele com um ar envergonhado.
"Mas desta forma? Dizendo que é o melhor produto do mundo quando é o contrário? Isso é um autêntico assalto à mão armada!", disse eu visivelmente irritado.
"Ulisses... eu sei que não devia fazer isto, mas todos os dias o banco me pressiona para saber se eu cumpro objectivos e era essencial vender este fundo. Nem imagina a pressão diária que vem do banco para vendermos os nossos produtos".
Desviei o assunto porque já estava ali há muito tempo, mas saí de lá com uma imagem muito má de tudo aquilo.
Provavelmente, o que se passou naquele balcão do grupo BCP passa-se em muitos balcões de outros grupos. Contudo, quando vejo as pessoas venderem coisas que não acreditam, impingirem produtos seus aos seus clientes, fico a pensar para onde caminhamos. E fico a pensar se, aquele senhor, hoje, dois anos depois, não estará com vontade de tirar todo o dinheiro daquele banco...
Desculpem este "off-topic" mas a conversa sobre bancos recordou-me este triste episódio que mostra bem ao que a competição desenfreada pode levar.
Ulisses
A história passou-se em Maio de 2001 num balcão do BPA que já tinha sido adquirido pelo BCP. Fui tratar de um assunto com o meu gestor de conta e estava à espera da minha vez, sentado numa cadeira bem perto do balcão onde o senhor que estava à minha frente estava a ser atendido.
Estava tão perto deles que era impossível não escutar a conversa deles (esta é uma tentativa mal-sucedida de justificar que ouvi a conversa dos outros!

"Estes fundos de investimento em acções são do melhor que anda aí. Tem que os subscrever!", dizia o gestor de conta.
"Mas não é muito arriscado estar a colocar todas as minhas poupanças em acções?", retorquia o cliente.
"Não! Isto é o melhor produto que anda aí e com estas quedas nas bolsas, isto vai dar muito dinheiro.", argumentava convincentemente o gestor de conta.
" É que eu já me queimei aí com um dinheirito que pus no ano passado num fundo de acções e acho que não devo lá colocar todo o dinheiro. Isto da bolsa é um bocado arriscado", dizia o cliente já quase intimidado, baixando o tom de voz a um nível que quase me impedia de ouvir.
"Não se preocupe. Subscreva os 10 mil contos e vai ver o dinheiro crescer logo ao fim de uns meses. Assine aqui e ali...", conclui sorridente o gestor de conta.
O senhor lá assinou os papéis e foi-se embora.
Era a minha vez. O gestor de conta já me conhecia de há longo tempo e sabia da minha ligação ao mercado de capitais.
"Olá Ulisses! Ainda bem que aparece... Estou muito preocupado com a bolsa. Isto ainda vai cair muito mais, não vai? Cá para mim até 2002 isto vai ser cá um trambolhão", afirmou com ar preocupado.
"Não acredito no que estou a ouvir! Então acabou de aconselhar um reformado a colocar todas as suas poupanças num fundo de investimento em acções e agora está a dizer que acha que isto vai cair muito mais?", respondi eu indignado.
"Sabe como são estas coisas, Ulisses... Temos que vender os nossos produtos", respondeu ele com um ar envergonhado.
"Mas desta forma? Dizendo que é o melhor produto do mundo quando é o contrário? Isso é um autêntico assalto à mão armada!", disse eu visivelmente irritado.
"Ulisses... eu sei que não devia fazer isto, mas todos os dias o banco me pressiona para saber se eu cumpro objectivos e era essencial vender este fundo. Nem imagina a pressão diária que vem do banco para vendermos os nossos produtos".
Desviei o assunto porque já estava ali há muito tempo, mas saí de lá com uma imagem muito má de tudo aquilo.
Provavelmente, o que se passou naquele balcão do grupo BCP passa-se em muitos balcões de outros grupos. Contudo, quando vejo as pessoas venderem coisas que não acreditam, impingirem produtos seus aos seus clientes, fico a pensar para onde caminhamos. E fico a pensar se, aquele senhor, hoje, dois anos depois, não estará com vontade de tirar todo o dinheiro daquele banco...
Desculpem este "off-topic" mas a conversa sobre bancos recordou-me este triste episódio que mostra bem ao que a competição desenfreada pode levar.
Ulisses
Editado pela última vez por Ulisses Pereira em 26/2/2003 14:06, num total de 1 vez.
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