Caldeirão da Bolsa

Neoliberalismo

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Incognitus » 19/1/2006 20:40

Xé, as excepções que eu contemplo NÃO atacam o mais básico do liberalismo, que é essencialmente cada um decidir por si, nem sequer atacam isso nos sectores que até eu concordo deveriam ser financiados pelo público, como a Saúde, Educação e (talvez) Cultura.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por » 19/1/2006 20:37

Liberalismo e Marxismo parecem teorias perfeitas,mas a sua aplicação é o seu ponto fraco.

Basta haver uma excepção, mesmo aquelas pouquinhas que o Incógnitus aponta,e lá se vai a perfeição da teoria. Tomadas essas excepções, abre-se a porta á entrada do virus! É só uma questão de tempo até ruir a teoria. A própria existência do estado é logo um elemento abastardor para os mais aptos. Quem/como se selecciona os mais capazes?
 
Mensagens: 153
Registado: 23/11/2005 18:26

por DM » 19/1/2006 20:17

E eu concordo com o que o Incognitus escreveu no seu 2º post.

O mercado produz geralmente os melhores resultados, mas nem sempre. Podem existir falhas de mercado que exigem formas de intervenção para corrigir essas falhas. Claro que muitas vezes a intervenção governamental é ineficiente, cria distorções adicionais e piora a situação.

Por vezes as pessoas tomam decisões que do ponto de vista individual são racionais mas quando generalizadas ao grupo são ineficientes e irracionais. É o que sucede nos chamados 'bens públicos' que sem uma intervenção estatal não seriam criados. O que o liberalismo devia defender era a provisão pública destes bens (financiados pelo Estado e produzidos por privados) que seria bem mais eficiente do que a produção pública (próprio Estado a produzir), como nos exemplos apontados.
 
Mensagens: 21
Registado: 18/8/2003 22:04

por Rui12ld » 19/1/2006 19:41

Concordo com o que o Incognitus escreveu no seu 1º post.

De todas as funções do estado só há uma que não entendo, nem nunca irei entender que é de prestar serviços de cultura. Os impostos que se poupavam...

Abraço

Falta-me tempo para me prolongar
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 400
Registado: 4/2/2004 19:57
Localização: Lisboa

por bmiguelmf » 19/1/2006 18:16

...
 
Mensagens: 382
Registado: 16/11/2004 22:07
Localização: PORTO

por Incognitus » 19/1/2006 18:03

Igualmente o Estado e o Socialismo não são demónios por si próprios.

Não existe mal nenhum em ser-se pelo bem comum, é uma opção de cada um ser pelo bem comum conscientemente.

O Estado e o Socialismo são maus apenas na medida em que procuram decidir por terceiros e impor as suas decisões a terceiros.

Claro, também geralmente se nota que essa forma de actuar tende a produzir maus resultados, mas isso já será uma consequência mais do que uma característica.

É por não existir nada de errado com o Estado em si que eu falo que a Educação, Rede de Segurança, Cultura, Saúde, etc podiam ter financiamento público, mas é por o Estado ser ineficiente a prover serviços que depois falo que esses serviços embora pagos por todos (via Estado) deveriam ser escolhidos pelo cidadão e providenciados por privados.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 19/1/2006 17:58

Uma coisa profundamente errada nesse texto é ver o mercado como "um deus".

Isso é errado, porque numa visão liberal o mercado resulta das decisões das pessoas. E as decisões das pessoas estão certas MESMO que estejam erradas, porque são as SUAS decisões, tomadas na sua livre vontade.

Admite-se que o mercado possa em média produzir os melhores resultados, mas isso é apenas a parte menos importante da questão. O que é importante mesmo é a liberdade concedida às pessoas para decidir por si próprias o que é melhor para elas.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 19/1/2006 17:52

Eu sou liberal, mas não concordo totalmente com isto.

Por exemplo, admito a existência de uma rede pública protectora mas desconfortável para todos (no desemprego, na reforma).

Também acho que a educação universal é algo necessário para promover a igualdade de oportunidades (um liberal pode ser contra a "igualdade" por si, mas julgo que a maioria serão a favor da "igualdade de oportunidades"). Essa educação pode ser financiada pelo público, mas deveria ser ministrada pelo sector privado.

A saúde básica tambem deve ser financiada pelo público, ainda que possa ser prestada pelo sector privado. Digo "saúde básica" porque obviamente tudo o que na saúde é opcional não deveria ser financiado pelo público.

Na cultura, admito que existindo um consense também poderia ser financiada num mínimo pelo público, mas providenciada pelo sector privado (implicando isto que seriam as pessoas que decidiriam ONDE seria gasta a sua "alocação" do orçamento de cultura).

Outras funções têm mesmo que ser públicas, como parte da justiça, a maior parte da segurança, etc.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

Neoliberalismo

por XP » 19/1/2006 17:36

O assunto sobre desigualdades entre pobres e ricos,sobre as diferenças entre ser capitalita e socialista tem surgido com frequencia no forum.
Eu sou apologista do sistema capitalista na sua forma mais agressiva: o (neo)liberalismo.
O texto que vou transcrever pode suscitar opiniões muito diversas,mas gostava de as ler.

ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS

Filosofia: na teologia neoliberal os homens não nascem iguais, nem tendem à igualdade.Logo qualquer tentativa de suprimir com a desigualdade é um ataque irracional à própria natureza das coisas. Deus ou a natureza dotou alguns com talento e inteligência mas foi avaro com os demais. Qualquer tentativa de justiça social torna-se inócua por que novas desigualdades fatalmente ressurgirão.A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade.Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação. Segundo W. Blake: "A mesma lei para o leão e para o boi é opressão!"

Exclusão e pobreza: a sociedade é o cenário da competição, da concorrência. Se aceitamos a existência de vencedores, devemos também concluir que deve haver perdedores. A sociedade teatraliza em todas a instâncias a luta pela sobrevivência. Inspirados no darwinismo, que afirma a vontade do mais apto, concluem que somente os fortes sobrevivem cabendo aos fracos conformarem-se com a exclusão natural. Esses, por sua vez, devem ser atendidos não pelo Estado de Bem-estar, que estimula o parasitismo e a irresponsabilidade, mas pela caridade feita por associações e instituições privadas, que ameniza a vida dos infortunados. Qualquer política assistencialista mais intensa joga os pobres nos braços da preguiça e da inércia. Deve-se abolir o salário-minimo e os custos sociais, porque falsificam o valor da mão-de-obra encarecendo-a, pressionando os preços para o alto, gerando inflação.

Os ricos: eles são a parte dinâmica da sociedade. Deles é que saem as iniciativas racionais de investimentos baseados em critérios lucrativos. Irrigam com seus capitais a sociedade inteira, assegurando sua prosperidade. A política de tributação sobre eles deve ser amainada o máximo possível para não ceifar-lhes os lucros ou inibi-los em seus projetos. Igualmente a política de taxação sobre a transmissão de heranças deve ser moderada para não afetar seu desejo de amealhar patrimônio e de legá-lo aos seus herdeiros legítimos.

Crise: é resultado das demandas excessivas feitas pelos sindicatos operários que pressionam o estado. Este, sobrecarregado com a política providenciaria e assistencial, é constrangido a ampliar progressivamente os tributos. O aumento da carga fiscal sobre as empresas e os ricos, reduz suas taxas de lucro e faz com que diminuam os investimentos gerais. Sem haver uma justa remuneração, o dinheiro é entesourado ou enviado para o exterior. Soma-se a isso os excessos de regulamentação da economia motivados pela continua burocratização do estado, que complicam a produção e sobrecarregam os seus custos.

Inflação: resultado do descontrole da moeda. E esse por sua vez ocorre devido ao aumento constante das demandas sociais (previdência, seguro-desemprego, aposentadorias especiais, redução da jornada de trabalho, aumentos salariais além da capacidade produtiva das empresas, encargos sociais, férias e etc...) que não são compensadas pela produção geral da sociedade.Por mais que o setor produtivo aumente a riqueza, a gula sindical vai na frente fazendo sempre mais e mais exigências. Ocorre então o crescimento do déficit público que é tapado com a emissão de moeda.

0Estado: não há teologia sem demônio. Para o neoliberalismo ele se apresenta na forma do estado.O estado intervencionista. Dele é que partem as políticas restritivas à expansão das iniciativas. Incuravelmente paternalista, tenta demagogicamente solucionar os problemas de desigualdade e da pobreza por meio de uma política tributária e fiscal que termina apenas por provocar mais inflação e desajustes orçamentários.Seu zelo pelas classes trabalhadoras leva-o a uma prática assistencialista que se torna um poço sem fim. As demandas por bem-estar e melhoria da qualidade de vida não terminam nunca, fazendo com que seus custos sociais sejam cobrados dos investimentos e das fortunas.

Ao intervir como regulador ou mesmo como estado-empresário, ele se desvia das suas funções naturais, limitadas à segurança interna e externa, a saúde e à educação. O estrago maior ocorre devido a sua filosofia intervencionista. O mercado auto-regulado e auto-suficiente dispensa qualquer tipo de controle. É um Cosmo próprio, com leis próprias, impulsionadas pelas leis econômicas tradicionais (oferta e procura, taxa decrescente dos lucros, renda da terra, etc...). O Estado deve pois ser enxugado, diminuído em todos os sentidos. Deve-se limitar o número de funcionários e desestimular a função pública.

Mercado: se há um demônio existe também um Céu. Para o neoliberalismo esse local divino é o mercado. Ele é quem tudo regula, faz os preços subirem ou baixarem, estimula a produção, elimina o incompetente e premia o sagaz e o empreendedor. Ele é o deus perfeito da economia moderna, tudo vê e tudo ouve, onisciente e onipresente. Seu poder é ilimitado e qualquer tentativa de controla-lo é um crime de heresia, na medida em que é ele que fixa as suas próprias leis e o ritmo em que elas devem seguir. O mercado é um deus,um deus calvinista que não tem contemplação para com o fracassado. A falência é sua condenação. Enquanto que aquele que é bem sucedido reserva-se-lhe um lugar no Éden.

Socialismo: segundo demônio da teologia neoliberal. É um sistema político completamente avesso aos princípios da iniciativa privada e da propriedade privada. É essencialmente demagógico na medida em que tenta implantar uma igualdade social entre homens de natureza desigual.É fundamentalmente injusto porque premia o capaz e o incapaz, o útil e o inútil, o trabalhador e o preguiçoso. Reduz a sociedade ao nível de pobreza e graças à igualdade e a política de salários equivalentes, termina estimulando a inércia provocando a baixa produção. Ao excluir os ricos da sociedade, perde sua elite dinâmica e seu setor mais imaginativo, passando a ser conduzido por uma burocracia fiscalizadora e parasitária.

Regime político: o neoliberalismo afina-se com qualquer regime que assegure os direitos da propriedade privada. Para ele é indiferente se o regime é democrata, autoritário ou mesmo ditatorial. O regime político ideal é o que consegue neutralizar os sindicatos e diminuir a carga fiscal sobre os lucros e fortunas, ao mesmo tempo em que desregula o máximo possível a economia. Pode conviver tanto com a democracia parlamentar inglesa, como durante o governo da Sra. M. Tatcher, como com a ditadura do Gen. A.Pinochet no Chile. Sua associação com regimes autoritários é tática e justificada dentro de uma situação de emergência (evitar uma revolução social ou a ascensão de um grupo revolucionário). A longo prazo o regime autoritário, ao assegurar os direitos privados, mais tarde ou mais cedo, dará lugar a uma democracia.

Teóricos: o neoliberalismo é resultado do encontro de duas correntes do pensamento econômico. A primeira vem da escola austríaca, aparecida nos finais do século XIX tendo a frente Leopold von Wiese e que teve prosseguimento com von Miese e seu mais talentoso discípulo Friedrich von Heyek, que apesar de austríaco fez sua carreira em Londres. Heyek se opôs tanto à política keynesiana (por seu intervencionismo) como ao estado de Bem-estar social (pelo seu assistencialismo) idealizado primeiro na Inglaterra em 1942. A outra vertente é formada pela chamada escola de Chicago, tendo Milton Friedman como seu expoente. Friedman foi o principal crítico da política do New Deal do presidente F.D.Roosevelt (1933-45) devido sua tolerância com os sindicatos e a defesa do intervencionismo estatal.
 
Mensagens: 217
Registado: 30/3/2005 20:54

Anterior

Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: cali010201, fatura.pt, Goya777, icemetal, jprgodinho, LionHeart, navaldoc, NTesla, VALHALLA e 174 visitantes