Carteira baseada em análise fundamental
Bem, o Buffett está a outro nível. Sendo um capitalista, investe com montantes que não estão ao alcance da grande maioria de nós. Não me parece que no caso do Buffett o aspecto mais importante seja o horizonte temporal, julgo que ele não investe apenas para receber os dividendos, mas sim para tomar posição nas empresas que selecciona.
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_asdrubal_ Escreveu:Para o Elias pura e simplesmente não podem existir investidores de longo prazo
Claro que podem. Mas são raros.
Vou dizer-te como se reconhece um investidor de longo prazo (estou a falar dos genuínos, não daqueles que dizem que são). O investidor de longo prazo escolhe as acções nas quais pretende investir, compõe a carteira, e depois não olha para aquilo durante 5 anos. Durante alguns meses até é capaz de nem se lembrar que tem as acções em carteira.
Os verdadeiros investidores de longo prazo não passam a vida a comentar as suas carteiras. Não têm especial interesse em passar os dias a falar de acções e as poucas vezes que falam delas em geral é para dizer os dividendos que já receberam ou para se gabarem há quantos anos já têm aqueles títulos em carteira. Conheço alguns que compraram EDP na primeira privatização em 1997 e nunca mais compraram acções na vida. Já receberam umas massas em dividendos. Esses são investidores de longo prazo. Mas como raramente falam do assunto, raramente dás por eles.
Os que todos os dias acompanham o mercado (como eu e a maioria dos que por aqui andam) não são seguramente investidores de longo prazo (embora alguns digam que são, pelas razões que já analisámos).
1 abraço,
Elias
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elias, é de louvar o teu exemplo e so temos a agradecer-te pelos teus conselhos.
a proposito, esta neste preciso momento um debate interessante na bloomberg sobre a crise financeira, aparentemente, com dois estarolas que tem posições contrarias sobre investir ou nao agora em plena crise financeira... (nao tenho a certeza se é isso pq estou a escrever enquanto leio.. mas vou ja prestar atenção...)
debate na bloomberg às 23:10 h:
Doug peta (é a favor de não investir…) “there is not enough fear for someone be greed right now"
versus
Stephen woods: (a favour de investir) “now is the time that long term discipline pays by themselve” long term aproach

a proposito, esta neste preciso momento um debate interessante na bloomberg sobre a crise financeira, aparentemente, com dois estarolas que tem posições contrarias sobre investir ou nao agora em plena crise financeira... (nao tenho a certeza se é isso pq estou a escrever enquanto leio.. mas vou ja prestar atenção...)
debate na bloomberg às 23:10 h:
Doug peta (é a favor de não investir…) “there is not enough fear for someone be greed right now"
versus
Stephen woods: (a favour de investir) “now is the time that long term discipline pays by themselve” long term aproach
vg1 Escreveu:De qualquer forma fico tranquilo pois não preciso deste dinheiro para a minha vida.
Esta afirmação é um clássico.
É uma variante de duas outras frases que aqui têm sido citadas, a saber
"só perco se vender"
"estou aqui para o longo prazo"
Pergunta: o que têm todas estas frases em comum?
Resposta: são produzidas por investidores que mantêm posições perdentes e que se recusam liminarmente a admitir que possam ter cometido um ou mais erros. Assim, optam por ser refugiar numa justificação que aparentemente racionaliza a manutenção dessa posição perdente.
Certamente que quando o investimento foi feito o objectivo não era que as acções viessem por aí abaixo...

vg1, por favor não leves a mal o meu comentário, isto não é nada de pessoal contra ti. Já expus a minha visão sobre este tema no tópico "só perco se vender" e se insisto nestes pontos faço-o apenas com o objectivo de ajudar a evitar que outros cometam os erros que cometi no longo e doloroso bear market de 2000 a 2003.
1 abraço,
Elias
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Civfan é claro que ficava mais contente se a rentabilidade fosse positiva.Quanto à minha estratégia é claro que pensamos sempre em aperfeiçoar.De qualquer forma fico tranquilo pois não preciso deste dinheiro para a minha vida.É uma porção das minhas poupanças destinada a investir em acções.
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vg1 Escreveu:Só por curiosidade a que valores do psi 20 ficas longo e se entrasses qual seria o teu stop Elias?
Um abraço
Bom, para te responder fui buscar o gráfico que deixo aqui actualizado.
Há 3 aspectos que consideraria importantes para uma eventual entrada longa (não têm necessariamente de ocorrer todos ao mesmo tempo):
1 - ruptura da resistência horizontal dos 8900 que o Ulisses tem vindo a assinalar
2 - ruptura da resistência descendente que assinalei a azul e que actualmente se encontra nos 7980 (desce 30 pontos por dia)
3 - ruptura da média móvel de 150 dias (linha a verde); se olhares para o gráfico de longo prazo podes ver que quando essa linha é rompida em alta, tens geralmente um período de fortes subidas e quando é quebrada em baixa seguem-se quedas violentas
Neste momento não vejo qualquer sinal de entrada. Ficarei atento com a ruptura em alta dos 7900 e provavelmente entraria longo acima dos 8900.
Mas é provável que agora venha a haver um ressalto ou uma consolidação que defina novos suportes / resistências. Aí terei de rever o gráfico.
1 abraço,
Elias
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Editado pela última vez por Elias em 12/10/2008 21:32, num total de 1 vez.
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vg1 Escreveu:Tens razão no que dizes é fácil encontrar excepções.
É verdade. Mas as excepções não passam disso mesmo: excepções. Escolhi propositadamente 4 dos maiores títulos, ao acaso. Se tivesse escolhido PT, BPI, BES ou SONAE, os resultados eram equivalentes.
Certamente se varreres os gráficos todos encontrarás alguns que subiram, como a Brisa (mas esses não terias tu comprado, uma vez que não caíram).
vg1 Escreveu:No entanto nesse estudo falta-te considerar o valor dos dividendos recebidos durante 10 anos.
No que respeita aos dividendos, é verdade que falta considerá-los (se bem que estamos a falar de um período de 5 anos e não de 10).
Seja como for, isso não vai alterar em muito as conclusões, pois as perdas são grandes e os dividendos são, em regra, magros (2 a 3% do valor da cotação). Além disso pagam 20% de imposto, que é retido na fonte e tens de abater nas contas finais.
O que quis deixar claro foi: mesmo investindo a 5 anos, e entrando mais de um ano depois do início das quedas, a probabilidade de ganho não é necessariamente maior que a probabilidade de perda.
Também posso ir buscar alguns exemplos ao CAC, algumas ganham, a maioria perde.
1 abraço,
Elias
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aaugustobb Escreveu:Tambem estão a comparar valores muito perto dos maximos, na minha opinião, ir reforçando nos valores actuais( como por ex. a sonae), mesmo que ainda venha a cair nem que seja mais 50%, e continuar a reforçar, já se encontra em valores que mal o mercado inverta o risco de não recuperarem esses valores é quase nulo, quem diz a sonae diz muitas outras..
Tens razão. Considerando então que o máximo foi no Verão do ano passado, vamos fazer a comparação usando valores 14 meses depois do máximo.
Para não haver qualquer enviesamento nas escolhas das acções, vou considerar os mesmos 4 exemplos:
BCP - máximo foi em Abril de 1998; valor 14 meses depois (em Junho de 1999) = 3,90; valor 5 anos depois = 1,65 euros; resultado = 58% de perda
EDP - máximo foi em Abril de 1998; valor 14 meses depois (em Junho de 1999) = 3,30; valor 5 anos depois = 2,16; resultado = 36% de perda
ZON - máximo foi em Março de 2000; valor 14 meses depois (em Maio de 2001) = 7,90 euros; valor 5 anos depois = 8,90 euros; resultado = 12% de ganho.
Jerónimo Martins - máximo foi em Janeiro de 1999; valor 14 meses depois (em Março de 2000) = 3,36; valor 5 anos depois = 2,31; resultado = 31% de perda
Conclusão: apenas a ZON obteve um ganho de 12% (o que num prazo de 5 anos dá um magro ganho anual de 2,4%, que nem chega para cobrir a inflação.
Todas as outras acções consideradas tiveram perdas substanciais, que ficaram bastante próximas dos resultados que teríamos tido se as acções tivessem sido compradas em Março de 2000 (pico do bull market).
Daqui se conclui facilmente o seguinte: o facto de uma acção vir em queda acelerada desde há 14 meses não constitui qualquer garantia de ganho, nem mesmo quando a compra dessa acção é feita num horizonte temporal de 5 anos. Antes pelo contrário.
1 abraço,
Elias
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Neste momento estou a perder cerca de 25 a 30%,mas como disse anteriormente a menos que as bolsas fechem todos os bear markets são correcções para bull markets independentemente da sua extensão e duração.Talvez de futuro altere a forma como penso e como compro em termos fundamentais.A análise técnica não me seduz,para a minha personalidade é muito stressante.Talvez a única coisa que me interesse seja as ondas se Elliot(já agora agradeço literatura ou sites).Análise técnica é desgastante, é a procura constante da galinha dos ovos de ouro.
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Elias Escreveu:vg1 Escreveu:Diz-me só uma coisa tu não conseguiste chegar com a tua carteira até ao fim de 2003,tu com as perdas que tinhas vendeste.
Pois vendi, meu caro, mas não esperei até 2003. Vendi tudo em Março de 2001 (já o bear market ia com 12 meses). E depois estive dois anos fora do mercado.vg1 Escreveu:O que tinha acontecido se tivesses a mesma carteira em Julho de 2007?
Não sei. Porque se soubesse o que sei hoje nunca teria comprado acções naquela altura.vg1 Escreveu:A única empresa que conheço que não subiu com o bull market foi a Pararede, dentro do principal índice
Aconselho-te a olhares melhor para os gráficos antes de escreveres estas coisas.
É verdade que a maioria das empresas subiu no bull market. Mas as subidas foram muito modestas se comparadas com as quedas precedentes.
Deixo-te apenas alguns exemplos, dentro do índice principal:
BCP - máximo em Setembro de 2000 = 4,73; valor 5 anos depois = 2,00 euros; resultado = 58% de perda
EDP - máximo em Março de 2000 = 4,05 euros; valor 5 anos depois = 2,17; resultado = 47% de perda
ZON - máximo em Março de 2000 = 73 euros; valor 5 anos depois = 9,5 euros; resultado = 87% de perda.
Jerónimo Martins - valor em Março de 2000 (na altura já levava 15 meses de queda) = 3,5 euros; valor 5 anos depois = 2,31; resultado = 34% de perda
Julgo que estes quatro exemplos de algumas das mais importantes acções da nossa praça (mas há mais, se o desejares) mostram bem que manter as acções durante 5 anos não só não constitui qualquer garantia de ganho como ainda pode significar perdas substanciais.
1 abraço,
Elias
Tambem estão a comparar valores muito perto dos maximos, na minha opinião, ir reforçando nos valores actuais( como por ex. a sonae), mesmo que ainda venha a cair nem que seja mais 50%, e continuar a reforçar, já se encontra em valores que mal o mercado inverta o risco de não recuperarem esses valores é quase nulo, quem diz a sonae diz muitas outras..
BN
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