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Caldeirão da Bolsa

EUR/USD - desemprego e produção

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Dark » 29/3/2004 0:44

Parabéns por mais um excelente artigo.

Uma boa semana djo.

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Quando lhe mostramos a Lua, o imbecil repara no dedo ...
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por JAOR » 29/3/2004 0:19

Um grande abraço para ti e muito obrigado por mais um excelente artigo :!:

Uma boa semana de trabalho , pelos vistos vai ser dura .

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grão a grão enche a galinha o papo

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Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim...
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EUR/USD - desemprego e produção

por djovarius » 28/3/2004 23:54

Bem hajam amigos, saudações a todos !

Esta semana vai marcar o fim do primeiro trimestre do ano corrente, podendo-se desde logo pensar nas habituais mexidas que isso implica nos vários mercados. Falo, claro, do window dressing, tão habitual em cada final de trimestre.

Para nós, o que é interessante assinalar neste trimestre, é o fim provisório da interessante correlação entre os vários mercados, em vigor desde há um ano a esta parte. Lembram-se certamente da análise feita nessa altura, onde se falou da extrema liquidez em USD e nos efeitos imediatos em termos de inflação dos activos financeiros expressos na moeda americana com reflexos na generalidade dos mercados internacionais. Se o crescimento da massa monetária e do crédito gerado em dólares foi significativo, mais importante foi a maneira como esses dólares encontraram uma maneira de se rentabilizarem, num quadro de confiança e optimismo a nível internacional. Não são de admirar, então, as subidas de activos díspares como Acções e Obrigações, Ouro, imóveis, metais, etc., etc...
Como tal, no mercado cambial, o USD foi o grande perdedor, perdendo valor para as divisas que mais rendem. A busca era por yield e não por refúgio, como é apanágio dos tempos de optimismo. A liquidez em dólares procurou e achou investimentos da Austrália ao Brasil. Do Canadá à China. Da Índia ao Reino Unido. E assim caminhámos até Janeiro, apenas com correcções pontuais pelo meio, algumas com mais significado do que outras.

A partir daí, as coisas mudaram a correlação, desfez-se parcialmente. E o mais interessante tem sido: subida progressiva do dólar e do sentimento pró-dólar, num sinal que poderia ser claramente deflacionista. Mas só se for um sinal de deflação dos activos de risco, leia-se mercados accionistas. É que a percepção em relação ao crescimento económico e aos juros mantém-se intacta, como provam os recentes rallies Obrigacionistas. Por outro lado, à excepção do Ouro, único activo que não é passivo de ninguém, as commodities mais escassas não parecem estar cansadas da sua corrida altista, sinal de que não se trata de um movimento puramente especulativo, mas de um aumento real da procura por esses produtos, sem que a oferta aumente em conformidade. Há um aumento do crescimento económico que varia bastante de região para região do globo. E há uma multidão de investidores de olhos postos na América. Esta, em clima pré-eleitoral continua a ser uma forte geradora de liquidez financeira e crédito barato. Depois de uma paragem, voltou o forte crescimento do agregado monetário M3. Desde meados de Janeiro, claro. Mas a semana terminada no último dia 15 mostrou um crescimento de US$ 40 mil milhões. Isto mostra que apesar das diversas condutas dos mercados, nada de essencial se modificou. Provavelmente, diferente mesmo, só o sentimento e as dúvidas que pairam nos mercados.

É neste quadro que chegamos a mais uma "semana do desemprego" !! Certamente que ainda está na memória de todos o "choque e espanto" causado ao mercado cambial por números decepcionantes de criação líquida de emprego nos Estados Unidos. Em menor escala, a utilização de capacidade produtiva, também tem sido decepcionante. Mas o que conta realmente é a questão do desemprego. Por 3 meses consecutivos, o mercado esperou ansioso por excelentes números, diminuição do desemprego, aumento dos trabalhadores com emprego, a exemplo de períodos pós-recessivos no passado. Ao longo do ano de 2003, o mercado não foi muito exigente já que o desemprego é um indicador que reflecte a realidade com algum atraso. Mas desde Dezembro, a fasquia foi elevada e a decepção também. Dezembro, Janeiro e Fevereiro foram meses de grande esperança para o mercado de trabalho. Em todos eles, a decepção foi grande e o mercado não gostou. O USD sempre reagiu negativamente, devido à noção de que as taxas de juro baixas seriam para manter enquanto durasse este estado de coisas. Os juros reais continuam negativos, o que não é benéfico para o dólar, pelo menos, é o que a história nos mostra.

Acontece, porém, que nas últimas semanas, o mercado decidiu testar a força do USD. Ainda estamos num campo a que podemos chamar de correcção técnica. O USD valoriza-se por si próprio, reforçando o seu valor face a um grande cabaz de divisas. Excepção feita ao JPY, curiosamente a outra das grandes divisas de baixo yield. Mas este é um caso especifico de uma moeda que se beneficia de uma grande surpresa: após anos de cepticismo, há sinais claros de força na Economia Japonesa, via recuperação americana e crescimento económico no extremo oriente. Evidentemente que o Yene volta a ganhar adeptos. De resto, o USD sobe, como dissemos, devido a factores técnicos, mas não só. O mercado, esse mecanismo de ajustes permanentes, vai começando a reflectir esse ajuste no preço relativo Euro/dólar, questionando-se sobre a intensidade das subidas do Euro, perante o quadro económico da zona Euro.
A questão é que para ter certeza que os EUA vão continuar a crescer, o mercado "quer" ver a questão laboral em conformidade com outros indicadores positivos.
Portanto, teremos uma semana virada para a Economia, com dados relativos à produção, industria, serviços, etc... na sexta-feira, para fechar a semana, o desemprego, números de Março.

Uma vez que o mercado já apanhou grandes decepções, o sentimento já terá mudado ligeiramente. Qualquer número pior que o esperado, será apenas a confirmação de que a Economia tenderá a crescer abaixo do potencial, portanto mantendo-se juros baixos e extremo facilitismo financeiro. Não será uma novidade para o Forex, nem um choque adicional para o USD. O problema só viria de um número desastroso, que significasse perda real de empregos. Nem posso imaginar o que aconteceria em todos os mercados. Por outro lado, um número superior ao esperado (120 mil novos postos de trabalho) criaria uma esperança reforçada na continuação do crescimento económico, com o mercado a perspectivar aumentos de juros já no fim deste ano e não só em 2005. No mercado cambial, agora num momento bull de curto prazo para o USD, seria apenas mais um reforço desse sentimento, podendo "obrigar" o dólar a testar valores mais elevados do que os actuais. É difícil de quantificar neste momento, o quanto dessa perspectiva optimista já está reflectida no actual preço do USD. Aparentemente um pouco, mas seguramente não na totalidade, pelo que é legitimo acreditar, com as cartas que temos hoje na mesa, que as próximas semanas ainda serão de bias favorável à moeda dos EUA. Uma, duas, três semanas, diga-se. Ou mais, dependendo de correcções no meio. O que importa é saber ver a força da moeda americana em momentos chave do mercado, exactamente como aquele que atravessamos agora.

Se na semana passada, estávamos neutros no EUR/USD, agora esse sentimento já é colorido com um bias negativo que se tem vindo a acentuar. E se o mercado conseguir nas próximas 5 a 8 sessões quebrar os anteriores mínimos do ano (1.2057), temos já um target muito interessante pela frente. Seria 1.1852, retracção Fibo da subida entre 1.077x e 1.292x, que também é hoje a MME 55 semanas e MME 233 dias. Não acredito que o par vá directo a esses valores, mas é um alvo possível para o actual movimento de quedas. Há que reafirmar também que ainda podemos estar a assistir à configuração de duplo fundo (1.2057 e 1.2071), o que seria bullish para o par. Por outro lado, um regresso acima de 1.23 ou 1.24 seria o mesmo que embaralhar e dar de novo, pois voltaríamos à zona de consolidação anterior. Seja como for, os indicadores não estão sobrevendidos, pelo contrário, estão a apontar para a continuação das vendas de EUR/USD.
E já esta noite, o jornal Times afirma que as intervenções nipónicas no Forex vão ser bastante reduzidas. As autoridades estão satisfeitas com o ritmo de crescimento Japonês.


E o nosso ciclo semanal normal fica em:
1.1960 - 1.2380, sendo o ponto pivot 1.2220
O ciclo alargado está em:
1.19 - 1.2450 (mais volátil)

Atenção a esta pequena actualização:
Resistências: 1.2170 / 1.22 / 1.2220 / 1.2270 / 1.23 / 1.2350 / 1.2380 / 1.2420 / 1.2450

Suportes: 1.2130 / 1.2070 / 1.2050 / 1.20 / 1.1960 / 1.1930 / 1.19

Quanto às posições abertas do Euro no IMM, contratos de futuros em Chicago, não houve grandes mexidas de posições especulativas. Houve um aumento de hedgers curtos. Procura-se protecção para mais descidas?

Longos / Curtos
Large Speculators 19% 8%
Small Speculators 43% 30%
Industry Hedgers 38% 62%

Nas próximas duas semanas, valerá este tópico devido a várias razões. De igual modo, muitos afazeres impedem-me de dinamizar este tópico como na semana que passou, excepção feita a hoje e amanhã. Quase não poderei vir à Internet. Portanto, meus amigos, conto com a vossa ajuda, como sempre.

Boa semana e grandes negócios, um grande abraço, muito obrigado

djovarius
Anexos
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