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Caldeirão da Bolsa

Preços dos alimentos / Ética dos especuladores em bolsa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Elias » 6/5/2008 17:31

JAM Escreveu:IF
Para a empresa existir, tem de dar lucro, de outra forma não será viável nem atractiva para quem investe nela.

THEN
Se o objectivo é dar lucro, pode perfeitamente estar cotada em bolsa.

ELSE
Se a empresa não der lucro fecha.

ENF IF



E por acaso - só por acaso - ocorreu-te que o preço final de um produto alimentar se calhar até depende muito mais da margem que lhe põe em cima a empresa distribuidora (cotada em bolsa, e cujos accionistas têm por objectivo lucrar com o preço de comercialização dos alimentos) do que do preço a que a matéria-prima é transaccionada no mercado de futuros? Vê o que se passa com a gasolina, em que mais de metade do valor que pagas por litro é para o Estado... O Estado tem uma palavra maior a dizer no preço final que o valor da matéria-prima no mercado de futuros.

JAM Escreveu:Não sou contra o lucro dos futuros.


JAM Escreveu:SIM. Neste caso a existência de um mercado de futuros contribuiu para a escalada de preços, e esta tem contribuído para a desestabilização social que se vive.


JAM Escreveu:A questão é salvaguardar os mercados para que os futuros não representem um foco de desestabilização social e financeira, como está a acontecer.


Então imagina que deixavas de ter futuros e que só transaccionavas o produto "vivo". Por exemplo, em vez de transaccionar contratos sobre o trigo, o pessoal levava para lá as sacas de trigo e negociava de viva voz, assim com pregões e tal. Agora já não havia cá lugar a especuladores de futuros, o pessoal até levava para lá as sacas, para mostrar que ia negociar o produto de boa-fé e não para especular (isto aumentava imenso os custos de produção, devido à necessidade de transportar as sacas até ao mercado, mas isso agora não interessa nada). Não havia futuros, mas acontecia uma coisa estranha: o preço disparava porque havia muito interesse comprador (alguns iluminados diriam que a procura é muita e há pouca malta a produzir trigo, logo o preço sobe). E depois havia instabilidade social.
Mas agora um novo problema surgiria: não havia futuros nem especuladores de futuros para culpar. E agora?

1 abraço,
Elias
 
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por Ulisses Pereira » 6/5/2008 16:35

JAM, tu é que dizes isso, não fui eu. Os preços sobem quando a pressão compradora é superior à pressão vendedora. Se são especuladores se são outra coisa qualquer, cada um especula como quer. E, neste caso, estás a ser um especulador puro.

O mercado de futuros nas "commodities" existe há dezenas de anos. E só quando os preços dispararam é que a culpa é do mercado de futuros. :roll:

Felimente que no mercado de futuros, vendedores e compradores estão numa posição igual. Ao contrário, por exemplo, do mercado accionista português onde é praticamente impossível o "short selling".
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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por pedrom » 6/5/2008 15:57

Não acompanhei a discussão desde o inicio, mas aproveito para fazer a seguinte questã: se aqueles que são contra a especulação, tivessem a oportunidade de ganhar muito dinheiro com uma matéria prima, ou com um bem essencial qualquer o que fariam?

- Não fariam o negócio?
- Fariam o negócio e davam os lucros aos pobres?

Não me venham com histórias!!!!

Eu também acho que certas pessoas não deviam ganhar tanto, pois é injusto eu não conseguir fazer o que elas fazem!!! :mrgreen:

O azar de uns é a sorte de outros!!!
De que vale a pena correr quando estamos na estrada errada?
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por Sei lá » 6/5/2008 15:55

Ulisses Pereira Escreveu:O preço justo é o que o mercado determina. Esta é a essência do capitalismo. Tal como na Bolsa, no crude, nas matérias-primas ou noutro preço qualquer, haverá alturas em que os preços estarão abaixo do valor real e outros em que estarão acima. Como sempre, o tempo e a lógica de mercado tratarão de encontrar o equilíbrio.

E a lógica da maior parte dos países do mundo que assim não funcionavam tem sido a de caminhar neste sentido...

Agora dizer que a culpa é dos especuladores dos mercados de futuros é mesmo sacudir a água para um qualquer bode expiatório. Faz-me lembrar os japoneses que diziam que a culpa da Bolsa japonesa ter caido durante inúmeros anos consecutivos era dos "shorts". O que fizeram? Proibiram os "shorts". Moral da história? Subiu 6 meses depois disso e depois caiu mais 10 anos.

Um abraço,
Ulisses


Então presumo que sejas da opinião que a apregoada chegada dos investidores em força às commodities na segunda metade de 2007 e o disparo dos preços, seja pura coincidência.
O mercado cega... nem uma ida a Cuba resolve. Cuba?!? :shock: Phone-ix!! Eles são socialistas pá!!!!
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por Sei lá » 6/5/2008 15:51

Crómio Escreveu:Partes do princípio que a desestabilização social e financeira é uma consequência da existência dos futuros. Poderias ser um pouco mais específico?


Os preços dos cereais registaram uma subida brusca no ultimo trimestre de 2007. Coincidência ou não, foi quando os investidores se viraram com maior atenção para as commodities, já que os outros mercados entraram em crise.

Concluo, que a chegada dos investidores às commodities pressionaram os preços mais do que eles já estavam. É a minha opinião.

Se para ti é tão importante que eu responda exactamente à tua pergunta, a resposta é SIM. Neste caso a existência de um mercado de futuros contribuiu para a escalada de preços, e esta tem contribuído para a desestabilização social que se vive.

Crómio Escreveu:A esta respondeste mas peço-te o esquema.


IF
Para a empresa existir, tem de dar lucro, de outra forma não será viável nem atractiva para quem investe nela.

THEN
Se o objectivo é dar lucro, pode perfeitamente estar cotada em bolsa.

ELSE
Se a empresa não der lucro fecha.

ENF IF

Mas já agora, outra dúvida: se não és contra o lucro, seja em que área for, suponho que também não és contra o lucro nos futuros, ou és?


Não sou contra o lucro dos futuros.

Crómio Escreveu:4º: Portanto... são 3 (três) questões que muitos dos Caldeireiros e Caldeironas gostariam a que respondesses claramente e sem... sem... fugas para a frente.


Decidi responder exactamente a cada uma das perguntas, repetindo o que já tinha escrito anteriormente.

Continuo sem saber porque razão afirmas que sou simplesmente do contra.
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por Ulisses Pereira » 6/5/2008 15:27

O preço justo é o que o mercado determina. Esta é a essência do capitalismo. Tal como na Bolsa, no crude, nas matérias-primas ou noutro preço qualquer, haverá alturas em que os preços estarão abaixo do valor real e outros em que estarão acima. Como sempre, o tempo e a lógica de mercado tratarão de encontrar o equilíbrio.

E a lógica da maior parte dos países do mundo que assim não funcionavam tem sido a de caminhar neste sentido...

Agora dizer que a culpa é dos especuladores dos mercados de futuros é mesmo sacudir a água para um qualquer bode expiatório. Faz-me lembrar os japoneses que diziam que a culpa da Bolsa japonesa ter caido durante inúmeros anos consecutivos era dos "shorts". O que fizeram? Proibiram os "shorts". Moral da história? Subiu 6 meses depois disso e depois caiu mais 10 anos.

Um abraço,
Ulisses
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por Crómio » 6/5/2008 15:06

Então eu explico:

1º: Coloco aqui questões resumidas ao máximo (tipo uma linha) na esperança que tu respondas à questão e não cites outra linha do post, ignorando a verdadeira questão.

2º: Sim, gostava que me fizesses um esquema.

3º: Gostaria muito de ver as tuas respostas às questões colocadas no post do Elias.

Para não haver dúvidas são as seguintes:

Partes do princípio que a desestabilização social e financeira é uma consequência da existência dos futuros. Poderias ser um pouco mais específico?

A esta não respondeste.

Mais uma vez não respondeste à minha pergunta, por isso permito-me recordá-la: achas ou não que as empresas do ramo alimentar e de distribuição devem estar cotadas na bolsa de valores?

A esta respondeste mas peço-te o esquema.

Mas já agora, outra dúvida: se não és contra o lucro, seja em que área for, suponho que também não és contra o lucro nos futuros, ou és?

A esta também não respondeste.


4º: Portanto... são 3 (três) questões que muitos dos Caldeireiros e Caldeironas gostariam a que respondesses claramente e sem... sem... fugas para a frente.

5º: Sim é só isso, 3 (três) questões.

6º: Não... é para responderes às 3 (três) questões.

7º: Sim, podes fazer um esquema.

Obrigado
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por Sei lá » 6/5/2008 14:48

Crómio Escreveu:
Se eu não sou contra o lucro, achas que é necessário responder? Poderei fazer um esquema se desejares...


Pronto, já percebi... és do contra... tive esperança que fosse algo mais...


Agora quem não percebeu fui eu...
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por Sei lá » 6/5/2008 14:47

Ulisses Pereira Escreveu:Vi o debate sim.

E pergunto eu: Mas quem nos diz que o preço justo é o do passado e não o do presente?

Quantos agricultores abandonaram a sua profissão no passado pela completa ausência de lucro?

Mas, de facto, as pessoas só se preocupam quando nos toca a nós. Acho tudo isto de um egoísmo e demagogia a roçar os extremos.

Um abraço,
Ulisses


Sabendo que os cereias e outros produtos estavam baratos (graças a muita asneira da regulação), porque não questionar se o preço justo não estará entre o actual e o do passado?

Na Europa muitos agricultores abandonaram a agricultura, mas foram pagos para isso. São as tais asneiras da regulação.

Eu só vi o debate até meio, mas até essa altura pareceu-me que eles colocavam a questão dos biocombustiveis com não sendo muito importante para o problema actual... foi assim até ao fim?
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por Crómio » 6/5/2008 14:26

Se eu não sou contra o lucro, achas que é necessário responder? Poderei fazer um esquema se desejares...


Pronto, já percebi... és do contra... tive esperança que fosse algo mais...
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por Ulisses Pereira » 6/5/2008 14:26

Vi o debate sim.

E pergunto eu: Mas quem nos diz que o preço justo é o do passado e não o do presente?

Quantos agricultores abandonaram a sua profissão no passado pela completa ausência de lucro?

Mas, de facto, as pessoas só se preocupam quando nos toca a nós. Acho tudo isto de um egoísmo e demagogia a roçar os extremos.

Um abraço,
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por Sei lá » 6/5/2008 14:14

Ulisses Pereira Escreveu:JAM, reverter todo o sistema actual ia acabar na "troca directa" que havia antes do aparecimento da moeda. Não duvides.

Um abraço,
Ulisses


Mas eu não defendi que se revertesse todo o sistema. Defendo que se criem meios de prevenir e evitar as situações como a que estamos a viver. Viste o debate que ontem teve lugar na RTP a respeito deste problema?
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por bogos » 6/5/2008 14:12

Com regulação de mercados....
Sem regulação de mercados....
Com capitalismo de preços....
Com comunismo de preços.....
Com especulação de preços....
Sem especulação de preços....

A economia é a gestão de recursos escassos.

O mundo está a crescer a um ritomo frenético....
Precisamos de uma guerra qualquer dia...

E das grandes.... daquelas nucleares....

É para aqui que pode caminhar o mundo.....

Numa caixa onde só cabem 5, não se pode querer meter 10. Isso é impossivel.... a naão ser que os 5 sobrantes "comam" os que lá estão, e entre si se guerreiem pelo poder da caixa.

Isto é dramático.

Cumps
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por Sei lá » 6/5/2008 14:12

Crómio Escreveu:
Mais uma vez não respondeste à minha pergunta, por isso permito-me recordá-la: achas ou não que as empresas do ramo alimentar e de distribuição devem estar cotadas na bolsa de valores?


Por acaso também estou curioso acerca desta questão.

JAM, podes responder?

Obrigado


Se eu não sou contra o lucro, achas que é necessário responder? Poderei fazer um esquema se desejares... :mrgreen:
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por Ulisses Pereira » 6/5/2008 14:07

JAM, reverter todo o sistema actual ia acabar na "troca directa" que havia antes do aparecimento da moeda. Não duvides.

Um abraço,
Ulisses
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por Crómio » 6/5/2008 14:07

Mais uma vez não respondeste à minha pergunta, por isso permito-me recordá-la: achas ou não que as empresas do ramo alimentar e de distribuição devem estar cotadas na bolsa de valores?


Por acaso também estou curioso acerca desta questão.

JAM, podes responder?

Obrigado
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por Sei lá » 6/5/2008 14:04

Elias Escreveu:JAM,

Então em tua opinião quem é que deveria fixar os preços dos alimentos e com base em que critérios?

1 abraço,
Elias


Não sei responder à tua pergunta nem me parece que eu seja uma pessoa habilitada para tal. Se estudasse isso acho que iria desencadear uma ganda discussão e ainda acabava expatriado :mrgreen:
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por Elias » 6/5/2008 12:26

JAM,

Então em tua opinião quem é que deveria fixar os preços dos alimentos e com base em que critérios?

1 abraço,
Elias
 
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por Sei lá » 6/5/2008 10:06

Elias Escreveu:E já agora a tua crítica é exactamente contra o quê?

É que confesso que ainda não percebi :roll:


A minha critica é contra existir um produto financeiro que está a pressionar os preços dos alimentos, com todas as consequênciais sociais que isso tem e terá.

Já escrevi e repito: os cereais têm vários factores no presente que pressionam os preços, não é necessário surgir mais um factor, que ainda por cima nada tem a ver com a agricultura ou com o processo produtivo.
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Futurologia...

por Pato-Bravo » 5/5/2008 22:14

Na minha opinião os futuros são uma autêntica aberração financeira engendrada por capitalistas pouco escrupulosos. A lógica de existir futuros está completamente subvertida com o propósito a que foi destinado.

Imagine-se este exemplo bem real: eu sou Jerome Kerviel e trabalho para uma Seguradora Francesa, tive a excelente idea de comprar futuros sobre o preço do arroz com o capital colossal da minha entidade empregadora. Resultado, alguém me vende toneladas e toneladas de contratos que por absurdo são entregues por pessoas que nem sequer sabem como se cultiva arroz!!!

Mas qual oferta e qual procura?? Dum lado temos um especulador com fundos próprios para secar o mercado do outro temos vendedores que não possuem arroz... E no meio temos uma população ludibriada pela comunicação social que de repente paga mais de 50% no preço final.

De igual modo garanto-vos que se fossem despositar fisicamente o petróleo que os especuladores negoceiam na bolsa, estes morreriam certamente afogados por um tsunami, que era de certo o que mereciam.

Parece-me que conceitos como "vender sem ter" e "comprar sem deter" são bons exemplos da paródia que reina nos mercados financeiros. Só me admira ainda não existir futuros sobre plutónio radioactivo...

Quack
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por Ulisses Pereira » 5/5/2008 20:02

sde o início do século passado que houve "bolhas especulativas" em várias matérias primas. E os futuros não existiam.

Mas temos sempre que encontrar um bode expiatório.

Com futuros ou sem futuros, o preço de qualquer bem é determinado pela guerra entre procura e oferta. Sempre foi assim e sempre será.

Um abraço,
Ulisses
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por Elias » 5/5/2008 19:53

JAM Escreveu:A questão é salvaguardar os mercados para que os futuros não representem um foco de desestabilização social e financeira, como está a acontecer.


Partes do princípio que a desestabilização social e financeira é uma consequência da existência dos futuros. Poderias ser um pouco mais específico?

JAM Escreveu:
Elias Escreveu:E já agora uma segunda pergunta: em tua opinião, as empresas que se dediquem ao ramo alimentar devem ou não poder ser cotadas na bolsa de valores? Alguns exemplos: Sonae, Jerónimo Martins, Carrefour, Danone, etc. Nota que todas as empresas deste sector têm por objectivo principal obter lucros através da comercialização e venda de produtos alimentares... e que isso vai ter impacto em muitas famílias...

1 abraço,
Elias


Não sou contra o lucro, nunca fui e não serei, seja em que área fôr. A minha critica não é contra o lucro.


Mais uma vez não respondeste à minha pergunta, por isso permito-me recordá-la: achas ou não que as empresas do ramo alimentar e de distribuição devem estar cotadas na bolsa de valores?

Mas já agora, outra dúvida: se não és contra o lucro, seja em que área for, suponho que também não és contra o lucro nos futuros, ou és?

E já agora a tua crítica é exactamente contra o quê?

É que confesso que ainda não percebi :roll:
 
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por Sei lá » 5/5/2008 18:18

Elias Escreveu:JAM,

Li todos os teus posts, mas não respondeste à minha pergunta.

Eu não perguntei quais eram os activos que em tua opinião deveriam estar fora da lista mas sim os que deviam estar dentro da lista de activos sobre os quais, em tua opinião, seria correcto investir / especular.


Não sei quais os que devem estar dentro, provavelmente todos os que interessar aos investidores. A questão é salvaguardar os mercados para que os futuros não representem um foco de desestabilização social e financeira, como está a acontecer.


Elias Escreveu:E já agora uma segunda pergunta: em tua opinião, as empresas que se dediquem ao ramo alimentar devem ou não poder ser cotadas na bolsa de valores? Alguns exemplos: Sonae, Jerónimo Martins, Carrefour, Danone, etc. Nota que todas as empresas deste sector têm por objectivo principal obter lucros através da comercialização e venda de produtos alimentares... e que isso vai ter impacto em muitas famílias...

1 abraço,
Elias


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por Camisa Roxa » 5/5/2008 11:38

como já disse o Ulisses por outras palavras, é ridícula a ideia de que um grupo de especuladores consiga vergar o mercado...

todos os que o tentaram no passado foram passados a ferro por esse mesmo mercado

o mercado é que leva os especuladores e não o contrário por isso volto a repetir que estar a culpar os especuladores pela alta dos preços alimentares é o mesmo que culpar a gravidade pela queda de 1 avião


1. Vivemos hoje em Portugal sob o síndrome do fim do mundo. A cada minuto somos bombardeados com notícias que nos apontam o caminho do abismo, sobre nós paira um denso manto, um clima de constante pavor. A apologia do medo é o driver mediático por excelência, o afrodisíaco de um certo mundo ocidental, o seguro de vida das classes políticas acomodadas e preguiçosas: para quê procurar as verdadeiras razões daquilo que se passa, se conseguimos reconduzir a realidade a duas ou três explicações simplistas, que mantêm as massas petrificadas e sem reacção?
2. Depois do pânico ambiental, da escalada do preço do petróleo, nas últimas semanas, descobrimos que está aí à nossa porta uma crise alimentar mundial.
3. Mas, afinal, o que se passa? De repente, há menos comida?
4. É verdade que a maior incerteza pontual em que vivemos tem ajudado à especulação, e a instabilidade nos mercados financeiros tradicionais também conduziu à transferência de alguns investimentos para as commodities. A grande razão para a subida de alguns géneros é, porém, de explicação simples: assenta na regra mais básica da economia, aumentou a procura, a um ritmo menor que o crescimento da oferta, logo, têm subido os preços. Há mais gente a consumir nos países emergentes, com consequências nos preços: temos, por isso, uma pobreza agravada em algumas zonas do globo, dada a diminuição da pobreza noutras zonas.
5. E temos, também, novos pobres, no cantinho onde vivemos. As subidas dos preços do petróleo e dos géneros alimentares representam uma ameaça ao nosso modo de vida? Sim, claro, porque a escalada dos preços significa que há hoje outros players na economia mundial, que concorrem - também - com a Europa e com os EUA pelos recursos, que estão dispostos a pagar mais do que aquilo que nós gostaríamos - ou conseguimos - suportar…
6. Na nossa hipocrisia, sempre nos sentimos bem com a pobreza do resto do mundo, fechados nas nossas fronteiras super-protegidas, sonhando e vivendo as nossas Utopias, aliviando as consciências com a nossa acção “solidária”. A globalização, ao contrário do que é cantado pelas esquerdas mais ou menos anticapitalistas, não tem tornado os ricos cada vez mais ricos, representando antes o grito do Ipiranga das economias emergentes, que já não se relacionam com a Europa e os EUA de mão estendida, que não estão já disponíveis para financiar passivamente a Utopia com as mais-valias das suas riquezas e da sua força de produção. Querem o seu quinhão, estão a regateá-lo todos os dias, no jogo económico global.
7. Em dois terços do Globo, lendo jornais, ouvindo as notícias, falando com as classes médias emergentes, não se nota que o planeta viva qualquer “crise”.
8. O mundo, no seu todo, não está em “crise”. Nunca o PIB mundial foi tão elevado, nunca se criou tanta riqueza. O planeta está é, a cada dia que passa, em grande mudança, mais exigente. Podemos continuar a tentar encontrar bodes expiatórios para as dificuldades, paralisados pelo medo. Ou perceber que não há forma de fugir às novas exigências e, com mais coragem e inteligência, sermos agentes ainda mais activos no jogo da concorrência. O problema é que, ganhar na globalização, dá muito trabalho, implica sacrifícios acrescidos, uma maior apetência pelo risco. Mas será que preferimos ser os novos pobres deste planeta cada vez mais rico?

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por LuarAzul » 5/5/2008 1:15

Há tempos seduziram-me para este negócio dos biocombustíveis. na altura pareceu-me que só seria realmente apelativo quando os óleos fossem retirados das algas. Segundo a Wikipedia:

"
The United States Department of Energy estimates that if algae fuel replaced all the petroleum fuel in the United States, it would require 15,000 square miles (38,849 square kilometers), which is a few thousand miles larger than Maryland."

http://en.wikipedia.org/wiki/Biofuels#T ... __biofuels

O cultivo de algas permite uma eficiência muitíssimo mais elevada do que qualquer outro cultivo tradicional.

Quanto à especulação sobre alimentos, bem, talvez esteja a ser ingénuo, mas parece-me que o aumento dos preços dos alimentos de base só pode favorecer os países produtores desses alimentos. Tal como o aumento do preço do petróleo favorece os países que o produzem. É verdade que as pessoas que neles vivem terão mais dificuldade em aceder a esses alimentos, mas também é verdade que terão de ser mais bem pagas (alguém terá de trabalhar as terras). E portanto, no equilíbrio geral, penso que os países mais pobres serão beneficiados, serão mais ricos. Os especuladores que apostem na subida estarão a prejudicar mais provavelmente a sua própria conta no supermercado.

Os grandes prejudicados aqui parecem-me ser os países industrializados que terão de encontrar noutro sítio uma fonte barata de energia. No fundo a única grande desilusão aqui é a de pensar que os biocombustíveis eram a panaceia para os males da nossa civilização super-produtora / hiper-consumista.

Venham as algas, energia hídrica, eólica, geotérmica, solar e o hidrogénio... e, já agora, mais férias e tempo "de qualidade", que foi para isso que os nossos pais trabalharam tanto para um mundo tecnológico (para nos dar uma vida mais feliz). Bastava trabalhar mais a partir de casa para o consumo de combustíveis baixar substancialmente.

Mais férias para toda a gente yupiii!!! :)
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