Petróleo e gasolina - vamos a números


Gasolina vendida no País é hoje a terceira mais cara da Europa
A gasolina comprada em Portugal foi a terceira mais cara da União Europeia, segundo os dados mais recentes da Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia relativos à terceira semana de Janeiro de 2007. O preço final pago pelos portugueses, ultrapassado apenas pelo Reino Unido e pela Holanda, reflecte já o recente aumento do imposto petrolífero. Mas, apesar da gasolina nacional ter a sexta carga fiscal mais pesada da União Europeia, os impostos não chegam para explicar o elevado preço deste combustível.
É que, retirando a carga fiscal, o preço da gasolina fixado pelas petrolíferas é, ainda assim, o quinto mais elevado da União Europeia e encontra-se claramente acima da média ponderada dos 25 na semana que acabou a 22 de Janeiro. Esta situação é igualmente visível no gasóleo rodoviário, que era em Janeiro o quinto mais caro da União Europeia, depois de descontados os impostos.
Com a carga fiscal, o diesel está em nono no top dos mais caros, e encontra-se inclusive abaixo da média de preços finais verificada na União Europeia. Esta diferença deve-se ao facto de a carga fiscal sobre o gasóleo ser bastante mais baixa que a da gasolina em Portugal. Os impostos nacionais sobre este combustível estão mais ou menos a meio da tabela dos 25 e, apesar do recente agravamento, continuam abaixo da média da União Europeia.
Portugal baixa menos em 2007
Analisando a evolução dos combustíveis europeus nas três primeiras semanas deste ano, verificamos que os preços nacionais seguem a tendência do ano passado. A gasolina nacional, sem impostos, desceu quase 4%, mas esta descida ficou aquém das baixas verificadas na esmagadora maioria dos Estados membros.
No gasóleo, a evolução é similar. Os preços sem impostos desceram 5% em Portugal, uma quebra que foi ultrapassada por 20 Estados membros e que foi inferior à redução média verificada na UE.
Observando o preço final, incluindo impostos, o comportamento do mercado nacional é ainda mais penalizador para o consumidor, devido à subida de três cêntimos da carga fiscal realizada logo no início deste ano. A gasolina vendida em território nacional está no grupo de seis países que aumentaram o preço este ano. Já o gasóleo rodoviário nacional integra os três países que reviram em alta os seus preços, num universo de 25. AS
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Caro Elias,
antes demais permita-me congratula-lo pela sua análise aos meus posts. Eu próprio não o faria tão bem, mesmo tendo em conta que as afirmações foram proferidas por mim.
Não terei tempo de lhe responder com a dedicação que merece o detalhe da sua análise, mas para que a minha verticalidade permaneça intacta, sinto-me forçado a expor alguns argumentos.
1. antes de accionista (micro-accionista, em abono da verdade), sou consumidor. Consumidor de combustíveis é condição essencial para ganhar a vida e como tal é como consumidor que surgem as minhas principais preocupações pelo que a minha opinião mantém-se. Como atestam de forma cabal e inequívoca os seus próprios gráficos, na altura em que manifestei o meu desagrado (talvez não o devesse ter feito neste espaço, confirma-se) o gap entre os preços praticados pela petrolífera em questão e o valor do petróleo aumentava significativamente, como tal também a minha preocupação aumentou em proporção directa. Nas últimas semanas esse gap diminuiu mas continuarei atento.
2. apesar da minha opinião e por enquanto não dispenso o meu desportivo a gasolina, mesmo tendo de fazer perto de 100Km por dia para trabalhar. Ainda, de todos os países da Europa pelos quais passei nos últimos 2 anos a conduzir, apenas em Espanha (e mesmo assim mais junto da nossa fronteira, porque à medida que se caminha para o litoral os preços aumentam) e Principado de Andorra os combustíveis são mais baratos que em Portugal. Para lhe precisar, em Alemanha, Luxemburgo, Itália, França, Áustria, República de San Marino e Principado do Liechenstein são mais caros. Estes seriam os argumentos que eventualmente me fariam reconsiderar a pertinência do meu manifesto, ainda assim continuo a achar que tenho legitimidade para manifestar o meu desagrado.
4. apesar de, como consumidor, não me agradar a política, é também legítimo (e parece-me até que inteligente) tirar algum partido dessa mesma política. Se o posso fazer aproveito-o, não me parece que a minha insatisfação colida com a estratégia para minimizar as perdas com o aumento dos combustíveis tirando partido da mais valia realizada pela cotada. Apesar de accionista, continuarei a manifestar o meu desagrado como consumidor, sempre.
5. grosso modo e para terminar, há 2 provérbios bem velhinhos que assentam aqui que nem uma luva: a) "quem não chora não mama"; b) "se não podes vencê-los junta-te a eles";
PS1: para satisfazer algumas curiosidades, comprei GALP em 24-05-2007, a 8,87 EUR. Mantenho e tenho até pena de não ter reforçado na altura dos 9,57 EUR.
PS2: com os bancos penso da mesma forma: sou muito sensível às taxas e comissões e reclamo, reclamo sempre. Não obstante sou o primeiro a reconhecer a suma importância dos bancos no desenvolvimento de qualquer empresa, recorrendo eu a eles sem qualquer pudor, e o primeiro a congratular-me de ter no meu pais uma das mais sólidas e fidedignas estruturas bancárias. Ainda assim continuarei a realizar mais valias nos bancos cotados sempre que o conseguir.
Abraço.
antes demais permita-me congratula-lo pela sua análise aos meus posts. Eu próprio não o faria tão bem, mesmo tendo em conta que as afirmações foram proferidas por mim.
Não terei tempo de lhe responder com a dedicação que merece o detalhe da sua análise, mas para que a minha verticalidade permaneça intacta, sinto-me forçado a expor alguns argumentos.
1. antes de accionista (micro-accionista, em abono da verdade), sou consumidor. Consumidor de combustíveis é condição essencial para ganhar a vida e como tal é como consumidor que surgem as minhas principais preocupações pelo que a minha opinião mantém-se. Como atestam de forma cabal e inequívoca os seus próprios gráficos, na altura em que manifestei o meu desagrado (talvez não o devesse ter feito neste espaço, confirma-se) o gap entre os preços praticados pela petrolífera em questão e o valor do petróleo aumentava significativamente, como tal também a minha preocupação aumentou em proporção directa. Nas últimas semanas esse gap diminuiu mas continuarei atento.
2. apesar da minha opinião e por enquanto não dispenso o meu desportivo a gasolina, mesmo tendo de fazer perto de 100Km por dia para trabalhar. Ainda, de todos os países da Europa pelos quais passei nos últimos 2 anos a conduzir, apenas em Espanha (e mesmo assim mais junto da nossa fronteira, porque à medida que se caminha para o litoral os preços aumentam) e Principado de Andorra os combustíveis são mais baratos que em Portugal. Para lhe precisar, em Alemanha, Luxemburgo, Itália, França, Áustria, República de San Marino e Principado do Liechenstein são mais caros. Estes seriam os argumentos que eventualmente me fariam reconsiderar a pertinência do meu manifesto, ainda assim continuo a achar que tenho legitimidade para manifestar o meu desagrado.
4. apesar de, como consumidor, não me agradar a política, é também legítimo (e parece-me até que inteligente) tirar algum partido dessa mesma política. Se o posso fazer aproveito-o, não me parece que a minha insatisfação colida com a estratégia para minimizar as perdas com o aumento dos combustíveis tirando partido da mais valia realizada pela cotada. Apesar de accionista, continuarei a manifestar o meu desagrado como consumidor, sempre.
5. grosso modo e para terminar, há 2 provérbios bem velhinhos que assentam aqui que nem uma luva: a) "quem não chora não mama"; b) "se não podes vencê-los junta-te a eles";
PS1: para satisfazer algumas curiosidades, comprei GALP em 24-05-2007, a 8,87 EUR. Mantenho e tenho até pena de não ter reforçado na altura dos 9,57 EUR.
PS2: com os bancos penso da mesma forma: sou muito sensível às taxas e comissões e reclamo, reclamo sempre. Não obstante sou o primeiro a reconhecer a suma importância dos bancos no desenvolvimento de qualquer empresa, recorrendo eu a eles sem qualquer pudor, e o primeiro a congratular-me de ter no meu pais uma das mais sólidas e fidedignas estruturas bancárias. Ainda assim continuarei a realizar mais valias nos bancos cotados sempre que o conseguir.
Abraço.
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Ir a Espanha
Seja qual for a dimensão do fluxo de condutores portugueses que se desloque de propósito a Espanha para atestar o depósito, ele nunca será muito significativo. Só será mesmo vantajoso para quem viva, no máximo, a umas dezenas de quilómetros da fronteira ou, então, para quem tem mesmo de se deslocar a Espanha por outras razões.
Quem, como eu, vive no litoral centro, ir lá atestar, só se for para aproveitar e fazer turismo. Até porque também encontramos por cá preços convidativos. Por exemplo, há mais de três meses que o Intermarché de Cantanhede tem o gasóleo a 98 cents. O E. Leclerc da Figueira da Foz, já o tem há duas semanas em promoção a 96,4 cents. Ora hoje, em Espanha, o gasóleo clássico bateu o record do ano e esteve a 89 cents e o chamado "novo gasóleo" chegou aos 93 cents.
Conclusão: com estas diferenças, não vale a pena ir tão longe.
Quem, como eu, vive no litoral centro, ir lá atestar, só se for para aproveitar e fazer turismo. Até porque também encontramos por cá preços convidativos. Por exemplo, há mais de três meses que o Intermarché de Cantanhede tem o gasóleo a 98 cents. O E. Leclerc da Figueira da Foz, já o tem há duas semanas em promoção a 96,4 cents. Ora hoje, em Espanha, o gasóleo clássico bateu o record do ano e esteve a 89 cents e o chamado "novo gasóleo" chegou aos 93 cents.
Conclusão: com estas diferenças, não vale a pena ir tão longe.
curvedair Escreveu:Se existe uma diminuição no consumo de combustíveis é porque as pessoas estão a consumir menos.
Ou porque há muito mais gente a ir abastecer a Espanha.
curvedair Escreveu:A haver uma migração desta magnitude para raia de Espanha, seria interessante para Espanha e nada interessante para Portugal (isto é o Estado Português)
E qual será a magnitude desta migração? Não tenho dados, mas sempre que calha abastecer do lado de lá da fronteira, vejo uma longa fila de carros de matrícula portuguesa a fazer o mesmo. Por isso não me parece legítimo extrair quaisquer conclusões sobre a diminuição do consumo em Portugal sem adicionar os dados relativos ao número de portugueses que abastecem em Espanha...
curvedair Escreveu:O que eu quero dizer é que se isto fosse significativo (e não é!)
Em Portugal já vai sendo, mas nota que pode ser significativo em Portugal e não o ser em Espanha, porque 5% do mercado português (em número de veículos) representam provavelmente 1% do mercado espanhol. Por outras palavras, a fuga de veículos para abastecer em Espanha tem proporcionalmente mais impacto no mercado português que no espanhol.
O que escrevi - e mantenho - que quaisquer estatísticas de consumo em Portugal estarão incompletas sem ter em conta o efeito da fuga para Espanha.
curvedair Escreveu:o preço dos combustíveis iriam baixar em Portugal para níveis idênticos aos de Espanha. Porquê? pela simples razão da lei básica de mercado; ao baixar a procura iria baixar-se, por consequência preço.(Concomitantemente será que Espanha iria aumentar os preços com a procura aí dos consumidores portugueses?)
Aí é que te enganas. Em Espanha o preço é livre e cada posto fixa o preço que entende. E procurando do lado de lá da fronteira pode verificar-se que o posto mais perto da nossa fronteira não é geralmente o mais barato...
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Elias Escreveu:Recorrentemente surgem notícias / estatísticas sobre este tema. Todas falam da diminuição do consumo de combustíveis, mas raramente é mencionada a fuga de consumo para Espanha (isto é, dos que cruzam a fronteira para abastecer).
Se existe uma diminuição no consumo de combustíveis é porque as pessoas estão a consumir menos.
A haver uma migração desta magnitude para raia de Espanha, seria interessante para Espanha e nada interessante para Portugal (isto é o Estado Português)
O que eu quero dizer é que se isto fosse significativo (e não é!), o preço dos combustíveis iriam baixar em Portugal para níveis idênticos aos de Espanha. Porquê? pela simples razão da lei básica de mercado; ao baixar a procura iria baixar-se, por consequência preço.(Concomitantemente será que Espanha iria aumentar os preços com a procura aí dos consumidores portugueses?)
Curvedair
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psousa Escreveu:Independentemente dos impostos (que actualmente não passam de um bode expiatório) e na óptica do consumidor, todas as semanas me sinto roubado (…)
As gasolineiras enchem os bolsos, o governo engorda as receitas e o povo que se amanhe que vê todos as semanas o seu orçamento diminuído para pagar um bem, que para mim é de primeiríssima necessidade (ou seria mais produtivo para o pais eu ficar em casa todos os dias?!?). (...)
Perdoem-me o desabafo, sei que não é o espaço mais indicado, mas há algum tempo que esta brincadeira me irrita sobremaneira e hoje estou com tempo. Será que só eu é que penso assim?
in: http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... ht=#388450 (5 de Maio)
- 18 de Maiopsousa Escreveu:merece destaque: "a Galp deverá beneficiar de margens de refinação extremamente elevadas"
comentários: dispensa
psousa, que na qualidade de consumidor te insurjas contra as margens elevadas da GALP é um direito que te assiste.
Até aqui, não tenho nada a dizer. Manifestaste a tua opinião
Porém, há quatro dias colocaste o seguinte post:
psousa Escreveu:Tenho Galp desde 8.88 e pretendia continuar, mas agradecia uma opinião dos Caldeireiros.
in: http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... start=1763 (20 de Junho)
Como a GALP só cotou a 8,88 entre os dias 23 e 30 de Maio, depreendo que a tua compra foi feita poucos dias depois de teres manifestado desagrado relativamente aos preços da gasolina e às margens praticadas.
Não estou a dizer que não tens razão naquilo que escreves [enquanto consumidor] - até porque o fizeste antes da data em que as tuas acções terão sido compradas. Mas estranhei que a tua compra e fiquei a pensar: será que a tua opinião sobre as margens elevadas da GALP mudou em tão poucos dias?
Se não mudou, isto é, se continuas a sentir-te roubado com o preço da gasolina, gostaria de te lembrar que a partir do momento em que és accionista da GALP, os teus interesses enquanto consumidor colidem com os teus interesses enquanto accionista.
Se mudaste de opinião, isto é, se acreditas na valorização da empresa, se acreditas que a gasolina vale o preço que é pedido por ela (já não sentes que te estão a ir ao bolso e tens consciência que o preço se mantém alto porque o mercado está disposto a pagá-lo e provavelmente estará disposto a pagar mais), se acreditas que esta acção vai continuar a subir porque o mercado também acredita que as margens e os resultados da empresa irão continuar a subir no futuro, nesse caso felicito-te pela mudança de atitude.
Gostaria de referir que este comentário não é especialmente dirigido a ti (psousa). Na verdade, estas situações são recorrentes. Já anteriormente surgiram aqui situações semelhantes - por exemplo, de "Caldeireiros" que, sendo detentores de acções de bancos portugueses (conforme faziam questão de anunciar nalguns dos seus posts), se insurgiam contra os bancos a propósito da aplicação de taxas sobre as operações no multibanco. Os interesses são obviamente antagónicos mas continua a haver muitas pessoas que querem que as suas acções se valorizem (o que obviamente só pode ser conseguido à custa de perspectivas de maiores lucros por parte das respectivas empresas) e simultaneamente pretendem pagar o mínimo possível pelos produtos e serviços que consomem.
1 abraço,
Elias
P.S. - aproveito para deixar o gráfico actualizado.
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?Galp vai beneficiar de margens de refinação extremamente elevadas?
(18-05-2007 - 08:26)
Os resultados da Galp Energia no primeiro trimestre superaram as estimativas da UBS. Por isso, o banco de investimento reviu em alta o preço-alvo para as acções, por considerar que a petrolífera portuguesa deverá beneficiar de margens de refinação muito positivas.
O crescimento de 30% do lucro líquido da Galp Energia nos primeiros três meses do ano, para os 119 milhões de euros, ficaram acima das previsões do banco suíço que, num estudo divulgado hoje, subiu o preço-alvo das acções de 7,75 euros para 8,25 euros. Trata-se de um aumento de 6,45%.
Na origem da revisão em alta está a convicção de que "a Galp deverá beneficiar de margens de refinação extremamente elevadas".
A UBS subiu também as estimativas de lucros por acção (EPS) em 16%, para o final de 2007, e em 9% para o período entre 2008-2010.
fonte: big
merece destaque: "a Galp deverá beneficiar de margens de refinação extremamente elevadas"
comentários: dispensa
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E só mais uma para provar que a lei da procura e oferta não funciona neste "mercado".
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=805737&div_id=1730
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=805737&div_id=1730
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Aqui vai mais uma actualização. Com o petróleo estável e a gasolina a aumentar, o "gap" está outra vez acima dos 27 pontos (o valor máximo foi de 28 pontos em 19 de Janeiro).
gráfico em anexo
Elias
gráfico em anexo
Elias
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rmachado,
Entendo a sua opção em vir de carro - essa opção é tomada de forma consciente tendo em conta o custo das outras opções (em valor e em tempo) e nada há de errado nisso.
O que não entendo de todo é a afirmação final "não há alternativas". Há sempre alternativas. Elas podem é ser mais desvantajosas, mas existem!
Acho que, objectivamente, não devemos confundir a existência uma solução mais cara e mais demorada com a inexistência de alternativas.
1 abraço,
Elias
Entendo a sua opção em vir de carro - essa opção é tomada de forma consciente tendo em conta o custo das outras opções (em valor e em tempo) e nada há de errado nisso.
O que não entendo de todo é a afirmação final "não há alternativas". Há sempre alternativas. Elas podem é ser mais desvantajosas, mas existem!
Acho que, objectivamente, não devemos confundir a existência uma solução mais cara e mais demorada com a inexistência de alternativas.
1 abraço,
Elias
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Elias Escreveu:O que eu não acho - nem nunca achei - é que a gasolina seja um bem essencial e insubstituível. Há alternativas (transportes públicos, transporte partilhado) que muitas pessoas se recusam, sistematicamente, a considerar como alternativas.
Não é um bem essencial, mas na "sociedade moderna" é.. isto pq em Portugal estamos muito mal servidos de transportes públicos, digo isto pois se pretende-se vir para o local de trabalho de transportes públicos (acredite que vinha de bom gosto) demorava no minimo 2 horas gastando algo como 100 Euros (em passes), como partilho a viagem com a esposa (que gastaria um pouco menos em passes e tempo, talvez uns 80 Euros) mesmo pagando gasóleo e portagem sai mais barato em Euros e tempo...
Assim como vê não há alternativas...
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rmachado Escreveu:Tem alguma razão no que diz Elias, mas o mercado não é livre e sendo assim as pessoas não têm muitas alternativas, que as têm aproveita (ir a Espanha por exemplo).
Mais uma vez eu por exemplo passo por 10 postos de abstecimento no caminho para casa (alguns teria de fazer um pequeno desvio) e o preço é basicamente o mesmo... e estamos a falar num percurso de quase 50Km.
rmachado,
Eu sei que o mercado não é livre. Tenho consciência disso e embora não tenha qualquer tipo de interesses no sector, subscrevo a posição da ANAREC que diz que a liberalização feita em Portugal na verdade não foi liberalização nenhuma.
O que eu não acho - nem nunca achei - é que a gasolina seja um bem essencial e insubstituível. Há alternativas (transportes públicos, transporte partilhado) que muitas pessoas se recusam, sistematicamente, a considerar como alternativas.
Como para qualquer outro bem ou serviço, considero que se uma pessoa paga o preço que é pedido por um litro de gasolina, então das duas uma:
- a pessoa acha que o litro de gasolina vale o preço que é pedido (claro que gostaria de pagar menos, mas está disposto a pagar o preço que é pedido porque face às alternativas existentes ainda assim acha que é a melhor escolha)
- a pessoa não acha que o litro de gasolina vale o preço pedido e mesmo assim compra, então nesse caso está mesmo a fazer um mau negócio...
1 abraço,
Elias
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Elias Escreveu:vmerck,
Eu tenho sobre este assunto uma visão muito pragmática: a gasolina vale aquilo que o mercado (i.e. as pessoas) estiverem dispostas a pagar por ela.
Confesso que o que me faz mais confusão não é o preço a que a gasolina está, mas sim o facto de a maioria das pessoas não ter a mais pequena noção da discrepância que tenho vindo a acompanhar e de, simultaneamente, continuar a pagar o preço que é pedido.
1 abraço,
Elias
Tem alguma razão no que diz Elias, mas o mercado não é livre e sendo assim as pessoas não têm muitas alternativas, que as têm aproveita (ir a Espanha por exemplo).
Mais uma vez eu por exemplo passo por 10 postos de abstecimento no caminho para casa (alguns teria de fazer um pequeno desvio) e o preço é basicamente o mesmo... e estamos a falar num percurso de quase 50Km.
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vmerck,
Eu tenho sobre este assunto uma visão muito pragmática: a gasolina vale aquilo que o mercado (i.e. as pessoas) estiverem dispostas a pagar por ela.
Confesso que o que me faz mais confusão não é o preço a que a gasolina está, mas sim o facto de a maioria das pessoas não ter a mais pequena noção da discrepância que tenho vindo a acompanhar e de, simultaneamente, continuar a pagar o preço que é pedido.
1 abraço,
Elias
Eu tenho sobre este assunto uma visão muito pragmática: a gasolina vale aquilo que o mercado (i.e. as pessoas) estiverem dispostas a pagar por ela.
Confesso que o que me faz mais confusão não é o preço a que a gasolina está, mas sim o facto de a maioria das pessoas não ter a mais pequena noção da discrepância que tenho vindo a acompanhar e de, simultaneamente, continuar a pagar o preço que é pedido.
1 abraço,
Elias
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Hora de fazer uma nova actualização à evolução dos preços do crude e da gasosa.
A recente subida do euro (que na prática torna o crude em dólares mais barato) veio afinal servir para aumentar ainda mais o gap.
Note-se também que desde Outubro até Abril a gasolina aumentou cerca de 10% enquanto que o crude - em euros - está praticamente ao mesmo preço. Como diz o outro... é a crise
A recente subida do euro (que na prática torna o crude em dólares mais barato) veio afinal servir para aumentar ainda mais o gap.
Note-se também que desde Outubro até Abril a gasolina aumentou cerca de 10% enquanto que o crude - em euros - está praticamente ao mesmo preço. Como diz o outro... é a crise

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in publicoEstratégia penaliza o consumo de gasolina
Preços dos combustíveis descem mais devagar em Portugal do que em outros países
20.03.2007 - 08h01 Lurdes Ferreira
No segundo semestre de 2006, o preço internacional da gasolina sem chumbo 95 desceu 33 por cento, em Portugal, 19 por cento. No mesmo período, o gasóleo baixou 23 por cento nos outros países e nove por cento no mercado português. Os valores são da Autoridade da Concorrência (AdC), calculados na sequência da divulgação, ontem, do último boletim trimestral sobre o mercado dos combustíveis, referente ao quarto trimestre de 2006.
No terceiro trimestre do ano passado, os preços internacionais da gasolina e do gasóleo caíram 32 por cento e 13 por cento respectivamente, uma queda sobretudo ditada pelos valores de Setembro. Em comparação, os preços nacionais da gasolina caíram apenas 12,2 por cento e do gasóleo 1,2 por cento. Já na altura, a AdC alertava para o facto de o período de ajustamento dos preços nacionais aos do mercado externo "não ser suficiente para justificar o desfasamento na evolução dos preços nacionais".
No trimestre seguinte, esse ajustamento também não se verificou. Segundo os dados revelados ontem, o preço da gasolina no mercado internacional subiu, entretanto, dois por cento e o gasóleo caiu 10 por cento, enquanto no mercado nacional o preço da gasolina desceu 3,5 por cento e o gasóleo caiu 3,9 por cento.
A entidade reguladora considera que as "descidas mais elevadas no mercado internacional do que no nacional" são um "factor relevante" e explicativo do diferencial de evolução de preços verificado nos últimos três meses de 2006. Isto mesmo tendo em conta as tradicionais duas a quatro semanas de desfasamento de reacção do mercado nacional aos preços internacionais.
A AdC suporta a sua constatação no facto de ter ocorrido nas últimas quatro semanas de Setembro uma queda de preços internacionais "particularmente intensa" ao que o mercado nacional respondeu com "menor velocidade de ajustamento".
Os preços nacionais demoram normalmente duas semanas em média a repercutir os preços dos combustíveis praticados em outros países europeus e quatro semanas para os preços spot do Brent (petróleo de referência para a Europa) no mercado internacional.
A análise conjunta dos dois trimestres mostra também que o preço médio de venda ao público (PMVP) da gasolina sem chumbo 95, antes de impostos, continuou a ser superior à média europeia, enquanto o do gasóleo se manteve abaixo da média. Segundo a AdC, "o diferencial de PMVP antes de impostos em Portugal face à média dos países da EU a 15 manteve-se [no último trimestre] a níveis acima do dos últimos quatro anos". Neste critério de PMVP antes de impostos, verifica-se entre um e outro trimestre que os consumidores de gasóleo viram os preços ficar ainda mais baixos do que a média, enquanto os da gasolina passaram a ficar mais próximos da média.
Nos últimos dias apercebi-me de um aumento no preço da gasolina. Será que o petróleo aumentou? O gráfico diz-nos que não... O que aumentou foi o "belo" do gap. E a subida do euro deu uma ajudinha.
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Já passou mais de um mês e meio após a última actualização, por isso decidi colocar um update.
Note-se que desde Outubro até agora o preço do crude em euros não aumentou mas o preço da gasolina galp aumentou. A tendência para a discrepância mantém-se...
Saudações,
Elias
Note-se que desde Outubro até agora o preço do crude em euros não aumentou mas o preço da gasolina galp aumentou. A tendência para a discrepância mantém-se...
Saudações,
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In DN de hoje dia 2 Fev
Combustíveis sobem mais em Portugal que na UE
Ana Suspiro
Os combustíveis em Portugal estão entre os que mais subiram na Europa no ano passado. A conclusão é válida mesmo descontando o efeito do agravamento dos impostos, avaliando apenas as variações de preço fixadas pelas petrolíferas.
Portugal foi o segundo país da UE a aumentar mais o preço da gasolina no ano passado e, mesmo descontando os impostos, está no grupo dos quatro únicos países onde o preço deste combustível subiu , uma tendência que se mantém no início de 2007 (ver página do lado). Na maioria dos países da UE (20), o preço sem impostos da gasolina até desceu , reflectindo a acentuada queda do petróleo nos últimos quatro meses de 2006. A média ponderada na Europa desceu quase 4% (1,5 cêntimos por litro); em Portugal, a gasolina subiu 0,9% (0,4 cêntimos/litro), um acréscimo só superado pela Finlândia.
O preço médio semanal por país, com e sem impostos, é divulgado pela Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia. O preço sem impostos é fixado pelas petrolíferas e revela a dinâmica de cada mercado, descontando o efeito da intervenção dos governos. Analisando o preço final, com a carga fiscal incluída, a gasolina portuguesa continua a ser a segunda que mais subiu nos 25 Estados membros em 2006.
O gasóleo, por seu lado, foi o terceiro que mais aumentou, reflectindo o agravamento de 2,5 cêntimos por litro no imposto petrolífero. No gasóleo (sem impostos), a evolução é menos gravosa para o consumidor nacional, mas Portugal continua a fazer parte do grupo limitado de países, - oito em 25 - que registou um aumento no preço anual deste combustível (0,5%). Nos outros 17 membros da UE, o preço fixado pelas empresas desceu em 2006 - a baixa média foi de 1,8%.
Quando observamos como respondeu cada mercado à evolução das cotações do petróleo, verificamos que Portugal está no grupo de países onde os preços mais aumentaram na fase da escalada, até ao início de Agosto. Já quando o crude começou a baixar, o mercado português, embora tenha também reflectido estas baixas, não foi dos mais agressivos, ficando sempre na metade dos países que menos desceram os preços e aquém das médias europeias, quer na gasolina quer no gasóleo.
Esta conclusão, que resulta da comparação do preço médio, sem impostos, do mercado nacional com os valores médios dos outros países da UE, reforça o alerta deixado já na última newsletter sobre o mercado nacional de combustíveis da Autoridade da Concorrência. O documento que avalia o comportamento do mercado no terceiro trimestre do ano adverte já que os preços nacionais descem com menos intensidade do que a média dos mercados internacionais e que Portugal demora mais tempo a reagir.
Entre Janeiro e a primeira semana de Agosto, quando as cotações do crude bateram recordes, o preço sem impostos da gasolina subiu 33% em Portugal , o sexto maior aumento da UE e acima da média comunitária de 30,5%. No mesmo período, o diesel nacional aumentou 15%, outra vez a sexta maior subida e acima do acréscimo médio de 14,6%. Após o pico do petróleo, as cotações desceram de forma sustentada até ao final do ano, o que se reflectiu na evolução dos combustíveis. Os preços nacionais, sem impostos, baixaram 24%, menos que a média europeia (- 26%), embora o país esteja a meio da tabela em termos de descidas. No gasóleo, Portugal está entre a metade que desceu menos o preço final (12,8%) e com uma baixa inferior à média da UE (14,3%).
Combustíveis sobem mais em Portugal que na UE
Ana Suspiro
Os combustíveis em Portugal estão entre os que mais subiram na Europa no ano passado. A conclusão é válida mesmo descontando o efeito do agravamento dos impostos, avaliando apenas as variações de preço fixadas pelas petrolíferas.
Portugal foi o segundo país da UE a aumentar mais o preço da gasolina no ano passado e, mesmo descontando os impostos, está no grupo dos quatro únicos países onde o preço deste combustível subiu , uma tendência que se mantém no início de 2007 (ver página do lado). Na maioria dos países da UE (20), o preço sem impostos da gasolina até desceu , reflectindo a acentuada queda do petróleo nos últimos quatro meses de 2006. A média ponderada na Europa desceu quase 4% (1,5 cêntimos por litro); em Portugal, a gasolina subiu 0,9% (0,4 cêntimos/litro), um acréscimo só superado pela Finlândia.
O preço médio semanal por país, com e sem impostos, é divulgado pela Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia. O preço sem impostos é fixado pelas petrolíferas e revela a dinâmica de cada mercado, descontando o efeito da intervenção dos governos. Analisando o preço final, com a carga fiscal incluída, a gasolina portuguesa continua a ser a segunda que mais subiu nos 25 Estados membros em 2006.
O gasóleo, por seu lado, foi o terceiro que mais aumentou, reflectindo o agravamento de 2,5 cêntimos por litro no imposto petrolífero. No gasóleo (sem impostos), a evolução é menos gravosa para o consumidor nacional, mas Portugal continua a fazer parte do grupo limitado de países, - oito em 25 - que registou um aumento no preço anual deste combustível (0,5%). Nos outros 17 membros da UE, o preço fixado pelas empresas desceu em 2006 - a baixa média foi de 1,8%.
Quando observamos como respondeu cada mercado à evolução das cotações do petróleo, verificamos que Portugal está no grupo de países onde os preços mais aumentaram na fase da escalada, até ao início de Agosto. Já quando o crude começou a baixar, o mercado português, embora tenha também reflectido estas baixas, não foi dos mais agressivos, ficando sempre na metade dos países que menos desceram os preços e aquém das médias europeias, quer na gasolina quer no gasóleo.
Esta conclusão, que resulta da comparação do preço médio, sem impostos, do mercado nacional com os valores médios dos outros países da UE, reforça o alerta deixado já na última newsletter sobre o mercado nacional de combustíveis da Autoridade da Concorrência. O documento que avalia o comportamento do mercado no terceiro trimestre do ano adverte já que os preços nacionais descem com menos intensidade do que a média dos mercados internacionais e que Portugal demora mais tempo a reagir.
Entre Janeiro e a primeira semana de Agosto, quando as cotações do crude bateram recordes, o preço sem impostos da gasolina subiu 33% em Portugal , o sexto maior aumento da UE e acima da média comunitária de 30,5%. No mesmo período, o diesel nacional aumentou 15%, outra vez a sexta maior subida e acima do acréscimo médio de 14,6%. Após o pico do petróleo, as cotações desceram de forma sustentada até ao final do ano, o que se reflectiu na evolução dos combustíveis. Os preços nacionais, sem impostos, baixaram 24%, menos que a média europeia (- 26%), embora o país esteja a meio da tabela em termos de descidas. No gasóleo, Portugal está entre a metade que desceu menos o preço final (12,8%) e com uma baixa inferior à média da UE (14,3%).
Já tinha referido que o trabalho do Elias tinha sido muito interessante...
eu tenho duas questões relacionadas...
1. se o preço do petróleo é responsável por 33% do preço pago na bomba, então pq é que até julho os preços acompanharam a subida do crude?
2. Se uma subida de 10% no crude corresponde a um aumento de 15% no preço da gasolina, então uma descida de 40% (do índice 110 para o indíce 80) representa uma queda inferior a 15%?
Algo não bate bem neste conjunto, e se de facto a explicação dada pelo Dj é a verdade, não há razão para esses custos serem passados para o consumidor final...
Já agora... o que é que a DECO está a fazer neste assunto?
Um abraço
Nuno
eu tenho duas questões relacionadas...
1. se o preço do petróleo é responsável por 33% do preço pago na bomba, então pq é que até julho os preços acompanharam a subida do crude?
2. Se uma subida de 10% no crude corresponde a um aumento de 15% no preço da gasolina, então uma descida de 40% (do índice 110 para o indíce 80) representa uma queda inferior a 15%?
Algo não bate bem neste conjunto, e se de facto a explicação dada pelo Dj é a verdade, não há razão para esses custos serem passados para o consumidor final...
Já agora... o que é que a DECO está a fazer neste assunto?
Um abraço
Nuno
djovarius Escreveu:Se isto for uma fantasia, haverá outra explicação que não vislumbro, senão, há muita incompetência que merecia um esclarecimento por parte dos responsáveis.
Em todo o caso... pagamos nós !!
Eu receio que a tua explicação colocada como hipótese pode muito bem corresponder á realidade, embora seja de admitir outros motivos difíceis de vislumbrar.
Na minha opinião existe neste caso como em muitos outros da nossa economia algo muito comum que está na base dos preços elevados ao consumidor final. Refiro-me a uma mentalidade/preconceito proteccionista, egoísta e conservadora relativamente á competitividade e gestão do negócio do sector empresarial, industrial e comercial.
Essa mentalidade resistente aos mercados abertos, pouco condizente com a concorrência e mal preparada relativamente á competitividade, residente entre nós é sustentada desde os políticos, empresários e gestores, até ao mais pequeno comerciante.
Se tomarmos e analisarmos como exemplo de forma simplificada a formulação de um preço final ao consumidor de um dado produto ou artigo, temos: Despesa/Custos+Margem+Impostos = Preço Final.
Os impostos regra geral são iguais para todos nomeadamente entre sectores logo não devem(deveriam) ser motivo de justificação do nível de preços impostos ao consumidor.
O nível de despesa/custos de produção ou serviços num mercado pouco competitivo como o nosso é de certa forma equiparada, dado que existe pouca concorrência e competitividade, digamos que casos em que fujam á regra poderão ser derivados por falta de competência ou capacidade de gestão, salvo algumas excepções.
Resta a Margem, que se traduzirá no lucro do negócio e é aqui na minha opinião que existe muita resistência e falta de visão por parte dos responsáveis políticos, empresários, gestores e comerciantes.
Em Portugal existe a ideia generalizada de que a Margem do negócio é intocável, algo imprescindível e vital para o sucesso do negócio. De certa forma é, mas não da forma como lhe atribuímos importância.
Num mercado aberto, competitivo de uma economia forte as margens de lucro são reduzidas, a despesa/custo é combatida fortemente e controlada, estimula-se a imaginação e visão do negócio, inova-se e as empresas são mais competitivas, os preços ao consumidor tendem a condizer com a realidade e capacidade da sociedade.
O contrario do que se passa em mercados pouco competitivos, proteccionistas de economia fracas como é o nosso caso. Entende-se a despesa/custo como um dado adquirido, os impostos existem como em todas as economias sejam baixos ou elevados, as margens são intocáveis e vitais logo tem de ser traduzida no preço e se o consumidor não tem opção e paga, então existem todas as condições de forma a sustentar uma mentalidade pouco expansiva, proteccionista e sobretudo resistente á mudança.
Esta infeliz realidade representa ainda uma maioria da nossa economia e industria, mas felizmente existe uma outra parte em Portugal que vive e desenvolve noutra realidade mais competitiva e desenvolvida e que corresponde a uma importante percentagem em termos da nossa balança comercial.
Refiro-me como é evidente aos sectores e empresas de exportação que vive e competem diariamente com países e mercados extremamente competitivos e difíceis, sejam eles evoluídos ou de baixo custo. Aqui (no meu caso também) sofre-se diariamente, as exigências são elevadas, os custos ferozmente combatidos, os impostos pagos e controlados de acordo com a lei portuguesa, o investimento em materiais e equipamento moderno é permanente e as margens reduzidas.
Como sobrevivemos e conseguimos vencer?!... Simples, não existe segredo algum... Com determinação, inovação, abertos á mudança (mesmo que resistisse-mos o mercado assim obriga) e sobretudo seguros de que não é a margem do negócio que dita a nossa sobrevivência, mas sim a nossa capacidade competitiva.
Enquanto os nossos políticos, intelectuais e gestores ou empresários dados como competentes e de grande capacidade resistirem e não combaterem esta mentalidade residente entre a nossa sociedade do mais intelectual ao mais leigo, dificilmente o nosso estado melhorará mesmo que a nossa economia cresça a um ritmo lento como é o actual... É tudo uma questão de tempo até uma nova recaída.
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