CTT é uma ação que n
ão detenho há 4 anos e que não vou deter a curto prazo, mas com um contexto tão esmagador que estes últimos resultados despertaram a atenção dos investidores (não pelos melhores motivos).
Apesar do monopólio da distribuição de correio (à semelhança das operações Post NL e USPS), não ter sofrido por cá uma queda % tão grande e de manter margens operacionais interessantes, a realidade é que o caminho inexorável é de quedas acentuadas na facturação. As mesmas a) não serão completamente cobertas pelos negócios alternativos correlacionados - serviços expresso, entregas de mercadorias; b) as margens desses negócios serão % inferiores e sem barreiras à entrada; c) o risco vai aumentando com a diversificação.
Bem pior que outras operações Europeias e Asiáticas melhor geridas e diversificadas, a operação USPS (United States Postal Services), num estado mais avançado de degradação do negócio core (gráficos), demonstra a impossibilidade de os CTT existirem, na forma actual, daqui a 10 anos.
A equipa de gestão, após a privatização, adoptou uma estratégia arrojada mas que falhou em toda a linha (agora nem um nova gestão conseguiria alterar matricialmente o rumo):
1 - desinvestimento na rede física (fecho de lojas e despedimentos volumosos): Reduziu custos mas perdeu penetração e clientes, destruiu Imagem pública e credibilidade.
2 - Sobrecustos em cima do contrato de concessão. Custos retirados dos negócios complementares : Procurava-se demonstrar que a estratégia da gestão era a correta (que o banco e os novos negócios iam alavancar lucros), por outro lado "provar" que os valores tabelados no contrato de concessão deveriam ser aumentados anualmente bem acima da inflação. Falhou também porque a ANACOM desmontou rapidamente os cost allocation dos CTT
3 - Alocação e alavancagem errada do volume de cash: Para mitigar a redução de receitas e lucros, adquiriram negócios de crédito de automóveis (sobretudo usados), e na assumpção de créditos/"factoring" de empresas de uma forma crescente. Aquilo que numa época de expansão macro aporta bons resultados, na próxima recessão vai levar ao fim do Banco (e dos CTT?), isto porque a quase totalidade das viaturas financiadas são a diesel e a gasolina e os clientes vão abdicar facilmente das prestações de carros que vão valer zero a médio prazo. Em menor escala, os créditos empresarias assumidos, de uma forma lata, vão ser parcialmente incumpridos ou renegociados. Crédito imobiliário será o menor dos maiores problemas num contexto recessivo (e mesmo assim...)
Apesar de inserida num canal descendente, no curto prazo a ação está oversold e pode valorizar até 12%, mas o determinante posicionamento dos Institucionais poderá levar a quedas suaves e sincronizadas no médio prazo.
As únicas 2 Soluções altamente especulativas para 2020 que podem salvar a ação (1,5 / 5,52):
1 - Gestão forçar, exacerbar uma
guerra com a ANACOM e Governo (apesar de ir fingindo que é a vítima e que quer deseperadamente manter o contrato de concessão), incentivando, iludindo o Governo a intervir mediante a RENACIONALIZAÇÃO DOS CTT. Num momento anterior AnaCOM indica que vai retirar contrato de concessão, inicia-se uma batalha mediática e judicial, e logo a seguir, o Governo pressionado pelo risco de débacle do serviço e dos custos de extinção (é impossível montar operação alternativa de distribuição de correios, sem racional económico, em menos de 1 ano), nacionaliza a operação. O valor indemnizatório não deve - por questões históricas e de legitimidade - ser inferior ao valor da OPV original do Estado Português » 5,52 euros (bom negócio quando a ação estiver cotada a 1,5€ ou abaixo).
2 -
OPA por 1 ou 2 institucionais actuais quando a ação estiver cotada a 1,5 ou abaixo para retalhar e alienar todos os activos de todos os sectores (como Raiders), e simultaneamente negociar com o Estado a "nacionalização" por 5,52€/ação - sempre e em todo o lado a
protestarem muito contra a "vergonha" dessa nacionalização e a acionarem judicialmente o Estado em milhares de processos requerendo indemnizações centi milionárias.
Variáveis políticas (a soberba e a burrice quase inevitável do Governo), variáveis regulatórias (arcaísmos e anacronismos da ANACOM) e variáveis económicas (custo/oportunidade dos activos, timeline do ciclo macro económico), podem dar esta oportunidade muito interessante a médio prazo (2020 onwards). De
ALTISSIMO enormissimo RISCO contudo!
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