Re: Fundos à la carte
Enviado: 2/3/2014 3:05
BedRock Escreveu:CoimbraPT Escreveu:Posso estar a cometer uma grave gafe, mas estamos a comparar um fundo alavancado e outro não alavancado, correcto? Assim sendo, a comparação não devia ter este factor mais em consideração?
@Rick: Estive a pesquisar mais sobre as classes dos fundos, mas apenas encontro as classes A,B e C. Podes-me indicar onde ler sobre as classes que referem aqui, sff (E, D, etc). (A análise do Chico ajuda-nos a perceber todos os factores a ter em consideração e dá-nos um bom exemplo de uma abordagem de análise.)
@CoimbraPT:
O fundo da BlackRock está alavancado, como referi, e o da Franklin não é alavancado. A alavancagem de um fundo vê-se através do separador carteira na Morningstar e no quadro do Asset Allocation. Se a % total das ações fôr superior a 100%, então o fundo está alavancado e na parcela "outro" por baixo da parcela "liquidez" deve estar um valor negativo correspondente ao valor que supera os 100%, porque a soma das 4 parcelas (ações, obrigações, liquidez e outro) deve ser matematicamente igual a 100%, como é lógico.
Não há nenhum problema estatístico em comparar um fundo alavancado com outro que não está. A alavancagem deve ser utilizada especialmente nas situações de rallies de upside (em alta bolsista) prolongados. A alavancagem num fundo é como o acelerador de um automóvel em que se deve acelerar a fundo no inicio de uma subida acentuada e prolongada da estrada, enquanto que a liquidez/cash de uma carteira funciona como o travão do carro nas situações de downside bolsista acentuado ou das estradas com fortes declives descendentes e se estas forem de extrema inclinação e prolongada, existem, lateralmente à estrada, umas rampas escapatórias ascendentes de segurança com caixa de areia para a travagem forçada, e no fundo essas rampas escapatórias podem ser produtos financeiros derivados ou alternativos, que ajudem a suavizar o afundanço da carteira.
No mercado, mesmo nas situações de bullmarkets, não podemos pôr o carro em modo automático de cruise control e assobiar para o lado à espera que o mesmo nos leve ao destino sem percalços pelo meio, pois isso no mercado não acontece. Ou seja, convém analisar diariamente (ou pelo menos semanalmente) o mercado e conduzir o carro com as mãos no volante e com mudanças manuais em vez da caixa automática, pois esta tem um certo delay de resposta às variações.
Quanto às classes dos fundos, elas são diferenciadoras para os institucionais e o pessoal do retalho e diferentes com os mínimos de subscrição e de reforço. Por exemplo, para os do retalho mais tesos para os mínimos das subscrições, a classe dos fundos da JPMorgan é a D, da BlackRock é a E, da Franklin é a N, etc. Isto das classes dos fundos é como viajar num comboio: quem não tem dinheiro para comprar um bilhete de 1ª classe, compra um de 2ª ou 3ª classe, e como, normalmente, a carruagem da 1ª classe está na parte de frente do comboio, estes "passageiros" do mercado chegam em 1º lugar ao destino (obtêm retornos, em média, superiores aos obtidos pelo mesmo fundo das classes do retalho).
Tentei dar uma explicação para os menos entendidos da matéria, e para quem sabe, passa à frente, pois uma explicação deve atingir o maior público-alvo e sem pretensões elitistas.
Nota-se que te estás a apaixonar por esta temática dos fundos e tens sofreguidão em aprenderes, e isso é bom. Nunca te acanhes de colocar questões ou dúvidas que alguns elitistas podem considerar menores, porque no passado esses mesmos doutores, porventura, já colocaram também questões menores.
Abr,
BedRocK
BR, gostei da tua resposta, principalmente usando a metáfora do carro.
(E também porque era mais curta e simples de ler, fizeste bem em simplificar o conteúdo, para ser mais abrangente. Imagina que estás a escrever na revista Deco Proteste. )