BCP/CGD
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BCP/CGD
Os dois maiores grupos do sistema financeiro nacional abandonaram uma parceria que nunca existiu e estão ostensivamente numa rota de colisão que já são incapazes de esconder.
Banca, bancos e banqueiros. Antes de criticar, é justo lembrar que este é um sector onde o país pode comparar-se com o melhor que há no mundo. Por conseguinte, também é justo reconhecer que a banca se transformou numa daquelas histórias de sucesso, em que os portugueses têm razões para se orgulhar.
Nem sempre foi assim. O nosso sistema financeiro era obsoleto. Há menos de vinte anos tinha a actividade absolutamente regulamentada. Empregava gente a mais, papel a mais, não havia informatização e os processos eram burocráticos, tipo “administração pública”.
E é importante olhar para trás, lembrar que este salto formidável implicou uma ruptura, sobretudo para comparar com a conversa que anda por aí – que é preciso uma geração para obter resultados em quase tudo.
Que só numa geração vamos colher os frutos do investimento na educação. Que é necessária uma geração para atingir a produtividade média das melhores empresas europeias. Que é numa geração que se conclui a reforma do Estado. Pois a banca (como outros casos, que felizmente existem...) demonstrou que não é preciso esperar tanto tempo. Que não é sequer possível. Pois, se na década de 80 “uma geração” tivesse sido o horizonte fixado para a mudança, os nossos bancos hoje não estavam modernos e competitivos. Estavam falidos e estavam espanhóis.
Então qual é o problema? O problema é que há três anos, pelas tristes razões que se conhecem, políticos e financeiros decidiram colocar o maior banco nacional, a Caixa Geral de Depósitos, como principal accionista do seu principal concorrente, o Banco Comercial Português.
A solução nasceu tão defeituosa que, como é óbvio, a CGD nunca participou, jamais participará, em qualquer órgão de gestão do grupo liderado por Jardim Gonçalves. Não nomeia administradores, não tem assento no Conselho Superior. Esta “parceria” criou uma entorse tão esquisita, tão esquizofrénica, que o país chegou a assistir, incrédulo, a uma desagradável “troca de galhardetes” entre os habitualmente circunspectos presidentes das duas instituições.
É evidente que não há qualquer parceria entre BCP e CGD. Nunca houve. Nem haverá. Mesmo onde, em teoria, o “tratado nacional anti-Santander” podia funcionar: união na internacionalização. A CGD foi sozinha para o Brasil. O BCP comprou na Polónia, investiu na Grécia e expandiu-se para a Turquia, sem a companhia do banco público.
Pois se o caso já estava muito estranho, ficou insustentável. A Caixa está na corrida ao catalão Atlántico, em concorrência com o Sabadel, que por sua vez é parceiro estratégico do BCP na Catalunha. António de Sousa não fala com Jardim Gonçalves e Jardim Gonçalves só fala com Durão Barroso.
Os dois maiores grupos do sistema financeiro abandonaram uma parceria que nunca existiu e estão ostensivamente numa rota de colisão que já não são capazes de esconder.
Qual é a saída? Bem, o engenheiro já a indicou, no último “dia do investidor”, ao manifestar o desejo de aumentar o “free float” na bolsa à custa das posições da CGD e da Intesa. E António de Sousa? Não diz o que lhe vai na alma, mas mostra-o no balanço. No preço a que comprou as acções e no preço a que hoje as poderia vender.
Sérgio Figueiredo
Banca, bancos e banqueiros. Antes de criticar, é justo lembrar que este é um sector onde o país pode comparar-se com o melhor que há no mundo. Por conseguinte, também é justo reconhecer que a banca se transformou numa daquelas histórias de sucesso, em que os portugueses têm razões para se orgulhar.
Nem sempre foi assim. O nosso sistema financeiro era obsoleto. Há menos de vinte anos tinha a actividade absolutamente regulamentada. Empregava gente a mais, papel a mais, não havia informatização e os processos eram burocráticos, tipo “administração pública”.
E é importante olhar para trás, lembrar que este salto formidável implicou uma ruptura, sobretudo para comparar com a conversa que anda por aí – que é preciso uma geração para obter resultados em quase tudo.
Que só numa geração vamos colher os frutos do investimento na educação. Que é necessária uma geração para atingir a produtividade média das melhores empresas europeias. Que é numa geração que se conclui a reforma do Estado. Pois a banca (como outros casos, que felizmente existem...) demonstrou que não é preciso esperar tanto tempo. Que não é sequer possível. Pois, se na década de 80 “uma geração” tivesse sido o horizonte fixado para a mudança, os nossos bancos hoje não estavam modernos e competitivos. Estavam falidos e estavam espanhóis.
Então qual é o problema? O problema é que há três anos, pelas tristes razões que se conhecem, políticos e financeiros decidiram colocar o maior banco nacional, a Caixa Geral de Depósitos, como principal accionista do seu principal concorrente, o Banco Comercial Português.
A solução nasceu tão defeituosa que, como é óbvio, a CGD nunca participou, jamais participará, em qualquer órgão de gestão do grupo liderado por Jardim Gonçalves. Não nomeia administradores, não tem assento no Conselho Superior. Esta “parceria” criou uma entorse tão esquisita, tão esquizofrénica, que o país chegou a assistir, incrédulo, a uma desagradável “troca de galhardetes” entre os habitualmente circunspectos presidentes das duas instituições.
É evidente que não há qualquer parceria entre BCP e CGD. Nunca houve. Nem haverá. Mesmo onde, em teoria, o “tratado nacional anti-Santander” podia funcionar: união na internacionalização. A CGD foi sozinha para o Brasil. O BCP comprou na Polónia, investiu na Grécia e expandiu-se para a Turquia, sem a companhia do banco público.
Pois se o caso já estava muito estranho, ficou insustentável. A Caixa está na corrida ao catalão Atlántico, em concorrência com o Sabadel, que por sua vez é parceiro estratégico do BCP na Catalunha. António de Sousa não fala com Jardim Gonçalves e Jardim Gonçalves só fala com Durão Barroso.
Os dois maiores grupos do sistema financeiro abandonaram uma parceria que nunca existiu e estão ostensivamente numa rota de colisão que já não são capazes de esconder.
Qual é a saída? Bem, o engenheiro já a indicou, no último “dia do investidor”, ao manifestar o desejo de aumentar o “free float” na bolsa à custa das posições da CGD e da Intesa. E António de Sousa? Não diz o que lhe vai na alma, mas mostra-o no balanço. No preço a que comprou as acções e no preço a que hoje as poderia vender.
Sérgio Figueiredo
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