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Caldeirão da Bolsa

A Jamaica da Europa?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Comentador » 21/10/2003 23:55

Caros Amigos,

Agradeço as vossas palavras. E fico muito satisfeito por terem gostado.

Ao djovarius quero-lhe dizer também que já respondi à sua MP.

Relativamente ao tema, quero observar que em Portugal existem sectores que são bastante importantes para determinadas regiões (caso de alguns sectores agrícolas, pecuários e de pesca) para os quais não se põe o problema de serem ou não serem motores de desenvolvimento. Mantêm-se porque são fundamentais para as populações e para o aproveitamento dos recursos existentes desde que sejam minimamente concorrenciais (alguns com apoios da EU).

Depois existem outros sectores, nomeadamente industriais, que só conseguirão estar no mercado se forem competitivos, Aqui, será fundamental a modernização tecnológica e a reestruturação, especialmente para os sectores que sofrem a forte concorrência da China e Sudoeste Asiático.

Depois existem alguns outros sectores em que somos já muito competitivos, onde interessará desenvolver ao máximo as empresas, de forma a poderem ganhar a devida dimensão.

Depois, há o Turismo de que já foquei no artigo e que aprofundarei dentro em breve.

E, finalmente, há as indústrias e serviços de marcada tecnologia avançada, de inovação contínua, de grande valor acrescentado e elevada dimensão. Aqui é que vamos encontrar os motores do desenvolvimento.

Esta é a minha opinião, extremamente esquemática e sucinta (mas não há tempo para mais).

Cumprimentos a todos

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comentário

por Razao_Pura » 21/10/2003 14:40

Olá DJ.

Acho que ainda estamos como aquele doente hipocondíaco que apesar de não padecer de nenhuma doença realmente grave mas tem todos os sintomas de quem está com os pés prá cova.

Bem, disseste coisas bastante interessantes. Relativamente ao célebre relatório de Porter que nos custou (ao país) algumas dezenas de milhares de contos na altura, e que foi dado exaustivamente nas faculdades de Economia e Gestão deste país, acho que só serviu mesmo em termos praticos para forrar a gaveta do Professor. E a responsabilidade não é só dos políticos.

Bem, quanto às potenciais vantagens competitivas dos nosso país concordo plenamente contigo. Digo até que nós temos as condições, o potencial e os recuros humanos para sermos, se quisermos, o Silicon Valley da Europa.
Existem já hoje inúmeros exemplos práticos da excelência da fileira tecnológica nacional.
Somos os primeiros numa data de coisas e muitas delas estão estreitamente ligadas com a nossa predisposição para a utilização e disseminação de tecnologia na vida do dia-a-dia.
Isso aliado a um meio académico, nesta área específica, que eu considero suficientemente inovador para ter já concebido várias soluções tecnológicas com potencial comercial.
Espero que não fiquemos por aqui!
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por djovarius » 21/10/2003 14:11

Grande Comentador ataca de novo... e bem !
(a propósito, recebeu a minha MP??)

Bom, nada como ter passado uns tempos fora de Portugal, de forma intermitente, mas nos últimos tempos, de forma permanente (eu falo de euros e dólares, mas nunca vi um Euro-papel, só em bits :( ) para chegar a uma conclusão!
Na maioria dos países, maiores ou menores, fortes ou fracos, está a dar-se uma grande importância a problemáticas importantes:
Desenvolvimento económico e social.
Mercados financeiros.
Democracia e justiça social.
Avanço tecnológico.
Água potável e meio ambiente.
Movimentos migratórios.
Violência e segurança.
Novos rumos da Educação.

E poderia prolongar-me mais.
Mas o que vejo, graças à Internet, nos jornais portugueses, nas Rádios e na TV, o povo português está cada vez mais afastado do mundo actual e com essa coisa da pedofilia e da política, que já virou novela rasca, eu atrevo-me a dizer que o pessoal está a ficar, sim, cada dia mais ALIENADO !!
Nem com as discussões de Café sobre futebol eu tinha um sentimento tão ruím !!
Talvez por estar longe, eu esteja enganado. É possível, claro, mas essa é a sensação que fica, quando vemos os media, os fóruns, etc, etc...

Um abraço a todos e parabéns ao Comentador

Ah, e uma notinha final: para que é que serviram os célebres relatórios Porter sobre Portugal?
Bastava ter acreditado numa coisa simples !! Se Portugal é bom no desenrascanço, ao menos que o use como vantagem competitiva. Poucos devem ter percebido a substância desta ideia.
Mas, por mim, além do Turismo, como boa ideia, só vejo como solução, clusters tecnológicos e indústrias "clean" !!
Nem pensem em concorrer com o terceiro-mundo em texteis e em produtos agrícolas !!
Queria ver se em Portugal se pode vender meia dúzia de camisas de boa qualidade por uns 3 contitos ou se se pode vender uma arroba de batatas por uns trezentos e tal "mérreis" !!

tchau
dj
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por Lion_Heart » 21/10/2003 13:27

Bem,este tema fascina-me e acho que ja escrevi aqui alguns posts sobre o assunto.A resposta é facil,Portugal e os Portugueses gostam é do facilitismo,do deixa andar,das cunhas ,dos "amigos".Enfim quanto menos se trabalhar e mais se ganhar melhor,por isso é que isto nao avança.Porque as pessoas quando saem das universidades querem é ser funcionarios publicos porque recebem sempre,tem emprego estavel e fazem pouco,ninguem quer criar a sua empresa,pois isso dá trabalho e dores de cabeça.Ai é que esta o problema,os Portugueses sao medricas e apesar de serem latinos não tem a mesma garra que outros Paises como por ex. os espanhois.
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por Razao_Pura » 21/10/2003 13:19

Aproveito para lhe dizer que sou grande fã dos seus escritos!

Bem, nem calcula como revi a minha ideia do nosso país naquilo que escreveu.

Qual é o país da Europa que não é bom para passar férias, hoje em dia? Nenhum. Com a livre circulação e o Euro, o turismo já não se pode considerar um negócio exclusivo da Europa mediterrânica.

De qualquer forma, quanto mais anos vão passando mais andamos para trás. Nos últimos tempos a situação política e económica portuguesa tem sido um prato cheio para a imprensa estrangeira, da qual eu destacaria alguns artigos que saíram no El País.
E eu pergunto-me: o que é que nos falta como país para nos desenvolvermos? O que é que os outros têm que nós não temos?
A diferença está nas pessoas. Tem que estar. Não acho que sejamos menos, trabalhadores, menos aptos, menos cultos, menos versáteis, menos profissionais do que qualquer outro povo e, no entanto, porque não conseguimos ser eficientes, visionários, empreendedores, temerários? Porque continuamos agarrados à ideia que antigamente é que era, que descobrimos meio mundo e que tivemos foi azar....

Não temos nenhumas adversidades contra nós: climatéricas, de relevo, de isolamento geográfico, e recursos naturais, de sistema político...
Porque é que não conseguimos?

Não tenho nenhum complexo de inferioridade, nem acho que sou daquelas pessoas que passam a vida a dizer que isto é um país de m.... e que lá fora é que é bom, no entanto, para mim não deixa de ser um mistério a razão pela qual não conseguimos dar o salto qualitativo que temos que dar e que andamos a adiar há séculos.

Acho que isto saiu mais à laia de dasabafo, mas pronto, espero que me desculpe.

Cumprimentos!
R.P.
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por Comentador » 21/10/2003 12:54

Caro Visitante,

Há Países que são bons para passar férias e outros não.

Mas, muitas vezes, os Países óptimos para passar férias têm fraco desenvolvimento económico e uma resistência muito grande à mudança. Tenho pena, mas é o caso da Jamaica.

Portugal deve desenvolver o turismo, mas nunca fazer dele “o motor para relançar a economia nacional”, embora pessoas de grande capacidade o estejam actualmente a defender.

Mas penso que o nosso espírito crítico não deve “deixar passar” certas coisas, que se podem tornar dogmas.

Uma boa discussão seria a seguinte:

Como é que se consegue, com uma mesma pessoa, produzir mais valor?

Um abraço

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por Visitante » 21/10/2003 11:46

Se conseguissemos, já não seria nada mau...
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A Jamaica da Europa?

por Comentador » 21/10/2003 11:29

A Jamaica da Europa?


Vagamente sonolento, olhando o horizonte sob o telheiro de casa, o meu pensamento deambula por diversas situações desconexas, contraditórias e absurdas. Neste domingo chuvoso, fica paradoxalmente mais claro, que o nosso País está cada dia que passa mais bizarro, menos pujante, numa defensiva triste, economicamente em baixo, embora sabendo que tem potencialidades para mais, mas que não as desenvolve.

A nossa vida pessoal e colectiva deve ser positiva e afirmativa. O tempo urge e Portugal precisa realmente de se encontrar e fazer pela vida.

Picasso dizia que não sabia o que era o génio nem quando ele se manifestava. Tinha era a certeza que, se o tal génio aparecesse, o apanharia sempre a trabalhar. Talvez seja o que nos falta, não o génio, mas trabalhar com determinação e com verdadeiros objectivos, porque assim talvez o tal… digamos talento apareça. Ou, simplesmente, a nossa capacidade se manifeste.

Enquanto, junto a mim, os meus dois cães roem deleitados os seus ossos, dei comigo a pensar que é importante desligar do ambiente negativo que nos rodeia a todos e trilhar com pé firme o caminho que achamos mais promissor. Por mim, já decidi: vou dar o meu melhor naquilo que gosto e sei fazer e vou recusar o espírito de inferioridade, de divergência que o nosso País assume, por exemplo, em relação a toda a Europa comunitária. Não, eu não quero esperar por 2006 para começar talvez a convergir!

Claro que, com os empresários que temos, ainda por cima mal habituados pelo Estado, não é fácil apostar numa direcção segura de melhoria de competência e inovação empresarial. Ganhar uns milhões aqui e investir outros milhões ali, não chega. É necessária uma verdadeira capacidade de intervenção em sectores e indústrias que realmente aumentem o nosso produto e melhorem os nossos rendimentos. Manter, ao arrepio das forças de mercado, os principais centros de decisão empresarial em mãos portuguesas é, portanto, não só uma impossibilidade mas também uma insensatez.

O que o País precisa é de captar investimento estrangeiro a sério, de elevada tecnicidade, com grande valor acrescentado e em sectores que permitam evolução tecnológica e crescimento. Penso que não interessa muito ter inúmeros processos de investimento estrangeiro em análise burocrática, precisamos é de 3 ou 4 projectos de elevada dimensão e tecnicidade, o que deveria constituir um verdadeiro objectivo nacional.

E os sectores que têm futuro e em que já somos bons, devem também ser desenvolvidos, sem deixar de acautelar devidamente as particularidades regionais.

Quanto ao Turismo, essa nova quimera portuguesa, tão em moda e tão em voga, para que não se torne o desencanto das próximas décadas, não vamos pensar que será a galinha dos ovos de ouro. Porque não vai ser. Claro que é um sector muito importante, a vários níveis, que espero que cresça todos os anos. Mas nunca pode ser a base da nossa economia. Não me digam que queremos ser a Jamaica da Europa!?

Um abraço

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