NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - III
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Hum...
Interessantes as narrativas...
---Tudo o que for por mim escrito expressa apenas a minha opinião pessoal e não é uma recomendação de investimento de qualquer tipo---
https://twitter.com/JCSTrendTrading
"We can confidently predict yesterdays price. Everything else is unknown."
"Every trade is a test"
"Price is the aggregation of everyone's expectations"
"I don't define a good trade as a trade that makes money. I define a good trade as a trade where I did the right thing". (Trend Follower Kevin Bruce, $5000 to $100.000.000 in 25 years).
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"We can confidently predict yesterdays price. Everything else is unknown."
"Every trade is a test"
"Price is the aggregation of everyone's expectations"
"I don't define a good trade as a trade that makes money. I define a good trade as a trade where I did the right thing". (Trend Follower Kevin Bruce, $5000 to $100.000.000 in 25 years).
NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - III
NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - I Parte
http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... highlight=
NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - II Parte
http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... o+trov%E3o
NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - III Parte
À memória do meu velho amigo Cipriano Martins, que esteve presente na minha aproximação decisiva aos mercados de capitais.
Dedico ainda estes apontamentos a todos os companheiros de especulação.
Um agradecimento especial à minha amiga e conterrânea Su, que com o seu comentário me incentiva a esta publicação.
Por último (the last, but not the least) a quantos com o seu "feed-back" me estimulam a continuar.
Rota de colisão
Em aeronáutica os desatares acontecem, normalmente, pela conjugação de múltiplas falhas e não pela simples ocorrência de uma delas. Refiro-me a falhas técnicas. Todavia um simples erro humano pode originar uma tragédia!
Na bolsa algo de semelhante acontece. As condições de mercado podem, só por si, não determinar uma catástrofe para o especulador. Mas uma certa forma de estar do “trader”, mormente no que concerne a dificuldades de lidar com emoções, pode ser desastrosa.
Um melhor ou pior controle das emoções é, estou cada vez mais convicto, determinante para quem se envolve nos mercados de risco. Não é por acaso que existe muito material escrito sobre essa matéria, a que infelizmente o “tolo” presta pouca atenção.
Arrisco mesmo a dizer que o bom domínio de conhecimentos, quer na vertente fundamental, quer na técnica, não são suficientes, tão pouco decisivos, para o sucesso na negociação. Diria antes que, para obter sucesso, é condição SINE QUA NON um perfeito controle emocional.
Só quem já sentiu a “paralisia da perplexidade” face à evolução do mercado contra uma posição tomada, entenderá na perfeição o que quero dizer.
Retomando o rumo dos acontecimentos, revejamos alguns dos ingredientes que vínha referindo no último capítulo.
Comecemos por relembrar a “deixa” das minhas certezas quanto ao domínio da movimentação dos mercados.
Depois, a minha situação liquida constituía-se por mais êxitos (uns magros tostões) que insucessos, traduzindo-se num saldo que era até positivo. Este é um ingrediente de grande impacto para um “tolo”, pela carga extremamente negativa que envolve.
Sentia-me, de facto um ás, um guerreiro preparado para todos os combates.
Nessa época eu estava a atravessar uma forte crise emocional. Ao invés de, com isso, pretender justificar os meus erros, tenciono, bem pelo contrário, alertar para o significativo, senão mesmo decisivo, peso desse factor (o emocional) para quem negoceia nos mercados.
Apesar da tal situação liquida positiva, invadia-me, um desconfortável mal-estar, provocado pela vertiginosa ascensão do “papel” das empresas tecnológicas (nomeadamente da PTM, para falar duma estrela, a cotar-se acima dos 100 €, quando eu as alienara (como se recordam) a cerca de 40 €.
As histórias dos triunfadores multiplicam-se. Constantemente oiço referências (não me cabe julgar se verdadeiras ou falsas, mas sim o impacto que produzem num “tolo”) a quem está a ganhar muito dinheiro.
A ansiedade do lucro rápido e fácil, começam a tomar conta de mim. À minha volta todo um clima de crescente euforia impele-me para o passo seguinte.
Estava farto de ganhar ninharias. Tinha de ser mais agressivo. Podia, tirando partido da minha reputação bancária, alavancar os meus investimentos.
Não hesitei. Contra todos os mais elementares princípios, usando a facilidade de acesso ao crédito, constituí um contrato de conta corrente caucionada.
E será a PTM a minha primeira grande compra. A um preço ainda aceitável.
Para concluir o cenário, localizemos os acontecimentos no tempo.
Estamos em finais de Fevereiro de 2000. Os mercados estão próximos da exaustão, denunciam-no os sucessivos “gap’s”. Um olhar de relance nos respectivos gráficos é mais que suficiente para obter essa leitura. São ao Bull teimosamente a puxar o mercado, e os “gordos” a “despejar” com preciosas mais-valias.
Estou a ver as duas filas: a dos “tolos” (nesta fase também conhecidos por “patos”), a dos “gordos”. A minha posição não é difícil adivinhar.
A minha fila caminha perpendicularmente à dos “gordos”. Estes estão refasteladamente sentados e, deitado baforadas de fumo dum charuto cubano que ostentam, vão servindo cada um dos tolos com papel que retiram dos baldes à sua volta. O som ensurdecedor das campainhas das registadoras que se abrem e fecham freneticamente faz-se sentir.
Ali vou eu, muito mais convencido que divertido, engrossando a fila dos “tolos”. Aproveito para meter conversa com o “tolo” que vai à minha frente. Nunca vi a criatura, que, por sinal, fala fluentemente a minha língua, e é quanto baste.
Espero desesperadamente irrequieto a minha vez. É a hora do tudo ou nada!
O senhor gordinho que me serviu, era duma simpatia sem limites. Exibia um sorriso que quase lhe disfarçava nuca pelada. Quis ser simpático. Ainda tive tempo de lhe recitar:
PTM nossa que estás na bolsa,
abençoadas sejam as tuas cotações.
Venham a nós as tuas mais-valias,
seja feita a nossa vontade, aqui como na bolsa!
O nasdaq de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas derrapagens,
assim como nós perdoamos os especuladores.
E não nos deixeis cair na desgraça,
mas livrai-nos de toda a menos-valia.
Amen!
Trlim-tim. Abriu-se a gaveta da registadora, donde saltaram, amarrotadas, algumas notas de dez contos, que ele ajeitou aconchegando-as às que acabara de receber.
E vi a PTM subir aos cento e trinta e muitos. Para quem tinha subido até ali, muito mais teria ainda para subir.
Mas isso nem ficava sequer por aqui. Os “tolos” têm uma atracção fatal pelo abismo (abissus abissum).
Voltei a tomar posição na fila. Um outro gordinho, mas não menos simpático, me serviu: PAD, Cofina, Reditus e tudo o mais que estava na moda... Foi um tal encher o saco, deixando o senhor gordinho mais aliviado (ou, se preferirem, “mais-valiado”).
Enfim. Estava servido.
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NA BOLSA, COMO NA VIDA, TOLOS (PATOS) SÃO OS OUTROS - III Parte
À memória do meu velho amigo Cipriano Martins, que esteve presente na minha aproximação decisiva aos mercados de capitais.
Dedico ainda estes apontamentos a todos os companheiros de especulação.
Um agradecimento especial à minha amiga e conterrânea Su, que com o seu comentário me incentiva a esta publicação.
Por último (the last, but not the least) a quantos com o seu "feed-back" me estimulam a continuar.
Rota de colisão
Em aeronáutica os desatares acontecem, normalmente, pela conjugação de múltiplas falhas e não pela simples ocorrência de uma delas. Refiro-me a falhas técnicas. Todavia um simples erro humano pode originar uma tragédia!
Na bolsa algo de semelhante acontece. As condições de mercado podem, só por si, não determinar uma catástrofe para o especulador. Mas uma certa forma de estar do “trader”, mormente no que concerne a dificuldades de lidar com emoções, pode ser desastrosa.
Um melhor ou pior controle das emoções é, estou cada vez mais convicto, determinante para quem se envolve nos mercados de risco. Não é por acaso que existe muito material escrito sobre essa matéria, a que infelizmente o “tolo” presta pouca atenção.
Arrisco mesmo a dizer que o bom domínio de conhecimentos, quer na vertente fundamental, quer na técnica, não são suficientes, tão pouco decisivos, para o sucesso na negociação. Diria antes que, para obter sucesso, é condição SINE QUA NON um perfeito controle emocional.
Só quem já sentiu a “paralisia da perplexidade” face à evolução do mercado contra uma posição tomada, entenderá na perfeição o que quero dizer.
Retomando o rumo dos acontecimentos, revejamos alguns dos ingredientes que vínha referindo no último capítulo.
Comecemos por relembrar a “deixa” das minhas certezas quanto ao domínio da movimentação dos mercados.
Depois, a minha situação liquida constituía-se por mais êxitos (uns magros tostões) que insucessos, traduzindo-se num saldo que era até positivo. Este é um ingrediente de grande impacto para um “tolo”, pela carga extremamente negativa que envolve.
Sentia-me, de facto um ás, um guerreiro preparado para todos os combates.
Nessa época eu estava a atravessar uma forte crise emocional. Ao invés de, com isso, pretender justificar os meus erros, tenciono, bem pelo contrário, alertar para o significativo, senão mesmo decisivo, peso desse factor (o emocional) para quem negoceia nos mercados.
Apesar da tal situação liquida positiva, invadia-me, um desconfortável mal-estar, provocado pela vertiginosa ascensão do “papel” das empresas tecnológicas (nomeadamente da PTM, para falar duma estrela, a cotar-se acima dos 100 €, quando eu as alienara (como se recordam) a cerca de 40 €.
As histórias dos triunfadores multiplicam-se. Constantemente oiço referências (não me cabe julgar se verdadeiras ou falsas, mas sim o impacto que produzem num “tolo”) a quem está a ganhar muito dinheiro.
A ansiedade do lucro rápido e fácil, começam a tomar conta de mim. À minha volta todo um clima de crescente euforia impele-me para o passo seguinte.
Estava farto de ganhar ninharias. Tinha de ser mais agressivo. Podia, tirando partido da minha reputação bancária, alavancar os meus investimentos.
Não hesitei. Contra todos os mais elementares princípios, usando a facilidade de acesso ao crédito, constituí um contrato de conta corrente caucionada.
E será a PTM a minha primeira grande compra. A um preço ainda aceitável.
Para concluir o cenário, localizemos os acontecimentos no tempo.
Estamos em finais de Fevereiro de 2000. Os mercados estão próximos da exaustão, denunciam-no os sucessivos “gap’s”. Um olhar de relance nos respectivos gráficos é mais que suficiente para obter essa leitura. São ao Bull teimosamente a puxar o mercado, e os “gordos” a “despejar” com preciosas mais-valias.
Estou a ver as duas filas: a dos “tolos” (nesta fase também conhecidos por “patos”), a dos “gordos”. A minha posição não é difícil adivinhar.
A minha fila caminha perpendicularmente à dos “gordos”. Estes estão refasteladamente sentados e, deitado baforadas de fumo dum charuto cubano que ostentam, vão servindo cada um dos tolos com papel que retiram dos baldes à sua volta. O som ensurdecedor das campainhas das registadoras que se abrem e fecham freneticamente faz-se sentir.
Ali vou eu, muito mais convencido que divertido, engrossando a fila dos “tolos”. Aproveito para meter conversa com o “tolo” que vai à minha frente. Nunca vi a criatura, que, por sinal, fala fluentemente a minha língua, e é quanto baste.
Espero desesperadamente irrequieto a minha vez. É a hora do tudo ou nada!
O senhor gordinho que me serviu, era duma simpatia sem limites. Exibia um sorriso que quase lhe disfarçava nuca pelada. Quis ser simpático. Ainda tive tempo de lhe recitar:
PTM nossa que estás na bolsa,
abençoadas sejam as tuas cotações.
Venham a nós as tuas mais-valias,
seja feita a nossa vontade, aqui como na bolsa!
O nasdaq de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas derrapagens,
assim como nós perdoamos os especuladores.
E não nos deixeis cair na desgraça,
mas livrai-nos de toda a menos-valia.
Amen!
Trlim-tim. Abriu-se a gaveta da registadora, donde saltaram, amarrotadas, algumas notas de dez contos, que ele ajeitou aconchegando-as às que acabara de receber.
E vi a PTM subir aos cento e trinta e muitos. Para quem tinha subido até ali, muito mais teria ainda para subir.
Mas isso nem ficava sequer por aqui. Os “tolos” têm uma atracção fatal pelo abismo (abissus abissum).
Voltei a tomar posição na fila. Um outro gordinho, mas não menos simpático, me serviu: PAD, Cofina, Reditus e tudo o mais que estava na moda... Foi um tal encher o saco, deixando o senhor gordinho mais aliviado (ou, se preferirem, “mais-valiado”).
Enfim. Estava servido.
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