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(off-topic) Bio-tecnologia em Portugal

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(off-topic) Bio-tecnologia em Portugal

por Visitante » 11/7/2003 19:15

Hoje vai ser apresentada uma das primeiras empresas de biotecnologia em Portugal...
por agora ainda é só prestação de serviços, mas pelo que eu conheço deles não vai ficar por aqui...
Um abraço
Nunofaustino

In publico.pt
Pais Portugueses Já Podem Guardar Sangue do Cordão Umbilical
Por TERESA FIRMINO
Sexta-feira, 11 de Julho de 2003

A primeira empresa em Portugal a oferecer a possibilidade de guardar as células estaminais existentes no sangue do cordão umbilical é apresentada hoje, no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra. Chama-se Crioestaminal. Os seus serviços permitirão aos pais de recém-nascidos guardar as células estaminais do cordão umbilical logo depois do parto para, se for caso disso no futuro, serem usadas no tratamento de algumas doenças do filho.

A leucemia é uma das doenças contra as quais é possível precaver-se deste modo. As células estaminais do sangue do cordão umbilical têm a capacidade de dar origem aos vários tipos de células do sangue, incluindo os glóbulos brancos afectados por este cancro. O transplante destas células funcionará como se fosse um transplante da medula, já que é aí que se formam as células do sangue, e terá a vantagem de contornar as dificuldades de encontrar um dador compatível e o risco de rejeição pelo sistema imunitário.

Até agora, quem em Portugal quisesse guardar estas células estaminais teria de se dirigir ao estrangeiro. Os hospitais e institutos não oferecem esta possibilidade, salvo em certas excepções, nem havia qualquer empresa privada a fazê-lo. A Crioestaminal oferece a possibilidade, por 985 euros, de congelar as células durante 20 anos, com a hipótese de prolongar o contrato, diz o sócio-gerente da Crioestaminal, o bioquímico Raul Santos, de 27 anos.

O sangue deverá ser recolhido logo depois do parto, pela equipa médica. Para isso, a Crioestaminal fornece aos pais um "kit" com o material necessário, que inclui, entre outras coisas, um saco para recolha do sangue com anticoagulante. O "kit" deve ser pedido pelo menos um mês antes do parto. Em seguida, os pais deverão contactar a empresa transportadora DHL, com a qual a empresa fez um contrato, para que vá buscar a amostra à maternidade. Daí seguirá, à temperatura ambiente, dentro de um cilindro de plástico resistente, para a Bélgica, para a multinacional Cryo-Cell Europe. "A empresa transportadora faz chegar as amostras à Bélgica em 48 horas", conta Raul Santos. Já na Bélgica, do sangue retirar-se-ão as células estaminais e, se estiverem em boas condições, serão congeladas em azoto líquido, a 196 graus Celsius negativos.

Células disponíveis em 48 horas
Nos três primeiros anos, serão enviadas para a Cryo-Cell Europe, com a qual a Crioestaminal celebrou um acordo. Depois disso, a empresa portuguesa renovará ou não esse acordo, dependente se já terá condições para preservar em Portugal as células. "As tecnologias são caras e envolvem custos", diz Raul Santos. Mas as que já tiverem ido para a Bélgica, lá permanecerão.

Caso sejam necessárias para um transplante, as células estaminais serão disponibilizadas também em 48 horas, garante, por sua vez, Luís Gomes. Além de estarem disponíveis para a criança ao longo da sua vida, contornando o problema da rejeição e da procura de um dador de medula compatível, também poderão ser usadas nos seus familiares, se houver compatibilidade.

As células estaminais do sangue já não são tão indiferenciadas como certas células estaminais dos embriões: estas, sim, podem dar origem a qualquer tipo de célula de um indivíduo, sejam do coração ou do cérebro. As células estaminais do sangue já não mantêm em aberto todas as possibilidades de originar células, mas ainda podem diferenciar-se nas plaquetas, nos glóbulos vermelhos e brancos.

"Estas células são uma alternativa ao transplante de medula, quer em termos de compatibilidade, quer em termos de disponibilidade. Já foram feitos mais de 2000 transplantes de células do cordão umbilical, em todo o mundo", frisa Luís Gomes. "A grande aplicabilidade é em crianças, para alguns tipos de leucemia e alguns tipos de linfomas. Em adultos, há alguns casos de sucesso, mas não é tão garantido", explica ainda. Para o sucesso do transplante é importante haver células suficientes na amostra. Como a quantidade necessária depende do peso da pessoa, as crianças necessitam de menos.

Mas se ninguém puder guardá-las, o cordão umbilical e as suas preciosas células estaminais, vai logo para o lixo. "É um tecido que é incinerado. Nós vamos dar-lhe um melhor aproveitamento", refere Raul Santos. A recolha destas células não representa qualquer perigo para a mãe e o filho - e nem se reveste dos problemas éticos ligados à remoção de células estaminais dos embriões, pois esse procedimento é que os destrói. "É um serviço novo em Portugal. Não é inovador", diz Raul Gomes, acrescentando que há empresas a oferecê-lo nos Estados Unidos há 15 anos.

A Crioestaminal, que começou a formar-se há um ano e meio, foi formalmente criada no mês passado. O principal mentor foi o bioquímico Gonçalo Castelo Branco, que faz o doutoramento sobre células estaminais para tratar a doença de Parkinson no Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia. Fazem ainda parte da empresa os bioquímicos Luís Gomes e André Gomes e o economista Daniel Taborda. Podem obter-se mais informações sobre a Crioestaminal através do telefone 239-700377 e do "site" http://www.crioestaminal.pt .
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