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Caldeirão da Bolsa

Uma prenda em perspectiva

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Comentador » 30/6/2003 0:38

Só me admira que Alan Greenspan não tenha dito isto antes. Ele já tinha indicado que ia utilizar instrumentos não ortodoxos, mas agora diz mesmo que comprar activos financeiros (como acções) podem tornar-se medidas convencionais. O relevante é ele dizê-lo, porque já o fazia ou podia fazer por várias formas.

Mas ainda há pouco mais de um mês ele referia (é melhor em inglês): “Federal Reserve stands ready to purchase all offerings of Federal debt securities across the entire spectrum of maturity."

Assim, estamos garantidos…

Abraço

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Tem razão Andrade

por boxopen_ » 30/6/2003 0:12

Chamo só a atenção que passou-se uma situação curiosa em relação aos repos há uns dias atrás...
Num destes dias, penso que numa segunda-feira, houve um disparo quase parabólico no SP ... ninguém percebeu o que se tinha passado.
Afinal tinha sido a saída de uma notícia 'errada' sobre o Fed lançar uma op. de 53biliões em repos (o que era um perfeito disparate, comparando com os valores 'normais'). Mas o mercado lá subiu todo 'contente' ... o que me parece é que já passa de 'meio-mundo' a conhecer a táctica :D
boxopen_
 

Houve um certo dia ...

por andraderui » 29/6/2003 23:52

que até escrevi que eram as duas mãos e os dois pés!!!!!!!!!!!!!!!

Mas existiram criticas, algumas violentas!!!
Diziam certos amigos que é o mercado, é o mercado, etc.

Era importante que alguns desses nossos amigos aqui deixassem a sua opinião a alguns destes factos.

Já agora mais um link: http://www.321gold.com/fed/temp_bank_res.html

1 abraço
andrade
 
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por djovarius » 29/6/2003 23:16

Vejam bem este despacho da Reuters.
A ser verdade, torna-se oficial a mão que faz inflacionar os activos. Algo a reflectir...

BASEL, Switzerland (Reuters) - Central bankers from around the world Sunday discussed ways to prevent deflation and kick start lackluster global growth, including unorthodox policies such as buying up financial assets.

At an annual meeting of the Bank for International Settlements (BIS), bankers grappled with mounting concerns that falling prices in top industrialized nations could spiral into a deflationary cycle that undermines growth.

The strategies under discussion included setting specific targets for inflation rates as one way to prevent deflation from taking hold in advanced economies outside Asia.

Designing monetary policy to achieve a targeted inflation rate can be helpful not only to moderate price pressures, but also to boost prices when they fall too low, some said.

"Everybody was very confident about it," Gordon Richardson, former Bank of England Governor, told Reuters after the closed-door session.

"It was a theoretical discussion without any sharp corners," said Matti Louekoski, deputy governor of the Bank of Finland.

According to several central bankers attending the discussion, Federal Reserve Chairman Alan Greenspan said measures once considered unorthodox might become conventional, such as buying financial assets.

"We used to watch only commodity prices, exchange rates and interest rates, but now it seems we also have to examine or monitor asset prices," said one.

Policymakers are predicting a "gradual, sluggish pickup across the world moving into next year," Bank of England Governor Sir Edward George told Reuters on Saturday.

Uncertainties abound
But there is a lack of widespread confidence in this forecast, given already low interest rates, a falling U.S. dollar and stubbornly weak output in the major economic blocs -- Europe, the United States and Japan.

"We only expect very slow recovery, but of course we have some uncertainties that are more or less serious," Louekoski said.

Even though underlying economic fundamentals remain uncertain at best, the solid rally enjoyed by stock markets in the second quarter should be welcomed as a sign of increased investor confidence, some central bankers said.

"Clearly there is some optimism regarding the future. I take it as a good sign... If it is justified, we'll have to wait and see, but I think it may be sustainable," said Umayya Troukann, governor of the Central Bank of Jordan.

Others, however, said the gains were simply a recovery from the paltry performance at the start of the year, helped by relief at the end of the conflict in Iraq.

"We probably won't see further rapid growth in the second half," one central bank official said.

Growth this year in the world's top industrial nations is forecast at a meager 1.7 percent, according to forecasting firm Consensus Economics -- no better than last year.

The Fed last Wednesday pruned interest rates by a quarter percentage point to a 45-year low of 1 percent, and the European Central Bank trimmed rates earlier in June to a record low 2 percent.

The BIS, which acts as a forum for the world's central banks, is due to publish its 73rd annual report on Monday.

Portanto, será interessante ver como os mercados vão reagir... medo pelo assumir do fraco crescimento ou euforia por se saber que há quem não deixe os "ursos" tomarem o controlo da situação...

Um abraço
dj
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por Comentador » 29/6/2003 22:35

Caro djovarius,

Gostava de lhe dar um cumprimento especial, pois tenho acompanhado as suas intervenções aqui no Caldeirão e, sendo sempre de grande nível, têm o maior interesse prático. Estive várias vezes para intervir sobre os seus posts mas não surgiu a oportunidade pois de uma maneira ou de outra tenho estado de acordo.


Caro Bicho,

Eu estou de acordo consigo. Como decerto percebeu, o meu artigo é irónico e crítico, e embora eu tenha a convicção plena de que a política do FED tem como principal objectivo preparar com tempo as melhores condições possíveis para uma boa campanha de reeleição de Bush, não basta realmente injectar liquidez e fazer operações de open market.

Tal como não creio que as coisas possam estar “bem esquematizadas”, ainda menos acredito em qualquer “sólido crescimento e nova era de prosperidade”!!!

O que eu referi e acredito mesmo que haja toda a probabilidade de acontecer, é que seja concretizada, com atraso propositado, uma dose maciça de expansão monetária, pela muito simples razão de actualmente ela não estar a ocorrer (embora pareça).

Um abraço a ambos

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por djovarius » 29/6/2003 15:53

É um assunto deveras fascinante. Gostei muito do facto do Comentador o ter trazido aqui.
Pessoalmente, acho interessante o tema, porque se relaciona com a manipulação dos mercados.
Ora bem, quando eu falo na mãozinha marota do FED não quero dar a entender de que se trata de manipular, mas há quem assim pense e de certa forma é legítimo, porque o aumento de liquidez cria distorções nos valores dos activos, seja quais forem... ponto final !!
Agora, o FED terá já perdido um pouco a noção do que pode fazer para estimular o crescimento. A criação de moeda em ritmo acelerado ou a sua distribuição pelo sistema bancário já deu maus resultados na Alemanha pré-nazi e na América Latina pré-emergente, em épocas bem diferentes e a meio de enquadramentos macro muito distintos. A hiper inflação não é já considerada um perigo, pelo facto da oferta de bens e serviços e a capacidade instalada ser hoje a nível mundial claramente superior à procura - o tal ambiente recessivo e quase deflacionário que só o tempo pode curar, ainda mais porque o aumento de produtividade e a aplicação de novas tecnologias a todas as áreas de actividade humana e sobretudo económica, permite-nos fazer "mais por menos".
Até aqui, tudo certo, ou quase.

Em meados dos anos noventa, já era óbvia a globalização dos mercados financeiros e não só. Como tal, o FED e a generalidade dos Bancos Centrais sabia que um choque local ou regional poderia ter consequências globais, por isso havia que estar atento. Até haveria que dar respostas a problemas extra Economia.
Assim, em 1994, no decorrer da crise Tequilla do México, as autoridades monetárias não encontraram melhor resposta para acalmar os mercados do que a injecção rápida de liquidez no sistema bancário para acalmar uma possível volatilidade.
Isso havia sido experimentado no decorrer do crash de 1987, incluindo-se um corte de taxas de juro.
Em ambos os momentos, a mão santa do FED funcionou porque deu condições para que os mercados funcionassem independentemente dos choques a que estivessem sujeitos.
No final dos anos noventa, os excessos cometidos pela Rússia, Brasil e pelos tigres Asiáticos foram uma ameaça ao sistema financeiro internacional. Mais uma vez, a América deu a resposta acima mencionada, crentes de que seria uma solução que permitiria ajudar as Nações em perigo a respirarem fundo, mesmo sabendo que a conta é para pagar no fim...
O braço armado da América, o FMI é o garante das operações, permitindo que o sistema financeiro americano consiga "ajudar" os países em crise.
A confiança gerada por tal mecanismo faz devolver às nações necessitadas os capitais que haviam se posto em fuga, permitindo que a liquidez injectada na Banca Americana seja dispensável em parte, e é essa parte que tem que se deslocar (dinamismo do dinheiro-papel) para activos.
Isso permitiu a formação das chamadas bolhas, sendo a mais poderosa de todas a resultante do mecanismo preventivo do chamado Y2K, que não tendo provocado o que se temia, permitiu a maior injecção de hot money nos mercados accionistas principalmente. A bolha do Nasdaq é isso.
Tivemos depois toda a série de cortes de taxas, mais facilidade monetária, o 11 de Setembro... mas o quasro é o mesmo que já apontamos. Há coisas que só o tempo cura.
Em relação ao facto de historicamente o 3º ano de um ciclo presidencial ser bom para as acções, deve-se ao facto dos mercados terem sempre previsto que o último ano do ciclo fosse bom para a Economia... justamente para ajudar à reeleição do presidente ou à eleição do seu sucessor político !!
Mas é alguma admiração? Em Portugal não havia a prática de apertar o cinto nos primeiros anos de um governo? E de se guardar a expansão e respectivas "obras" e "inaugurações" para a véspera das eleições?? No mundo todo (mais ou menos) é assim mesmo que acontece...

Um abraço
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por Bicho » 29/6/2003 14:18

O problema talvez seja que esta prática não é nova e já provou não ser eficaz. Tens de ir buscar a injecção que houve no ano 2000 e a pós 11/9 que permitiu que o primeiro trimestrte de 2002 registasse um crescimento de 5,1%. Alguns dos economistas norte-americanos (Krogman e Roach) alertaram para o facto desta liquidez ser utilizada para fabricar bolhas e nem é uma constatação assim tão difícil de atingir, vide a bolha das acções, seguida de uma bolha no imobiliário cujos lucros foram alocados em obrigações, que estão em plena fase de bolha. Em relação ao segundo plano de injecção com compra de OT's de 10 e 30 anos, não sei e penso que ninguém possa ter certezas, que não teve o seu início. As yield's estão a níveis da década de 50 do século passado e se se fôr comprar os gráficos do início de 2002 (após os atentados) com os dos últimos meses chega-se à conclusão que são muito semelhantes. Neste ponto também temos de ter em **** as intervenções do BoJ para enfraquecer o yen, através da compra de OT10.
Os americanos habituaram-se ao dinheiro fácil, que se ganha nas bolhas, e enquanto as políticas monetárias não endurecerem não vão encarar os diversos mercados de outra forma. Não quero ir pela linha de pensamento dos fãs do ouro, que dizem que o dólar só vai valer o preço do papel, mas penso que não existem injecções "bem esquematizadas", apenas criações de bolhas "bem esquematizadas".
Um abraço
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Uma prenda em perspectiva

por Comentador » 28/6/2003 16:43

Li há dias que a “velocidade de circulação da moeda está a diminuir”. Foi numa publicação especializada altamente credível, e o articulista referiu essa expressão ao de leve, tomando-a como um dado adquirido de relevância muito negativa. A palavra moeda era referida como representando não só os chamados trocos, mas também as notas e os depósitos. Por outro lado, lá era também indicado que a pouca velocidade da moeda era um perigo para a economia americana, especialmente na situação em que se encontra. Ora, com os americanos a terem uma gorda fatia do Produto Mundial, é certo e sabido: se eles ficam engripados nós apanhamos uma pneumonia dupla. Será que isto se pode tornar grave?

Tentando pensar um pouco, eu tenho vindo a constatar que as notas e moedas saem da minha carteira de forma cada vez mais rápida e que a velocidade do esvaziamento da minha conta bancária é crescente e muito superior à desejável. Ora isto, parece-me, é exactamente o contrário do que o autor da notícia refere. Mas se é um perigo, como ele diz, então isso impõe uma investigação imediata da minha parte. É que a tal velocidade da moeda a diminuir e o meu dinheiro a desaparecer rapidamente pode constituir uma mistura infernal, de consequências imprevisíveis.

Pois tendo sido exactamente isso o que eu fiz, são os resultados concretos das minhas pesquisas que ponho à vossa disposição.

Como sabem, a velocidade de circulação da moeda consiste no número de vezes que a massa monetária circula na economia durante um ano. Se existe um ritmo lento de dispêndio de dólares ou euros, então aquela velocidade será baixa. Tecnicamente, corresponde à relação entre o Produto Interno Bruto de um país e a moeda em circulação (PIB/M).

O que temos vindo a observar nos EUA, é uma continuada utilização de uma política monetária expansionista, centrada especialmente no aumento do crédito bancário. O objectivo é o crescimento sustentado do produto e o aumento do emprego, o que manifestamente ainda não foi conseguido, pois o consumo mantém-se globalmente fraco e mesmo com a grande diminuição de juros os gastos de investimento das empresas desceram 5% nos últimos 12 meses. Mas como a massa monetária tem aumentado, as cotações das acções têm subido, ajudadas em muito pelas expectativas optimistas.

Ora bem, com o aumento da moeda em circulação M, e com o PIB americano a subir muito pouco, a velocidade da moeda está a descer. Quer dizer, quanto maior for a expansão de liquidez sem que o PIB aumente adequadamente, menor é a velocidade da moeda e maior é o perigo de catástrofe financeira. Ainda por cima, parece que há uma 2ª fase de medidas monetárias expansionistas, mesmo à espera de arrancar (aquisição pelo FED de obrigações do Estado a longo prazo de 10 e 30 anos).

No entanto, se as coisas forem bem esquematizadas, tamanhas injecções de liquidez vão continuar a fazer subir as bolsas, e mais tarde ou mais cedo, permitirão que, de forma sequencial, suba o consumo, baixem os juros de médio/longo prazo, seja induzido o crescimento do investimento das empresas, e se consolidem grandes aumentos do PIB. Por outro lado, haverá uma descida adequada do dólar (sim, porque o Japão e a China dão uma ajudinha e a União Europeia não está para aventuras) e a inflação não aumentará demasiado (deflação, essa passou à história!). É, pois, o caminho aberto para um sólido crescimento e nova era de prosperidade, onde será visível um grande aumento da velocidade de circulação da moeda (!). Hip hip hurrah!!! E eu que julgava que até podíamos cair numa depressão!...

Já sei o que estão a pensar. Julgam que isto parece uma política exactamente programada para fazer eleger Bush em Novembro do próximo ano.

Então e qual é a dúvida?


Um abraço e bons negócios.

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