Caldeirão da Bolsa

A caminho dos 100 dólares

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Presidente da OPEP

por joao4702 » 6/1/2008 15:05

Pour le président de l'Opep, un baril à 100 dollars n'est "pas nécessairement très élevé"

AFP le 06/01/2008 13h12

«Un baril de brut à 100 dollars n'est "pas nécessairement très élevé", vu la forte demande pétrolière et les coûts de production d'or noir en hausse, a estimé dimanche le ministre du Pétrole algérien Chakib Khelil.

Le niveau de 100 dollars le baril, qui a été atteint pour la première fois mercredi sur le marché de New York, doit être vu "en fonction du prix réel" c'est-à-dire en y retranchant l'inflation, a dit le ministre, joint par téléphone.

De ce point de vue-là, le prix du pétrole n'a pas encore retrouvé ses niveaux records de 1980, évalué à "entre 102 et 110 dollars selon les estimations", a souligné M. Khelil, qui a pris au 1er janvier la présidence tournante de l'Organisation des pays exportateurs de pétrole (Opep).

Il a également souligné qu'il reste "aujourd'hui très peu de régions à explorer" pour découvrir du pétrole et que les "sources nouvelles" d'hydrocarbures comme les sables bitumineux au Canada ou les gisements en eaux profondes représentent "des investissements énormes", d'autant plus que le coût des services pétroliers augmente.

En outre, la demande pétrolière dans le monde "est aujourd'hui très élevée", "tirée par la Chine et l'Inde mais aussi les pays du Moyen-Orient, dont la consommation augmente énormément".

Si 100 dollars est en soi un prix "élevé", admet-il, quand on tient compte du fait que "toute l'équation de la demande par rapport à l'offre a basculé", "100 dollars, ce n'est pas nécessairement un prix très élevé", a-t-il fait valoir.

Il a par ailleurs précisé ses propos de samedi, quand il avait déclaré que la hausse des prix allait "probablement perdurer jusqu'a la fin du premier trimestre pour se stabiliser durant le deuxième trimestre".

Le prix du pétrole va "rester à ce niveau-là au premier trimestre", autour de 100 dollars, un niveau qu'il juge "quand même élevé". Puis au deuxième trimestre les cours de l'or noir "devraient se stabiliser plus bas" que 100 dollars tandis que les stocks devraient "se renflouer", a poursuivi M. Khelil.

Interrogé sur l'opportunité d'une hausse de l'offre pétrolière de l'Opep lors de sa réunion du 1er février, M. Khelil a répondu que le cartel allait étudier l'approvisionnement du marché et la question de savoir si la baisse des stocks récente est "conjoncturelle" ou non, ainsi que les perspectives au deuxième et troisième trimestres.

Il a ajouté que l'Opep avait "déjà fait des gestes dans le passé", comme lorsqu'elle a augmenté sa production de 500.000 barils par jour en septembre, mais que "cela n'a servi à rien" puisque les prix "ne sont pas vraiment tombés, ils ont augmenté".

Selon lui, la relation prix-production ou prix-stocks "n'est peut-être pas aussi forte que nous le pensons, elle est peut-être plus liée à la situation géopolitique et à la spéculation".»

Fonte: www.boursorama.com

Mais um discurso em linha com o meu post acima.
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Petróleo

por joao4702 » 4/1/2008 20:01

Caros colegas de arte,

Decidi pegar neste tópico porque para além de conteúdos fundamentados da evolução dos preços do ouro negro penso que este é momento de decisão. Ou seja, ficar à espera que os mercados accionistas retomem a tendência ascendente ou enveredar por commodities?

É de facto esta pergunta que gostaria de ver aqui discutida, existem rumores muito fortes para o preço do petróleo continuar a subir como exemplo disso temos a fraqueza consistente e progressiva do dólar que a FED não vai conseguir inverter. A economia americana continua a dar sinais de fraqueza e isso poderá fazer disparar a inflação. E como nós sabemos a economia americana consome 1/4 do consumo global.

Depois temos questões geopoliticas que começam a intensificar-se e qualquer rumor será um catalizador fácil para os especuladores. Tal como lemos num texto deste tópico existem operadores que estão interessados na escalada dos preços do crude. Poderemos continuar assistir "ao rebentamento de bombas por ali e por acolá".

Além das razões enumeradas temos sem dúvida a mais consistente e alarmante. Se até aqui esta matéria era crítica agora julgo ainda mais devido aos consumos crescentes de economias como a China e India.

Por um lado, pensa-se que o abrandamento da economia norte americana possa limitar o aumento de preços do crude, mas sabemos que a FED está e irá continuar a dar uma ajuda o que certamente em termos reais poucos efeitos limitadores terá no crescimento do preço do petróleo.

Ainda não falo numa outra questão: A continua descida do preço das acções fará muito dinheiro fluir para as commodities e parece-me que os grandes fundos e casas de investimento apenas esperam o momento certo para "atacar"!

Fica aqui um pequeno resumo das razões que me levaram a sair temporariamente do mercado accionista e entrar nas commodities. Por outro lado, continuo atento a possíveis inversões se bem que neste caso julgo ser muito cedo, pelo menos os indicadores macroeconómicos e técnicos revelam isso mesmo.

Um abraço, e já agora por favor publiquem as vossas opiniões.

Cumprimentos.

PS: Em termos técnicos estamos em bull market para esta commoditie.

Ulisses: Os seus gráficos também podem aplicar-se a este activo. Pode por favor colocar um gráfico com análise de longo prazo?
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por Keyser Soze » 2/1/2008 20:18

Publicado 2 Janeiro 2008 17:19

Petróleo chegou aos 100 dólares
O West Texas Intermediate chegou aos 100 dólares por barril no mercado nova-iorquino pela primeira vez na sua história, ao ganhar 4,20%.
As previsões de uma queda de 3,15 milhões de barris nas reservas dos EUA na semana passada, pela sétima semana consecutiva, estão a fazer disparar as cotações do crude de referência. Se tal se confirmar, as reservas irão atingir um mínimo de três anos.

Este cenário, conjugado com o esperado aumento da procura de petróleo por parte da China e com receios de que a onda de violência na Nigéria possa reduzir ainda mais a produção do maior produtor africano, contribuiu para que o WTI atingisse momentaneamente o seu máximo histórico. A 21 de Novembro passado, o WTI tinha chegado aos 99,29 dólares.

O contrato de Fevereiro do crude de referência dos EUA está agora a aliviar um pouco, fixando-se em 99,20 dólares, o que corresponde a um ganho de 3,35%.

Em Londres, o brent" do Mar do Norte para entrega em Fevereiro acompanha a tendência, tendo atingido um máximo histórico nos 97,74 dólares, a subir mais de 4%. O anterior recorde era de 26 de Novembro, nos 96,65 dólares. Neste momento, o crude de referência para a Europa está a subir 3,68%, nos 97,30 dólares.

Por outro lado, o dólar está a ceder terreno face ao euro, essencialmente devido ao anúncio de uma forte queda na indústria dos EUA no mês passado, o que está a intensificar os receios de uma recessão. Isto poderá levar a Fed a reduzir de novo as taxas de juro, o que ainda pressionará mais a moeda norte-americana.

Um grupo de militantes nigerianos assassinou ontem 12 pessoas em Port Harcourt, cidade do Sul da Nigéria numa região produtora de crude. A violência na Nigéria já reduziu a produção do país em cerca de 500 mil barris por dia.

"Há muitos operadores a desejar que o petróleo chegar aos 100 dólares, o que ainda contribui mais para o movimento altista", comentou à Bloomberg o presidente da Strategic Energy & Economic Research, Michael Lynch.
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por valves » 8/11/2007 14:59

Se a minha torneira lá de casa desse pitrol,
eu a vendesse esses 75 dolares
, daria um desconta a quem me o comprasse

bem eu tambem nao me importava de ter uma torneira que desse petroleo o que nao vendia era o petroleo em USD preferia cota-lo em euros assim pelo menos nao corria o risco de no instante em que fizesse a transacao ja estivesse a perder com a desvalorizacao cambial :wink:
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
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por aos_pouquinhos » 8/11/2007 14:28

Elias Escreveu:
Rui Constantino, economista-chefe do Santader, considera que o factor especulativo representa entre 25 e 30 dólares do actual preço do petróleo. "Um preço razoável do petróleo seria aproximadamente 75 dólares por barril", refere.


in jornaldenegocios.pt, 08.11.2007


Interessante conceito, este de "preço razoável". 8-)
Razoável para quem? :mrgreen:


:mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
Se a minha torneira lá de casa desse pitrol, eu a esses 75 dolares, daria um desconta a quem me o comprasse de50%, dado dos custos de abrir a torneira fossem poucos.

A minha filha poderia então pedir para o natal o nenuco grande, :lol: :lol: :lol:

Cumps
Vai onde te leva o sonho, mas cuidado, não vá ele tornar-se um pesadelo....
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por Elias » 8/11/2007 14:06

Rui Constantino, economista-chefe do Santader, considera que o factor especulativo representa entre 25 e 30 dólares do actual preço do petróleo. "Um preço razoável do petróleo seria aproximadamente 75 dólares por barril", refere.


in jornaldenegocios.pt, 08.11.2007


Interessante conceito, este de "preço razoável". 8-)
Razoável para quem? :mrgreen:
 
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por Elias » 8/11/2007 14:03

O Santander Negócios acha que o petróleo já não tem espaço para maiores aumentos em 2007, porque a procura está mais controlada e a instabilidade geopolítica reduziu-se, ajudando a sustentar um crescimento económico na economia internacional.

in Agência Financeira, 29.12.2006


Na véspera desta notícia, em 28.12.2006, o barril de petróleo valia 60,5 dólares. Desde então o preço já subiu mais de 36 dólares, ou seja 60% (e o ano de 2007 ainda não chegou ao fim).

Interessante previsão, não acham? :twisted:
 
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por Keyser Soze » 8/11/2007 13:20

Previsões da AIE até 2030
Chineses constroem "uma central de Sines" de quatro em quatro dias

08.11.2007 - 09h25
Por Lurdes Ferreira, Ricardo Garcia

No mundo ideal, os carros são movidos a hidrogénio, as casas quase não gastam energia, o sol e o vento é que produzem electricidade e ninguém mais teme o aquecimento global. Mas nos cenários da Agência Internacional de Energia (AIE), está tudo ao contrário.

O seu relatório anual sobre o futuro energético global (World Energy Outlook 2007), ontem divulgado, diz que a humanidade consumirá ainda mais petróleo e carvão em 2030 do que hoje. E qualquer solução para aliviar os problemas da dependência dos combustíveis fósseis passará pela China e pela Índia, os dois "gigantes emergentes da economia mundial e do mercado energético", como diz o documento.

É a primeira vez que a AIE olha em detalhe para a possível evolução futura dos dois pesos-pesados do mundo em desenvolvimento. Um dado novo: os cenários, hoje, indicam que a procura de energia em 2030 vai ser quatro por cento maior do que se imaginava há apenas um ano, no anterior relatório. Esta variação aparentemente pequena corresponde a mais de um terço do consumo energético actual de toda a União Europeia.

Outra evidência do relatório é a de que a utilização do carvão - o mais sujo dos combustíveis fósseis - vai continuar a subir em flecha, cerca de 73 por cento entre 2005 e 2030, num cenário de referência, que conta apenas com as políticas que já estão em curso neste momento. Mais uma vez, a China e a Índia são as locomotivas: ambas respondem por 80 por cento deste aumento.

Mesmo com os preços actuais a chegarem aos 100 dólares o barril, o consumo de petróleo também sobe no futuro. Em 2030, poderá chegar aos 116 milhões de barris por dia, 37 por cento mais do que hoje.

O petróleo ainda continuará a ser a fonte de energia mais usada, embora o seu peso diminua. A Agência Internacional de Energia afirma que as reservas de petróleo são suficientes para a procura em 2030. Mas não põe de parte a possibilidade de uma crise por volta de 2015, "envolvendo uma abrupta escalada nos preços".

Pouco tempo para agir

Especialistas portugueses afirmam que a AIE resiste a assumir o declínio da produção do petróleo e que falta sensibilidade para a mudança de modelo energético

Para o físico Rui Namorado Rosa, um dos raros portugueses ligados ao grupo internacional de "petropessimistas" reunidos na Associação para o Estudo do Pico do Petróleo (ASPO), a AIE continua a "não assumir a realidade" do declínio da produção de petróleo, "uma realidade que vai sendo disfarçada por etapas", mas que "se vai impondo".

No cômputo geral, a procura de energia irá subir 55 por cento até 2030, ou 38 por cento, num cenário alternativo, que contabiliza todas as medidas para poupança energética que estão a ser pensadas neste momento. Quase metade desta subida (45 por cento) cabe à China e à Índia.

O que mais preocupa a agência é o pouco tempo que há para agir. Os dez próximos anos, diz o relatório WEO2007, "são cruciais", devido à necessidade de expansão rápida de infra-estruturas, para atender ao crescente consumo. "O ano 2030, em termos energéticos, é já amanhã", afirma o antigo secretário de Estado do Ambiente e conselheiro da Comissão Europeia para as questões ambientais. Diz que falta à AIE a sensibilidade da mudança, por o futuro não se jogar entre regiões, mas "no casamento entre as tecnologias de informação e a energia e no casamento entre os sistemas de transporte e a electricidade". E isso, defende, vale para qualquer região, qualquer que seja o seu nível de desenvolvimento.

Só em 2006, a China construiu 105 gigawatts de potência em centrais térmicas, sobretudo a carvão. Isto significa, em média, instalar uma central como a de Sines - a maior de Portugal - a cada quatro dias. A Índia, segundo o WEO2007, vai precisar de 400 gigawatts de capacidade adicional até 2030. Tudo se mede em números superlativos. A frota automóvel chinesa era de 5,5 milhões de veículos em 1990. Em 2005, tinha subido para 37 milhões e até 2030 explodirá para 270 milhões. As vendas de carros novos deverão superar as dos Estados Unidos já em 2015.
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por Keyser Soze » 7/11/2007 15:48

jp3 Escreveu:Analysts say that if speculators flee the market en masse, prices could drop even more quickly than they've risen.


existe uma componente de especulação no preço, mas a subida tem razões fundamentais que a sustentam

as 15.30 saiem dados dos inventários US
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por jp3 » 7/11/2007 15:32

Citação:
Analysts say that if speculators flee the market en masse, prices could drop even more quickly than they've risen. [/quote]
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por Keyser Soze » 7/11/2007 11:53

Alerta a Agência Internacional de Energia
Necessidades energéticas mundiais vão subir 50 por cento em 2030
07.11.2007 - 10h00
Por Eduardo Melo

As necessidades energéticas mundiais vão subir mais de 50 por cento em 2030 face aos níveis actuais, devido ao forte crescimento de economias como a da China e a da Índia, alerta a Agência Internacional de Energia no resumo do relatório de 2007 divulgado hoje.

Este é o “cenário de referência” da agência, caso não sejam tomadas nenhumas medida pelos governos para inflectir o actual consumo energético e investir na promoção de energias alternativas e na eficiência energética.

Para este incremento da procura contribuem decisivamente a China e a Índia, que são responsáveis por 45 por cento do crescimento previsto das necessidades energéticas em 2030. Uma outra conclusão deste relatório é que apesar dos investimentos actuais, um pouco por todo o mundo, em energias alternativas, os combustíveis de origem fóssil vão continuar a dominar a cena internacional no ano 2030.

http://www.worldenergyoutlook.org
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por atomez » 27/10/2007 21:10

Há quem diga que até já passámos do pico

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As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
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por LS » 27/10/2007 15:40

Será preciso esperar até lá?
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A caminho dos 100 dólares

por Keyser Soze » 26/9/2007 11:09

A caminho dos 100 dólares

O recorde histórico no barril do petróleo poderá ser alcançado no quarto trimestre de 2008, segundo os prognósticos de especialistas reunidos esta semana em Cork, na Irlanda

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James Schlesinger não podia ser mais dramático ao abrir, esta semana, na Irlanda, a 6ª Conferência mundial da Associação para o Estudo do Pico do Petróleo & do Gás (ASPO): “Entrámos num período crucial, vivemos um momento de verdade, e os políticos ainda não se deram conta disso”.

As credenciais do político republicano norte-americano, de 78 anos, são sobejamente conhecidas - ex-director da CIA, ex-secretário da Defesa e da Energia de várias Administrações norte-americanas nos anos dos primeiros ‘choques’ petrolíferos - para que uma frase sua imediatamente faça estrondo nos «media».

“Necessitamos de encontrar 5 ou 6 Arábias Sauditas para defrontarmos, com êxito, o disparo da procura nos próximos anos”, ironizou Schlesinger, de seguida, no que foi acompanhado por um sorriso geral dos 350 participantes que se juntaram em Cork para debater o beco sem saída em que se encontra a “civilização do petróleo”.


Do consenso de Hedberg...

Depois, foi a vez de subirem ao palco os especialistas da oferta e da procura do mercado desta «commodity». Só que, em vez da “máfia dos geólogos reformados” que fundaram e alimentam a ASPO, como os apodou Jeremy Gilbert, ex-engenheiro-chefe da BP, a conferência ouviu gente de dentro da indústria e economistas independentes. De facto, vozes como o irlandês Colin Campbell e o francês Jean Laherrère, fundadores do movimento, estiveram, desta vez, mais discretas do que, por exemplo, na conferência de 2005, em Lisboa.

Ray Leonard, um perito que trabalhou na Yukos russa e que hoje está com a Kuwait Energy, levantou o véu do que um grupo restrito discutiu em segredo, no ano passado, numa das Conferências Hedberg Research, organizadas pela American Association of Petroleum Geologists. “As perspectivas de exploração potencial são muito menores do que oficialmente se diz. O ‘consenso’ que se formou nesta conferência, é que dos 700 mil milhões de barris que se alega poderem vir a ser, ainda, encontrados, talvez seja verdade falarmos de 250 a 300 mil milhões”, afirmou. O consultor Michael Rodgers fez, então, a ponte para a questão do ‘pico’ da produção do petróleo: “Admitimos um máximo de produção de 100 milhões de barris diários (mbd) em 2015-2020, podendo seguir-se um período de ‘planalto’, de estagnação, a que se seguirá inelutavelmente um declínio”. A possibilidade de chegar aos 100 mbd é contestada pelos especialistas da ASPO, que, no entanto, pela boca do seu presidente, o sueco Kjell Aleklett, sublinharam a “proximidade” cada vez maior das datas apontadas para o ‘pico’.

... ao choque da exportação

Ao debater a questão da procura, a conferência foi literalmente sacudida pela intervenção do canadiano Jeff Rubin, economista-chefe no Canadian Imperial Bank of Commerce. Há um problema mais grave do que a “síndrome chinesa” - o tema mais mediático.

Até à data, tem-se falado, sobretudo, no disparo do consumo anual de petróleo «per capita» na China e na Índia - no primeiro caso mais do que duplicou, ainda que continue a um nível muito baixo (apenas 19% do norte-americano ou 38% do europeu). Esse ‘salto’ levou a que a China multiplicasse por 12 o consumo diário de barris de crude, entre 1970 e 2006, e que se tornasse ‘petróleo-dependente’ económica e geopoliticamente, como ironizou, discretamente, Xiongqi Pang, da Universidade do Petróleo, de Beijing.

Rubin chamou, então, a atenção para o facto de que os países produtores de petróleo - tanto os do cartel da OPEP como os outros - são altamente “devoradores de petróleo”, por razões de ineficiência energética, de subsídios aos preços domésticos na bomba de gasolina, e pela própria curva de crescimento do consumo doméstico. “O que daí vai resultar é um choque na exportação. Vão faltar, no período até 2010, uns 2,5 milhões de barris por dia. É por isso que os mercados já não acreditam nos anúncios da OPEP de ‘aumentos’ de produção, e que o preço tem galgado os 80 dólares”, frisou o analista.

Por isso, o canadiano não se admirará se, até final de 2008, o preço do barril de referência nos Estados Unidos (o WTI) atingir no mercado «spot» a barreira simbólica dos 100 dólares. Dependendo de como se avaliam, a preços actuais, os valores atingidos no segundo choque petrolífero em 1981, os 100 dólares do ouro negro no próximo ano poderão superar os máximos, então, atingidos.

Com esta psicologia do maior “choque petrolífero” de sempre a breve trecho, os vários ‘lóbis’ estão a movimentar-se activamente - desde o nuclear, que em Cork teve presença forte nas intervenções do francês Pierre-René Bauquis (que acaba de lançar o livro ‘Nuclear Power’), do Instituto Francês do Petróleo, e do irlandês Philip Walton, que fundou o Better Environment from Nuclear Energy, até aos defensores das outras alternativas.

Jorge Nascimento Rodrigues, em Cork


3 VERDADES

Cada 1% de desvalorização do dólar americano implica um aumento do preço do barril de petróleo de 0,62% (Estudo de Noureddine Krichene, FMI, 2005)

As previsões mais ‘optimistas’ dos especialistas independentes da indústria petrolífera apontam para um máximo histórico de produção mundial em 2015-2020 em torno dos 100 milhões de barris diários (Michael Rodgers, da consultora PFC Energy, Cork, 2007)

A transformação da infra-estrutura energética é o problema mais complexo para uma transição para uma economia não dependente do petróleo (James Schlesinger, Cork, 2007)


FRASE DA CONFERÊNCIA

‘‘Vocês, os 'peakers', podem cantar vitória. O alerta para o ‘pico’ da produção do petróleo tornou-se uma corrente dominante, mas os políticos continuam ainda distraídos”

JAMES SCHLESINGER, ex-secretário de Estado da Defesa de Nixon e Ford e primeiro secretário de Energia de Carter
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