Caldeirão da Bolsa

Os bancos portugueses são saudáveis?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Os bancos portugueses são saudáveis?

por USA Boy » 21/12/2007 12:29


Os bancos portugueses são saudáveis?
BCP reforça capital para acelerar plano Millennium 2010. BES está sólido mas BPI enfrenta problemas.

Tiago Freire

O reforço da base de capital do BCP – com a venda de participações na EDP e no Sabadell – veio chamar a atenção para o rácio de solidez do banco, mas a situação mais problemática parece ser a do rival BPI. Segundo os últimos dados disponíveis, o banco liderado por Fernando Ulrich é aquele que tem um rácio de capital de ‘core tier 1’ mais baixo, e que se tem deteriorado nos últimos meses. Este rácio – que é a relação entre os riscos ponderados da carteira do banco e as reservas de que este dispõe para fazer face a situações extraordinárias – está abaixo dos 5%, ao contrário do que acontece com BCP e BES. Conforme explicou um analista contactado pelo Diário Económico, “abaixo dos 5% é quando começam a disparar as campainhas, e as pessoas começam a perguntar por aumentos de capital”. Os vários especialistas contactados defendem que o BPI terá, inevitavelmente de fazer alguma coisa para compor a sua base de capital, mas ninguém acredita num aumento de capital, puro e simples. Há sobretudo duas hipóteses consideradas pelos analistas: a venda de participações noutras empresas – com o BCP à cabeça – ou a dispersão de parte do capital do angolano BFA. Num ‘research’ do HSBC divulgado em Novembro, o BFA é avaliado em 1,3 mil milhões de euros, pelo que mesmo a venda de apenas 30% do capital geraria um encaixe significativo, parte do qual poderia ajudar a compor o capital. Esta venda poderia ser directa, a um parceiro local, ou através de dispersão em bolsa.

No caso da venda das participações, há duas que saltam à vista, a Galp e o BCP, sendo que na primeira haveria importantes mais-valias a registar. No entanto, a Galp deverá ser um activo a manter, até porque permite ao BPI manter uma estreita relação de negócio com a petrolífera. “Acreditamos que o BPI será forçado a libertar capital no futuro próximo, seja através da venda de parte do seu ‘portfolio’ de participações ou por outros meios, como a venda de parte do BFA”, explica a analista Susana Neto, no mesmo documento.

Outras fontes contactadas pelo Diário Económico apontam uma grande emissão de obrigações convertíveis em acções como o caminho a seguir para o fortalecimento da base de capital. Isto seria um aumento de capital a prazo, num banco que tradicionalmente não pede muito aos seus accionistas.

A situação do BES é a mais confortável entre os bancos, muito graças ao último aumento de capital. Esta operação não só permitiu adequar os fundos próprios como garantiu uma almofada – ainda não utilizada – para financiar aquisições, deixando o banco com um rácio de ‘core tier 1’ de 6,7%, no final do terceiro trimestre de 2007.

Voltando ao BCP, a venda das posições não apanhou de surpresa os analistas, uma vez que o banco tinha já admitido, depois da apresentação dos resultados do terceiro trimestre, que poderia antecipar o cumprimento de algumas metas do plano Millennium 2010. No que toca ao objectivo de atingir um ‘core tier 1’ acima de 6%, tal pode ser conseguido já no final do próximo ano, e não apenas em 2010. O banco liderado por Filipe Pinhal manterá, em carteira disponível para venda, as posições na Eureko e no BPI, mas estas participações têm um carácter quase político: a Eureko é parceira de muitos anos e o BPI é um dos maiores accionistas do BCP, pelo que há um valor simbólico em manter a posição.

Contactada pelo Diário Económico, fonte oficial do Banco de Portugal explicou que não há um valor mínimo de ‘core tier 1’ exigido aos bancos, mas sim recomendações caso a caso, ou seja, banco a banco. Fonte do mercado explicou que há uma recomendação genérica de que o limite mínimo seja 5%, instrução que os bancos tendem a respeitar. Este é o valor considerado adequado para servir de almofada a choques imprevistos, como aqueles que têm afectado vários bancos internacionais expostos directamente ao fenómeno ‘subprime’. Um analista de um banco de investimento internacional defende que, em 2008, vamos assistir a vários reforços de capital, mesmo em bancos europeus, mas que o caso português é específico e não ligado ao ‘subprime’.


BES garante não estar interessado no BCP
A hipótese de repartir o BCP por vários bancos, anunciada nos meios de comunicação, há pouco mais de dois meses, como uma solução acarinhada pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Banco Espírito Santo (BES), “é um disparate”, garante Paulo Padrão. Contactado pelo Diário Económico, o director de comunicação do BES, sublinhou que “desde o início assumimos que não estamos interessados no BCP; essa é uma questão que nem se coloca”. Considerando que “nem sequer faz sentido” partir o maior banco privado do país e dividi-lo por alguns dos seus rivais, Paulo Padrão acrescentou que o próprio presidente do BES, Ricardo Salgado, já desmentiu publicamente essa ideia. E sublinhou que a estrutura de crescimento do Banco Espírito Santo não é baseada em aquisições: “O nosso crescimento é orgânico”, concluiu o director de comunicação do BES.


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