O que significaria o bloqueio do Estreito de Ormuz?

[Ulisses Pereira]

Didi,

Estamos sobretudo adormecidos na nossa bolsa. A volatilidade é cada vez menor e não reagimos praticamente a nenhumas notícias mesmo algumas bem fortes.

Apesar disso, entusiasmo-me ao ver algumas acções a formarem bases importantes, como a EDP ou a PTM (que já vai numa fase mais adiantada) ou com uma tendência ascendente bem definida como é o caso do BPI. Ou seja, dá a nítida sensação que a nossa bolsa está a tentar construir um fundo, mas a volatilidade é tão reduzida que é difícil negociar neste mercado.

Teremos que esperar mais algum tempo para percebermos o futuro da nossa praça. Eu não estou a desgostar de ver esta tentativa de criação do fundo, mas é cedo demais para tirar conclusões. E o nosso mercado mexe-se tão devagar que, caso seja um fundo que está a ser criado, quando arrancar vai dar muito tempo para percebermos isso.

Beijos,
Ulisses

[didi]

Ulisses,
Infelizmente o trabalho não me tem permitido acompanhar as lições sobre os mercados como eu desejava, contudo sempre que posso venho cá espreitar, mais não seja as poções

Adorei o artigo como sempre: simples e despretencioso ajuda qualquer um a reflectir sobre tais questões, mesmo os mais ignorantes como eu

Dado que não tenho acompanhado minimamente o evoluir dos mercados, fiquei curiosa sobre a situação da nossa Euronext face à situação internacional, em especial aos indicadores americanos.

Ou seja, num país com tradições taurinas e com uma forte tendência para reagir à posteriori aos movimentos internacionais como estamos por cá? ainda estamos sobre o domínio dos Ursos ou os touros invadiram as "ruas" estilo Vila Franca de Xira

É que ainda há pouco lia o post da Tixa sobre o BCP onde se debatia a queda deste título, por outro lado o artigo do MA sobre a EDP fala no fantasma do duplo topo...

Já sei que não tens bola de cristal, apenas um caldeirão, mas consegues de alguma forma distinguir quem domina a curto e longo prazo neste jardim à beira mar plantado?

beijinhos
didi
P.S.Desculpem a questão, mas de facto sou ignorante nestas coisas

[****]

Apesar de ser uma referência para os investidores profissionais mundiais, o SP500 começa a ser tido por muitos experts como um índice ultrapassado já que, afirmam, não expressa na totalidade a abrangência do mercado americano. Para estes tipos, o Wilshire 5000 será a referência do futuro, porque permite capturar a evolução de medium e small caps, que não se encontram cotadas no SP500. Na minha opinião, se esta evolução se concretizar, será benéfico para a eficiência dos mercados, porque apesar de ser grande o SP deixa muito papel de fora (fora do olhar dos analistas e fundos), mas mau para os investidores, porque perdem muitas pérolas escondidas.
Abraços
****

[Ulisses Pereira]

A segunda parte da entrevista será colocada durante o fim-de-semana que é uma altura com mais tempo para se poder ler este género de coisas. Mas a parte que eu gosto mais é mesmo a última onde Sekyota dá uma série de respostas que eu adoro.

O que eu não sabia é que dava tanto trabalho traduzir.

Um abraço,
Ulisses

[pr0fit]

... como sempre !
Mas o que me prendeu realmente a atenção foi a entrevista com "Ed Sekiota". A primeira parte é muito interessante e "abre o apetite". Espero que possa colocar o resto, que eu estou muito curioso!!

Um abraço

[Karamba]

embora a questão seja posta ao Ulisses..aqui vai .

Não Elias, de facto o SP500 nem sequer tem concorrência, e nem se pode comparar com os outros.

Os mercados (pelo menos os ocidentais) andam ao sabor do mercado americano. E há de ser assim ainda por muito tempo. O mercado europeu é uma amostra. Não temos deste lado do atlântico uma cultura de mercado, não temos dimensão, e como já várias vezes foi referido, o mercado de dívida de empresas europeias quase não existe quando comparado com os US.

Para além disto, na europa ainda tens grandes empresas (talvez a maioria) que ainda têm um cariz familiar (mesmo em big caps) o que de modo algum se passa por lá.

Contrariamente à opinião corrente de muitos europeus, eu até acho que a superior importância do mercado americano (que tem montes de índices)tem tendência a dilatar-se. Porquê? Porque eles (americanos) têm uma visão muito mais global dos negócios do que qq outro povo. Para uma empresa alemã (por exemplo), uma subsidiária nos States ou em Espanha é quase um fardo. O empresário americano tem uma forma de estar totalmente diferente (verdadeiramente global). Enfim, acabei por me afastar do tema. Não me parece que os media falem muito no Hang Seng, ou no Nikkei.

Quanto à questão dos pequenos investidores, aí tens os totalmente ignorantes (que talvez só tenham ouvido falar no Dow Jones -que já é atinquíssimo), e os profissionais que estão mesmo dentro destas coisas.
Ou seja, não podes ver os pequenos investidores como um grupo homogéneno de ignorantes ou de sábios. Há de tudo.

Um abraço grande Elias (quando é que voltas a fazer uns bonecos dos índices europeus ?).

[Ulisses Pereira]

Olá Elias!

Interessante questão! Já pensei algumas vezes nisso e concluo o seguinte:

O Dow, por ser o mais antigo, foi sempre o grande índice de referência nos Estados Unidos. Era sempre o índice referenciado pelos órgãos de Comunicação Social e onde estavam colocados todos os olhos dos investidores. O S&P sempre foi um índice meio esquecido pois a Comunicação Social ´não estava muito interessada em ter que estar a falar sempre de dois índices.

Contudo, a euforia do início do século XXI em torno das acções tecnológicas fez com que os investidores, motivados pelas valorizações astronómicas das "tech stocks" começassem a querer olhar para o Nasdaq. E assim foi. O Nasdaq passou a estar na moda e, nessa altura, as pessoas estavam muito mais interessadas no Nasdaq do que no Dow que se foi mantendo também nos ecrãs fruto da sua tradição. Mas, basicamente, era o Nasdaq que ditava leis!

Depois do "crash" (eu chamo-lhe assim!) do Nasdaq, as pessoas ficam agora sem saber bem para qual dos índices olhar e os "media" optam por dar destaque aos dois.

Contudo, acho que mais tarde ou mais cedo, a imprensa e os investidores vao perceber que o S&P é o melhor espelho da economia pois congrega acções "tradicionais" e tecnológicas. Veremos...

Um abraço,
Ulisses

[Elias]

Olá Ulisses,

Excelente artigo, como sempre!

A propósito do texto, tenho uma questão que gostaria de te colocar.

Referes que o SPX é o mais importante índice do mundo. Paradoxalmente, é talvez o menos referido pela comunicação social - pelo menos procurando nos jornais ou mesmo na net é muito mais fácil encontrar informação sobre outros índices, como o Nikkei ou até o Hang Seng, do que sobre o SPX - isto na perspectiva do "investidor comum", claro. Isto conduz-me à minha questão: será que os pequenos investidores têm sequer a noção que o SPX existe e o que representa? Claro que do DOW e do NASDAQ já toda a gente ouviu falar, porém em conversas com colegas e outros pequenos investidores tenho a sensação que pouca gente dá realmente importância ao SPX, toda a gente olha para o DOW e para o COMP... Aliás, até as TV's comuns ignoram por completo o SPX, fazendo dele um "ilustre desconhecido".

Como interpretas esta aparente disparidade?

1 abraço,
Elias

[Ulisses Pereira]

Acabei de publicar no site o artigo "Tempo de cautela".

Podem lê-lo em: http://www.caldeiraodebolsa.com/article.php?iId=59

Ulisses