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Caldeirão da Bolsa

Com a devida vénia ao Cem

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Incognitus » 12/4/2003 16:38

A dúvida quando se chega rapidamente a uma rendibilidade boa para o ano inteiro é sempre a mesma. Parar, continuar com a mesma estratégia, ou tornar-se mais conservador na estratégia apanhando apenas o que parecem ser as melhores oportunidades.
 
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por Incognitus » 12/4/2003 16:31

djovarius, é interessante verificar que muitas pessoas presentes nos fóruns andam com boas rendibilidades. Inclusive correspondo-me com vários americanos com quem acontece a mesma coisa. Talvez o mercado esteja a recompensar quem o segue "todos os dias, todos os minutos".

Quem estará a perder? Os fundos? Os hedgies? As seguradoras? Aqueles que não seguem o mercado minuto a minuto?
 
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por djovarius » 12/4/2003 15:40

Tiro o chapéu ao Cem por esse artigo que desconhecia e obrigado Ulisses por recuperar o dito cujo. É de facto motivo para uma boa reflexão e para mim é um alerta "light".

Assim, peço ajuda ao Ulisses e a todos sobre o seguinte:

Vou, nestes 4 meses e tal do ano, com cerca de 40%.
Depois de ler o artigo, começei a pensar.
Será bom parar para pensar?
Devo manter-me com a mesma estratégia a ver se consigo manter a performance?
Tenho sérias dúvidas !!

Obrigado a todos
dj

P.S. E vem aí o resumo da semana
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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por Incognitus » 12/4/2003 13:46

Exacto, Millhouse. O objectivo de 100% ao ano É estrabólico, e eu estou a TENTAR atingi-lo.

Por outro lado, ao mesmo tempo que parece irrealista, ele é somente 0.28% ao dia, compostos.

Não existe contradição nisso.

Existe sim, muito trabalho para identificar ideias novas todos os dias.

De qq forma, o meu post que referiste já está desactualizado. Já vou em 46% este ano.
 
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por Visitante » 12/4/2003 1:48

Obrigado KidA
Um abraco
Nunofaustino
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Performance PAGP

por ppferreira » 12/4/2003 0:55

Deixo ficar o gráfico comparativo da performance da Pedro Arroja - Gestão de Património com os principais indíces mundiais. Facilmente se chega à conclusão que existem bons gestores de fundos em Portugal.
Anexos
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Dr. Pedro Arroja

por ppferreira » 12/4/2003 0:47

Como foi mencionado o nome de um ilustre professor dos meus tempos de faculdade com o qual tive o prazer de ter várias "discussões" e com quem continuo a trocar algumas ideias, aqui fica o endereço do site da Pedro Arroja - Sociedade de investimentos: http://www.pagp.com/



Um abraço a todos,
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Incognitus

por Millhouse » 12/4/2003 0:24

se deres uma olhada por este link

[url]http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/viewtopic.php?p=34999&highlight=#34999
[/url]

vais ler um post teu que dizia o seguinte

Eu estou a tentar fazer 100% ao ano durante 5 anos, para me reformar (isto nos EUA). Consegui 150% no primeiro, e vou a 32% no segundo.


é bastante curioso reler agora o que escreveste , passo a transcrever

Agora, objectivos estrabólicos (tipo 100%) são realmente difíceis de atingir. O que é curioso é que 100% ao ano pouco passa de 0.28% ao dia, compostos em 250 dias. Seriam necessárias apenas 250 ideias fraquinhas. Ou muito menos "ideias boas".


Millhouse
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por Incognitus » 11/4/2003 23:22

Cem, por outro lado há algumas coisas a esclarecer ...

1) Os PPA's NÃO são fundos passivos. São geridos como os outros fundos de investimento, apenas diferem na fiscalidade e nos mercados/activos em que podem aplicar o capital;

2) Os fundos de investimento têm desvantagens estruturais face aos índices, como sejam: fiscalidade, custos de transacção, custos de comissionamento, regras de concentração (CMVM), etc.

3) Os fundos de investimento têm ainda uma desvantagem "estranha", que vem do facto de existir nas estruturas que os gerem uma vontade muito grande de desresponsabilização face aos resultados - o que leva à indexação.

4) Os fundos de investimento, por fim, pouco ou nada são geridos segundo princípios fundamentais. E o mesmo de aplica às análises produzidas pelas casas de research, ou achas que alguma metodologia fundamental alguma vez diria para comprar PTM a 100, ou PAD a seja que preço for?

5) A rendibilidade do Warren Buffet regra geral não é comparável à rendibilidade de outros fundos/gurus. Isto porque a de Warren Buffet é APÓS impostos. E as dos outros tendem a ser ANTES de impostos. O que nos EUA faz uma diferença bastante grande.

6) Outra coisa importante, é que se matematicamente os AT's batessem os Fundamentalistas tão consistentemente ao longo do tempo, rapidamente dominariam a lista das pessoas mais ricas do mundo. No entanto, torna-se difícil achar lá um único AT.

7) Por fim, é uma espécie de mito que um AF possa ter que esperar eternamente que as acções que escolhe refictam o valor que ele determinou. Simplesmente, se a AF for bem utilizada, o investidor tenderá a escolher acções que GANHAM (produzem) valor com a passagem do tempo, pelo que a espera será sempre recompensada (esta é uma parte importante do pensamento do Warren Buffet, normalmente esquecida por quem pratica AF - eu incluído, embora tente colmatar essa deficiência).

Agora, objectivos estrabólicos (tipo 100%) são realmente difíceis de atingir. O que é curioso é que 100% ao ano pouco passa de 0.28% ao dia, compostos em 250 dias. Seriam necessárias apenas 250 ideias fraquinhas. Ou muito menos "ideias boas".

Outra coisa importante, é que se a multidão abraçar a AT em massa, terás um certo número de utilizadores da AT que ficarão milionários por mero acaso. Aqui, talvez aconteça o mesmo que acontece com a AF. Eu praticamente só conheço meia dúzia de investidores que realmente tentam avaliar as empresas em que investem. Possivelmente tb só existem meia dúzia que tentam aplicar a AT em condições.
 
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Obrigado, caro Visitante!

por Utilizador Cem » 11/4/2003 22:47

Nessa altura estava de certeza mais fresco e disponível em tempo.
E se calhar mais inspirado!
Hoje infelizmente a vida profissional muito exigente não me permite repetir de forma periódica tais devaneios.
Um abraço,
Cem
Utilizador Cem
 

por Visitante » 11/4/2003 22:41

quem me dera nos proximos anos ter uma rentabilidade media de 20%... assim com investimento inicial de 1000 contos ao fim de 15 anos poderia ter mais 15000. nada mau mesmo...
Ja agora Ulisses, concretamente que fundo e esse que falas?
um abraco
Nunofaustino
P.S. caro Cem... que saudades que eu tenho de ler os seus artigos em 2000... acho q esse foi o ano em que publicou mais artigos... qdo e que volta a escrever para esta legiao de fas que tem na net? :)
Visitante
 

Isto já tinha pó!

por Utilizador Cem » 11/4/2003 22:32

Mal me lembrava deste artigo, mas foi bom relê-lo de novo e saber que no início as ilusões de easy money nos mercados não passam disso mesmo.
Obter rentabilidades de 2 dígitos consistentemente, em média e ao longo de inúmeros anos, a rondarem algo na casa entre os 20 a 40%, já se pode considerar uma façanha para qualquer gestor de portfolios.
Só que mesmo estes números aparentemente modestos só se conseguem com muito trabalho, uma dedicação apaixonada a este hobby e uma disciplina que infelizmente poucos conseguem entender e seguir de forma coerente e bastante mecanizada.
Um abraço,
Cem
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por Ulisses Pereira » 11/4/2003 19:04

Isso é bem verdade, visitante!

Mas não quero deixar passar esta oportunidade sem deixar de dizer que todas as generalizações são perigosas. Por exemplo, cá em Portugal, temo um fundo a ser muito bem gerido e com excelentes resultados nos últimos anos. É o fundo do Dr. Pedro Arroja que tem provado que se pode fugir às réplicas do PSI e obter resultados muito bons. Uma pedrada no charco.

Um abraço,
Ulisses
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pq e que ninguem inova

por Visitante » 11/4/2003 18:58

porque é que ninguem inova? Falem com a nossa querida CMVM. è mais fácil abrir um fundo nas ilhas cayman que neste mercado das bananas...
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Rentabilidades....

por SirPatrickBateman » 11/4/2003 16:10

Boa Tarde,

De facto é verdade, infelizmente, o Guru Ulisses Pereira tem toda a razão! :)
Ainda não cheguei a adoptar como objectivo os 40% ao ano que ele refere, mas devo dizer que ainda ha pouco tempo (leia-se meses), 100% era no meu entender uma meta mais ou menos acessível. Neste momento a opinião que tenho, por muito humilde que seja, é que não é de todo díficil atingir esses 100% em determinada altura do ano, desde que utilizemos alguma alavancagem, hoje disponível em tantos "produtos" dos mercados.
O problema maior é manter esses 100%, porque, devido a essa mesma alavancagem, a seguir a 8 ou 9 trades consecutivamente ganhadores em PTC (mero exemplo), vêm sempre 2 ou 3 perdedores que nos trazem denovo de volta à terra!!!
Mesmo quando a meio do ano conseguimos a rentabilidade que seria desejada para o final do ano, é impossível parar, e contentarmo-nos com o que já temos, esperando pelo próximo 1 de Janeiro! :P
Do mesmo modo que digo que já este ano consegui ter uma rentabilidade total acima dos 100%, digo também que ando "denovo" muito longe disso... e o caminho será sempre este.. uma verdadeira montanha russa, pelo menos até encontrar um "cachorro" como o do Cem... :lol:
No entanto, e terminando, espero nunca vir a concordar totalmente com os 40% do Guru, porque desde que me interessei por bolsa sempre "sonhei" com voos muito mais altos...

Cumprimentos ao Guru e aos restantes participantes do forum,

SirPatrickBateman
 
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por Patrícia M. » 11/4/2003 15:41

Eu pergunto é porque é que os fundos portugueses se limitam a acompanhar o PSI20 e não fazem uma gestão mais activa? É que os resultados nos últimos anos têm sido muito maus, porque eles acompanham quase fielmente o índice. Porque é que ninguém inova?
Jinhos,
Tixa
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por Ulisses Pereira » 11/4/2003 14:18

Mas eu não percebi o que quis dizer com isso...

Uma das coisas que mais aprecio neste texto do Cem é a desmistificação de que fazer consistentemente 100% ao ano é algo natural. Entre os jovens "traders" portugueses há a ideia de que é um objectivo mais do que natural fazer, consistentemente 100% ao ano. Quando eu lhes digo que se conseguirem fazer consistentemente 40% ao ano será excepcional eles julgam que estou a brincar com eles.

Muitas discussões deste género tenho tido com o Sir Patrick Bateman e é interessante ver que, à medida que ele vai aumentando o seu tempo no mercado, vai baixando um pouco as suas expectativas.

Fazer 100 ou 200 ou 300% num ou dois anos, está ao alcance de todos. Mas fazer 40%, consistentemente, ao longo de 7 ou 8 anos, só está ao alcance de uma pequena minoria.

Um abraço,
Ulisses
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por Investidor sem clube » 11/4/2003 14:16

Ulisses que bofetada, esta eu percebi. :wink:

Cram2 não tem nada a ver com o teu post. Mas sim com outras filiações.

um abraço
Investidor sem clube
 

por cram2 » 11/4/2003 12:47

Caro Ulisses gostaria de o felicitar pela iniciativa que teve em partinhar um texto tao importante como este. :)
Penso, sinseramente, que este forum atingiu um nivel tao elevado que só faz sentido avançar um passo mais e começar a debater de forma consciente a tematica do money management. :wink:

Muito obrigado

cram2
 
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Com a devida vénia ao Cem

por Ulisses Pereira » 11/4/2003 12:29

Ao ler posts antigos de outros fóruns, encontrei um muito interessante do nosso amigo Cem. Apesar de ter sido escrito há mais de dois anos, parece-me que continua muito actual e não resisto a transcrevê-lo para aqui, com a devida vénia ao Cem. :)

"Batendo o mercado
Muitos teóricos e académicos ligados ao sector da Economia, nomeadamente grandes nomes dos conceituados meios de pesquisa universitários americanos e europeus, têm vindo a bater na tecla dos seguidores da corrente “random walk”, segundo a qual os mercados são em princípio maioritariamente eficientes e que, portanto, não existe qualquer hipótese, para os detentores de carteiras diversificadas de gestão activa ( que compram e vendem regularmente com mais ou menos frequência, leiam-se especuladores, em contraponto aos investidores passivos, que compram e aguardam anos a fio), de conseguir bater o mercado a longo prazo.
A definição de bater o mercado é bem simples: obter uma rentabilidade líquida superior à performance do índice, pressupondo que a carteira é composta por acções exclusivamente relacionadas com esse índice, no caso genérico de Portugal.
Das mais diversas formas, recorrendo a modelos de medição de correlação de eficiência, através de simulações do tipo GARCH, IGARCH, ARIMA, etc, entre os mais conhecidos, e sobretudo por aquilo que dizem ser a prova real pela comparação entre os ganhos do índice e os resultados obtidos pelos Fundos de investimento de acções, geridos pelos profissionais do sector, quase todos seguidores da escola de Análise Fundamental, a conclusão tem sido aparentemente arrasadora: anualmente, em média, só cerca de 5% a 20% dos Fundos conseguem bater o índice de referência. Se recuarmos 3 anos, só entre 2% a 8% dos Fundos batem o índice e se formos para trás 5 anos, apenas 1% a 3% dos Fundos se mantem à tona do índice em termos de rentabilidade!
Significa isto que não vale a pena apostar numa gestão activa da carteira e que mais vale recorrer a uma imitação ponderada passiva da composição do índice equivalente?
A resposta é sim e não!



As respostas
Sim, para todos aqueles que não disponham de conhecimentos de Análise Técnica suficientes que lhes permitam acompanhar as tendências dominantes dos grandes swings de escala semanal do mercado, já que está comprovado que, no limite, os experts da Análise Fundamental de gestão activa diversificada não podem aspirar a mais do que a rentabilidade do próprio índice; historicamente, no longo prazo, a dezenas de anos de escala temporal, as carteiras serão submetidas a acelerações anuais razoáveis na casa dos 12% a 18%.
Finalmente, a resposta é um não bem rotundo para aqueles que dispuserem de ferramentas adequadas de Análise Técnica, materializadas em sistemas de trading e técnicas de money management suficientemente testadas e que possuam a disciplina e frieza emocional de seguir as respectivas indicações de forma consistente, automatizada e inquestionável. O capital exponencial crescente e a rentabilidade permanente de dois dígitos, correndo riscos aceitáveis, são a consequência visível da validade dos métodos utilizados, qualquer que seja o comportamento do mercado, batendo-o em qualquer situação!


Casos concretos
De entre todos os Fundamentalistas mais conhecidos, para provar que a gestão passiva das carteiras caracteriza os melhores resultados da escola Fundamental, citarei pequenos exemplos: a rentabilidade dos Fundos PPA, do tipo passivo, ultrapassa claramente as congéneres dos Fundos de acções, de gestão activa; vejam-se igualmente os espectaculares 34% ao ano de rentabilidade média de Warren Buffett, o predador de pechinchas com maturação a longo prazo, usando decisões baseadas em critérios de valor e de visibilidade de medidas de gestão apreciadas pelo cidadão comum, ao longo de quase 40 anos que o guindou ao posto do 3º norte-americano mais rico da actualidade, ou os fantásticos 35% de média em 33 anos documentados até 1997 por George Soros, este utilizando um misto de Análise Fundamental e Técnica, em conjunto com os seus gestores de carteira contratados a peso de ouro ao longo da sua actividade especulativa, com as suas apostas principais a centrarem-se sobretudo numa combinação explosiva dos mercados Forex de divisas com futuros de obrigações, já que as acções eram algo de secundário no peso relativo dos seus Fundos off-shore.
A confirmação de que é possível com uma gestão activa bater claramente o mercado tem sido no entanto comprovada pela divulgação pública das performances obtidas por alguns Fundos altamente alavancados, do tipo hedge-fund e quase todos sedeados em territórios off-shore para fugir aos impostos de mais-valias do Fisco, geridos maioritariamente por traders de origem norte-americana e quase todos CTA’s especialistas de Análise Técnica, cujos resultados dos últimos anos têm assombrado os comentaristas da especialidade nos USA, objectivamente sem grandes bases de conhecimentos que consigam explicar rentabilidades sistemáticas médias consistentes na casa dos 40% a 50% ao ano!
Gostaria apenas de referir, para quem julgue que estas rentabilidades não sejam muito entusiasmantes, que 40% anuais em 20 anos significam transformar 1 mil contos em cerca de 1 milhão de contos!!!
Por hedge-funds entendam-se carteiras mistas de risco variável contendo acções em posições longas e curtas e ainda futuros e opções sobre índices, acções, obrigações e mercadorias diversas.
Claro que houve alguns descalabros pelo meio, veja-se o caso badalado da falência técnica do LTCM, Long-Term Capital Management Fund, onde Bancos poderosos e respectivos CEO’s depositaram no seu conjunto largas centenas de milhões de contos, pertencendo à assessoria da equipa de gestão dois conceituados Prémios Nobel da Economia. Deixem-me contudo ressalvar que ambos de forma comprovada, e supostamente os restantes gestores, não eram nem nunca foram seguidores de qualquer corrente de Análise Técnica, o que só vem reforçar a ideia que os pesquisadores de valor, sem timings adequados de entrada e saída do mercado, se sujeitam a desastres em pull-backs para produtos derivados alavancados quando se guiam apenas por suposições de que o activo está caro ou barato, como é apanágio dos Fundamentalistas! No limite até terão razão mas o mercado poderá demorar uma verdadeira eternidade a comprová-lo, tarde demais contudo.
A razão pela qual não foi ainda permitido o aparecimento de hedge-funds em Portugal continua ainda para mim a ser um mistério; repito no entanto que o seu sucesso só é possível ser assegurado para quem consiga explorar de forma conveniente as ineficiências de comportamento dos activos, vulgo os traders que seguem o reconhecimento de padrões de reversão ou continuidade de ciclos ou tendências dominantes.



O “guru” dos traders profissionais
Neste forum foi há uns meses referido, por alguém que por aqui ficou bem conhecido, que traders conseguiam, mediante o seguimento de determinada metodologia esotérica combinada com outros métodos conhecidos da maioria dos traders, a maralha em que todos nos incluímos, rentabilidades anuais na casa dos 200% a 300% ao ano! Desculpem-me, mas isso não é possível de forma regular e correndo riscos aceitáveis, acredito que esporadicamente tal façanha possa ser realizável mas valores dessa ordem de grandeza implicam o assumir de riscos de alavancagem que provocam um stress incomportável para um ser humano normal, podendo descambar por vezes em perdas igualmente colossais.
Gostava aqui de referir o caso de um dos traders mais lendários mundialmente conhecido nos meios da AT, o famosíssimo Larry Williams, ainda hoje o detentor do record mundial de rentabilidade estabelecido no campeonato do mundo de traders profissionais, a Robbins Cup, que se desenrola de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de cada ano com dinheiro real, tendo nos inícios dos anos 90 transformado os 10000 ( dez mil) dólares iniciais em 1100000 ( um milhão e cem mil) dólares no fim do ano, isso mesmo, multiplicou por 110 vezes a quantia real inicial!
Actualmente gestor de fortunas , incluindo a sua, via hedge-funding exclusivo de futuros, escritor e orador em seminários de trading nos tempos livres, este senhor já repetiu em 3 anos a proeza de ter conseguido rentabilidades superiores a 1000% ao ano mas, em contrapartida, sofreu igualmente a “proeza” de reduzir os capitais que geria para menos de metade em futuros do S&P, por 8 ocasiões diferentes em menos de 1 semana, durante o bull-market dos anos 90! É claro, assumiu riscos de alavancagem elevados e como tal apanha por tabela efeitos de drawdown de sustos monumentais!
O Larry Williams tem a propósito uma frase curiosa: “Quando era contactado por qualquer investidor para gerir determinadas quantias de capital, as únicas 2 condições que punha eram que por um lado o dinheiro teria de ter uma permanência mínima de 1 ano no seu hedge-fund e por outro aconselhava o investidor a esquecê-lo e a não o questionar das razões dos seus tiros especulativos, para evitar histerias ou ataques cardíacos de clientes se ao fim de menos de 1 mês descobrissem que o seu capital tinha sofrido nesse período uma erosão de perdas superiores a 30%!”
A título de curiosidade, o verdadeiro segredo deste trader não era tanto o sistema de trading, que é bom evidentemente, mas tão só a técnica de money management que levou a uma pesquisa exaustiva e aturada por mais de um ano por parte da SEC ( a CMVM lá do sítio) para verificar como era possível obter resultados espectaculares sem cometer ilegalidades!

Qual é afinal o melhor trader ou gestor de carteiras?
A medição da eficiência da rentabilidade mais saudável de carteiras assume um papel relevante na comparação das performances de cada um no mercado.
Grandes rentabilidades com variações abissais de capital podem provocar um stress destruidor, uma fácil candidatura a ataques cardíacos indesejáveis! Assustam na sua esmagadora maioria os investidores que preferem quase sempre rentabilidades mais moderadas que se sucedam de forma consistente e sem grandes variações.
Por consenso prático existe uma fórmula que mede esse padrão, trata-se do índice ou rácio de Sharpe, cuja fórmula é a seguinte:

I.S.=(R.M.L.A.-R.M.A.S.R.)/D.P.R.M.L.A.

Parece confuso mas é fácil, o significado de cada variável é o seguinte:
I.S.: Índice de Sharpe.
R.M.L.A.: Rentabilidade média líquida anualizada.
R.M.A.S.R.: Rentabilidade média anualizada sem risco, normalmente as taxas dos yields das Obrigações do Tesouro.
D.P.R.M.L.A.: Desvio-padrão da rentabilidade média líquida anualizada.
O período mínimo de análise de performance nunca deverá ser inferior a 5 anos para um grau de certeza mais apurado.
Ao folhear os media especializados de informação económica somos muitas vezes levados a constatar que os índices de Sharpe de fundos obrigacionistas apresentam muitas vezes factores várias dezenas de vezes superiores aos fundos de acções. Tenho reparado que usam uma fórmula errada para o cálculo do rácio de Sharpe, “esquecendo-se” de subtrair à rentabilidade média anual a rentabilidade annual sem risco das OT! Independentemente disso, todos sabemos que de um modo geral os investidores de risco não se contentam com uns míseros 5% a 6% ao ano, há algo mais que falta então aprofundar.
Em função dos riscos e rentabilidades médias superiores dos fundos de acções e, por maioria de razão, dos hedge-funds, atrevo-me a dizer que o melhor gestor de carteiras é dado, não pela fórmula isolada do índice de Sharpe, mas sim multiplicando a rentabilidade média líquida anualizada, conseguida em vários anos de actividade, pelo rácio de Sharpe!

Conclusão
Voltando ao nosso Portugal, poucos de nós terão provavelmente tido a pachorra de organizar os nossos próprios negócios transacionados em Bolsa procurando medir o respectivo grau de sucesso. Sugiro um exercício simples, basta fazer 2 colunas, a dos negócios em que se ganhou dinheiro e a dos negócios perdedores em cada ano. Façam-no e comparem por fim em cada ano a vossa rentabilidade com a do índice bolsista. Se de forma sistemática a divisão do somatório da coluna das transações positivas com o somatório da negativa se traduzir num valor superior a 2, incluindo os anos de Bolsa menos bons como sucede no presente, e baterem consistentemente o índice, parabéns, estão no caminho certo para se tornarem milionários a mais de 20 anos de distância!Para esses, o trading é um investimento comprovado, nunca um jogo!Vão reparar também que muitos teriam de fazer um exame de consciência à razão pela qual continuam a tentar a gestão activa nos mercados! Para quantos e quantos não seria melhor parar de vez e aplicar os respectivos capitais em simples carteiras de gestão passiva, incluindo a maioria dos Fundos que pululam pelo nosso mercado caseiro?! Nem todos podem ser milionários!
Ganhar dinheiro nos mercados não é difícil, há milhões de maneiras de o conseguir, tal como perdê-lo se torna ainda mais fácil, mas ganhar muito dinheiro a longo prazo só se consegue com muito estudo, sangue-frio, reacção mecanizada aproveitando probabilisticamente ao detalhe todas as ineficiências que o mercado proporciona, tomadas de decisão responsáveis de compra e venda sem culpar terceiros pelos nossos insucessos eventuais (parafraseando o nosso brilhante K), atitude desemocionada e ainda um gosto enorme pelo prazer que proporciona este tipo de negócio em anos e anos de prática continuada, o melhor do mundo para multiplicar os capitais próprios! "

(escrito por Cem em Outubro de 2000)
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Ulisses Pereira

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