AmLat - Resumo da semana
2 mensagens
|Página 1 de 1
Muito obrigado!
Caro djovarius,
Quero agradecer-te por estas magníficas crónicas semanais financeiras (e não só) que tanto aprecio.
O Brasil é de facto um mercado muito importante a nível mundial e tem uma importância decisiva para futuro de várias empresas portuguesas que aí têm avultados investimentos. Daí considerar estes teus posts muito relevantes do ponto de vista informativo - fica-se com uma boa noção do que se vai passando por essa AmLat.
Em tempos vivi nesse maravilhoso país que é o Brasil e leio como muito interesse todos os desenvolvimentos políticos, económicos e sociais que lhe estão associados.
Um grande abraço e continua a brindar-nos com os teus "AmLat - resumo da semana"
Quero agradecer-te por estas magníficas crónicas semanais financeiras (e não só) que tanto aprecio.
O Brasil é de facto um mercado muito importante a nível mundial e tem uma importância decisiva para futuro de várias empresas portuguesas que aí têm avultados investimentos. Daí considerar estes teus posts muito relevantes do ponto de vista informativo - fica-se com uma boa noção do que se vai passando por essa AmLat.
Em tempos vivi nesse maravilhoso país que é o Brasil e leio como muito interesse todos os desenvolvimentos políticos, económicos e sociais que lhe estão associados.
Um grande abraço e continua a brindar-nos com os teus "AmLat - resumo da semana"
- Mensagens: 79
- Registado: 5/11/2002 10:44
- Localização: Lisboa
AmLat - Resumo da semana
Olá tudo bem? Vamos ao que realmente importa. Está provado que o assunto “Iraque” condiciona o sobe e desce dos mercados, mais desce do que sobe, porque os perigos ainda não foram devidamente ponderados. Só à conta desse problema global, a Bovespa perdeu 5% entre ontem e hoje, pelo medo que uma crise provocada pela guerra acabe por prejudicar ainda mais a já esquecida América Latina.
Esquecida é o mínimo que se pode dizer. Num momento em que o assunto é Saddam, nada mais parece interessar a um Mundo que fecha os olhos a uma outra “guerra” social e económica que se agrava minando os esforços de desenvolvimento deste continente. Quando o mundo acordar, pode ser tarde demais.
Com o assunto Venezuela em aparente calmaria (ou paz podre), revivem-se outros velhos problemas. No triste Paraguay, que cada vez mais (sobre)vive do contrabando para os vizinhos, especialmente para o Brasil, o presidente Luís Maky salvou-se no Congresso de um “impeachment” que o levaria à perdição. Foi poupado, alegadamente por estar em fim de mandato, já que em Abril realizar-se-ão eleições. Afinal, será que tiveram pena do “coitado”? Ele é que não teve pena de perseguir adversários políticos, desviar verbas e ainda andar com carro roubado(?). Com tanta gente séria e honesta no poder, não admira que o povo viva na miséria num país onde o desemprego atinge já 33% da PEA...
E por falar em Povo, há ainda onde ele ordene. Na Bolívia, uma tentativa do governo de aumentar os impostos, provocou uma onda de violência na capital, La Paz. O governo queria mais 12,5%, um aumento brutal, a população reagiu em fúria, a polícia, amotinada não travou os manifestantes, foi necessário usar o exército para dispersar a multidão. Resultado, 14 mortos e um país em choque. A insensatez da medida foi paga com sangue e o governo Boliviano decidiu recuar.
Na Colômbia, um atentado terrorista causou pelo menos 15 mortos. Uma bomba deflagrou num carro parado junto a um prédio residencial. O governo atribui este ataque às FARC, o que já não será propriamente uma surpresa...
Com o mundo em ebulição e com a AmLat em permanente crise civilizacional, nada mais natural o pessimismo que assola dirigentes, investidores e o mais humilde cidadão comum. Assim, é natural que o Brasil também cavalgue na onda do pessimismo, apesar de uma relativa paz social. A Economia é o assunto dominante semana após semana, porque as dificuldades parecem não ter fim...
Na próxima semana, o FMI vai passar por aqui. Não se esperam alterações de fundo ao que está acordado desde o ano passado, até porque o governo Lula já anunciou ainda mais disciplina fiscal nas contas federais. Apesar disso, algumas nuvens negras surgem no horizonte quando se trata das contas de alguns Estados. É esperar para ver. Sintoma da crise é o estado da Industria. A produção cresceu muito pouco em 2002 e no Estado de São Paulo regrediu mesmo, tendo caído mais de 1%, o que é um mau sintoma, considerando a tradicional força do sector nesta região. Não era de esperar outra coisa num quadro de juros e inflação em elevação. Aumento dos lucros são uma miragem, excepto para os Bancos, tal como em 2001. Num país onde o crédito pessoal tem juros de 180% ao ano, não é de estranhar o espantoso aumento dos lucros da Banca. O Banco do Brasil fechou 2002 com um aumento do lucro consolidado da ordem dos 87%, atingindo os 2 mil milhões de reais. Outros Bancos deverão seguir o exemplo, certamente. Para um sector que esteve em ruína e que foi salvo por um programa de emergência do governo FHC (o famigerado PROER), até que as coisas não poderiam correr melhor nesta fase. Crise? Só no sector não financeiro da Economia...
Até se pode afirmar que estes lucros poderão ainda ser ampliados. As taxas de juro, segundo os analistas, deverão subir mais ainda por culpa da inflação. É possível que o Banco Central “ataque” com mais 200 pontos-base em cima da taxa de referência actual, que anda pelos 25,5%. O mercado assustou-se com a divulgação da inflação de Janeiro ao consumidor, medida pelo índice IPCA, talvez o mais fiável de todos. Foi o pior Janeiro do plano Real, a inflação atingiu 2,25% e o acumulado dos últimos 12 meses saltou dos 12,5% para 14,5%. Os mercados, já tremidos pela questão do Iraque, assustaram-se a sério. A Bolsa de São Paulo entrou em queda abrupta, como dissemos, e o Real voltou a cair bastante face ao dólar e a testar o mínimo histórico face ao Euro. Por tudo isto, o Banco Central não deverá hesitar, terá que aumentar os juros e adiar mais ainda as esperanças de recuperação económica. Assim, os Bancos terão ainda mais força. A propósito, outro Banco privado, o Itaú, que também deverá apresentar bons resultados, já fez saber que não está interessado em se desfazer da sua participação no português BPI. O BSCH está de olho nos 12,5% que o Itaú detém no BPI, mas pelos vistos terá que esperar uma melhor oportunidade...
Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números prov.)
IBOVESPA – 10.030 pts – o índice desceu 3,3% na semana (mínimos do ano, testou suporte 10.000 pts.)
US$ 1 = R$ 3,66 – o dólar subiu 2% na semana
€ 1 = R$ 3,95 – o Euro subiu 2% na semana
Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,80 aprox.
E agora, off-topic, ou talvez não, uma nota polémica: é interessante verificar que muitos, em Portugal, comemoram hoje o dia dos namorados, dia de S. Valentim, até mesmo aqueles que são anti – EUA, por causa da guerra. Os Americanos conseguiram globalizar o seu dia dos namorados. Felizmente o Brasil, onde são patentes as influências norte-americanas, conseguiu salvar a tradição antiga, comemorando-se aqui o dia dos namorados em Junho, no dia de Santo António, o que me parece perfeitamente certo, salvando-se uma herança de um Portugal remoto e distante...
Um abraço a todos do djovarius; e neste clima de pré – guerra, deixo-vos com o grande Caetano Veloso...
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes, somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses, mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais?
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo, Tins e Bens e tais
Esquecida é o mínimo que se pode dizer. Num momento em que o assunto é Saddam, nada mais parece interessar a um Mundo que fecha os olhos a uma outra “guerra” social e económica que se agrava minando os esforços de desenvolvimento deste continente. Quando o mundo acordar, pode ser tarde demais.
Com o assunto Venezuela em aparente calmaria (ou paz podre), revivem-se outros velhos problemas. No triste Paraguay, que cada vez mais (sobre)vive do contrabando para os vizinhos, especialmente para o Brasil, o presidente Luís Maky salvou-se no Congresso de um “impeachment” que o levaria à perdição. Foi poupado, alegadamente por estar em fim de mandato, já que em Abril realizar-se-ão eleições. Afinal, será que tiveram pena do “coitado”? Ele é que não teve pena de perseguir adversários políticos, desviar verbas e ainda andar com carro roubado(?). Com tanta gente séria e honesta no poder, não admira que o povo viva na miséria num país onde o desemprego atinge já 33% da PEA...
E por falar em Povo, há ainda onde ele ordene. Na Bolívia, uma tentativa do governo de aumentar os impostos, provocou uma onda de violência na capital, La Paz. O governo queria mais 12,5%, um aumento brutal, a população reagiu em fúria, a polícia, amotinada não travou os manifestantes, foi necessário usar o exército para dispersar a multidão. Resultado, 14 mortos e um país em choque. A insensatez da medida foi paga com sangue e o governo Boliviano decidiu recuar.
Na Colômbia, um atentado terrorista causou pelo menos 15 mortos. Uma bomba deflagrou num carro parado junto a um prédio residencial. O governo atribui este ataque às FARC, o que já não será propriamente uma surpresa...
Com o mundo em ebulição e com a AmLat em permanente crise civilizacional, nada mais natural o pessimismo que assola dirigentes, investidores e o mais humilde cidadão comum. Assim, é natural que o Brasil também cavalgue na onda do pessimismo, apesar de uma relativa paz social. A Economia é o assunto dominante semana após semana, porque as dificuldades parecem não ter fim...
Na próxima semana, o FMI vai passar por aqui. Não se esperam alterações de fundo ao que está acordado desde o ano passado, até porque o governo Lula já anunciou ainda mais disciplina fiscal nas contas federais. Apesar disso, algumas nuvens negras surgem no horizonte quando se trata das contas de alguns Estados. É esperar para ver. Sintoma da crise é o estado da Industria. A produção cresceu muito pouco em 2002 e no Estado de São Paulo regrediu mesmo, tendo caído mais de 1%, o que é um mau sintoma, considerando a tradicional força do sector nesta região. Não era de esperar outra coisa num quadro de juros e inflação em elevação. Aumento dos lucros são uma miragem, excepto para os Bancos, tal como em 2001. Num país onde o crédito pessoal tem juros de 180% ao ano, não é de estranhar o espantoso aumento dos lucros da Banca. O Banco do Brasil fechou 2002 com um aumento do lucro consolidado da ordem dos 87%, atingindo os 2 mil milhões de reais. Outros Bancos deverão seguir o exemplo, certamente. Para um sector que esteve em ruína e que foi salvo por um programa de emergência do governo FHC (o famigerado PROER), até que as coisas não poderiam correr melhor nesta fase. Crise? Só no sector não financeiro da Economia...
Até se pode afirmar que estes lucros poderão ainda ser ampliados. As taxas de juro, segundo os analistas, deverão subir mais ainda por culpa da inflação. É possível que o Banco Central “ataque” com mais 200 pontos-base em cima da taxa de referência actual, que anda pelos 25,5%. O mercado assustou-se com a divulgação da inflação de Janeiro ao consumidor, medida pelo índice IPCA, talvez o mais fiável de todos. Foi o pior Janeiro do plano Real, a inflação atingiu 2,25% e o acumulado dos últimos 12 meses saltou dos 12,5% para 14,5%. Os mercados, já tremidos pela questão do Iraque, assustaram-se a sério. A Bolsa de São Paulo entrou em queda abrupta, como dissemos, e o Real voltou a cair bastante face ao dólar e a testar o mínimo histórico face ao Euro. Por tudo isto, o Banco Central não deverá hesitar, terá que aumentar os juros e adiar mais ainda as esperanças de recuperação económica. Assim, os Bancos terão ainda mais força. A propósito, outro Banco privado, o Itaú, que também deverá apresentar bons resultados, já fez saber que não está interessado em se desfazer da sua participação no português BPI. O BSCH está de olho nos 12,5% que o Itaú detém no BPI, mas pelos vistos terá que esperar uma melhor oportunidade...
Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números prov.)
IBOVESPA – 10.030 pts – o índice desceu 3,3% na semana (mínimos do ano, testou suporte 10.000 pts.)
US$ 1 = R$ 3,66 – o dólar subiu 2% na semana
€ 1 = R$ 3,95 – o Euro subiu 2% na semana
Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,80 aprox.
E agora, off-topic, ou talvez não, uma nota polémica: é interessante verificar que muitos, em Portugal, comemoram hoje o dia dos namorados, dia de S. Valentim, até mesmo aqueles que são anti – EUA, por causa da guerra. Os Americanos conseguiram globalizar o seu dia dos namorados. Felizmente o Brasil, onde são patentes as influências norte-americanas, conseguiu salvar a tradição antiga, comemorando-se aqui o dia dos namorados em Junho, no dia de Santo António, o que me parece perfeitamente certo, salvando-se uma herança de um Portugal remoto e distante...
Um abraço a todos do djovarius; e neste clima de pré – guerra, deixo-vos com o grande Caetano Veloso...
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes, somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses, mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais?
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo, Tins e Bens e tais
2 mensagens
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Google [Bot], Jonas74, Paulo Pereira 74, Tosta mista, VALHALLA e 310 visitantes