Jardim Gonçalves
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Re: JG em entrevista
In Expresso 23/10/04
«Não compreendo o BPI»
No dia em que o Millennium bcp apaga a primeira vela, JARDIM GONÇALVES fala da aliança com a EDP, diz que não percebe a racionalidade dos 5,3% que o BPI tem no BCP e conclui que quanto mais caro o BCP for mais defendido estará
ANA BAIÃO
NO PRECISO dia em que o Millennium bcp comemora um ano de vida, Jardim Gonçalves abre a alma sobre a refundação do banco, que envolveu um investimento de €11,4 milhões na mudança da imagem de 1077 balcões em pouco mais de dois meses.
EXPRESSO - O OE fala numa colecta mínima de 15% no IRC. O BCP será afectado?
JARDIM GONÇALVES - A notícia de que os resultados podem cair 9% não é consistente. O que temos a dizer é que os resultados do próximo ano não serão afectados materialmente.
EXP. - Mas o BCP paga 8%...
J.G. - A leitura dessa taxa é feita de modo especial. Há reportes fiscais perfeitamente legítimos por aquilo que o banco hoje incorpora e que dizem respeito a reestruturações, fusões, aquisições. É por isso que temos pago menos.
EXP. - O fim dos benefícios fiscais aos PPA e PPR não vos afecta?
J.G. - A mudança do enquadramento fiscal obriga-nos a uma atitude criativa para continuarmos a captar a poupança, que não vai diminuir por isso.
EXP. - E a redução de 20% para 15% sobe os lucros no «offshore» da Madeira?
J.G. - Também não somos afectados. Estamos muito aquém dessa percentagem.
EXP. - Que balanço faz do primeiro ano da marca Millennium bcp?
J.G. - A marca única impôs-se e foi aceite. A convicção de que um quinto nome que nada tivesse a ver com as histórias das instituições absorvidas (Nova Rede, Sotto Mayor, Atlântico e BCP) foi acertada.
EXP. - Que desafios para o futuro?
J.G. - Continuar a crescer organicamente: num ano de Millennium bcp aumentámos os depósitos, os recursos e o crédito. Quando temos uma quota de mercado e estes volumes, ganhar 1% é muito. Mas ainda podemos aumentá-las.
EXP. - O nome Millennium potencia a expansão em mercados externos?
J.G. - Naturalmente. O facto de estarmos na Polónia praticamente com o mesmo nome faz todo o sentido. Mas temos consciência de que os mercados são muito diferentes. Não alterámos o nome na Grécia porque é uma «start-up» e confundiria o mercado.
EXP. - Onde é que faz sentido?
J.G. - Em Angola, onde temos duas sucursais BCP e queremos abrir um banco.
EXP. - Porque é que na Bolsa se mantém o nome BCP?
J.G. - É a nossa razão social. Não vejo razão para mudar.
EXP. - Preocupa-o a diminuição da base de pequenos accionistas?
J.G. - Sim. Continuamos a precisar que o mercado de retalho veja nas acções uma boa aplicação. Determinados comportamentos, sobretudo nas privatizações, prejudicaram a atractividade que o mercado poderia e deveria ter.
EXP. - Refere-se à Portucel?
J.G. - Refiro-me a várias coisas, à privatização da Portucel, mas também a toda a história da EDP - e mesmo ao que se passa nas telecomunicações, em que o incumbente está a evoluir para ter o monopólio e não está a acontecer a liberalização prometida há tantos anos. Estes factos não tornam o mercado atractivo. Precisávamos de títulos com mais liquidez para termos mais peso.
EXP. - O BCP vai acompanhar o aumento de capital da EDP?
J.G. - Vejo a operação pela positiva. Como accionistas da EDP, apoiámos a aquisição da Hidrocantábrico e votámos a favor do aumento de capital. À partida, não vemos razão para não acompanhar o aumento de capital, mas precisamos de conhecer as condições da operação.
EXP. - Porquê?
J.G. - A EDP, com a sua dimensão e base de clientes, e o Millennium bcp, com a dimensão e presença que tem no exterior, podem criar plataformas e estabelecer programas de contenção de custos. Além das telecomunicações, onde estamos juntos na Oni, temos outras áreas a explorar.
EXP. - Quais?
J.G. - Numa área operativa, informática, na agregação de compras...
EXP. - O que pensa de a Iberdrola reforçar a posição na EDP?
J.G. - Acho que participações significativas devem ser sempre de comum acordo... É bom que o funcionamento das empresas cotadas não seja perturbado. A nossa posição na EDP é para manter.
EXP. - O acordo de venda da Seguros & Pensões correu bem, mas ainda está sob análise...
J.G. - O grupo teve capacidade para dividir em dois um património que era uno, negociar com um conjunto de entidades e fechar o acordo com duas delas (a CGD e o Fortis) no mesmo dia, o que foi notável. Temos de aguardar.
EXP. - Podia ter vendido a outros grupos que não o Fortis ou a Caixa?
J.G. - Vendemos a quem fez as melhores ofertas. É evidente que um operador forte de seguros em Portugal poderia pagar mais do que qualquer outro, por poder aproveitar sinergias.
EXP. - A CGD reduziu a menos de metade a posição (2,6%) no BCP. Há espaço para outros negócios?
J.G. - Podemos continuar a fazer coisas em conjunto. Há oportunidades no exterior. Também estamos juntos na EDP...
EXP. - Já têm um parceiro para a Polónia?
J.G. - Acreditamos que poderá haver fenómenos de concentração entre bancos estrangeiros. Queremos desenvolver o retalho, mas estamos abertos a parcerias noutras áreas.
EXP. - Quando é que o Fortis vai entrar no capital do BCP?
J.G. - Existe essa possibilidade, mas não faz sentido falar dela sem o acordo definitivo - as autoridades da concorrência ainda estão a analisar o negócio. Será o Fortis a ter a iniciativa, mas para o acordo firmado não precisamos de cruzar participações.
EXP. - Satisfaz-lhe a participação da CGD?
J.G. - Não temos problema nenhum com isso...
EXP. - E o facto de o BPI andar a comprar acções do BCP e vice-versa?...
J.G. - O BCP não tem nenhum desejo de ter uma participação no BPI. Se há veículos do banco que têm acções do BPI é por uma decisão legítima de investimento, não é por orientação do BCP...
EXP. - Mas o BPI já tem 5,3% do BCP. Isso incomoda-o?
J.G. - É um problema do BPI. Eu não conheço nenhuma justificação para essa participação. Mas é muito importante que o mercado perceba a razão de participações acima de um determinado montante...
EXP. - Porquê?
J.G. - Porque se não existir racionalidade nessas participações o mercado pode temer que um dia seja inundado de um elevado número de acções. Isso pode afectar a cotação. Sou sensível à necessidade de explicação do racional desse investimento.
EXP. - O BPI diz que é um bom investimento financeiro...
J.G. - Não tive informação sobre o racional, mas não excluo que exista...
EXP. - Receia que grupos como o BBVA possam tentar tomar de assalto o BCP?
J.G. - Sempre lutámos por ter autonomia estratégica e para não sermos subsidiários de uma casa maior. Continuamos a lutar por isso e tivemos de agarrar oportunidades de investimento no exterior para nos fortalecermos e ganhar essa autonomia. 2005 já será um ano em que todas as operações no exterior darão lucros, mas o banco teve de passar por grandes sacrifícios para poder manter-se autónomo. Sendo este o nosso desejo, não temos simpatia nem nenhuma atitude de acolhimento para quem nos quiser comprar. Mas o título está no mercado - e o mercado é soberano.
EXP. - Como é que se podem defender de um ataque?
J.G. - Temos consciência de que quanto mais caros formos, por sermos maiores e mais rentáveis, mais dificultaremos essa contingência, essa vulnerabilidade.
«Não compreendo o BPI»
No dia em que o Millennium bcp apaga a primeira vela, JARDIM GONÇALVES fala da aliança com a EDP, diz que não percebe a racionalidade dos 5,3% que o BPI tem no BCP e conclui que quanto mais caro o BCP for mais defendido estará
ANA BAIÃO
NO PRECISO dia em que o Millennium bcp comemora um ano de vida, Jardim Gonçalves abre a alma sobre a refundação do banco, que envolveu um investimento de €11,4 milhões na mudança da imagem de 1077 balcões em pouco mais de dois meses.
EXPRESSO - O OE fala numa colecta mínima de 15% no IRC. O BCP será afectado?
JARDIM GONÇALVES - A notícia de que os resultados podem cair 9% não é consistente. O que temos a dizer é que os resultados do próximo ano não serão afectados materialmente.
EXP. - Mas o BCP paga 8%...
J.G. - A leitura dessa taxa é feita de modo especial. Há reportes fiscais perfeitamente legítimos por aquilo que o banco hoje incorpora e que dizem respeito a reestruturações, fusões, aquisições. É por isso que temos pago menos.
EXP. - O fim dos benefícios fiscais aos PPA e PPR não vos afecta?
J.G. - A mudança do enquadramento fiscal obriga-nos a uma atitude criativa para continuarmos a captar a poupança, que não vai diminuir por isso.
EXP. - E a redução de 20% para 15% sobe os lucros no «offshore» da Madeira?
J.G. - Também não somos afectados. Estamos muito aquém dessa percentagem.
EXP. - Que balanço faz do primeiro ano da marca Millennium bcp?
J.G. - A marca única impôs-se e foi aceite. A convicção de que um quinto nome que nada tivesse a ver com as histórias das instituições absorvidas (Nova Rede, Sotto Mayor, Atlântico e BCP) foi acertada.
EXP. - Que desafios para o futuro?
J.G. - Continuar a crescer organicamente: num ano de Millennium bcp aumentámos os depósitos, os recursos e o crédito. Quando temos uma quota de mercado e estes volumes, ganhar 1% é muito. Mas ainda podemos aumentá-las.
EXP. - O nome Millennium potencia a expansão em mercados externos?
J.G. - Naturalmente. O facto de estarmos na Polónia praticamente com o mesmo nome faz todo o sentido. Mas temos consciência de que os mercados são muito diferentes. Não alterámos o nome na Grécia porque é uma «start-up» e confundiria o mercado.
EXP. - Onde é que faz sentido?
J.G. - Em Angola, onde temos duas sucursais BCP e queremos abrir um banco.
EXP. - Porque é que na Bolsa se mantém o nome BCP?
J.G. - É a nossa razão social. Não vejo razão para mudar.
EXP. - Preocupa-o a diminuição da base de pequenos accionistas?
J.G. - Sim. Continuamos a precisar que o mercado de retalho veja nas acções uma boa aplicação. Determinados comportamentos, sobretudo nas privatizações, prejudicaram a atractividade que o mercado poderia e deveria ter.
EXP. - Refere-se à Portucel?
J.G. - Refiro-me a várias coisas, à privatização da Portucel, mas também a toda a história da EDP - e mesmo ao que se passa nas telecomunicações, em que o incumbente está a evoluir para ter o monopólio e não está a acontecer a liberalização prometida há tantos anos. Estes factos não tornam o mercado atractivo. Precisávamos de títulos com mais liquidez para termos mais peso.
EXP. - O BCP vai acompanhar o aumento de capital da EDP?
J.G. - Vejo a operação pela positiva. Como accionistas da EDP, apoiámos a aquisição da Hidrocantábrico e votámos a favor do aumento de capital. À partida, não vemos razão para não acompanhar o aumento de capital, mas precisamos de conhecer as condições da operação.
EXP. - Porquê?
J.G. - A EDP, com a sua dimensão e base de clientes, e o Millennium bcp, com a dimensão e presença que tem no exterior, podem criar plataformas e estabelecer programas de contenção de custos. Além das telecomunicações, onde estamos juntos na Oni, temos outras áreas a explorar.
EXP. - Quais?
J.G. - Numa área operativa, informática, na agregação de compras...
EXP. - O que pensa de a Iberdrola reforçar a posição na EDP?
J.G. - Acho que participações significativas devem ser sempre de comum acordo... É bom que o funcionamento das empresas cotadas não seja perturbado. A nossa posição na EDP é para manter.
EXP. - O acordo de venda da Seguros & Pensões correu bem, mas ainda está sob análise...
J.G. - O grupo teve capacidade para dividir em dois um património que era uno, negociar com um conjunto de entidades e fechar o acordo com duas delas (a CGD e o Fortis) no mesmo dia, o que foi notável. Temos de aguardar.
EXP. - Podia ter vendido a outros grupos que não o Fortis ou a Caixa?
J.G. - Vendemos a quem fez as melhores ofertas. É evidente que um operador forte de seguros em Portugal poderia pagar mais do que qualquer outro, por poder aproveitar sinergias.
EXP. - A CGD reduziu a menos de metade a posição (2,6%) no BCP. Há espaço para outros negócios?
J.G. - Podemos continuar a fazer coisas em conjunto. Há oportunidades no exterior. Também estamos juntos na EDP...
EXP. - Já têm um parceiro para a Polónia?
J.G. - Acreditamos que poderá haver fenómenos de concentração entre bancos estrangeiros. Queremos desenvolver o retalho, mas estamos abertos a parcerias noutras áreas.
EXP. - Quando é que o Fortis vai entrar no capital do BCP?
J.G. - Existe essa possibilidade, mas não faz sentido falar dela sem o acordo definitivo - as autoridades da concorrência ainda estão a analisar o negócio. Será o Fortis a ter a iniciativa, mas para o acordo firmado não precisamos de cruzar participações.
EXP. - Satisfaz-lhe a participação da CGD?
J.G. - Não temos problema nenhum com isso...
EXP. - E o facto de o BPI andar a comprar acções do BCP e vice-versa?...
J.G. - O BCP não tem nenhum desejo de ter uma participação no BPI. Se há veículos do banco que têm acções do BPI é por uma decisão legítima de investimento, não é por orientação do BCP...
EXP. - Mas o BPI já tem 5,3% do BCP. Isso incomoda-o?
J.G. - É um problema do BPI. Eu não conheço nenhuma justificação para essa participação. Mas é muito importante que o mercado perceba a razão de participações acima de um determinado montante...
EXP. - Porquê?
J.G. - Porque se não existir racionalidade nessas participações o mercado pode temer que um dia seja inundado de um elevado número de acções. Isso pode afectar a cotação. Sou sensível à necessidade de explicação do racional desse investimento.
EXP. - O BPI diz que é um bom investimento financeiro...
J.G. - Não tive informação sobre o racional, mas não excluo que exista...
EXP. - Receia que grupos como o BBVA possam tentar tomar de assalto o BCP?
J.G. - Sempre lutámos por ter autonomia estratégica e para não sermos subsidiários de uma casa maior. Continuamos a lutar por isso e tivemos de agarrar oportunidades de investimento no exterior para nos fortalecermos e ganhar essa autonomia. 2005 já será um ano em que todas as operações no exterior darão lucros, mas o banco teve de passar por grandes sacrifícios para poder manter-se autónomo. Sendo este o nosso desejo, não temos simpatia nem nenhuma atitude de acolhimento para quem nos quiser comprar. Mas o título está no mercado - e o mercado é soberano.
EXP. - Como é que se podem defender de um ataque?
J.G. - Temos consciência de que quanto mais caros formos, por sermos maiores e mais rentáveis, mais dificultaremos essa contingência, essa vulnerabilidade.
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P.M.
Apenas encontrei isto:
No dia de anos do Millenium JARDIM GONÇALVES fala do futuro
O PRESIDENTE do BCP revela-nos a receita para evitar o sucesso de um «take over» hostil ao maior grupo financeiro privado português. «Sabemos que quanto mais caros formos, por sermos maiores e mais rentáveis, mais dificultaremos um ataque», disse, acrescentando que «não terão simpatia nem nenhuma atitude de acolhimento para quem nos quiser comprar». »
No dia de anos do Millenium JARDIM GONÇALVES fala do futuro
O PRESIDENTE do BCP revela-nos a receita para evitar o sucesso de um «take over» hostil ao maior grupo financeiro privado português. «Sabemos que quanto mais caros formos, por sermos maiores e mais rentáveis, mais dificultaremos um ataque», disse, acrescentando que «não terão simpatia nem nenhuma atitude de acolhimento para quem nos quiser comprar». »
Tiger
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Jardim Gonçalves
Revela em entrevista ao Expresso que não compreende a posição do BPI no BCP. Desabafos compreensíveis pois estratégica não deve ser.
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