Novo artigo: "Amordaçando os comentadores"
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Bom artigo Ulisses, como é aliás teu apanágio.
Provavelmente a divulgação dos interesses presentes num determinado título não é suficiente para assegurar transparência. Por outro lado a posição radical de afastar os analistas do mercado é contraproducente, como bem dizes.
Provavelmente a solução estará algo no meio: O analista deveria ser obrigado a publicar os seus interesses presentes e futuros (a curto prazo evidentemente), e deveria ser sujeito a auditoria (por amostragem) independente para verificação da independência das suas análises e da transparência da sua actuação.
É que o analista pode não ter posições abertas no momento em que escreve mas pode ter uma estratégia estabelecida, a qual pode ser extremamente beneficiada por movimentos originados, ou influenciados, pelas suas análises...
Isto, claro, só funcionaria caso os analistas fossem um corpo profissional organizado, o que não acontece. Mas quem sabe, se alguns derem o exemplo vai-se separando o trigo do joio...
Um abraço
FT
Provavelmente a divulgação dos interesses presentes num determinado título não é suficiente para assegurar transparência. Por outro lado a posição radical de afastar os analistas do mercado é contraproducente, como bem dizes.
Provavelmente a solução estará algo no meio: O analista deveria ser obrigado a publicar os seus interesses presentes e futuros (a curto prazo evidentemente), e deveria ser sujeito a auditoria (por amostragem) independente para verificação da independência das suas análises e da transparência da sua actuação.
É que o analista pode não ter posições abertas no momento em que escreve mas pode ter uma estratégia estabelecida, a qual pode ser extremamente beneficiada por movimentos originados, ou influenciados, pelas suas análises...
Isto, claro, só funcionaria caso os analistas fossem um corpo profissional organizado, o que não acontece. Mas quem sabe, se alguns derem o exemplo vai-se separando o trigo do joio...
Um abraço
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
Parabéns, Ulisses, um artigo muito bem elaborado e que merece o meu acordo.
Um comentador ou analista dificilmente é neutro, eu até diria que não é desejável que o seja, pois tem de ser interveniente, no sentido de estar dentro do mercado (ou da sua área respectiva) e retirar as suas próprias conclusões, que nunca podem ser assépticas pois assim ficariam sem qualquer interesse.
Agora defender interesses próprios, directa ou indirectamente, isso nunca. Nem influenciar de forma não natural o mercado (ou qualquer outra área), no caso de comentadores muito apreciados e credíveis, que deverão evitar as opiniões repetidas sobre um mesmo activo (ou assunto), pondo de lado também as previsões proféticas, que nunca têm cabimento. Ou seja, as opiniões e previsões que um comentador deve fazer têm que estar temperadas pela mera probabilidade de um cenário se poder concretizar no futuro e nunca por uma certeza que se queira incutir nos outros. E não é só um investidor que deve diversificar, um comentador também deve variar os seus temas ou abordagens.
Mas devemos estar conscientes que fazer um comentário, dar uma opinião, com equilíbrio e bom senso, influencia sempre os outros de alguma forma, o que não deve trazer problemas pois nada melhor do que ser influenciado por uma boa opinião ou por uma boa explicação de qualquer situação, seja do mercado ou qualquer outra. A aceitação das opiniões e comentários é uma atitude da responsabilidade de quem os lê ou ouve, devendo ser feita a triagem do que se julga aceitável ou mais discutível. Será sempre o leitor ou ouvinte do comentário a fazer uma selecção do que julga ser mais válido para formar então a sua própria opinião.
Por outro lado um comentador, seja do que for, deve necessariamente trabalhar, de uma forma ou de outra, na área de que fala ou escreve, se não passaria a ser um mero teórico com uma opinião inútil. Assim como um analista de mercado deve negociar e, desejavelmente, ser até um trader com experiência, também qualquer outro comentador, de outra área, tem tudo a ganhar se for um “expert” da matéria sobre a qual opina.
Todas as pressões sobre a emissão de uma opinião configuram, em si mesmas, alguma forma de censura. Mas algumas pressões, de tão violentas e primárias, fazem o papel da própria censura. Ao dar-se uma opinião credível, embora de cunho pessoal, desde que não se ofenda ninguém na sua honra, pode desagradar-se a um grupo de pessoas, empresas ou partidos. Não pode é ser tolerado que, por esse facto, quem emitiu essa opinião seja calado ou impedido objectivamente de se expressar.
Um abraço
Comentador
Um comentador ou analista dificilmente é neutro, eu até diria que não é desejável que o seja, pois tem de ser interveniente, no sentido de estar dentro do mercado (ou da sua área respectiva) e retirar as suas próprias conclusões, que nunca podem ser assépticas pois assim ficariam sem qualquer interesse.
Agora defender interesses próprios, directa ou indirectamente, isso nunca. Nem influenciar de forma não natural o mercado (ou qualquer outra área), no caso de comentadores muito apreciados e credíveis, que deverão evitar as opiniões repetidas sobre um mesmo activo (ou assunto), pondo de lado também as previsões proféticas, que nunca têm cabimento. Ou seja, as opiniões e previsões que um comentador deve fazer têm que estar temperadas pela mera probabilidade de um cenário se poder concretizar no futuro e nunca por uma certeza que se queira incutir nos outros. E não é só um investidor que deve diversificar, um comentador também deve variar os seus temas ou abordagens.
Mas devemos estar conscientes que fazer um comentário, dar uma opinião, com equilíbrio e bom senso, influencia sempre os outros de alguma forma, o que não deve trazer problemas pois nada melhor do que ser influenciado por uma boa opinião ou por uma boa explicação de qualquer situação, seja do mercado ou qualquer outra. A aceitação das opiniões e comentários é uma atitude da responsabilidade de quem os lê ou ouve, devendo ser feita a triagem do que se julga aceitável ou mais discutível. Será sempre o leitor ou ouvinte do comentário a fazer uma selecção do que julga ser mais válido para formar então a sua própria opinião.
Por outro lado um comentador, seja do que for, deve necessariamente trabalhar, de uma forma ou de outra, na área de que fala ou escreve, se não passaria a ser um mero teórico com uma opinião inútil. Assim como um analista de mercado deve negociar e, desejavelmente, ser até um trader com experiência, também qualquer outro comentador, de outra área, tem tudo a ganhar se for um “expert” da matéria sobre a qual opina.
Todas as pressões sobre a emissão de uma opinião configuram, em si mesmas, alguma forma de censura. Mas algumas pressões, de tão violentas e primárias, fazem o papel da própria censura. Ao dar-se uma opinião credível, embora de cunho pessoal, desde que não se ofenda ninguém na sua honra, pode desagradar-se a um grupo de pessoas, empresas ou partidos. Não pode é ser tolerado que, por esse facto, quem emitiu essa opinião seja calado ou impedido objectivamente de se expressar.
Um abraço
Comentador
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- Registado: 26/4/2003 23:30
- Localização: 16
quando escreveu, o que está em baixo, era verdade e V/exa. sabia disso, explique aí a todo o fórum quem era a familiar que estava numa corretora e trabalhou consigo nestas small caps, não seria mesmo manuipulação?
Eu publicava, diariamente, as minhas análises num fórum de Bolsa e comecei a assustar-me com o impacto que algumas dessas minhas análises tinham no mercado. Quando tecia algum comentário positivo sobre uma “small cap” (pequena acção com baixa capitalização bolsista e reduzida liquidez) da nossa Bolsa, no dia seguinte ela disparava, subindo quase sempre perto dos 10%. Comecei a perceber que isso acontecia, não apenas pelos motivos que me levava a aconselhar a acção, mas sobretudo por eu falar dela e os meus leitores carregarem sobre a acção, fazendo-a a subir.
Isto levou-me a concluir que o mercado estava a ser distorcido pelo que eu escrevia e que eu corria ainda o risco de ser visto como um manipulador. Foi aí que tomei duas decisões que ainda hoje fazem parte das minhas “regras” como analista: Não comento “small caps” e sempre que detenho posições abertas sobre os activos que analiso, no final do artigo faço referência a isso, de forma a tornar bem claros os meus interesses em jogo.
Eu publicava, diariamente, as minhas análises num fórum de Bolsa e comecei a assustar-me com o impacto que algumas dessas minhas análises tinham no mercado. Quando tecia algum comentário positivo sobre uma “small cap” (pequena acção com baixa capitalização bolsista e reduzida liquidez) da nossa Bolsa, no dia seguinte ela disparava, subindo quase sempre perto dos 10%. Comecei a perceber que isso acontecia, não apenas pelos motivos que me levava a aconselhar a acção, mas sobretudo por eu falar dela e os meus leitores carregarem sobre a acção, fazendo-a a subir.
Isto levou-me a concluir que o mercado estava a ser distorcido pelo que eu escrevia e que eu corria ainda o risco de ser visto como um manipulador. Foi aí que tomei duas decisões que ainda hoje fazem parte das minhas “regras” como analista: Não comento “small caps” e sempre que detenho posições abertas sobre os activos que analiso, no final do artigo faço referência a isso, de forma a tornar bem claros os meus interesses em jogo.
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Visitante
Os analistas financeiros
Oi Ulisses bom dia a todos os participantes:
Parabéns Ulisses pelo tema e clareza na exposição.
Concordo com o teu ponto de vista ,não amordaçar mas dizer se tem ou vai comprar ou vender (nunca dizem) .Isto também é um pouco utópico pois por ex.o Belmiro é o dono do Público e os interesses estão montados.Ser independente é dificil...mas vamos tentando ficar bem com a nossa consciência e ganhar a vidinha
Um abraço
Parabéns Ulisses pelo tema e clareza na exposição.
Concordo com o teu ponto de vista ,não amordaçar mas dizer se tem ou vai comprar ou vender (nunca dizem) .Isto também é um pouco utópico pois por ex.o Belmiro é o dono do Público e os interesses estão montados.Ser independente é dificil...mas vamos tentando ficar bem com a nossa consciência e ganhar a vidinha
Um abraço
A vidinha segue
- Mensagens: 214
- Registado: 29/7/2004 20:58
- Localização: Lisboa
Sim Ulisses trouxeste aqui um tema muito polémico sem dúvida. Eu penso que os analistas dos mercados de capitais deveriam ser acompanhados, para além de outros indicadores, por uma espécie de médias móveis exponenciais de muito curto prazo relativas aos acertos pessoais para assim quem os estivesse a ler ficar bem elucidado da categoria da pessoa em causa. Essa Abie Cohen, ou lá como se escreve, já estaria desacreditada á muito tempo...
Um abraço
Um abraço
É muito didáctico o artigo, pois chama a atenção para uma realidade:
O mercado português de renda variável é demasiado pequeno para ser alguma coisa de jeito.
Só assim se pode justificar que uma acção dispare para cima ou para baixo por causa da análise de uma pessoa individual ou de um Banco, etc...
É assim hoje e, pelos vistos, já o era em 2000 apesar da euforia.
A Euronext Lisboa é um equívoco. Mais valia que tivessem feito uma fusão com a Bovespa de São Paulo. Teríamos uma bolsa internacional, com integração de dois grupos diferentes de investidores em dois continentes, com mais volume e diversificação de activos. Com movimentos de mercado mais fortes. Para nós, seria um mercado mais vasto e com mais oportunidades, para eles, um mercado europeu de recurso e diversificação de risco.
Em alternativa, sempre havia a Bolsa ibérica ou ibero-americana, isso sim, um excelente mercado para a nossa dimensão.
Mas por tudo isso gosto cada vez mais de ser analista de forex, pois jamais alguém correrá o risco de ser acusado de manipulador do mercado
Um abraço
djovarius
O mercado português de renda variável é demasiado pequeno para ser alguma coisa de jeito.
Só assim se pode justificar que uma acção dispare para cima ou para baixo por causa da análise de uma pessoa individual ou de um Banco, etc...
É assim hoje e, pelos vistos, já o era em 2000 apesar da euforia.
A Euronext Lisboa é um equívoco. Mais valia que tivessem feito uma fusão com a Bovespa de São Paulo. Teríamos uma bolsa internacional, com integração de dois grupos diferentes de investidores em dois continentes, com mais volume e diversificação de activos. Com movimentos de mercado mais fortes. Para nós, seria um mercado mais vasto e com mais oportunidades, para eles, um mercado europeu de recurso e diversificação de risco.
Em alternativa, sempre havia a Bolsa ibérica ou ibero-americana, isso sim, um excelente mercado para a nossa dimensão.
Mas por tudo isso gosto cada vez mais de ser analista de forex, pois jamais alguém correrá o risco de ser acusado de manipulador do mercado

Um abraço
djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Um must
Artigo muito bom, construtivo, fluido....
Um pétaculo
Um pétaculo

"If only it weren't for the people, goddamned people, [...]
always getting tangled up in the machinery, [...] earth would be
a paradise"
always getting tangled up in the machinery, [...] earth would be
a paradise"
Novo artigo: "Amordaçando os comentadores"
Acabei de publicar na Primeira Página o artigo "Amordaçando os comentadores":
http://www.caldeiraodebolsa.com/
Ulisses
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Ulisses
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