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Caldeirão da Bolsa

A Retoma das Empresas

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

A Retoma das Empresas

por Tiger » 5/10/2004 9:27

Paulo Ferreira
in Jornal de negócios
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As empresas cotadas fizeram o trabalho de casa. E, na generalidade dos casos, fizeram-no bem. A forte melhoria de indicadores que apresentaram no primeiro semestre do ano, e que é tratada de forma exaustiva nesta edição, é o resultado das curas, muitas vezes dolorosas, que foram feitas nos últimos anos. E tivemos de tudo.
Algumas empresas desfizeram-se de investimentos pesados, pouco racionais e de rentabilidade duvidosa. Foram esqueletos acumulados nos armários durante a euforia, tantas vezes cega, que marcou o final da década passada e que passou por processos de internacionalização demasiado ambiciosos e mal preparados ou pela entrada em aventuras em alguns sectores tecnológicos que não foram o «el dorado» que a «nova economia» prometia.

Outras recentraram a sua actividade naquilo que sabem fazer melhor, no seu «core business». Venderam activos que até podiam ser interessantes, mas que desviavam energia e meios financeiros das actividades principais.

E houve também quem se submetesse a curas de emagrecimento que passaram pela dispensa de trabalhadores, pela renovação de quadros de pessoal e pelo aprofundamento do «outsourcing». Nuns casos isso resultou de uma natural adaptação aos tempos difíceis da recessão, noutros porque as estruturas estavam desajustadas independentemente do ciclo económico.

Chegadas aqui, as empresas cotadas estão hoje mais fortes, dinâmicas e competitivas do que há três ou quatro anos.

Esta é a elite do tecido empresarial português, que alia, em muitos casos, a dimensão às melhores práticas e que está quase sempre dois passos «à frente da curva», antecipando tendências dos mercados e da economia.

Mas para lá dos nomes mais mediáticos das cotadas em bolsa, há outras centenas, milhares de empresas que seguem a mesma cartilha e que fazem, com a mesma determinação, os seus trabalhos de casa.

A haver uma retoma saudável, o seu motor está em todas estas unidades, que, em conjunto, hão-de aumentar as exportações, substituir importações, investir em novos projectos, contratar mais funcionários.

A dúvida eterna sobre o rumo que a economia vai levar é a relação de forças entre estas empresas e as outras, as que foram ficando irremediavelmente para trás. As que estão ameaçadas pelo artigo 35º, as que só sobrevivem porque não pagam impostos, ou que fazem da mão-de-obra barata, não qualificada e muitas vezes escrava do seu «core business». Provocar uma «limpeza» destas unidades é um processo difícil e não isento de danos sociais e económicos numa primeira fase. Mas vai ter que ser feito. Gradualmente, mas de forma consistente e sem hesitações.

E esse papel cabe sobretudo ao Estado, bastando que se apliquem leis e mecanismos que o país já tem, mas que são descartados há décadas, por incompetência ou por perversa vontade política.

Isso faz mais pela competitividade futura do país do que dezenas de planos, programas de apoio e engenharias fiscais pensados e controlados a partir do Terreiro do Paço.
Tiger

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