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Caldeirão da Bolsa

Basta

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Touro » 28/7/2004 12:37

Não percebo bem porquê, mas com o 25 de Abril acabou-se o processo. Coincidentemente começaram os fogos de Verão.


Isso acabou com o êxodo, que começou nos anos 60 e dura até hoje, das populações das aldeias para os grandes centros urbanos e para a emigração.

Houve um abandono das aldeias e das florestas. Salvo raras excepções, a grande parte da nossa floresta está ao abandono, por isso não são de estranhar os incêndios, infelizmente.

Além disso é preciso ainda ter em conta que a população que actualmente habita as aldeias vive numa pseudo-urbanidade e não preserva o espaço rural, campos e florestas.
Cumprimentos,
Touro
 
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Touro

por Dwer » 28/7/2004 8:01

Não fazia ideia que as centrais incineradoras que o Nuno referiu produzissem electricidade. Bom, do mal o menos, sempre se aproveita alguma coisa. E acredito que não seja poluente.
Referi a compostagem porque durante muito tempo foi a razão pela qual se mantinham limpas as matas. As populações utilizavam os matos recolhidos para estrume. Alguns agricultores compravam, inclusivamente, os matos dos vizinhos.
Não percebo bem porquê, mas com o 25 de Abril acabou-se o processo. Coincidentemente começaram os fogos de Verão.

Um abraço,
Abraço,
Dwer

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por Touro » 28/7/2004 2:10

Dwer

A queima é para produzir electricidade. Além diso hoje em dia existem técnicas de combustão com rendimentos próximos de 100% e emissões poluentes quase nulas.

Trata-se de uma energia renovável. A libertação de CO2 não é considerada problemática, pois a decomposição natural dos resíduos na floresta liberta a mesma quantidade de CO2.

Além disso há o papel das árvores/vegetação na decomposição do CO2, isto é, durante a vida de uma árvore ela consome o CO2 que liberta na combustão (chama-se a isto ciclo fechado do CO2).
Cumprimentos,
Touro
 
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É pena

por Dwer » 27/7/2004 20:09

O estrume serve para enriquecer os solos. A queima para poluir a atmosfera. Se os produtos da limpeza de matas fossem comprados pelo estado tínhamos ai os bosques limpinhos. Lembrei-me agora...podia ser uma solução.

Abraço,
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Dwer

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por nunofaustino » 27/7/2004 19:45

Dwer, há várias boas aplicações aos resíduos sólidos provenientes da limpeza das matas. A queima é uma das melhores soluções que conheço. A compostagem é outra. No entanto, para além da central de Mortágua, não conheço nenhuma empresa que aceite o material resultante da limpeza das matas. Eu até acredito que haja, mas não são muito conhecidas...

Eu sei disso porque há uns 5 anos, o meu pai mandou limpar um pinhal/eucaliptal que tem e n foi fácil arranjar quem ficasse com os restos. Conseguimos ver-nos livres disso dando metade a várias pessoas que tinham animais e queimando a outra metade... hoje em dia, é muito mais fácil pois basta falar com a Central e eles resolvem esse problema.

Um abraço
Nuno
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Nuno Faustino - queima de resíduos?!!!!!

por Dwer » 27/7/2004 19:22

Agora é que fiquei de boca aberta :shock:
O produto das desmatações foi durante milhares de anos (e ainda é) o melhor adubo para a terra.
Decomposto e fermentado naturalmente é reutilizado como estrume (é estrume). Não dá trabalho nenhum, é um processo natural. Não é concerteza um resíduo mas sim um recurso natural.
Eh pá diz lá em Mortágua que tem um potencial de negócio grande entre mãos - compostagem - que é o processo que descrevi acima, melhorado industrialmente.

Abraços,
Abraço,
Dwer

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por Elias » 27/7/2004 19:19

No ano passado fomos surpreendidos por um desastre sem precedentes que dizimou mais de 430 mil hectares.
Esta tragédia devia ter servido para aprendermos alguma coisa. Mas infelizmente não serviu. Continuamos a ter de pedir Canadairs à Grécia (que por acaso tem 22!), no ano passado foi a Marrocos.

A famosa Agência para a Prevenção de Incêndios, criada este ano, nunca chegou a funcionar.

Mas claro que o principal problema continua a ser a política florestal desastrosa que vigora neste país.

Deixo aqui um interessante artigo escrito pelo Vital Moreira no Verão passado e que se mantém actual:


As Chamas do Inferno
Por VITAL MOREIRA
Terça-feira, 05 de Agosto de 2003
Portugal é um país cada vez combustível, isso vamos sabendo de Verão para Verão, à medida que a florestação artificial do país se vai inexoravelmente expandido e que as condições climatéricas se vão tornando mais propícias aos fogos florestais.
Todos os anos se repete a mesma ladainha sobre culpas e responsabilidades, com os críticos a denunciar a falta de meios e a descoordenação no combate aos fogos e com os sucessivos governos a protestar que nunca se gastou tanto dinheiro nesse fim. O que fica normalmente por dizer é que, sem mudanças radicais na política florestal, por mais meios que estejam disponíveis, trata-se sempre e só de paliativos, pelo que todos os anos extensas matas do país serão implacavelmente reduzidas a cinzas.
Sucede que nos habituámos a pensar que se trata de uma fatalidade da natureza e/ou da malvadez dos homens. Alternamos em condenar a canícula do Verão ou o desmazelo dos proprietários florestais (a começar pelo Estado) e a mão criminosa dos incendiários. Não nos damos conta de que a primeira é um dado que não podemos revogar e que os segundos podem ser limitados por adequada prevenção e repressão penal, mas que também não podem ser eliminados.
Como não se cansam de dizer vozes avisadas, os fogos florestais são uma consequência inevitável do tipo de florestação que adoptámos e do Verão quente e seco que temos. Trata-se de uma combinação explosiva, cujas consequências podem ser atenuadas à custa de fortes gastos na prevenção e nos meios de combate aos fogos, mas que não podem ser afastadas. Ora se, como nos ensinam os que sabem, as tendências climáticas são no sentido do agravamento, designadamente com o aumento do número de dias com temperaturas superiores a 35 graus, então a única esperança de mudança da situação só pode assentar numa modificação radical do povoamento florestal dominante.
A nossa actual cobertura florestal, caracterizada por extensas manchas contínuas de pinhal e de eucaliptal, especialmente nas serranias do centro do país, não se limita a fazer da nossa paisagem uma monótona sucessão de tons de verde baço, triste e feio, a contrastar com a beleza não somente das zonas de pomar, vinhedo ou seara, mas também com as matas de carvalhos, castanheiros ou sobreiros e outras espécies nativas, que ainda vão subsistindo por esse país fora. Não é por acaso também que os incêndios florestais se concentram especialmente naquelas grandes manchas contínuas de pinheiro bravo e de eucalipto, que ocupam grandes áreas territoriais entre o Douro e o Tejo.
Ora, essa paisagem florestal não é uma criação espontânea da natureza, mas sim o produto bem humano de uma política de "fomento florestal", com mais de um século, que tem atravessado, com notável continuidade, sucessivos regimes políticos e inúmeros governos de todas as orientações. Sistematizada pela primeira vez no chamado "regime florestal" de 1901-1903, ainda no final da monarquia, a política florestal visava promover o revestimento arbóreo dos terrenos improdutivos, com o objectivo de aumentar a riqueza nacional, de beneficiar o clima, de fixar solos nas encostas e montanhas e de regularizar os cursos de água.
A Lei do Fomento Florestal de 1938 foi o instrumento fundamental do Estado Novo nesta área, implementando sistematicamente a arborização dos baldios e das serranias interiores a norte do rio Tejo, incluindo o desapossamento forçado de extensos terrenos comunitários, e mesmo particulares, não sem a resistência das populações, expropriadas das suas pastagens e matas de logradouro comum. O romance de Aquilino Ribeiro, "Quando os Lobos Uivam", de 1958 (curiosamente publicado no mesmo ano do sobressalto da campanha presidencial de Humberto Delegado), ficou para a história como uma pungente expressão da resistência à violência da ditadura. À política florestal do Estado Novo se deve, entre outras, a paisagem típica da zona do chamado "pinhal interior", bem como a desertificação humana de zonas como a serra da Lousã, com a expulsão das comunidades pastoris que nelas habitavam.
Com a introdução da indústria da celulose entre nós há meio século, em expansão contínua desde então, ela passou a ser um dos principais factores da florestação, pela propagação do pinheiro bravo e, crescentemente, do eucalipto. As empresas de celulose são hoje as principais responsáveis pela avassaladora eucaliptização do país, quer em implantações florestais próprias - num curioso fenómeno de integração vertical da "fileira" industrial -, quer por via de incentivo aos produtores particulares. Os interesses dessa indústria passaram a ser dominantes na determinação da política florestal nacional, conjugando os interesses de proprietários florestais, de madeireiros, da indústria e do Governo ("capturando" especialmente os ministérios da Indústria e da Agricultura), sem outra oposição além da frustre voz de algumas associações ambientalistas.
Num país com escassos recursos energéticos e poucos solos com aptidões agrícolas, a produção florestal chegou a ser elevada ao estatuto mítico de "petróleo verde" por algum ministro mais dado a metáforas empolgantes. O "milagre" da florestação cobriu de pinheiros e eucaliptos as encostas das serranias do interior, onde antes vingava somente uma vegetação rasteira e pastavam alguns rebanhos de ovelhas e cabras, deu rendimento inesperado, seguro e sem encargos a proprietários fundiários que se limitam a "arrendar" os seus terrenos às empresas de celulose ou aos seus agentes, e fez do nosso país um grande produtor de pasta de papel, um verdadeiro prodígio, tendo em conta a sua situação geográfica e a sua condição ecológica e climática.
Portugal transformou-se assim num país florestal exótico, coberto de espécies alienígenas, especialmente do omnipresente eucalipto, que fazem parecer certas zonas do país uma espécie de província da Austrália, onde nem sequer falta a praga das acácias mimosas a invadir encostas e mesmo várzeas ribeirinhas. Tornámo-nos reféns da indústria da celulose e dos múltiplos interesses que são solidários dela. E pagamos bem caro essa servidão, não somente quanto aos custos ambientais das próprias fábricas, mas também quanto aos impactos negativos na paisagem silvícola, na ocupação do solo, na desertificação de extensos territórios, na pressão predadora do eucaliptal sobre os recursos hídricos e, por último, nos custos e nos sacrifícios dos fogos florestais, que são facilitados e fomentados pelo regime florestal predominante.
Bem podemos denunciar o desmazelo dos proprietários e utilizadores das matas ou punir com mão forte os poucos incendiários que se conseguem apanhar; bem podemos atirar pazadas de dinheiro sobre as chamas, para pagar mais e melhores meios de combate; bem podemos culpar todos os governos por incúria ou incumprimento de promessas. Tudo isso será essencialmente em vão, enquanto continuarmos a acumular massas compactas e contínuas de material lenhoso altamente inflamável em zonas inacessíveis e enquanto não se quebrar o círculo vicioso do (des)ordenamento florestal vigente. É essa política que as chamas estivais condenam, como se o seu destino não fosse outro senão o ígneo castigo dos infernos. Como quase sempre sucede, porém, os beneficiários são poucos, os custos são da colectividade e as vítimas são os inocentes. Neste ano já lá vão nove vidas
 
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por PIKAS » 27/7/2004 19:03

Este País que eu adoro em muitos aspectos mete-me nojo. Isso mesmo: nojo, sobretudo grande parte da classe política, da direita até à extrema bloquista.

Há anos que se fala entre-dentes que mais tarde ou mais cedo isto ia rebentar. Aí está, rebentou. Já rebentou no ano passado e, agora, a festa continua.

Moral da história: não há prevenção digna desse nome, a detecção melhorou mas ainda está a léguas de ser razoávelmente eficaz, o combate piorou a olhos vistos.

Não quero ferir susceptibilidades e entrar em discussão profunda acerca desta temática. Convém é relembrar que no ano anterior, perante o rebentamento da situação, os da política puseram-se logo de lado. NÃO SOMOS CULPADOS, gritaram. Então quem é o culpado?

PAULO GIL MARTINHO MARTINS, é ele.

Sacrificaram-no em tudo quanto é fogueira, com todos os responsáveis políticos e seus acólitos a pegarem nos fósforos. Acusaram-no de tudo, inclusivé de ser originário dos Bombeiros do Estoril, uns finos, com formação em engenharia mecânica e não florestal ( como se ser bombeiro desde os 15 anos não fosse curriculo ). Não há dúvida que têm muita responsabilidade em tudo isto, não tanto pelo que fez mas mais pelo que deixou os sucessivos governantes, cujo expoente máximo em parvoíce foi o Armando Vara, fazer e nada disse.

Como " cereja " no topo daquele bolo apareceu durante todo o verão do ano passado a botar permanente discurso um socialista FERNANDO CURTO, não voluntário mas profissional, mau profissional do Regimento de Lisboa e profissional apenas por acaso já que foi recusado para a PSP. Não se calou, mesmo quando não tinha qualquer ponta de razão. Este ano está calado que nem um rato. Repugnam-me.

Quem é o coordenador Nacional das Operações de Socorro? alguém sabe? eu sei, mas ainda não o vi. Pudera, também não o vi durante todos os meses que antecederam o verão. Mas uma coisa é certa. Que o seu vencimento lhe foi pontualmente pago, lá isso foi e ele gastou-o.

Volta PAULO GIL. Estás perdoado. Tráz também o ARTUR GOMES ( também do Estoril, presidente da protecção civil antes da fusão, criador da instituição que é a Escola Nacional de Bombeiros, meu e teu amigo e um dos mais credenciados bombeiros portugueses, agora na prateleira ) e já agora tráz também o ANTÓNIO NUNES, Director-geral de viação ( não do Estoril, mas de Sintra ).
PIKAS
 

por homemdoswarrants » 27/7/2004 18:50

O fogo é uma profecia apocaliptica, como sinal do final dos tempos.
Deus prometeu que arderia a terça parte da terra. :oops:
Naquele dia ,todo o joelho se dobrará e toda a lingua confessará:
- Que Jesus Cristo é o Senhor!
 
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Nuno

por Visitante » 27/7/2004 18:39

tudo isso que disse está correcto. aliás era assim que antigamente faziam, muitos postos de vigia eram coordenados/vigiados por jovens durante a época de verão e eles agradeciam depois os $$$ para o ano lectivo, e também pelos chamados guarda rios e guardas florestais, estes estavam com contacto directo com helicópteros e outros meios caso avistassem fumo, e em pouco tempo esse helicóptero ou avião fazia logo um estudo do local, prevenindo assim um alastramento no caso de ser mesmo um inicio de fogo. Nessa altura havia muito mais floresta do que agora e nº de incêndios ou hectares ardidos eram muito menos, hoje com muito mais meios, com muitos mais milhões gastos (pelo menos assim dizem) na prevenção e muito menos floresta para arder, as coisas não estão a funcionar, algo de errado se passa e para mim é simples: São interesses que estão por detrás da "cortina". Existe rapidamente um meio de reduzir os incêndios ou pelo menos acredito nisso, que é o de acabar com o combate aos incêndios por parte de privados. Com tantos milhões gastos na força aérea, bombeiros, têm dinheiro para tornarem operacionais helicópteros e aviões de combate aos incêndios, para que os privados? :roll:
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por mv76 » 27/7/2004 18:23

Tambem conheço dois locais bem argorizados onde não costuma haver fogos, por ter lá passado algumas férias. Na Curia-Buçaco e na Figueira da Foz. Se calhar nestes dois concelhos tambem a população e demais responsáveis actuam conscientemente e sem foguetório.

Um abraço
 
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por nunofaustino » 27/7/2004 18:11

Concordo com quem diz que não há uma política florestal eficiente em Portugal. Aliás, basta ver a quantidade de eucaliptos e de fogos para ver isso.

Mas que nalguns locais há uma capacidade de prevenção florestal acima do normal, isso também não pode ser negado.

Vou continuar a referir o caso de Mortágua pois é o que conheço melhor. Em Mortágua foi instalada uma central de incineração de resíduos orgânicos que permite a queima e detruição dos resíduos provocados com a limpeza das matas. Foi instalada uma rede de locais onde os tanques dos bombeiros podem re-abastecer sem se deslocarem mais de 10Km. Foi instalada uma rede de corta fogos onde os carros de bombeiros se podem deslocar livremente e a grande velocidade. Os populares são os primeiros a chegar ao fogo, e são eficazes a combatê-lo.

Este conjunto de esforços deve-se ao conjungar da vontade da câmara, dos populares, das empresas de celulose que controlam gd parte da área florestal e do governo. E é assim que se tem de investir para prevenir os fogos florestais.

Para prevenir os fogos florestais (ou pelo menos diminuir a sua frequência) há certas medidas que têm de ser tomadas...

1. Obrigar a limpeza das matas. Caso os proprietários n façam isso, a câmara/junta de freguesia encarrega-se de o fazer apresentando a despesa no fim do trabalho.

2. Resolver o problema dos resíduos florestais, ou seja, o que fazer com os restos das limpezas das matas. Quer seja com a construção de mais centrais de incineração (penso que será o mais aconselhado) ou por outros métodos alternativos.

3. Incentivar a prevenção florestal a nível local. No meu tempo, os jovens tinham várias actividades inseridas nas OTLs. Algumas eram relacionadas com a prevenção florestal (andar pelas matas de mota ou de carrinha de caixa aberta à procura de vestígeos de fogo, fazer turnos de 8 horas nos postos de vígia, ...).

4. Ensinar aos bombeiros e às populações como combater o fogo. Quantas e quantas vezes erros de estratégia fazem com que um pequeno fogo passe a ser um fogo de médias dimensões...

5. Nos conselhos mais propensos a incêndios, estabelecer planos de acção em caso de incêndio. Pensar no que fazer antes do fogo acontecer. Construir redes de abastecimento de água de modo a que os carros dos bombeiros n tenham de andam 1 hora para se reabastecer, abrir estradões e corta fogos nas zonas de díficil acesso (caso n seja possível, isolar as zonas de acesso difícil/impossível de modo a evitar que fogo passa dessas zonas), ...

Estas medidas podiam implicar uma maior despesa inicial, mas a médio/longo prazo iam ser bastante benéficas para o país...

Um abraço
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por Visitante » 27/7/2004 17:55

Se não houver incêndios onde se iría ganhar uns dinheirinhos com os alugueres de meios aéreos, outros equipamentos e muitas outras negociatas...
O Conselho citado = exemplo a não seguir, pois não faz "movimentar a economia desta terra...
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por Visitante » 27/7/2004 17:47

O Belmiro de Azevedo que investiu milhões em áreas ligadas à floresta há muito tempo que disse que não há política florestal em Portugal.

Quando há incêndios não se pode pensar noutra coisa que não seja aparecer no boneco a lamentar e a tomar as melhores medidas possíveis, quando vem o frio ...

Eu já não tenho pachorra para ver estas desgraçasdos incêndios e da falta de accão de todos os interessados...
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Sim têm razão

por Visitante » 27/7/2004 17:39

mas, e como é que os "privados" e os "outros" iriam depois justificar os milhões? :wink:
Fazem-me lembrar a questão do timing. Durante este ano um Capitão da GNR todo "aperaltado" dizia a um canal da TV acerca dos acidentes rodoviarios, que o menor nº de acidentes e mortes nas estradas deve-se a um grande esforço dos agentes envolvidos, não me admirava nada que com esta entrevista os "apoios" monetários tivessem aumentado, mas logo depois passadas algumas semanas veio a verificar-se que comparativamente aos anos anteriores, afinal o nº de acidentes e mortes tinham aumentado.
É tudo uma questão de timing :lol:
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São os bons exemplos que devemos seguir.

por sol » 27/7/2004 17:20

O Próximo concelho de minitros, em Mortágua já. Deverão ir aprender com quem sabe, antes que seija tarde de mais.

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por starter » 27/7/2004 17:06

Subscrevo inteiramente a opinião do Nuno.

PREVENÇÂO-vs Combate

Algúem fez alguma coisa para evitar o sucedido, podemos ter os melhores meios de combate do mundo mas se a prevenção falha, de nada adiantam.
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por nunofaustino » 27/7/2004 17:01

O que é incrível é que há um concelho português com mais de 95% da área com eucaliptos/pinheiros e que não sofre um incêndio de médias proporções à mais de 10 anos...

Estou a falar do concelho de Mortágua, onde a acção da câmara munincipal, dos proprietários, das empresas de celulose que controlam grande parte da área verde, dos bombeiros e da população tem sido impressionante. Há inúmeros corta fogos que permitem a passagem de dois carros de bombeiros simultaneamente, bocas de incêndio localizadas 5Km umas das outras, brigadas que andam de mota a fiscalizar "actividades estranhas", postos de vigia bem localizados, ...

A acção dos populares é uma coisa impressionante e uma das razões para a ausência de fogos. Durante os meses de verão se pararem o carro numa das estradas do concelho em 5-10 minutos aparecem algumas pessoas da população mais próxima a perguntar se querem ajuda... para além disso as pessoas saiem das casas e vão combater os fogos. A maioria das vezes, quando os bombeiros chegam já o fogo está apagado e eles só tem de fazer o rescaldo...

É sem dúvida o melhor exemplo de sucesso na prevenção florestal.

Um abraço
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Basta

por Visitante » 27/7/2004 10:00

Não vão muitas semanas passadas quando diziam que este verão não iria ser tão quente, tá-se a ver. Não vai há muito tempo diziam os nossos economistas que a recuperação era agora e já ouço isto desde 2001 (algum dia devem acertar). Não vai há muito tempo que diziam que as políticas tomadas iriam diminuir o desemprego, tá-se a ver. Não vai há muito tempo que diziam que iam reduzir o défice público tomando medidas duras, tá-se a ver com isto agora das câmaras. Pessoalmente concordo com o Nicolau, estou farto de mentirosos de fracos técnicos e economistas de meia tigela, e de politicos que não passam de uns bétinhos em frente ás camaras de TV, então aquele Xavier Lobo não engana ninguém.

BASTA!

Todos os anos pelo Verão, com uma regularidade igual à da chegada das estações, metade do país arde. E com uma regularidade impressionante todos os anos os políticos nos prometem que, para o ano, tudo será diferente. Em 2003, arderam 400 mil hectares, uma catástrofe sem comparação na última década.

Este ano disseram-nos que seria impossível que tal voltasse a acontecer, tais as medidas que entretanto foram tomadas. Pois. Ainda não chegámos ao princípio de Agosto e a área ardida já é superior à do ano passado.

Ontem, o espectáculo era dantesco. Autoestrada cortada, automobilistas em pânico, banhistas evacuados, casas ardidas, fogo na zona protegida da serra da Arrábida, fogo em Monchique, fogo em Torres Novas - e sempre, sempre, o discurso de impotência dos bombeiros perante as forças da Natureza. Porque, na verdade, depôs do fogo deflagrar, há 20 minutos em que ele pode ser controlado. A partir daí, só se consegue limitar os danos. É por isso que os maiores sucessos serão conseguidos a montante, na limpeza das matas, no ordenamento do território, na vigilância humana e por meios informáticos da situação nas florestas, do regresso à instalação de guardas florestais em pontos críticos do país, na utilização imaginativa do exército, de jovens e de desempregados para limpar as matas, fazer queimadas controladas e alertar as autoridades para focos de incêndio.

No ano passado, a decisão de concentrar os meios de combate aos incêndios, juntando num comando único os bombeiros e a protecção civil, foi também responsável pelo que aconteceu. Ou a decisão não foi a mais correcta, ou a pessoa escolhida para liderar o combate aos fogos não era a indicada, ou não foi suficientemente explicada às duas partes a vantagem da decisão, o certo é que os resultados não podiam ter sido piores para o país, com 14 mortes e milhares de árvores abatidas pelo fogo.

O responsável pela decisão, o ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, garantiu que este ano tudo seria diferente. Para já, a única diferença é que Figueiredo Lopes deixou de ser ministro. E, como é evidente, não é possível pedir responsabilidades ao novo ministro, Daniel Sanches, que leva pouco mais de uma semana no cadeirão do seu antecessor.

O que mais choca nisto tudo é que a mensagem subliminar que passa vinda do lado do poder é que os Verões estão cada vez mais quentes, logo é uma fatalidade que haja incêndios, logo é uma inevitabilidade que o país arda nesta altura do ano, assim como no Outono há chuva e no Inverno chega o frio.

Ora o recado que os políticos precisam entender é que os portugueses estão fartos destes espectáculos dantescos todos os anos no Verão. Estão fartos que todos os anos a área ardida seja maior que a anterior. Estão fartos de ver a questão ambiental ser desvalorizada, quando os riscos de desertificação do país se acentuam a olhos vistos. Basta, três vezes basta! Chamem especialistas, gastem menos o nosso dinheiro noutras coisas e mais no combate aos fogos, façam qualquer coisa duradoura e não que mude sempre que muda o ministro - mas, por favor, não nos venham dizer que os Verões estão anormalmente quentes e que, por isso, os incêndios são uma inevitabilidade. Basta!
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