Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

“Atrás de mim virá, quem de mim bom fará!”

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por soeirinho » 5/7/2004 12:55

Ferreira Leite assume interinamente liderança do Governo

A ministra de Estado e das Finanças, Manuela Ferreira Leite, vai assumir interinamente as funções de primeiro-ministro, com a demissão anunciada de Durão Barroso.



Durão Barroso deverá apresentar esta segunda-feira a demissão do cargo de primeiro-ministro ao Presidente da República, mas ao contrário do que aconteceu com António Guterres – que pôde continuar formalmente no cargo apesar de ser ter demitido – não poderá continuar a liderar o Executivo.
Isso acontece porque as funções para as quais Durão foi convidado (presidente da Comissão Europeia) são incompatíveis com a liderança do Governo.

Já Guterres, porque apresentou apenas a demissão pôde continuar a liderar o Executivo de gestão até à tomada de posse do seu sucessor.

Impossibilitado de exercer funções, Durão Barroso passa a liderança do Governo a Manuela Ferreira Leite, formalmente a número dois do Governo. A ministra de Estado e das Finanças deverá exercer funções até o Presidente da República, Jorge Sampaio, anunciar o desenlace da actual crise política.

Ou o PR aceita o nome do sucessor de Barroso que o PSD irá apresentar – e que, ao que tudo indica será Santana Lopes – ou entende que deverá dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições.

05-07-2004 11:32:20
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 17198
Registado: 4/11/2002 22:57
Localização: Baixa da Banheira

Muitas preocupações

por Bonsai » 5/7/2004 11:45

Verifico que, hoje, muita gente está preocupada com a carteira do estado. Todos os que se preocupam t~em razão,mesmo os PS, mas deviam ter acordado mais cedo e colocado a mão na consciência, incluindo o Miguel Cadilhe que devia explicar onde e como gastou quando esteve no governo.
Já se começa a notar o stress mas ainda vamos no principio.As grandes reformas e desperdicios que muitos acham merecidas vão faltar para muita gente na hora do adeus à vida activa.Lá virá o futebol, o ópio do povo, para apaziguar....com umas transmissões directas vão compensando alegremente os chorudos ordenados dos RTPs e todos ficam em paz!
Bonsai
 

Muito bem

por Visitante » 5/7/2004 9:23

Não tenho partido mas, sou um pai preocupado
è fácil ver o filho feliz...dá-se dinheiro e não educação... e quando não houver dinheiro ..o que resta? Talvez a droga e os roubos aos pais preocupados porque os outros já há muito desistiram
Visitante
 

Caro Patacôncio

por Homem da Fé » 3/7/2004 23:34

Ao ler o teu longo depoimento e os subsequentes, veio-me à memória uma célebre expressão do Essa de Queirós na Capital.

Dizia ele:«.....já não sei onde está o mérito: se em mim ,que nasci, por não te saber amar bastante ; se em ti ,que nascete, por não me saberes amar demais»
Homem da Fé
 

por LuisFTAntunes » 3/7/2004 17:36

Quando não conseguimos despir a camisola do clube, ou do partido, somos capazes de só vêr o lado positivo (para alguns) das coisas.

Tenho a certeza que a senhora ministra tb fez coisas boas, mas quanto ao saldo final coloco muitos ????????

Se por um lado ela dizia que, para reduzir o defice, outra politica orçamental não era possivel, por outro, pessoas como o DRº Miguel Cadilhe dizia o contrário.

Se por um lado dizia que era necessário cortar nas despesas da função publica, não se compreende pq razão andou a dar empregos nas finanças a alguns amigos e aos chefes resolveu aumentar os salários em mais de 100% para fazerem cumprir metas.
Não será isto um acto de corrupção no" bom sentido"?
Se fosse numa empresa sua, com o seu dinheiro faria o mesmo?

Director-geral dos impostos toma posse em segredo
A ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, deu posse ao Director-geral dos Impostos na passada terça-feira em segredo, apurou o Jornal de Negócios.
--------------------------------------------------------------------------------



A ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, deu posse ao Director-geral dos Impostos na passada terça-feira em segredo, apurou o Jornal de Negócios.

Ao contrário do que sempre aconteceu no Ministério das Finanças, pelo menos desde 1976, a tomada de posse não contou com a presença dos directores-gerais de outras áreas do Ministério, de toda a equipa de secretários de Estado das Finanças e não foram chamados os jornalistas


A carga fiscal em Portugal aumentou durante o ano de 2002, contrariando a tendência de baixa verificada na União Europeia, anunciou hoje o gabinete de estatísticas europeu Eurostat.

--------------------------------------------------------------------------------

Sérgio Anibal
sergioanibal@mediafin.pt



A carga fiscal em Portugal aumentou durante o ano de 2002, contrariando a tendência de baixa verificada na União Europeia, anunciou hoje o gabinete de estatísticas europeu Eurostat.

As receitas fiscais totais passaram a representar em Portugal 36,3% do PIB, quando em 2001, o seu peso era de 35,6%. Em 1995, este indicador não ultrapassava 33,6%.

Na União Europeia a 25, a tendência é precisamente a inversa. A carga fiscal passou de 41,1% do PIB em 2001 para 40,4% em 2002.

O Eurostat explica esta diminuição com a reforma dos sistemas fiscais verificada em alguns países da União. Os países com a maior carga fiscal são a Suécia e a Dinamarca. No pólo oposto encontram-se a Irlanda e a Lituânia.


Direcção-Geral dos Impostos sem dinheiro para pagar
A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) está sem dinheiro para pagar os preparos iniciais a que está obrigada quando reclama judicialmente o pagamento de créditos que detém sobre os contribuintes, apurou o Jornal de Negócios Online.

--------------------------------------------------------------------------------

Vitor Costa
vitorcosta@mediafin.pt



A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) está sem dinheiro para pagar os preparos iniciais a que está obrigada quando reclama judicialmente o pagamento de créditos que detém sobre os contribuintes, apurou o Jornal de Negócios Online.

O alerta já foi lançado no Ministério das Finanças e é o próprio secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Vasco

Valdez, a reconhecer a situação delicada em que está o Fisco e a alertar para a urgência de uma solução.


Se por um lado dizemos que a função publica tem pessoas a mais, não compreendo pq desde 2002 até agora entraram mais 20.000 funcionarios



ECONOMIA Publicado 10 Junho 2004
Trabalhadores da Função Pública já são mais de 735 mil
Os trabalhadores da Função pública já serão mais de 735 mil. As Finanças querem contá-los, mas a tarefa está a revelar-se uma missão quase impossível, segundo uma notícia do semanário «Expresso».
--------------------------------------------------------------------------------


Os trabalhadores da Função pública já serão mais de 735 mil. As Finanças querem contá-los, mas a tarefa está a revelar-se uma missão quase impossível, segundo uma notícia do semanário «Expresso».

O Governo não sabe quantos funcionários alimentam a máquina do Estado, embora garanta que, até ao final do ano, terá pronta uma base de dados dos seus recursos humanos. A contagem parou em 2002, quando foram recenseados 716 mil funcionários públicos.

Actualmente, as estimativas mais conservadoras dos sindicatos apontam para que a Função Pública tenha engordado com cerca de 20 mil funcionários

Quem aprovou a compra destes brinquedos para o Sº Paulo Portas?

[u]Presidente da API volta a criticar Governo
Cadilhe considera «irracional e chocante» compra dos submarinos
O presidente da Agência Portuguesa de Investimento, Miguel Cadilhe, considera «irracional» e «chocante» que um país com necessidades de investimento como o nosso gaste «larguíssimos milhões» na compra de submarinos.
--------------------------------------------------------------------------------



O presidente da Agência Portuguesa de Investimento, Miguel Cadilhe, considera «irracional» e «chocante» que um país com necessidades de investimento como o nosso gaste «larguíssimos milhões» na compra de submarinos.

Citado pela Rádio Renascença, Miguel Cadilhe recorda que a utilidade dos submarinos é questionada pela própria NATO. Para o Presidente da API, a actual situação económica do país é consequência da forma como são afectados os recursos.

Como exemplos, para além da compra dos submarinos e da construção de 10 estádios para o Euro 2004, o presidente da API falou também da Lei de Programação Militar, com mil milhões de contos de despesa, que foi aprovada no Parlamento.

Cadilhe conclui que se Portugal continuar com opções como a dos submarinos será exposto à chacota dos países mais desenvolvidos.



Muito de bom a senhora ministra deverá ter feito, mas nem tudo foi como se julga.

Parabéns pela sua carta Sr. Patacôncio, acima de tudo deu a conhecer a sua opinião sobre a senhora ministra, contudo nem todos pensam como o senhor.

um bom fim de semana, deste seu atento leitor



[/u]



LuisFTAntunes
 

por ferrmc_CALD » 3/7/2004 16:38

Desculpe-me, caro Patacôncio. A sua visão é espectacular, totalmente contrária à minha. Quanto a isso não há qualquer problema.A vida vai continuar tal como tem sido até aqui. Desde sempre que tem sido assim. Vai um embora, vem outro, que em breve se encarrega de fazer que é o melhor.
Quanto a Drª. Ferreira Leite, só não compreendo como é que consegue gostar tanto dela, como política, naturalmente, pois como pessoa nem me passa pela cabeça. Não me parece que os pobres estejam menos pobres. Lá que os ricos estejam mais ricos, não sei, nem me incomodo. Agora que ela olhou mais para um lado que para o outro, isso não tenho dúvidas nenhumas.Perdões fiscais e outras manobras que para aí inventou deixaram-me tremendamente revoltado.
O meu desejo é que vá e não volte.
BFS
Ferreira
 
Mensagens: 52
Registado: 16/8/2003 20:23
Localização: Vila Nova de Gaia

por Pedrinho » 3/7/2004 16:22

Bolas Patacôncio, não sei se és o "tal" da Pata hehehehe, mas olha, a Manuela sofreu um desgaste muito grande com a menopausa e um dos sintomas é a sua agressividade, no entanto, enquanto ela por um lado tentava controlar o défice público à custa dos impostos e venda de património, por outro tinha as mãos "rotas" para salários milionários como é do conhecimento de todos, atrevo-me a dizer que: Curtou na compra de carros de gama baixa e aumentou nos de alta como BMW´s, Audi´s, Mecedes e porsche´s :lol:
Velho amigo dos fóruns da bolsa, é com grande tristeza que te digo: "nem tudo o que parece é" :evil:
Portugal está a saque, é necessário abrir bem esses "horizontes", porque vai chegar o dia em que muitos se vão perguntar:"... e eles podem fazer isto?..."
É tudo uma questão de legislação :wink:
Um abraço e bons negócios.
 
Mensagens: 54
Registado: 4/12/2002 19:08
Localização: Norte

por Pata-Hari » 3/7/2004 16:09

Pataconcio, concordo em grande parte com o que escreves. O cargo dela, no momento em que foi, seria sempre um cargo terrivel. Na altura em que a senhora foi designada dizia-se que era uma figura a abater porque o trabalho que teria que realizar seria incompativel com qualquer sobrevivência politica. E o trabalho feito superou todas expectativas que se tinha. E só por isso, tem a minha admiração. Acho que fez uma quantidade de trabalho admirável.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

“Atrás de mim virá, quem de mim bom fará!”

por Patacôncio » 3/7/2004 15:42

Carta aberta à senhora dra. Manuela Ferreira Leite:


“Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.”

Até breve, cara Manuela Ferreira Leite.

Brevemente, cara Dra. Ferreira Leite, a maioria dos portugueses sentirão saudades suas, tal como já as sinto, mesmo antes de abandonar o seu cargo. Este meu sentimento, estou certo, generalizar-se-á pelo país. Pelo que a senhora fez e pelo que deixou de fazer. E se em política a ingratidão é regra, não posso de me deixar grato pelo que fez e, também, pelo que deixou de fazer. E grato fico, ao mesmo tempo com saudades, do seu rigor, da sua coragem, da sua obstinação e capacidade para enfrentar dificuldades.

Fico grato, apesar de pagar mais impostos. Fico grato apesar de pagar mais por alguns serviços até agora gratuitos. Mas fico mais grato pelo magnífico controlo da despesa pública, ao que se diz, descontrolado desde há mais de cinquenta anos. Fico grato pela coragem de praticar políticas impopulares apesar de necessárias. Fico grato como um filho que na sua maturidade e prestes a ser pai, reconhece o grande valor do próprio pai, apesar de todos os sacrifícios, rigores e disciplina imposta, por ele exigidos.

Um bom Estadista como um bom político não é o que dá rebuçados, como fazem os pais emprestados ou os tios populares. É o pai ou a mãe que tudo faz para que o seu filho adopte práticas saudáveis que lhe permitirá enfrentar um futuro melhor, mais próspero e saudável.

A senhora podia continuar a práticas habituais de oferecer doces, chocolates, gelados e rebuçados aos portugueses. No curto prazo seria popular e granjearia uma adoração sem limites, nalguns sectores da população e grupos de interesse. Mas os prejudicaria, sobretudo num futuro longínquo, onde a falta de capacidade de luta, disciplina e rigor lhes estragaria o seu futuro prometedor.

Podia a senhora agradar aos empreiteiros e estes fariam romarias à sua porta e lhe ofereceriam chorudo prémio após abandonar o seu lugar.

Podia a senhora agradar aos autarcas e estes fariam pressões no seu próprio partido para que a entronizassem como líder.

Podia a senhora agradar aos automobilistas e estes fariam um buzinão à porta de sua casa, manifestando agrado e pressão para ser eleita Presidente do seu partido e, quiçá, Primeiro-Ministro.

Podia a senhora agradar ao funcionalismo público e este criaria mensagens de apoio à sua pessoa e, talvez, enviassem mensagens por telemóveis e faxes à Presidência da República, durante a estadia deles nas suas férias, algures em Cancun ou, até, na Riviera francesa.

Podia a senhora agradar aos bem instalados alunos do ensino superior público, oferecendo um capital gratuito, reconhecidamente como o mais rentável investimento que se conhece. Que é uma formação superior. Enquanto estes, durante os seus interlúdios universitários, se refregam em comas alcoólicos, para esquecer as durezas da disciplina escolar.

Podia a senhora agradar a alguns grupos empresariais vendendo-lhes barato património estatal e empresas públicas, podendo estes revender mais tarde com chorudos lucros. Obtendo depois um lugar como consultor ou administrador não executivo, num desses grupos, beneficiando vantajosamente de um exílio dourado, após a sua saída.

Ou seja, a senhora poderia agradar a muitos grupos de interesses, bem instalados na sociedade, agradando a uns e outros, mantendo uma popularidade invejável. Mas a senhora não o fez. E por isso mesmo coleccionou ódios e inimigos de estimação. Que até puseram em causa a honestidade pessoal da senhora, ao arrepio de um saudável combate político democrático.

Mas a senhora recusou-se a ser o pai facilitista e populista, para melhorar as condições de vida dos portugueses, a médio-longo prazo.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para aumentar as pensões de reforma dos pensionistas mais frágeis. Com aumentos intercalares e extraordinários para estes pensionistas mais necessitados.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para providicenciar aos mais necessitados, sem cunhas nos hospitais públicos, as verbas necessárias para que os utentes do SNS pudessem ter acesso às cirurgias e aos mais elementares cuidados de saúde.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para que fosse implementada uma política de utilização de medicamentos genéricos, abrangendo sobretudo os mais pobres e necessitados da sociedade, que assim obtêm acesso a medicamentos muito mais baratos. Onde esse custo pesa demasiado muito e sobretudo nos mais idosos e incapacitados da sociedade. Mesmo contra os diversos grupos de interesse que pululam no sector da saúde.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para as políticas de emprego e desemprego, numa altura de forte crise e turbulência económica. Permitindo melhorar a ajuda aos desempregados, vítimas da conjuntura económica, sobretudo daqueles com mais filhos e dependentes ao seu cuidado, que tiveram a infelicidade de cair no desemprego.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para a implementação de uma maior e mais abrangente protecção social aos dependentes, sejam deficientes ou idosos acamados, que vivem conjuntamente com as suas famílias, gerando uma correcta política de apoio à família nuclear extensiva.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para maiores apoios às famílias numerosas e apoios à continuidade das crianças nas escolas, apostando mais fortemente na coesão familiar e nas nossas crianças, sobretudo as mais desfavorecidas.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para apoiar os jovens para iniciarem as suas vidas individuais, nos apoios implementados ao arrendamento por parte dos jovens casais.

Todavia, nunca negou dotação orçamental para aumentar e apoiar mais os alunos carenciados que pretendem concluir um curso superior. Seja em subsídios, bolsas escolares e apoios a residências e campus escolares.

É certo que não fez isto tudo sozinha. Mas com o apoio de alguns seus colegas no governo. Mas nunca negou dinheiro para aquilo que se considera fundamental no apoio aos mais fracos da sociedade, cortando naquilo que considera mais supérfluo. Apoiou sempre quem mais precisa, sobretudo numa altura de grave crise económica.

A senhora Ferreira Leite costuma dizer, em tom de brincadeira, que quando toma posse como Ministro, numa qualquer pasta governamental, tudo lhe cai em cima. Foi assim na crise da década de 90, quando foi Secretária de Estado do Orçamento. Enfrentando uma recessão, uma guerra e um mini-choque petrolífero. Foi assim quando assumiu a pasta da Educação e enfrentou a rebeldia estudantil. E costuma até dizer, em tom de brincadeira, que se fosse nomeada Ministra da Defesa logo a seguir teria pela frente uma guerra contra a espanholada, tal é a sua sorte. De facto não costuma ter sorte, quando aceita alguma pasta ministerial.

E foi assim quando é eleita como a escolhida para enfrentar o mais longo período recessivo, desde há mais de 30 anos. Enfrentou a mais grave crise internacional, desde há mais de 70 anos. Enfrentou a maior valorização da nossa moeda, desde há longos anos, com a subida em cerca de 50% do €uro, desde que tomou posse. Enfrentou a maior subida estrutural dos preços energéticos, desde há mais de 30 anos. Enfrentou o maior descalabro do excessivo crescimento e descontrolo orçamental, de que há memória em Portugal. Enfrentou o pior sistema fiscal europeu, demasiado dependente do ciclo económico, onde as receitas fiscais dependem demasiado do crescimento económico. E enfrentou um funcionalismo público avesso às mudanças, pouco flexível e com pouca vontade de se esforçar por mudar o péssimo estado de coisas que grassa na Administração Pública. E para mais, enfrentou uma crise económica com um modelo económico assente na despesa pública, no consumo interno, na especulação imobiliária e no crédito fácil. Ou seja, herdou um modelo económico esgotado actuando sobre uma crise económica internacional verdadeiramente adversa e dura.

Mas a senhora teve a coragem, a têmpera e a audácia suficiente para não virar a cara à luta. Talvez não tenha sido a primeira escolha para o lugar. Talvez outros recusaram o lugar que a senhora aceitou, de bom grado, o sacrifício para enfrentar tamanhas dificuldades. Mas só revela as suas qualidades e aumenta mais o seu prestígio e estima, sobretudo daqueles que sacrificam a glória fácil pelo engenho e arte ao enfrentar tamanhos e horríveis Adamastores.

Nunca teve o apoio do país, para implementar políticas díficeis e necessárias mas impopulares. E até dentro do seu partido as vozes críticas foram sempre sussurradas em surdina, clamando por políticas facilitistas mas populares e ganhadoras de eleições. Mas a senhora, pondo primeiro os interesses do país, como grande Estadista que é, nunca perdeu o tino nem o rumo, sabendo o que queria e para onde queria ir. Sabendo que as dificuldades de hoje serão as facilidades do amanhã. Nunca cedeu aos interesses imediatos e populistas do seu partido, da abjecta oposição e do populismo fácil e eleitoralista. E, com dignidade, pôs o seu lugar à disposição, quando assumiu como sua, uma derrota eleitoral de um governo inteiro. E mesmo com essa dignidade honrosa, terá sido traída pelo homem que mais beneficiou e beneficiaria no futuro: o Primeiro-Ministro demissionário.

Hoje, estou grato pelo seu magnífico trabalho e desempenho. E já estou com saudades do melhor Ministro das Finanças que Portugal conheceu, na História contemporânea portuguesa. Sim, a senhora foi o mais competente e mais sério Ministro das Finanças de que há memória. Apesar dos problemas todos que enfrentou no seu ministério, foi sempre leal, correcta, transparente e séria. Consigo, as Contas Públicas eram e são transparentes. Consigo, todos os portugueses conhecem verdadeiramente a verdadeira natureza das Contas Públicas. Sabemos quais os déficites. Os estruturais, os correntes e até os nominais. Sabemos quanto é o deficit com ou sem receitas extraordinárias. Sabemos quanto é o deficit, com ou sem despesas extraordinárias. Ao contrário de quase todos os seus antecessores, que pouco ou muito, sempre utilizaram técnicas contabilistas maquilhadoras.

Hoje, quando se prepara para abandonar o seu cargo, já deixa saudades em alguns portugueses, adeptos de finanças públicas sãs, transparentes e do rigor orçamental. Até já deixa saudades nos seus maiores opositores políticos, que usam a sua pessoa, a sua credibilidade e as suas políticas para fazerem mais umas piruetas políticas, usando populismo político e eleitoral. Na última semana, quantos dos seus maiores críticos não dizem hoje que as suas políticas são as mais correctas para o país? E que antes menosprezavam e criticavam? Quantos? Basta dar uma vista de olhos para as declarações de alguns, esta semana, e comparar com o que foram dizendo ao longo destes duros 27 meses, enquanto enfrentou as grandes dificuldades.

Enfim, as suas qualidades de Estadista são hoje sinónimo de rigor e garantia de competência económica e financeira. Já muitos esqueceram o epíteto de “merceeira”, na tentativa de a enxovalhar, para a reconhcer como o garante do rigor das contas públicas e da garantia de credibilidade macroeconómica portuguesa.

Mas a sua saída, já está a ter um preço para os portugueses, que em breve, mais o sentirão. Sobretudo os mais endividados e os mais jovens. Estamos a falar no risco-país, onde as taxas de juro portuguesas começarão a ser penalizadas pela sua saída do Ministério das Finanças. Estamos a falar do mercado de capitais, que já é penalizado pelo aumento do risco sistémico do nosso país. E queira, cara senhora, o mercado financeiro é o mais honesto e brilhante avaliador das qualidades de um Ministro das Finanças e das suas políticas económicas.

E consigo, dra. Manuela Ferreira Leite, todos nós, agentes do mercado, em Portugal e no exterior, sabíamos corresponder ao seu rigor, premiando as suas políticas económicas. Seja através do investimento, seja na avaliação do risco sistémico ou, até, no próprio consumo. E as suas qualidades são tão importantes que até já se acreditava que a taxa de inflação portuguesa se iria continuar a comportar muito melhor que os nossos concorrentes externos e principais parceiros económicos. Pela primeira vez, na história da nossa jovem democracia.

Estimada dra. Manuela Ferreira Leite, há um ditado popular que é mais ou menos assim: “só damos valor à saúde quando não a temos”. E, consigo, o país só dará o seu devido valor, a si e às suas políticas, quando não a tivermos na Praça do Comércio. Infelizmente, ainda a temos, e, pessoalmente, já sinto saudades suas. Mas grato pelo seu trabalho, esforço, rigor e vigor, só tenho que lhe agradecer o seu esforço. Sei que é pouco o que lhe dou. Mas não sou ingrato e sei reconhecer o bom valor que tem e merece ser reconhecida por tal.

Muito obrigado, estimada Senhora dra. Manuela Ferreira Leite. Desejo-lhe as maiores felicidades do mundo.

Até breve!

Um seu admirador,

Patacôncio, El PSIcopato.

“Atrás de mim virá, quem de mim bom fará!”
Um xoxo da minha Patroa ! :mrgreen:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 15
Registado: 6/3/2003 2:19
Localização: Mulleriu - Virgin Islands


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: almica, Google [Bot], Massao1 e 69 visitantes