Agora são os Russos !!
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A notícia da BBC parece-me mais simples e mais bem fundamentada, mas não resulta muito diferente:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/3560249.stm
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/3560249.stm
Earthlings? Bah!
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- Registado: 20/11/2003 11:37
É preciso não dar eco a notícias pseudo-alarmantes. Não são unicamente as notícias ligadas á economia que por vezes pecam por falta de profissionalismo na forma de divulgação e na sua explicação. Apreciei a ponderação do Ming no seu comentário da notícia, ele que muitas vezes e demasiado negativista na análise de certas empresas.
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Pradva
Segundo o Pradva:
"Peter the Great" to wreck Kuroedov
03/23/2004 15:01
Everyone forgot about Russian fleet while dismissing potential competitors
One of the nation's best (based on the results of 2003), most powerful ships, the nuclear-powered missile cruiser of the Russian Northern Fleet "Peter the Great" is no longer in working condition. The cruiser will spend the next couple of months by the quay wall and its crew will be deprived of one third of its income, the so-called naval financial support. The decision has been announced by Adm. Vladimir Kuroedov without any specific reasons.
"This is a real shock for us," stated a source in the headquarters of the Northern Fleet. "The nuclear missile cruiser has been in action since December of last year. Based on the results of this year's strategic Naval training program (in January-February), which had been closely monitored by Vladimir Putin himself, the missile cruiser received an excellent mark. The ship's commander Vladimir Kasatonov has even been awarded a title of rear-admiral, remark Grani.ru.
"Now, as it turns out, we are given the worst mark of all; and the crew will have to go through additional training in order to correct the situation,">Latest News
"Peter the Great" to wreck Kuroedov
Right-wing parties in turmoil
State Duma to grant Serbs asylum in Russia?
Russian graduates to be drafted
Something to remember: 13 years ago we said "yes" to USSR
declared the admiral.
Adm. Kuroedov had closely watched the crew in the course of the training program "Safety-2004" (10-18 February). Back then, "Peter the Great" had been involved in a fight simulation with the Air Force, while launches from nuclear submarines "Novomoskovsk" and "Karelia" of several ballistic missiles had failed. "Perhaps, back then, Kuroedov had spotted some deviation form the norm in the actions of the crew members," stated one of the sources at the headquarters. President Vladimir Putin, who had been closely watching the training, had made an arrangement to create a special commission and investigate the reasons of failure.
According to the information obtained by "Izvestia", the conflict around the missile cruiser and its crew has evolved not merely because of the crew's incompetence and the cruiser's condition. According to the newspaper source at the Fleet's headquarter, the ship, its crew in particular, has been punished for something admiral's uncle Igor Kasatonov had done.
Rumor has it, that present-day Navy chief Vladimir Kuroedov was enraged by some statements made by Igor Kasatonov, regarding the sinking of the nuclear submarine "Kursk" in 2000.
Intrigues within the fleet's headquarters have moved all the problems of the Russian navy aside.
"Peter the Great" to wreck Kuroedov
03/23/2004 15:01
Everyone forgot about Russian fleet while dismissing potential competitors
One of the nation's best (based on the results of 2003), most powerful ships, the nuclear-powered missile cruiser of the Russian Northern Fleet "Peter the Great" is no longer in working condition. The cruiser will spend the next couple of months by the quay wall and its crew will be deprived of one third of its income, the so-called naval financial support. The decision has been announced by Adm. Vladimir Kuroedov without any specific reasons.
"This is a real shock for us," stated a source in the headquarters of the Northern Fleet. "The nuclear missile cruiser has been in action since December of last year. Based on the results of this year's strategic Naval training program (in January-February), which had been closely monitored by Vladimir Putin himself, the missile cruiser received an excellent mark. The ship's commander Vladimir Kasatonov has even been awarded a title of rear-admiral, remark Grani.ru.
"Now, as it turns out, we are given the worst mark of all; and the crew will have to go through additional training in order to correct the situation,">Latest News
"Peter the Great" to wreck Kuroedov
Right-wing parties in turmoil
State Duma to grant Serbs asylum in Russia?
Russian graduates to be drafted
Something to remember: 13 years ago we said "yes" to USSR
declared the admiral.
Adm. Kuroedov had closely watched the crew in the course of the training program "Safety-2004" (10-18 February). Back then, "Peter the Great" had been involved in a fight simulation with the Air Force, while launches from nuclear submarines "Novomoskovsk" and "Karelia" of several ballistic missiles had failed. "Perhaps, back then, Kuroedov had spotted some deviation form the norm in the actions of the crew members," stated one of the sources at the headquarters. President Vladimir Putin, who had been closely watching the training, had made an arrangement to create a special commission and investigate the reasons of failure.
According to the information obtained by "Izvestia", the conflict around the missile cruiser and its crew has evolved not merely because of the crew's incompetence and the cruiser's condition. According to the newspaper source at the Fleet's headquarter, the ship, its crew in particular, has been punished for something admiral's uncle Igor Kasatonov had done.
Rumor has it, that present-day Navy chief Vladimir Kuroedov was enraged by some statements made by Igor Kasatonov, regarding the sinking of the nuclear submarine "Kursk" in 2000.
Intrigues within the fleet's headquarters have moved all the problems of the Russian navy aside.
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- Registado: 10/3/2004 11:16
Bom dia a Todos
Enquanto os Russos andam entretidos, e a entreter o pessoal....
RAFAEL BORDALO PINHEIRO E A PSICANÁLISE - ONTEM E HOJE - DO ZÉ POVINHO
Vasco Trancoso*
O nascimento do Zé Povinho
"Seu Zé Povinho" (ZP) tomou forma, através do lápis de Rafael Bordalo Pinheiro (RBP), pela primeira vez em 12 de Junho de 1875, surgindo no exemplar número 5 d'A Lanterna Mágica, no mesmo ano em que RBP, com 29 anos, abraçava os ideias da Maçonaria.
Nesse primeiro desenho, RBP aludindo aos impostos, veste Fontes Pereira de Melo de Stº António, colocando-lhe o menino D. Luís I ao colo, enquanto o Ministro da Fazenda (Serpa Pimentel), recolhe o óbulo de um ZP boquiaberto, coçando a cabeça - intrigado, de chapéu braguês, com fato rural coçado e roto. O barão do rio Zêzere, comandante da Guarda Mnicipal, observa de chicote na mão (1), para o caso de surgir alguma resistência.
Mas, RBP, mais não fez do que simbolizar determinadas características dos portugueses que já existiam antes. Provavelmente, o ZP é mais idoso do que Ramalho (no Album das Glórias) propõe quando lhe dá cerca de 50 anos - teria nascido com o Constitucionalismo, a mãe teria sido a Carta e o pai o Parlamentarismo.
Talvez tenha sido durante o sec. XVI, com a instauração da Inquisição, em 1536, que foram nascendo as raízes principais do que viria a ser uma "portuguese way of life"(2).
Para sobreviver no reino da injustiça, o ZP passou a respeitar o jogo das aparências, como defesa. As suas características principais foram agravadas pelos governos monárquicos que vigoraram após a abolição de 1821 da Inquisição, mantidas na 1ª República, aprofundadas durante a ditadura do Estado Novo e desenvolvidas, com maior sofisticação, após o 25 de Abril de 1974.
A passividade como característica fundamental
Ao longo dos números seguintes da Lanterna Mágica, o ZP surge sempre de boca aberta e não intervindo aconteça o que acontecer. O próprio RBP refere: "ZP olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma". Esta Abstinência à Iniciativa é um dos sintomas mais significativos na psicanálise lusitana.
Um ZP ignorante e indiferente continua hoje a assitir à procissão política, embora albardado de um modo mais disfarçado. De tal modo que, por vezes, nos interrogamos: é o Povo que manda nos políticos? Ou o contrário? Provavelmente acontecem ambas as situações misturadas em doses variáveis consoante os calendários eleitorais. O desejo de dinheiro fácil e rápido perante a tradicional penúria política, faz não só com que se plantem eucaliptais em excesso, comprem freneticamente lotaria, totoloto, totobola e "raspadinha", mas também que a maioria da população portuguesa persista em tolerar a corrupção e os tachos, na esperança de um dia lhe calhar também um.
Verdadeiramente submisso umas vezes, fingidamente outras, tão depressa bajula o político que lhe passa à janela, como acaba por arrasá-lo completamente, consumindo a carne política como outra qualquer. Isto porque muitos portugueses lixados tentam lixar os outros portugueses que os andam a lixar.
No entanto, estabelece-se, ocasionalmente, uma discreta simbiose em que os políticos, umas vezes, são empurrados pelo próprio ZP para o palco social, com a obrigação de desempenharem um espectáculo especialmente apreciado, outras vezes são os políticos que lisonjeiam o ZP com objectivo de angariarem votos.
Não há Partido político que antes e após as eleições não diga que o Povo tem sempre razão. E o Zé acredita. Aliás, muitos políticos sentem-se quase na obrigação de fazerem promessas, antes dos períodos eleitorais, aliciando o ZP com muitas obras, alavarás, subsídios, empregos e alguns projectos colectivos contendo a esperança de que deixaremos de ser pobres.
A passividade do ZP, manifesta-se também a outros níveis. A ausência de culturiosidade e a Anorexia Intelectual são outros sinais que o mantêm escravo de si próprio.
Cachapim é outro nome que se pode aplicar ao ZP. Porque como o pássaro respectivo anda sempre contente, chilreando mesmo sem motivo para tal, e também porque cachapim é denominação militar, longe das frentes de batalha. Isto é, na retaguarda, afastado de tudo o que implique dar a cara, ou enfrentar grandes desafios, o cachapim acachapa-se do mesmo modo, atrás de uma moita, de um muro ou das conveniências.
Por outro lado a tendência contemplativa levou a que o ZP viesse a ser o rei dos espectadores. Telesintonisado grande parte do dia, ou encostado ao entardecer nas ombreiras das portas, assite dia após dia, interessadamente, aos vizinhos e à nação que lhe passam sob o olhar.
A sua obsessão de assistir leva-o ao ponto de ser espectador da sua própria tragédia. Não foi por acaso que RBP caricaturou ZP assistindo ao seu próprio suplício no garrote (António Maria de 20 de Julho de 1882).
Mas será que esta arte bem antiga de jogar "à retranca", passatempo muito habitual entre os portugueses, poderá tratar-se afinal da prática de uma sabedoria popular construída à custa da experiência de múltiplas gerações? Será que a contemplação lusitana é um modo de tentar viver a vida sem a ansiedade inerente a uma vida muito activa e participada?
No número 22 d' A Lanterna Mágica, RBP dá um lamiré sobre a sua filosofia para o ZP quando diz: "Não percebe que é o dono da casa e contenta-se em ser um bom criado... é presico educá-lo, o que custa muito porque é mandrião e contenta-se com pouco". Mas ao longo de todo este tempo é legítimo pensar que o ZP, ao contrário, não quer ser o dono da casa pois essa tarefa traz "stress" e o "stress" traz falta de saúde. Ou seja, o ZP espera que haja alguns (e há sempre) que na miragem do Poder ou da Glória, trabalhem e se consumam por excesso de actividade.
Quase que se pode aplicar, neste caso, a metáfora budista sobre a vida, comparando-a com um rio, no qual nos devemos deixar levar pela corrente, suavemente, até ao nosso destino, em vez de nadarmos contra as águas, pois quanto mais lutamos contra o caudal mais sofreremos.
Sinceramente, não acreditamos. Isto é, o ZP é contemplativo e pacífico por educação e nã premeditadamente, embora existam algumas virtualidades ao usufruir de uma vida menos agitada.
Outros aspectos da personalidade do ZP
Com o tempo, RBP foi descobrindo outras características do ZP. Sacrificado, traído, vendido mas, apesar disso, bonacheirão, generoso, dócil e ingénuo. Por isso, enquanto ri de um modo alvar, em surriada ou matreiramente, vai pingando-amor ou dormindo à margem dos acontecimentos, o Zé era (é) frequentemente enganado.
Apesar de explorado pela Monarquia era retratado por RBP (que o apoiava, empurrando-o, no próprio desenho) a contribuir filantropicamente, em quermesses régias em favor de diversas "obras de caridade" (António Maria de 22 de Maio de 1884). Confundia-se, deste modo, o artista com próprio ZP.
Mais tarde passou a dar esmola para os bombeiros, para a Cruz Vermelha, para o "Instituto do Cancro" e muitas outras instituições de solidariedade social, ao mesmo tempo que continuava a cair na aldrabice do bilhete de lotaria premiado e no patriotismo de determinados políticos de pacotilha.
Hoje continua generosa e pateticamente a ser tanso.
Dá para os Partidos políticos, para a Igreja do Reino de Deus e outros grupos religiosos, ou para as compras via TV de produtos "miraculosos" como cintas ou palmilhas que emagrecem. Isto é, século após século, o ZP continua a cair no conto do vigário e a acreditar em milagres.
Desde o milagre pequeno do dia a dia até ao milagre sebástico de regresso a uma Idade de Ouro portuguesa. Aliás, as sucessivas tentativas de reformulação de um mito obsoleto pré-renascentista (ex.: Bandarra, P. António Vieira, A. Garrett, F. Pessoa) são prova de que esta "filosofia nacional" não desapareceu após a "época de trevas" desencadeada pela morte de D. Sebastião. Estas atitudes têm tido como consequência o fomento do sebastianismo na óptica lusitana. O povo português continuou, a confundir alguns líderes políticos com o Desejado salvador que de novo virá dilatar o Império, acabando a obra iniciada.
Este "povo de pobres com mentalidades de ricos" (3), por uma inexplicada cegueira interna acredita nas imagens que vai fabricando para seu próprio consumo. Entende que é mais importante parecer do que ser e aparentemente não distingue entre acreditar e fingir acreditar.
Embora, por vezes, tentem parecer que têm aquilo que não têm, na generalidade procuram aparentar o contrário. Isto é, fingem não terem aquilo que na realidade possuem, procurando não dar nas vistas. Esta atitude de pretenderem passar por mais pobres do que aquilo que são, traz, em consequência, a confusão com os verdadeiros pobres. Assim, os portugueses que são ricos, não se distinguem, respectivamente, dos pobres que parecem pobres e dos ricos que parecem ricos.
A evolução do ZP e alguns hábitos adquiridos recentemente
Após a morte de RBP, a figura do ZP, perdurou até aos dias de hoje, continuando a ser desenhada por outros caricaturistas, mantendo características e adquirindo outras, provando a sua inexcedível capacidade de adaptação. Ou seja, o nosso irmão ZP não envelheceu sequer, apenas se tem vindo a actualizar, disfarçando-se frequentemente consoante a conjuntura social, mas resistindo sempre.
Boémio, fatalista, individualista, simultaneamente polícia ou espião dos seus próprios vizinhos e fugitivo de impostos, facilmente burocratizável mas com tendência anáquica, pacífico mas matando impiedosamente por questões de má vizinhança ou linchando os novos violadores do século XX, mantendo um irrealismo notável sobre as suas próprias possibilidades, o ZP, após o 25 de Abril, ajustou-se mantendo velhos hábitos, em vez de os corrigir, permitindo que novas injustiças e novas albardas surgissem cobertas com um fino verniz de democracia. O estatuto de democrático permitiu a multiplicação dos campos de aplicação dos defeitos antigos. Numa réplica do fontismo, ocasionalmente distribuem-se empregos artificiais a quem gosta de fintar colectivamente o trabalho, ou promove-se a incompetência, o oportunismo e o clientelismo como se fossem qualidades.
Hoje, o ZP, é menos analfabeto, mas perdeu algumas qualidades estimáveis como a simplicidade e a naturalidade de outrora, bem como algumas raízes culturais importantes, adquirindo novos costumes pouco recomendáveis.
De facto, com o decorrer do tempo, o ZP mudou de roupa e adoptou alguns hábitos questionáveis que têm ajudado a descaracterizar o país, destruindo muitos santuários das nossas províncias. A herança cultural tem sido sistematicamente afectada por diversas aculturações.
Portugal quase que já não existe deglutido pelas novas autoestradas do final deste século, ao longo das quais o ZP foi implantando novas urbanizações, construídas por equipas de patos bravos (ZP em versão novo rico), em função de supermercados. São pólos de uma nova morfógenese urbana, sem raízes, que negam o conceito clássico dos aglomerados populacionais.
Ao lado destes mercados, erguem-se pensões estereotipadas, lojas de móveis, espaços para venda de olaria e de estatuária anódinas, restaurantes tipicamente atípicos, cafés de alumínio, bombas de gasolina e vivendas bacocas com leõezinhos de pedra ao portão, agências bancárias que parecem agências turísticas e vice-versa, blocos habitacionais sempre iguais. Tudo isto entremeado com lixeiras, depósitos de sucata, plásticos, bidons, baracas de comes e bebes envoltas em grande fumarada, obras que nunca acabam, poeira e... alguns restos de antigos pinhais.
No que diz respeito à música, nunca foi tão fácil a mediocridade cantar.
O ZP, provavelmente, entendeu mal a crítica intrínseca feita pelo Herman José quando interpretou a sua personagem, Toni Silva. Em vez de perceber o ridículo de determinado nacional-cançonetismo, julgou que o foleiro é que era bom e desatou, nos últimos anos, a produzir dezenas de clones daquele "boneco". Em consequência, impera uma ordem pirosa que produz aquilo a que alguém já baptizou de Música Pimba.
Por outro lado a TV, nos primeiros anos da década de 1990, interveio no comportamento do ZP, influenciando-o, modificando alguns costumes, ou acabando por canalizá-los, muitas vezes, para a área do video. Damos como exemplo, a tradicional festas do casamento do dia de Stº António que foi substituída por rituais telemáticos do tipo dos programas, "Cenas de um Casamento", "Casados de Fresco", "Despedida de Solteiro".
Os canais de televisão, por razões económicas e de audiências, desataram a produzir uma quantidade crescente de programas em que reina a insensatez, a estupidez ou a parolice, cumprindo um ciclo vicioso em que se a maioria dos portugueses gosta de piroseiras execráveis, então há que fornecer-lhas, afogando as grelhas de programas numa maré de maus exemplos que, por sua vez, vão piorar a atitude mental lusitana.
Ontem como hoje, albarda-se o ZP à vontade do dono (4).
Mergulhados em maus exemplos estéticos, os portugueses têm aprendido a gostar do mau gosto, e a utilizar a velha ignorância como justificação para a irresponsabilidade, apesar de hoje ser menos ignorante do que no tempo de RBP.
Quando estragam o ambiente, escarram e deitam lixo para o chão, desculpam-se dizendo que não tiveram educação. Quando são instados a emitir opinião política, os nossos cidadãos repetem em coro aflito: "não percebo nada de política". Mas depois votam como se soubessem. Aliás as frases: "desculpe qualquer coisa" e "sabe... não andei na escola", são instituições no argumentário lusitano.
Por outro lado, o ZP continua a utilizar o boato (outro tique que, provavelmente, ficou dos tempos da Inquisição) para afirmar sem ter afirmado, ou para travar alguém que queira modificar algo para melhor. Este último hábito é simbolisado, na mitologia lusitana, pelo Velho do Restelo. No entanto esta figura pode representar, não só as forças que se opõem ao progresso, mas também um inconformismo recalcitrante, ou a denuncia da megalomania portuguesa. De facto, desde tempos imemoriais, o ZP mantém um irrealismo notável sobre si próprio e sobre Portugal, julgando-se o melhor povo do mundo.
Fechado ao mundo, amador de quase tudo mas especialista no desenrascanso e em anedotas picantes, muitas vezes crítico e trocista, o ZP cultiva um complexo de inferioridade perante o estrangeiro que sublima através da ostentação de uma mania da superioridade, vangloriando-se frequentemente de qualidades que só ele descobre.
"O que é e... o que pode ser"
É evidente que, dada a vastidão e complexidade do tema, o retrato do ZP fica sempre incompleto. Há quem afirme que também é idealista, emotivo, humano, hospitaleiro, saudosista, fanático pelo futebol, preocupado em evitar conflitos, universalista e facilmente miscigenável com outras raças.
É evidente que o ZP também tem qualidades assinaláveis, mas RBP desenhou sobretudo os aspectos que considerou defeitos (para outros poderam ser qualidades ou simplesmente feitio) porque lhe interessava mostrar o que era necessário corrigir.
No entanto, RBP acabaria por revelar também facetas positivas do ZP. Desta vez, desejadas pelo grande artista. Assim, o ZP aparece, cheio de coragem, a dar pontapés libertadores, a fazer manguitos ou a dar cacetadas nos políticos e nas nações criticadas.
Após RBP colocar a Liberdade a segredar alguns conselhos a ZP, este surge (António Maria de 11 de Março de 1880) em dupla página mostrando duas faces: "O que é e... o que pode ser". Atirando a albarda para longe, ZP adquire um ar severo, está mais elegante, com aspecto mais inteligente e, cheio de força, afugenta os oportunistas da política.
Cerca de dois anos depois, Ramalho, no Album das Glórias, remata a sua síntese biográfica sobre "O Soberano" Zé Povinho, do seguinte modo: "Um dia virá talvez em que ele mude de figura e mude também de nome, para, em vez de se chamar Zé Povinho se chamar simplesmente Povo. Mas muitos impostos novos, novos empréstimos, novos tratados e novos discursos correrão na ampulheta Constitucional do tempo antes que chegue esse dia tempestuoso".
Tudo indica que RBP, e não só, ambicionava que os defeitos do ZP desaparecessem. Através da Cultura e Educação almejava, de certo modo, "assassinar" a sua criação máxima, dando lugar a um novo e civilizado Portugal.
Ou seja: a raça nacional alcançará de novo grandeza, quando perceber que o D. Sebastião redentor porque quem espera, desde 1578, é afinal o colectivo de todos os portugueses, com uma nova maneira de ser e de estar.
Ao contrário do que se possa pensar, RBP gostava (tal como nós) do ZP, apesar dos atributos que lhe ia conferindo através das suas caricaturas. Não se trata de não ter afeição pelo ZP, mas antes de um modo de lutar para que ele melhore.
Rafael Bordalo Pinheiro, apesar da fraternidade para com o Zé Povinho, sofria por causa de o povo português ser assim tal como o desenhava.
Afinal, como era. Como é.
* Médico e membro da Associação Património Histórico.
NOTAS
(1) José Augusto França, Rafael Bordalo Pinheiro - o português tal e qual, Livraria Bertrand, 1981.
(2) É legítimo inferir que perante o exemplo dos Autos da Fé e dos castigos que sofriam aqueles que eram acusados de novas ideias (Cristãos Novos), e um tempo em que era preferível denunciar a ser torturado, o povo português adoptasse um comportamento contrário às novidades sociais.
(3) Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade, Biblioteca D. Quixote, 1978.
(4) A albarda como símbolo nasceu, após RBP ler um artigo, no Diário Popular (em 1880), de Mariano de Carvalho aconselhando ao Rei D. Luís: "o povo quer e pede mais albarda". Mais tarde, no Album das Glórias, Ramalho Ortigão começa o seu texto com a frase: "Albarde-se o burro à vontade do seu dono".
in:C.I.T.I.
abraço
patdav

Enquanto os Russos andam entretidos, e a entreter o pessoal....
RAFAEL BORDALO PINHEIRO E A PSICANÁLISE - ONTEM E HOJE - DO ZÉ POVINHO
Vasco Trancoso*
O nascimento do Zé Povinho
"Seu Zé Povinho" (ZP) tomou forma, através do lápis de Rafael Bordalo Pinheiro (RBP), pela primeira vez em 12 de Junho de 1875, surgindo no exemplar número 5 d'A Lanterna Mágica, no mesmo ano em que RBP, com 29 anos, abraçava os ideias da Maçonaria.
Nesse primeiro desenho, RBP aludindo aos impostos, veste Fontes Pereira de Melo de Stº António, colocando-lhe o menino D. Luís I ao colo, enquanto o Ministro da Fazenda (Serpa Pimentel), recolhe o óbulo de um ZP boquiaberto, coçando a cabeça - intrigado, de chapéu braguês, com fato rural coçado e roto. O barão do rio Zêzere, comandante da Guarda Mnicipal, observa de chicote na mão (1), para o caso de surgir alguma resistência.
Mas, RBP, mais não fez do que simbolizar determinadas características dos portugueses que já existiam antes. Provavelmente, o ZP é mais idoso do que Ramalho (no Album das Glórias) propõe quando lhe dá cerca de 50 anos - teria nascido com o Constitucionalismo, a mãe teria sido a Carta e o pai o Parlamentarismo.
Talvez tenha sido durante o sec. XVI, com a instauração da Inquisição, em 1536, que foram nascendo as raízes principais do que viria a ser uma "portuguese way of life"(2).
Para sobreviver no reino da injustiça, o ZP passou a respeitar o jogo das aparências, como defesa. As suas características principais foram agravadas pelos governos monárquicos que vigoraram após a abolição de 1821 da Inquisição, mantidas na 1ª República, aprofundadas durante a ditadura do Estado Novo e desenvolvidas, com maior sofisticação, após o 25 de Abril de 1974.
A passividade como característica fundamental
Ao longo dos números seguintes da Lanterna Mágica, o ZP surge sempre de boca aberta e não intervindo aconteça o que acontecer. O próprio RBP refere: "ZP olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma". Esta Abstinência à Iniciativa é um dos sintomas mais significativos na psicanálise lusitana.
Um ZP ignorante e indiferente continua hoje a assitir à procissão política, embora albardado de um modo mais disfarçado. De tal modo que, por vezes, nos interrogamos: é o Povo que manda nos políticos? Ou o contrário? Provavelmente acontecem ambas as situações misturadas em doses variáveis consoante os calendários eleitorais. O desejo de dinheiro fácil e rápido perante a tradicional penúria política, faz não só com que se plantem eucaliptais em excesso, comprem freneticamente lotaria, totoloto, totobola e "raspadinha", mas também que a maioria da população portuguesa persista em tolerar a corrupção e os tachos, na esperança de um dia lhe calhar também um.
Verdadeiramente submisso umas vezes, fingidamente outras, tão depressa bajula o político que lhe passa à janela, como acaba por arrasá-lo completamente, consumindo a carne política como outra qualquer. Isto porque muitos portugueses lixados tentam lixar os outros portugueses que os andam a lixar.
No entanto, estabelece-se, ocasionalmente, uma discreta simbiose em que os políticos, umas vezes, são empurrados pelo próprio ZP para o palco social, com a obrigação de desempenharem um espectáculo especialmente apreciado, outras vezes são os políticos que lisonjeiam o ZP com objectivo de angariarem votos.
Não há Partido político que antes e após as eleições não diga que o Povo tem sempre razão. E o Zé acredita. Aliás, muitos políticos sentem-se quase na obrigação de fazerem promessas, antes dos períodos eleitorais, aliciando o ZP com muitas obras, alavarás, subsídios, empregos e alguns projectos colectivos contendo a esperança de que deixaremos de ser pobres.
A passividade do ZP, manifesta-se também a outros níveis. A ausência de culturiosidade e a Anorexia Intelectual são outros sinais que o mantêm escravo de si próprio.
Cachapim é outro nome que se pode aplicar ao ZP. Porque como o pássaro respectivo anda sempre contente, chilreando mesmo sem motivo para tal, e também porque cachapim é denominação militar, longe das frentes de batalha. Isto é, na retaguarda, afastado de tudo o que implique dar a cara, ou enfrentar grandes desafios, o cachapim acachapa-se do mesmo modo, atrás de uma moita, de um muro ou das conveniências.
Por outro lado a tendência contemplativa levou a que o ZP viesse a ser o rei dos espectadores. Telesintonisado grande parte do dia, ou encostado ao entardecer nas ombreiras das portas, assite dia após dia, interessadamente, aos vizinhos e à nação que lhe passam sob o olhar.
A sua obsessão de assistir leva-o ao ponto de ser espectador da sua própria tragédia. Não foi por acaso que RBP caricaturou ZP assistindo ao seu próprio suplício no garrote (António Maria de 20 de Julho de 1882).
Mas será que esta arte bem antiga de jogar "à retranca", passatempo muito habitual entre os portugueses, poderá tratar-se afinal da prática de uma sabedoria popular construída à custa da experiência de múltiplas gerações? Será que a contemplação lusitana é um modo de tentar viver a vida sem a ansiedade inerente a uma vida muito activa e participada?
No número 22 d' A Lanterna Mágica, RBP dá um lamiré sobre a sua filosofia para o ZP quando diz: "Não percebe que é o dono da casa e contenta-se em ser um bom criado... é presico educá-lo, o que custa muito porque é mandrião e contenta-se com pouco". Mas ao longo de todo este tempo é legítimo pensar que o ZP, ao contrário, não quer ser o dono da casa pois essa tarefa traz "stress" e o "stress" traz falta de saúde. Ou seja, o ZP espera que haja alguns (e há sempre) que na miragem do Poder ou da Glória, trabalhem e se consumam por excesso de actividade.
Quase que se pode aplicar, neste caso, a metáfora budista sobre a vida, comparando-a com um rio, no qual nos devemos deixar levar pela corrente, suavemente, até ao nosso destino, em vez de nadarmos contra as águas, pois quanto mais lutamos contra o caudal mais sofreremos.
Sinceramente, não acreditamos. Isto é, o ZP é contemplativo e pacífico por educação e nã premeditadamente, embora existam algumas virtualidades ao usufruir de uma vida menos agitada.
Outros aspectos da personalidade do ZP
Com o tempo, RBP foi descobrindo outras características do ZP. Sacrificado, traído, vendido mas, apesar disso, bonacheirão, generoso, dócil e ingénuo. Por isso, enquanto ri de um modo alvar, em surriada ou matreiramente, vai pingando-amor ou dormindo à margem dos acontecimentos, o Zé era (é) frequentemente enganado.
Apesar de explorado pela Monarquia era retratado por RBP (que o apoiava, empurrando-o, no próprio desenho) a contribuir filantropicamente, em quermesses régias em favor de diversas "obras de caridade" (António Maria de 22 de Maio de 1884). Confundia-se, deste modo, o artista com próprio ZP.
Mais tarde passou a dar esmola para os bombeiros, para a Cruz Vermelha, para o "Instituto do Cancro" e muitas outras instituições de solidariedade social, ao mesmo tempo que continuava a cair na aldrabice do bilhete de lotaria premiado e no patriotismo de determinados políticos de pacotilha.
Hoje continua generosa e pateticamente a ser tanso.
Dá para os Partidos políticos, para a Igreja do Reino de Deus e outros grupos religiosos, ou para as compras via TV de produtos "miraculosos" como cintas ou palmilhas que emagrecem. Isto é, século após século, o ZP continua a cair no conto do vigário e a acreditar em milagres.
Desde o milagre pequeno do dia a dia até ao milagre sebástico de regresso a uma Idade de Ouro portuguesa. Aliás, as sucessivas tentativas de reformulação de um mito obsoleto pré-renascentista (ex.: Bandarra, P. António Vieira, A. Garrett, F. Pessoa) são prova de que esta "filosofia nacional" não desapareceu após a "época de trevas" desencadeada pela morte de D. Sebastião. Estas atitudes têm tido como consequência o fomento do sebastianismo na óptica lusitana. O povo português continuou, a confundir alguns líderes políticos com o Desejado salvador que de novo virá dilatar o Império, acabando a obra iniciada.
Este "povo de pobres com mentalidades de ricos" (3), por uma inexplicada cegueira interna acredita nas imagens que vai fabricando para seu próprio consumo. Entende que é mais importante parecer do que ser e aparentemente não distingue entre acreditar e fingir acreditar.
Embora, por vezes, tentem parecer que têm aquilo que não têm, na generalidade procuram aparentar o contrário. Isto é, fingem não terem aquilo que na realidade possuem, procurando não dar nas vistas. Esta atitude de pretenderem passar por mais pobres do que aquilo que são, traz, em consequência, a confusão com os verdadeiros pobres. Assim, os portugueses que são ricos, não se distinguem, respectivamente, dos pobres que parecem pobres e dos ricos que parecem ricos.
A evolução do ZP e alguns hábitos adquiridos recentemente
Após a morte de RBP, a figura do ZP, perdurou até aos dias de hoje, continuando a ser desenhada por outros caricaturistas, mantendo características e adquirindo outras, provando a sua inexcedível capacidade de adaptação. Ou seja, o nosso irmão ZP não envelheceu sequer, apenas se tem vindo a actualizar, disfarçando-se frequentemente consoante a conjuntura social, mas resistindo sempre.
Boémio, fatalista, individualista, simultaneamente polícia ou espião dos seus próprios vizinhos e fugitivo de impostos, facilmente burocratizável mas com tendência anáquica, pacífico mas matando impiedosamente por questões de má vizinhança ou linchando os novos violadores do século XX, mantendo um irrealismo notável sobre as suas próprias possibilidades, o ZP, após o 25 de Abril, ajustou-se mantendo velhos hábitos, em vez de os corrigir, permitindo que novas injustiças e novas albardas surgissem cobertas com um fino verniz de democracia. O estatuto de democrático permitiu a multiplicação dos campos de aplicação dos defeitos antigos. Numa réplica do fontismo, ocasionalmente distribuem-se empregos artificiais a quem gosta de fintar colectivamente o trabalho, ou promove-se a incompetência, o oportunismo e o clientelismo como se fossem qualidades.
Hoje, o ZP, é menos analfabeto, mas perdeu algumas qualidades estimáveis como a simplicidade e a naturalidade de outrora, bem como algumas raízes culturais importantes, adquirindo novos costumes pouco recomendáveis.
De facto, com o decorrer do tempo, o ZP mudou de roupa e adoptou alguns hábitos questionáveis que têm ajudado a descaracterizar o país, destruindo muitos santuários das nossas províncias. A herança cultural tem sido sistematicamente afectada por diversas aculturações.
Portugal quase que já não existe deglutido pelas novas autoestradas do final deste século, ao longo das quais o ZP foi implantando novas urbanizações, construídas por equipas de patos bravos (ZP em versão novo rico), em função de supermercados. São pólos de uma nova morfógenese urbana, sem raízes, que negam o conceito clássico dos aglomerados populacionais.
Ao lado destes mercados, erguem-se pensões estereotipadas, lojas de móveis, espaços para venda de olaria e de estatuária anódinas, restaurantes tipicamente atípicos, cafés de alumínio, bombas de gasolina e vivendas bacocas com leõezinhos de pedra ao portão, agências bancárias que parecem agências turísticas e vice-versa, blocos habitacionais sempre iguais. Tudo isto entremeado com lixeiras, depósitos de sucata, plásticos, bidons, baracas de comes e bebes envoltas em grande fumarada, obras que nunca acabam, poeira e... alguns restos de antigos pinhais.
No que diz respeito à música, nunca foi tão fácil a mediocridade cantar.
O ZP, provavelmente, entendeu mal a crítica intrínseca feita pelo Herman José quando interpretou a sua personagem, Toni Silva. Em vez de perceber o ridículo de determinado nacional-cançonetismo, julgou que o foleiro é que era bom e desatou, nos últimos anos, a produzir dezenas de clones daquele "boneco". Em consequência, impera uma ordem pirosa que produz aquilo a que alguém já baptizou de Música Pimba.
Por outro lado a TV, nos primeiros anos da década de 1990, interveio no comportamento do ZP, influenciando-o, modificando alguns costumes, ou acabando por canalizá-los, muitas vezes, para a área do video. Damos como exemplo, a tradicional festas do casamento do dia de Stº António que foi substituída por rituais telemáticos do tipo dos programas, "Cenas de um Casamento", "Casados de Fresco", "Despedida de Solteiro".
Os canais de televisão, por razões económicas e de audiências, desataram a produzir uma quantidade crescente de programas em que reina a insensatez, a estupidez ou a parolice, cumprindo um ciclo vicioso em que se a maioria dos portugueses gosta de piroseiras execráveis, então há que fornecer-lhas, afogando as grelhas de programas numa maré de maus exemplos que, por sua vez, vão piorar a atitude mental lusitana.
Ontem como hoje, albarda-se o ZP à vontade do dono (4).
Mergulhados em maus exemplos estéticos, os portugueses têm aprendido a gostar do mau gosto, e a utilizar a velha ignorância como justificação para a irresponsabilidade, apesar de hoje ser menos ignorante do que no tempo de RBP.
Quando estragam o ambiente, escarram e deitam lixo para o chão, desculpam-se dizendo que não tiveram educação. Quando são instados a emitir opinião política, os nossos cidadãos repetem em coro aflito: "não percebo nada de política". Mas depois votam como se soubessem. Aliás as frases: "desculpe qualquer coisa" e "sabe... não andei na escola", são instituições no argumentário lusitano.
Por outro lado, o ZP continua a utilizar o boato (outro tique que, provavelmente, ficou dos tempos da Inquisição) para afirmar sem ter afirmado, ou para travar alguém que queira modificar algo para melhor. Este último hábito é simbolisado, na mitologia lusitana, pelo Velho do Restelo. No entanto esta figura pode representar, não só as forças que se opõem ao progresso, mas também um inconformismo recalcitrante, ou a denuncia da megalomania portuguesa. De facto, desde tempos imemoriais, o ZP mantém um irrealismo notável sobre si próprio e sobre Portugal, julgando-se o melhor povo do mundo.
Fechado ao mundo, amador de quase tudo mas especialista no desenrascanso e em anedotas picantes, muitas vezes crítico e trocista, o ZP cultiva um complexo de inferioridade perante o estrangeiro que sublima através da ostentação de uma mania da superioridade, vangloriando-se frequentemente de qualidades que só ele descobre.
"O que é e... o que pode ser"
É evidente que, dada a vastidão e complexidade do tema, o retrato do ZP fica sempre incompleto. Há quem afirme que também é idealista, emotivo, humano, hospitaleiro, saudosista, fanático pelo futebol, preocupado em evitar conflitos, universalista e facilmente miscigenável com outras raças.
É evidente que o ZP também tem qualidades assinaláveis, mas RBP desenhou sobretudo os aspectos que considerou defeitos (para outros poderam ser qualidades ou simplesmente feitio) porque lhe interessava mostrar o que era necessário corrigir.
No entanto, RBP acabaria por revelar também facetas positivas do ZP. Desta vez, desejadas pelo grande artista. Assim, o ZP aparece, cheio de coragem, a dar pontapés libertadores, a fazer manguitos ou a dar cacetadas nos políticos e nas nações criticadas.
Após RBP colocar a Liberdade a segredar alguns conselhos a ZP, este surge (António Maria de 11 de Março de 1880) em dupla página mostrando duas faces: "O que é e... o que pode ser". Atirando a albarda para longe, ZP adquire um ar severo, está mais elegante, com aspecto mais inteligente e, cheio de força, afugenta os oportunistas da política.
Cerca de dois anos depois, Ramalho, no Album das Glórias, remata a sua síntese biográfica sobre "O Soberano" Zé Povinho, do seguinte modo: "Um dia virá talvez em que ele mude de figura e mude também de nome, para, em vez de se chamar Zé Povinho se chamar simplesmente Povo. Mas muitos impostos novos, novos empréstimos, novos tratados e novos discursos correrão na ampulheta Constitucional do tempo antes que chegue esse dia tempestuoso".
Tudo indica que RBP, e não só, ambicionava que os defeitos do ZP desaparecessem. Através da Cultura e Educação almejava, de certo modo, "assassinar" a sua criação máxima, dando lugar a um novo e civilizado Portugal.
Ou seja: a raça nacional alcançará de novo grandeza, quando perceber que o D. Sebastião redentor porque quem espera, desde 1578, é afinal o colectivo de todos os portugueses, com uma nova maneira de ser e de estar.
Ao contrário do que se possa pensar, RBP gostava (tal como nós) do ZP, apesar dos atributos que lhe ia conferindo através das suas caricaturas. Não se trata de não ter afeição pelo ZP, mas antes de um modo de lutar para que ele melhore.
Rafael Bordalo Pinheiro, apesar da fraternidade para com o Zé Povinho, sofria por causa de o povo português ser assim tal como o desenhava.
Afinal, como era. Como é.
* Médico e membro da Associação Património Histórico.
NOTAS
(1) José Augusto França, Rafael Bordalo Pinheiro - o português tal e qual, Livraria Bertrand, 1981.
(2) É legítimo inferir que perante o exemplo dos Autos da Fé e dos castigos que sofriam aqueles que eram acusados de novas ideias (Cristãos Novos), e um tempo em que era preferível denunciar a ser torturado, o povo português adoptasse um comportamento contrário às novidades sociais.
(3) Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade, Biblioteca D. Quixote, 1978.
(4) A albarda como símbolo nasceu, após RBP ler um artigo, no Diário Popular (em 1880), de Mariano de Carvalho aconselhando ao Rei D. Luís: "o povo quer e pede mais albarda". Mais tarde, no Album das Glórias, Ramalho Ortigão começa o seu texto com a frase: "Albarde-se o burro à vontade do seu dono".
in:C.I.T.I.
abraço
patdav
Bom, não parece ser um problema muito preocupante.
Provavelmente é parte de uma pressão que os serviços militares russos tem mesmo de fazer para receberem o cash necessário para se manterem operacionais.
Em qualquer caso, seria impossível estar em causa uma explosão nuclear.
O pior cenário possível seria um "meltdown" do núcleo do reactor, ou uma explosão convencional que libertasse materiais radioactivos do reactor ou do armamento.
Provavelmente é parte de uma pressão que os serviços militares russos tem mesmo de fazer para receberem o cash necessário para se manterem operacionais.
Em qualquer caso, seria impossível estar em causa uma explosão nuclear.
O pior cenário possível seria um "meltdown" do núcleo do reactor, ou uma explosão convencional que libertasse materiais radioactivos do reactor ou do armamento.
Earthlings? Bah!
- Mensagens: 1541
- Registado: 20/11/2003 11:37
O caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro era um cómico, antes de mais nada.
Ao criar certas personagens, conseguiu fazer uma crítica sarcástica aos políticos de há cem anos atrás, ainda em tempos monárquicos. Os golpes palacianos que se davam para a formação de Governos eram o topo do absurdo.
Essas caricaturas fizeram história e escola.
O zé povinho era o bombo da festa nas mãos dessa classe política mais preocupada com o seu nariz do que com os problemas nacionais. (isto não parece com alguma coisa nossa conhecida??)
Bom, mais um update sobre esta informação Russa:
Russia's nuclear battle cruiser Peter the Great has been rushed back to port because it is at risk of exploding at any time, the head of Russia's fleet has said.
Admiral Vladimir Kuroyedov ordered the measure after a tour of the ship during naval exercises in the Barents Sea.
"The ship is in such a condition that it may blow up any minute," Admiral Kuroyedov said.
"It is especially dangerous since the vessel is equipped with a nuclear reactor," he added.
"The ship's condition is fine in those places where admirals walk, but where they don't go everything is in a state."
Admiral Kuroyedov did not specify the port to which the cruiser was taken.
However, he said he had ordered the ship to be docked for two weeks, "during which the ship's commander... must remove all deficiencies in the ship's upkeep".
It is normally based near the northern port of Murmansk.
Site da Sky News
dj
Ao criar certas personagens, conseguiu fazer uma crítica sarcástica aos políticos de há cem anos atrás, ainda em tempos monárquicos. Os golpes palacianos que se davam para a formação de Governos eram o topo do absurdo.
Essas caricaturas fizeram história e escola.
O zé povinho era o bombo da festa nas mãos dessa classe política mais preocupada com o seu nariz do que com os problemas nacionais. (isto não parece com alguma coisa nossa conhecida??)
Bom, mais um update sobre esta informação Russa:
Russia's nuclear battle cruiser Peter the Great has been rushed back to port because it is at risk of exploding at any time, the head of Russia's fleet has said.
Admiral Vladimir Kuroyedov ordered the measure after a tour of the ship during naval exercises in the Barents Sea.
"The ship is in such a condition that it may blow up any minute," Admiral Kuroyedov said.
"It is especially dangerous since the vessel is equipped with a nuclear reactor," he added.
"The ship's condition is fine in those places where admirals walk, but where they don't go everything is in a state."
Admiral Kuroyedov did not specify the port to which the cruiser was taken.
However, he said he had ordered the ship to be docked for two weeks, "during which the ship's commander... must remove all deficiencies in the ship's upkeep".
It is normally based near the northern port of Murmansk.
Site da Sky News
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
E a avolumar ...
... receios vários, descoberto embrulho suspeito, esta manhã, no metro de Londres



Agora são os Russos !!
Informação da Sky News, alguns minutos atrás:
Sky breaking news:
Russia's nuclear battle cruiser Peter the Great has been rushed back to port because it "could explode at any moment," the head of Russia's fleet has said.
Era só o que faltava era uma explosão nuclear....
Quando o tempo é de crise, tudo aparece !!
Um abraço
dj
Sky breaking news:
Russia's nuclear battle cruiser Peter the Great has been rushed back to port because it "could explode at any moment," the head of Russia's fleet has said.
Era só o que faltava era uma explosão nuclear....
Quando o tempo é de crise, tudo aparece !!
Um abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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