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Caldeirão da Bolsa

BES - A LUTA

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: BES - A LUTA

por joao73 » 5/11/2014 2:45

epinay Escreveu:"É desproporcional, e mesmo contrário ao disposto nos nºs 1 e 2 do art. 101.º do EOA, fixar
previamente honorários ridículos e reservar a “fatia de leão” para a majoração."

http://www.verbojuridico.com/doutrina/2 ... rarios.pdf



Desproporcional é a forma que fomos roubados,

Colegas o valor que estou a dizer é verdadeiro,
Felizmente neste caso não existe justiça para pobres e para ricos.
Não é preciso ser rico para avançar com processo judicial na defesa dos vossos interesses.
Se um advogado leva 10% dos resultados obtidos é porque acredita que pode vencer, e isso transmite credibilidade.

Qual é o problema da fatia de leão para a majoração, o advogado recebe 10 e eu 90 % de algo que hoje vale zero.

Colegas, não fiquem de fora do comboio, existem muitos advogados/gabinetes e para todas as carteiras, por isso não é desculpa o valor das custas porque existe de tudo.

Um abraço,

João
 
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Re: BES - A LUTA

por epinay » 5/11/2014 0:15

"É desproporcional, e mesmo contrário ao disposto nos nºs 1 e 2 do art. 101.º do EOA, fixar
previamente honorários ridículos e reservar a “fatia de leão” para a majoração."

http://www.verbojuridico.com/doutrina/2 ... rarios.pdf
 
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Re: BES - A LUTA

por epinay » 5/11/2014 0:10

joao73 Escreveu:
doez Escreveu:Para quem tem dinheiro pode andar a vida em tribunal.. para o pequeno investidor? Seguir a vida, e fixar bem a seguinte ilação: "Não colocar todos os ovos no mesmo cesto...por mais que seja óbvio que vão ficar ricos"

Coloquem regras e sigam-nas à risca. Escrevam e leiam em voz alta. Fará maravilhas à vossa vida e aos vossos investimentos.

Abraço.


Boa Noite,

Não tenho duvida nenhuma que vamos ser indemnizados, pode demorar anos ....mas vai acabar por acontecer.
Lembro que os que vão receber alguma coisa serão aqueles que agiram judicialmente.
Os pequenos investidores podem e devem entrar com processos judiciais.
Os valores das custas iniciais, para quem quiser são demasiado baixos para a respetiva perda, maior parte dos advogados estão apostar num ganho final de 10%.
Quem não entrar no comboio da justiça dificilmente vai receber algum.
Existem advogados a pedir unicamente 30,00€ para avançar com processos judiciais, com um ganho de 10% dos resultados obtidos. Não acredito que os pequenos investidores não tenham 30,00 € para requerer a devida justiça que foi deita ao roubo do seu património.

Caros colegas roubados, existe muitas pessoas que dizem que isto foi um abre olhos e que serve para apreenderem a negociar na bolsa, porque a eles isto nunca acontecia, e provavelmente não ..... porque provavelmente nunca investiram um cêntimo que seja.

Por amor à vossa saúde mental não fiquem parados, 30,00 euros é demasiado pouco para pelo menos sentirem que fizeram alguma coisa, e um dia quem sabe, podem ser ressarcidos do dinheiro que foi roubado.

um abraço

João



Essa dos 30€...

Estatuto da Ordem dos Advogados

Artigo 101.º
Proibição da quota litis e da divisão de honorários

1 - É proibido ao advogado celebrar pactos de quota litis.

2 - Por pacto de quota litis entende-se o acordo celebrado entre o advogado e o seu cliente, antes da conclusão definitiva da questão em que este é parte, pelo qual o direito a honorários fique exclusivamente dependente do resultado obtido na questão e em virtude do qual o constituinte se obrigue a pagar ao advogado parte do resultado que vier a obter, quer este consista numa quantia em dinheiro, quer em qualquer outro bem ou valor.

3 - Não constitui pacto de quota litis o acordo que consista na fixação prévia do montante dos honorários, ainda que em percentagem, em função do valor do assunto confiado ao advogado ou pelo qual, além de honorários calculados em função de outros critérios, se acorde numa majoração em função do resultado obtido.
 
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Re: BES - A LUTA

por joao73 » 4/11/2014 23:57

doez Escreveu:Para quem tem dinheiro pode andar a vida em tribunal.. para o pequeno investidor? Seguir a vida, e fixar bem a seguinte ilação: "Não colocar todos os ovos no mesmo cesto...por mais que seja óbvio que vão ficar ricos"

Coloquem regras e sigam-nas à risca. Escrevam e leiam em voz alta. Fará maravilhas à vossa vida e aos vossos investimentos.

Abraço.


Boa Noite,

Não tenho duvida nenhuma que vamos ser indemnizados, pode demorar anos ....mas vai acabar por acontecer.
Lembro que os que vão receber alguma coisa serão aqueles que agiram judicialmente.
Os pequenos investidores podem e devem entrar com processos judiciais.
Os valores das custas iniciais, para quem quiser são demasiado baixos para a respetiva perda, maior parte dos advogados estão apostar num ganho final de 10%.
Quem não entrar no comboio da justiça dificilmente vai receber algum.
Existem advogados a pedir unicamente 30,00€ para avançar com processos judiciais, com um ganho de 10% dos resultados obtidos. Não acredito que os pequenos investidores não tenham 30,00 € para requerer a devida justiça que foi deita ao roubo do seu património.

Caros colegas roubados, existe muitas pessoas que dizem que isto foi um abre olhos e que serve para apreenderem a negociar na bolsa, porque a eles isto nunca acontecia, e provavelmente não ..... porque provavelmente nunca investiram um cêntimo que seja.

Por amor à vossa saúde mental não fiquem parados, 30,00 euros é demasiado pouco para pelo menos sentirem que fizeram alguma coisa, e um dia quem sabe, podem ser ressarcidos do dinheiro que foi roubado.

um abraço

João
 
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Re: BES - A LUTA

por KoLmi » 4/11/2014 23:31

5element Escreveu:
Sr_SNiper Escreveu:
5element Escreveu:Estou bastante tranquilo. Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer. Claro que vai demorar anos, mas vêm com juros.

cumps


Afirmação deliciosa, quando se tenta num estado de direito, fazer com que o direito não se cumpra :)


Não me vou alongar muito, pois já muito argumentei neste tópico. Só quis referenciar que face á legislação vigente em Portugal "Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer"

Claro que a frase vista doutro prisma até pode ter um aspecto delicioso.

Bom Jantar



Não passei por nada assim mas já fui indemnizado num trade de Warrants pela CMVM passados alguns anos com os respectivos juros, sei que outros membros do caldeirao tb o foram. Nem sempre as coisas funcionam como devem ser mas serve este exemplo para mostrar que às vezes a justiça também funciona e neste caso a CMVM.
 
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Re: BES - A LUTA

por 5element » 4/11/2014 21:59

Sr_SNiper Escreveu:
5element Escreveu:Estou bastante tranquilo. Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer. Claro que vai demorar anos, mas vêm com juros.

cumps


Afirmação deliciosa, quando se tenta num estado de direito, fazer com que o direito não se cumpra :)


Não me vou alongar muito, pois já muito argumentei neste tópico. Só quis referenciar que face á legislação vigente em Portugal "Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer"

Claro que a frase vista doutro prisma até pode ter um aspecto delicioso.

Bom Jantar
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Re: BES - A LUTA

por Sr_SNiper » 4/11/2014 21:28

5element Escreveu:Estou bastante tranquilo. Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer. Claro que vai demorar anos, mas vêm com juros.

cumps


Afirmação deliciosa, quando se tenta num estado de direito, fazer com que o direito não se cumpra :)
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Re: BES - A LUTA

por 5element » 4/11/2014 18:50

Estou bastante tranquilo. Estamos num estado de direito e assim sendo, as indemnizações vão aparecer. Claro que vai demorar anos, mas vêm com juros.

cumps
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Re: BES - A LUTA

por doez » 4/11/2014 16:40

Para quem tem dinheiro pode andar a vida em tribunal.. para o pequeno investidor? Seguir a vida, e fixar bem a seguinte ilação: "Não colocar todos os ovos no mesmo cesto...por mais que seja óbvio que vão ficar ricos"

Coloquem regras e sigam-nas à risca. Escrevam e leiam em voz alta. Fará maravilhas à vossa vida e aos vossos investimentos.

Abraço.
 
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Re: BES - A LUTA

por joao73 » 4/11/2014 16:20

Exm.º(a) Senhor(a)

Vimos informar que já deram entrada no Tribunal Administrativo de Circulo de Lisboa as acções populares de nulidade e responsabilidade civil, que correm respectivamente com os n.ºs 2512/14.OBELSB, Unidade Orgânica 4 e 2511/14.1BELSB, Unidade Orgânica 5.


Um abraço,

João
 
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Re: BES - A LUTA

por epinay » 4/11/2014 15:35

O Dr. Ricardo Salgado também intentou uma acção ontem..

"2591/14.0BELSB 401123 2ª Espécie - Ação administrativa especial de pretensão conexa com atos administrativos ADM Carla Sofia Pereira Portela Unidade Orgânica 1
Autor: JOSE RICARDO ESPIRITO SANTO BASTOS SALGADO E OUTRO
Réu: BANCO DE PORTUGAL (Outros) 03/11/2014"
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 4/11/2014 14:18

Boas

BES: grupo de investidores pede anulação da medida de resolução
!20 investidores consideram que processo foi ilegal.
Um grupo de 120 investidores do Banco Espírito Santo interpôs uma ação para exigir a anulação da medida de resolução que dividiu o banco em dois, considerando que o processo foi ilegal, disse esta terça-feira um dos subscritores.

A ação, entregue em tribunal na segunda-feira à noite, visa o Banco de Portugal, mas atinge também a ministra das Finanças e o Fundo de Resolução, que se tornou o único acionista do Novo Banco, e o Novo Banco, «por ser beneficiário do confisco», explicou à Lusa o subscritor Pedro Castro.

A ação judicial poderá ter também como interessados «todos os devedores ao Banco Espírito Santo, cujos créditos hajam sido considerados tóxicos» e «os membros dos órgãos de administração e de fiscalização do Banco Espírito Santo», adiantou.

«No essencial, aquilo que se pede é a anulação da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal e a anulação da transferência dos ativos e elementos patrimoniais e ativos sob gestão do Banco Espírito Santo para o Novo Banco», adiantou Pedro Castro.

«Todo esse acervo deve ser transferido e regressar à esfera patrimonial do BES, é isto que se exige», acrescentou, explicando que, se o tribunal concordar com a ação, «todo o negócio é completamente anulado» e «regressa tudo a zero».

A ação é assinada por vários advogados, entre os quais Miguel Reis, representante dos pequenos investidores do BES e responsável pela publicação da ata da reunião extraordinária do Banco de Portugal que aprovou a constituição do Novo Banco.

Entre os subscritores contam-se também os advogados Alberto Vaz, João Martins Jorge, Nuno Silva Vieira e Henrique Prior, além do consórcio constituído para a defesa dos investidores do BES, o CDIBES.

Para os autores da ação, o processo de divisão do Banco Espírito Santo em dois, ficando o BES com os ativos tóxicos e o Novo Banco com os ativos valiosos, foi ilegal e deve ser anulado.
 
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Re: BES - A LUTA

por moppie85 » 4/11/2014 2:43

LEOBEL Escreveu:"The aim of the judicial review application is to nullify the Bank of Portugal’s resolution of the bank.
According to the filing, representatives of Third Point met with Bank of Portugal officials in Lisbon on July 16 to offer their help in finding a potential solution to recapitalize the bank.
The officials noted their interest but said the bank wasn’t yet in crisis mode to require such help. " :shock: :shock: :shock:

SÓ PROVA QUE A SOLUÇÃO ENCONTRADA NÃO ESTAVA ALI AO VIRAR DA ESQUINA......ISTO PROVA QUE FOI ALGO PLANIFICADO, MEDITADO E ARQUITETADO PARA LIQUIDAR COM O BES.

fonte:http://online.wsj.com/articles/third-point-other-investors-ask-court-to-throw-out-breakup-of-espirito-1414803104


de acordo com o que li, o que deu a estocada final foi a descoberta mais tardiamente de mais divida, logo naquele momento o BdP podia estar a dar a informação que dispunha.
mais, o que raio foi o fundo fazer ao BdP? Se queria ajudar o banco, tinha era de ir falar com os accionistas e não ir sondar o BdP. São pouco espertos esses...
 
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Re: BES - A LUTA

por LEOBEL » 3/11/2014 12:11

"The aim of the judicial review application is to nullify the Bank of Portugal’s resolution of the bank.
According to the filing, representatives of Third Point met with Bank of Portugal officials in Lisbon on July 16 to offer their help in finding a potential solution to recapitalize the bank.
The officials noted their interest but said the bank wasn’t yet in crisis mode to require such help. " :shock: :shock: :shock:

SÓ PROVA QUE A SOLUÇÃO ENCONTRADA NÃO ESTAVA ALI AO VIRAR DA ESQUINA......ISTO PROVA QUE FOI ALGO PLANIFICADO, MEDITADO E ARQUITETADO PARA LIQUIDAR COM O BES.

fonte:http://online.wsj.com/articles/third-point-other-investors-ask-court-to-throw-out-breakup-of-espirito-1414803104
 
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Re: BES - A LUTA

por pikota » 24/10/2014 11:24

Este país é uma desgraça, uma miséria, não há nenhum gestor/administrador que se aproveite.
Todos querem bons tachos, bons ordenados mas gerir e gerir bem não há ninguém.
Roubam a descarada e a justiça ainda ajuda estes ladrões, como é que Portugal pode ir para a frente?
 
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Re: BES - A LUTA

por sneh » 24/10/2014 10:26

Mais uma notícia que mostra, claramente, que este roubo teve por base questões políticas!
Uma vergonha...
 
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Re: BES - A LUTA

por joao73 » 24/10/2014 9:59

Banco de Portugal deu apenas dois dias a Vítor Bento para salvar o BES antes de forçar a resolução
Outubro 24th, 2014
Diário Económico revela mentiras do Banco de Portugal ao mercado, omissões à CMVM sobre a dimensão da dívida do BES até poucas horas antes do anúncio oficial, e imposição do planeamento antecipado da falência do BES através do Fundo de Resolução.

O regulador queria que Bento apresentasse um plano de capitalização que evitasse a intervenção que veio a acontecer. O Diário Económico teve acesso a uma carta que publicou na sua edição online de quarta-feira à noite (23-10-2014) através da qual comprova que o Banco de Portugal teve conhecimento da dimensão dos prejuízos antes do anúncio oficial, e que não o comunicou à CMVM.

Conteúdo das cartas da Supervisão do BdP citadas pelo Económico são indiciadoras de má fé e manipulação do mercado e do Regulador CMVM

Artigos relacionados do Económico (Conteúdos publicados no Económico à Uma. Por subscrição)

Entristeceu-me não poder fazer mais do que fizemos para proteger os investidores do BES

Confiança no mercado português é hoje menor do que há nove anos

Governo travou recapitalização com CoCos

CITAÇÃO

De acordo com a notícia do Económico “a administração do BES, liderada por Vítor Bento, reagiu à carta enviada por Pedro Duarte Neves com uma última tentativa para assegurar a participação de investidores privados no aumento de capital exigido pelo Banco de Portugal (BdP). Porém, ao que o Diário Económico apurou, a divulgação do prejuízo recorde de 3,6 mil milhões de euros, na noite de 30 de Julho, afastou os potenciais interessados na compra do terceiro maior banco português em activos.
Nestas circunstâncias, a gestão do BES foi bater à porta da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, procurando aceder à linha de recapitalização pública prevista no memorando da ‘troika’. Esta solução era a preferida pelo próprio Banco de Portugal e o problema dos ‘timings’ para aprovação da ajuda estatal poderia ser resolvido com relativa facilidade, dado que a autorização de Bruxelas poderia ser obtida posteriormente. O próprio comunicado do BdP, divulgado a 30 de Julho, após o anúncio dos prejuízos históricos do BES, indicia esta possibilidade: “A solidez da instituição está salvaguardada pelo facto de continuar disponível a linha de recapitalização pública criada no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira para suportar eventuais necessidades de capital do sistema bancário”, referiu.

Com esta possibilidade em mente, o plano da gestão de Vítor Bento previa uma solução mista, com capitais privados e ‘CoCo Bonds’, de modo a injectar cerca de três mil milhões de euros do BES. Teria de haver ‘burden sharing’, com os accionistas e obrigacionistas juniores a suportarem parte dos custos, mas o BES seria preservado enquanto banco e não seria dividido em “bom” e “mau”.

Segundo fontes ouvidas pelo Económico, numa reunião que teve lugar a 31 de Julho, a ministra Maria Luís Albuquerque negou esta possibilidade, no que foi interpretado como uma decisão política. E ficou então claro que a, a menos que Vítor Bento encontrasse, ‘in extremis’, um investidor privado, só existiam duas alternativas para o Banco de Portugal lidar com o problema: a resolução ou a liquidação do BES.

A resolução estaria, no entanto, a ser preparada como “Plano B” desde antes de 30 de Julho, como indica o facto de a Comissão Europeia ter aberto o processo relativo ao BES nesse dia, às 22h19 (hora de Bruxelas), tal como o Económico noticiou há duas semanas. Mas as autoridades portugueses garantem que não tiveram contactos com a DG Comp antes de 2 de Agosto. A resolução do BES foi tratada como ajuda de Estado, pela DG Comp, já que o Fundo de Resolução é uma entidade pública, 100% detido pelo Estado. Os seus dinheiros são públicos, como refere o próprio Orçamento do Estado para 2014.


Recusa de CoCos afunda capitalização bolsista do BES e força aparecimento do Novo Banco e desmembramento do BES imposto pela troika (UE/CE, BCE e FMI)
 
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Re: BES - A LUTA

por bike1 » 20/10/2014 16:33

Papel Comercial Espart.
Recebi informação que o papel comercial da Espart (25milhoes euros) no clientes de retalho não irá ser pago na maturidad (31-out).
Algo que não compreendo é a gestora (que demonstra total desconhecimento) afirmar que não será pago mas não saber rigorosamente nada em relação ao estado de saúde da Espart.
Ou seja, não será pago mas a empresa não está em gestão controlada nem está em falência. Se estivesse percebia...assim cada ver percebo menos. Continuo a pensar que o papel comercial será pago mas esta ausência de noticias oficiais da parte do Stock da Cunha e do Novo Banco não augura nada de bom!
 
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Re: BES - A LUTA

por Garfield » 19/10/2014 19:29

Boas,

Para divulgação...

No passado dia 18 de Outubro realizou-se a 1ª assembleia geral da Associação de Pequenos Accionistas do Banco Espirito Santo tendo-se cumprido todas as formalidades necessárias para o registo oficial da mesma.

Reportagem da RTP ( entre o minuto 7 e o minuto 15 ) :

http://www.rtp.pt/play/p1515/e169319/jornal-2

Reportagem da SIC :

http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/ges/2014-10-18-Pequenos-acionistas-do-BES-criam-associacao-para-defenderem-direitos

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Re: BES - A LUTA

por zorro2009 » 17/10/2014 21:55

Alguem mandou procuração a estes dois advogados ?

http://www.associacaodeinvestidores.com ... a-pro-bono
 
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Re: BES - A LUTA

por joao73 » 16/10/2014 17:37

Regulador detectou a 3 de Dezembro riscos de insolvência da Espírito Santo International, uma das principais empresas do Grupo Espírito Santo, e deu 27 dias a Ricardo Salgado para resolver os graves problemas financeiros do grupo. Banco de Portugal recuou pouco tempo depois. Saiba porquê. O i revela as cartas e os encontros entre o ex-presidente do BES e o supervisor.

© Fornecido por Jornal i

Eram 19 horas do dia 3 de Dezembro de 2013 quando Ricardo Salgado recebeu uma carta demolidora assinada pelo então vice--governador do Banco de Portugal (BdP). Três horas depois de ter estado na sede do supervisor bancário, o então presidente da comissão executiva do BES não conseguia acreditar no que lia. Na carta assinada por Pedro Duarte Neves, o BdP dizia-se surpreendido com "o inusitado acréscimo" do passivo financeiro da Espírito Santo International (ESI), garantia que a dimensão da dívida era "susceptível de pôr em causa a solvência da ESI" e dava 27 dias ao grupo para executar um plano de ring fencing, isto é, o grupo teria de isolar o BES de todos os riscos emergentes das entidades não financeiras. “O governador começou por dizer: olhe, nós recebemos este documento. Revela uma surpresa pela carta que receberam mas nós é que estamos verdadeiramente surpreendidos com o aumento do endividamento”

Ricardo Salgado

9 de Dezembro de 2013

Entre outras coisas, o GES teria de constituir até 31 de Dezembro uma conta bancária com o montante equivalente à dívida emitida pela ESI junto de clientes do Banco Espírito Santo (BES), ou seja, com o montante de cerca de 1700 milhões de euros. Só que, de acordo com documentos a que o i teve acesso, Ricardo Salgado protestou junto do Banco de Portugal e apresentou alternativas. Vinte dias depois, numa nova carta, o BdP apresentou um novo plano de acção diluído no tempo e mais próximo do que o GES tinha proposto.

A 17 de Dezembro, Ricardo Salgado dá os primeiros sinais de que o BdP fez cedências e traçou um plano menos exigente para o GES: a linha de crédito que devia ser de um montante igual ao total da dívida emitida em papel comercial passou, por exemplo, a ser de 750 milhões com a garantia das acções da Espírito Santo Finantial Group (ESFG) - a empresa da família Espírito Santo que detinha a participação no BES e que, na semana passada, pediu a falência no Luxemburgo. “Estamos plenamente conscientes do efeito sistémico que qualquer perturbação percebida pela opinião pública no GES teria na economia nacional nestes tempos conturbados e difíceis que vivemos” Carta do Conselho Superior do GES entregue ao Banco de Portugal a 3 de Dezembro de 2013, às 16h

Além disso, esse empréstimo já não teria de ser conseguido até ao fim do ano, mas apenas em Janeiro. "Eles tinham pedido que levantássemos uma linha de crédito até ao fim do ano do montante da dívida. Isso ficou reduzido a levantar os 750 milhões com a garantia das nossas acções da área financeira, da ESFG, e esse crédito tem de estar lá durante o mês de Janeiro. [...] Vamos ter de nos envolver com alguns bancos internacionais", contou Ricardo Salgado aos membros do Conselho Superior.

Apesar deste contexto, em respostas enviadas ao i, o Banco de Portugal nega "qualquer redução no grau de exigências" do supervisor.

Já a 23 de Dezembro, numa carta endereçada ao presidente da ESFG, e citada no sábado pelo "Expresso", o BdP impunha outras medidas para separar o BES dos riscos decorrentes da área não financeira, como a criação de uma linha de crédito e a venda de activos pela ESI. A maior parte dessas obrigações ficou por concretizar. Só em Março, e devido ao incumprimento, o BdP obrigou a constituir uma provisão de 700 milhões de euros para cobrir o risco de não pagamento da dívida que tinha sido emitida na rede de retalho do BES. “Eles tinham pedido que nós levantássemos uma linha de crédito até ao fim do ano do montante da dívida. Isso ficou reduzido a levantar os 750 milhões com a garantia das nossas acções da área financeira, a ESFG, e esse crédito tem de estar lá durante o mês de Janeiro”

Ricardo salgado

17 de Dezembro de 2013

É com base nesta provisão, "com referência a 31 de Dezembro de 2013", e que teve em consideração "as conclusões do auditor externo", que o Banco de Portugal sustenta que não reduziu as exigências impostas ao GES.A provisão confirma que o GES não cumpriu o plano do BdP. Ainda assim, e apesar de já a 3 de Dezembro o regulador ter alertado para a falência da ESI, só três meses depois viria a ser constituída essa provisão e só seis meses depois, em Junho, toda a família Espírito Santo viria a ser afastada da liderança do BES. Em Julho, o BdP continuava a afirmar que a situação do banco estava "sólida" e não havia risco sistémico. Até essa data nunca tinha sido revelado que o grupo não tinha cumprido parte do plano que lhe havia sido imposto, por exemplo. A falta de informação já era olhado pelos mercados com desconfiança. “Foi reportado um inusitado acréscimo (...) do passivo financeiro da ESI.(…) A evolução assume uma dimensão susceptível de pôr em causa a solvência da ESI” Carta assinada pelo vice-governador do Banco de Portugal enviada a 3 de Dezembro de 2013, às 19h O prospecto de aumento de capital do BES divulgado em Maio deixou o primeiro alerta: na origem dos problemas da ESI tinham estado "irregularidades materialmente relevantes". Uns dias depois, o "Expresso" ajudava a descortinar a mensagem, avançando que as contas da ESI apresentavam um buraco de mais de mil milhões de dívida. Esse dado constava de uma auditoria da KPMG que foi entregue ao Banco de Portugal a 30 de Janeiro. Carlos Costa viria a defender meses mais tarde que a ESI não estava debaixo da supervisão do BdP. Mas as novas informações a que o i teve acesso reforçam que o supervisor não só teve conhecimento da situação financeira da holding ainda em 2013 como interveio logo a 3 de Dezembro para tentar que o BES não fosse afectado por aquele descontrolo nas contas.

"Esta carta é inexequível" A história, que só começaria a ser conhecida em Maio, obriga a recuar no tempo até ao início de Dezembro. Quando Ricardo Salgado entrou na sede do BdP no dia 3, às 16 horas em ponto, acompanhado de três membros do Conselho Superior do GES e com uma carta na mão em que pedia tempo ao BdP, o supervisor já conhecia o desastre das contas da ESI. O BdP tinha incluído o ramo não financeiro do GES na lista de 12 grandes clientes bancários que viram as suas contas passadas a pente fino por empresas de auditoria. O exercício foi suficiente para destapar o montante da dívida e o montante do buraco da holding: como a análise obrigou o GES a apresentar um balanço consolidado da área não financeira, ficou a saber-se que a ESI tinha, a 30 de Setembro de 2013, uma dívida total de 6,3 mil milhões de euros e um buraco de 1300 milhões. Isto é, havia 1,3 mil milhões de euros de dívida que nunca tinha sido registada nas contas daquela holding da área não financeira do GES.

Estes números só viriam a ser divulgados publicamente em Maio, mas duas cartas de 3 de Dezembro - uma entregue ao BdP e outra enviada pelo regulador - mostram que nesta data o supervisor já conhecia a realidade financeira da holding. O BdP sempre assumiu, nomeadamente através de comunicados publicados no seu site, que teve conhecimento dos problemas da ESI desde o início de Dezembro sem, contudo, revelar os números que estavam em causa.

Na carta assinada por Salgado e outros três representantes da família Espírito Santo, estes reconheciam estar "muito conscientes da preocupação já expressa pelo BdP quanto à situação económica e financeira do GES", manifestavam um "total compromisso e comprometimento na procura de uma solução", mas pediam tempo para executar um plano de acção. A família defendia-se com o valor da "marca Espírito Santo" - que lhes daria "acesso privilegiado aos meios financeiros internacionais" - e com as consequências que um eventual "efeito sistémico" trariam à "economia nacional" nesses "tempos conturbados e difíceis".

Nesse dia 3 de Dezembro, o então líder do BES entregou a carta, conversou durante meia hora com o governador Carlos Costa e saiu satisfeito. De acordo com informações recolhidas pelo i, na reunião do Conselho Superior do GES de 9 de Dezembro, Salgado passou a mensagem de que a grande preocupação do BdP expressa naquela reunião era o papel comercial. José Maria Ricciardi, presidente do BES Investimento (BESI), acrescentou que o banco "tinha de arranjar uma solução para que os clientes fossem reembolsados" e Manuel Fernando, chairman da Rioforte, deu a tacada final: "A grande preocupação era isolar o papel comercial do retalho. Ficaram altamente surpreendidos por causa do desvio das contas e da grandeza do buraco.

"A sensação de que tudo estava sob controlo durou apenas três horas. Às 19 horas, Salgado recebeu a carta assinada pelo vice- -governador do BdP, Pedro Duarte Neves. A primeira coisa que fez foi agarrar no telefone. Como não conseguiu falar com o governador porque Carlos Costa tinha seguido de viagem para Frankfurt, ligou ao vice-governador e disse-lhe: "Esta carta é inexequível, inexequível." O então presidente da comissão executiva do BES olhou para o calendário e começou a fazer contas: já só tinha 27 dias para executar o plano do supervisor.

Deadline a 31 de Dezembro Que plano era esse?

De acordo com documentos a que o i teve acesso, o supervisor fazia três exigências à Espírito Santo Finantial Group (ESFG), que deveriam ser cumpridas até 31 de Dezembro. Caso alguma das três diligências falhasse, o GES teria outra obrigação nas mãos. Na carta dirigida ao presidente da ESFG, o vice-governador assumia que havia sido "reportado um inusitado acréscimo, na realidade muito significativo, do passivo financeiro da ESI" - como o i já avançou, entre o último dia de 2012 e 30 de Setembro de 2013, a dívida daquela holding praticamente duplicou. A evolução, explicava a carta, carecia de "esclarecimentos adicionais" mas uma coisa já era certa para o BdP: a dimensão da dívida era "susceptível de pôr em causa a solvência da ESI". O alerta é de 3 de Dezembro de 2013. A família Espírito Santo só seria afastada seis meses depois.

O BdP queria que o grupo fornecesse elementos que permitissem uma "clarificação plena e aprofundada dos factos" de forma a apurar eventuais responsabilidades. A par disso, o supervisor exigia que até ao fim do ano e "impreterivelmente" a área financeira eliminasse a exposição resultante "quer do financiamento directo ou indirecto quer da concessão de garantias" à ESI, do ramo não-financeiro. Que constituísse uma conta bancária, sem qualquer apoio financeiro "explícito ou implícito de actividades pertencentes ao grupo ESFG", com o montante equivalente à dívida emitida pela ESI e colocada na rede de retalho do BES. À data, de acordo com informações veiculadas por Salgado em reuniões do Conselho Superior do GES, o valor colocado em papel comercial no retalho rondava os 1700 milhões de euros.

As exigências não terminavam sem obrigar o grupo a apresentar um compromisso escrito até dia 10 de Dezembro. E caso todas estas acções não fossem executadas até ao fim do ano, o BdP avisava: o grupo teria de fazer "uma provisão nas contas consolidadas da ESFG correspondente às imparidades" que lhes viessem a ser imputadas no decorrer da avaliação da situação financeira da ESI.

Esse risco de agravar as contas da área financeira do grupo, que teria impacto nos rácios de solvabilidade do banco, teria de ser evitado a todo o custo. Afinal, explicaria Salgado aos restantes membros da família com assento no Conselho Superior, uma imparidade na ESFG "significava um valor" que não sabia "exactamente" qual era, mas sabia ser "elevado". Cumprir o plano exigido pelo BdP até fim do ano, ainda para mais no mês de Natal, era "impensável", "impossível".

Salgado estava em contra-relógio. Mobilizou uma equipa de trabalho, decidiu que teriam de "adoptar uma postura mais radical" junto do BdP e no dia 5 de Dezembro voltou a ligar para o vice-governador a avisar que iria enviar um "documento de reflexão extremamente confidencial": "Sr. vice-governador, esta carta é impossível de ser executada. Estamos a fazer-lhe chegar um papel que é um documento de reflexão para que o senhor pense nas implicações que isto pode ter se o BdP mantiver essa posição." Às 20 horas desse mesmo dia, o então presidente do BES foi chamado de novo ao Banco de Portugal.

Carlos Costa, de acordo com informações transmitidas por Salgado aos familiares, tê-lo-á recebido com uma frase arrasadora: "Este documento revela uma surpresa da vossa parte pela carta que receberam mas nós é que estamos verdadeiramente surpreendidos com o aumento do endividamento do grupo."Alberto de Oliveira Pinto, então presidente do conselho de administração do BES, também presente na reunião, terá tentado explicar que seria difícil o grupo ir ao mercado levantar um empréstimo. O BdP, explicou Salgado à família, terá então se cingido a pedir uma escrow account - uma conta gerida por terceiros - que serviria para o grupo ir reembolsando o papel comercial à medida que este fosse vencendo.O Grupo Espírito Santo enviou uma nova carta ao BdP. E no dia 17 de Dezembro, Salgado voltou ao Banco de Portugal. Nesse mesmo dia, o então líder do BES disse numa reunião do Conselho Superior que tinha havido uma "redução do contexto em relação à carta inicial do BdP" e que as partes tinham chegado "a uma plataforma de entendimento". Com Margarida Vaqueiro Lopes


http://www.msn.com/pt-pt/noticias/other ... ar-BB9oThO
 
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Re: BES - A LUTA

por ovelhaxone » 13/10/2014 15:25

muito bem Ulisses. atitude de grande mérito e coragem em dar a cara publicamente e chamar os bois pelos nomes
 
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Re: BES - A LUTA

por joao73 » 13/10/2014 15:15

Obrigado Ulisses pela tua honestidade e profissionalismo.

Este País precisa de homens como tu.




Não há coincidências

ULISSES PEREIRA




Um dos aspectos mais chocantes deste processo foi o comporta-mento em bolsa das acções do BES nos últimos dois dias em que foram negociadas.

O escândalo BES foi traumático e penalizador para os seus accionistas pelas perdas em que incorreram. Mas, para mim, um dos aspectos mais chocantes deste processo foi o comportamento em bolsa das acções nos últimos dois dias em que foram negociadas. No penúltimo dia perderam cerca de 50% do seu valor e, no último dia de negociação - quando foram suspensas - estavam a cair cerca de 40%.

Estaria o mercado a antecipar que algo de catastrófico ia ocorrer com o BES? Sem dúvida, mas antecipar talvez fosse a palavra certa quando, nas semanas anteriores, o BES se foi afundando na bolsa portuguesa. A expressão certa a aplicar àqueles últimos dois dias de negociação do BES no mercado é: "Inside trading". E aqueles últimos 42 minutos em que o BES negociou 80 milhões de acções são uma evidência disso mesmo.

É óbvio que assim que se começou a saber, nos corredores do poder, que o BES iria ser "nacionalizado" (Oooops… penso que esta é a palavra proibida, mas a que verdadeiramente retrata o que aconteceu), o grande capital começou a despejar as acções num autêntico "salve-se quem puder". Esta é uma das claras situações em que alguém detinha informação privilegiada e a usou abusivamente. Que provas tenho disso? Nenhumas. Mas a situação é tão evidente e tão escandalosa que não tenho medo de a referir, sem problema de qualquer processo judicial que alguém me queira colocar por estas palavras.

Normalmente, sou muito crítico quando se usa a manipulação do mercado para justificar tudo. Habitualmente, esse fantasma é acenado para os investidores se desresponsabilizarem dos seus maus negócios atirando a culpa para terceiros que, por não terem rosto, não se podem sequer defender. Contudo, ao longo dos últimos 15 anos em que escrevo publicamente sobre os mercados de capitais, tenho mostrado a minha indignação com situações escandalosas de movimentos abruptos na bolsa portuguesa antes de acontecimentos extraordinários.

Em Setembro de 2005, o Grupo José De Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves lançaram uma OPA sobre a Efacec. No mês anterior à divulgação dessa oferta, as acções da Efacec tinham subido cerca de 25%. Coincidência talvez…

Entre Outubro de 2001 e Fevereiro de 2002, o Continente subiu cerca de 60% na bolsa portuguesa! No dia 8 de Fevereiro, a Sonae SGPS anuncia a retirada em bolsa do Continente, lançando uma OPA sobre as acções que não controlava. Achar que a acção subiu 60% nos quatro meses antes sem qualquer conhecimento do que ia acontecer é possível. Assim como eu ser o George Clooney.

Em Junho de 2000, a Semapa lança uma OPA sobre a Cimpor depois de, na véspera, a Cimpor ter subido cerca de 8%. Só nos sonhos mais inocentes deste mundo, alguém poderá imaginar que uma acção pouco volátil como a Cimpor sobe 8% na véspera de ser alvo de uma OPA por mera coincidência. Quem comprou, nesse dia, tinha certezas muito grandes do que iria acontecer. E ganhou bastante dinheiro com isso.

Em Março de 2006, o BCP lançou a famosa OPA sobre o BPI (que viria a falhar a sua concretização). A CMVM foi obrigada a suspender a negociação do BPI quando, a meio da sessão, as cotações subiam já cerca de 10%! Recordo-me bem dessa sessão em que havia um frenético "panic buy" com a notícia do que ia acontecer a espalhar-se rapidamente pelas salas de mercado e a ninguém querer ficar de fora do negócio do ano.

"Inside trading" é o que todas estas situações que relatei têm em comum. Não é um crime fácil de provar, mas em todas estas situações é de uma evidência irrefutável. E os pequenos investidores ficam em clara situação de desvantagem. Inclusivamente, muitos deles, vendem as suas acções perante subidas tão fortes, deixando escapar o movimento forte que se dá depois da notícia. Falta-lhes a cereja no topo do bolo, roubada sem qualquer pudor nem temor por aqueles que cometem o crime de "inside trading".

Enquanto os pequenos investidores com acções do BES vão colocando processos em tribunal e a CMVM vai procurando determinar que migalhas receberão os accionistas que ficaram com acções de um banco nacionalizado ("Xô, Satanás") em carteira, dezenas de milhões de acções voaram dos bolsos dos grandes accionistas nos últimos 2 dias da vida do BES na bolsa e alguns despejaram mesmo na última meia hora louca de negociação do banco. Não saíram felizes com essa venda, mas fugiram ao inferno que vivem agora quem ficou a arder com as acções ainda em carteira.

"Inside trading" é o nome. Mesmo que alguns tenham medo de o pronunciar. Mesmo que seja sempre tão difícil de provar. Mas se alguém acredita em coincidências, esqueça tudo o que leu neste artigo. E apenas por coincidência me lerá outra vez.

P.S.: 1) Recuso-me a comentar a situação da PT. Tal como escrevi há algum tempo, a PT já tinha morrido. Agora, foi apenas o funeral. Depois de um suicídio assistido.

2) A bolsa portuguesa continua a dar sinais de fraqueza. Tal como escrevi no meu último artigo, enquanto o PSI-20 permanecer abaixo dos 6.300 pontos, continuo cauteloso. E de costas voltadas para os touros

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/ ... ncias.html

Um abraço,

João
 
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Re: BES - A LUTA

por Garfield » 7/10/2014 0:10

Boas,

Para divulgação...

https://www.facebook.com/pequenosaccionistasbes/timeline?ref=page_internal

Movimento de Pequenos Accionistas do BES Escreveu:Comunicamos a todos os interessados que a Assembleia Geral, agendada para o próximo dia 18 de outubro, se irá realizar no Auditório Carlos Paredes, sito na Junta de Freguesia de Benfica, pelas 15h30.
O Auditório situa-se na Av. Gomes Pereira n.º 17, 1549-019 Lisboa.
Para que possam participar na Assembleia Geral devem enviar um email para apa.bes2014@gmail.com, onde devem manifestar a intenção de participar na mesma e fornecer alguns dados, nomeadamente, nome completo, número de participantes, número de ações e capital investido.
Relembro que é imperiosa a presença de todos na Assembleia geral. Só com um consenso alargado é que poderemos avançar com a defesa dos nossos direitos, seja seguindo pela via extrajudicial ou judicial.
Todos aqueles que já confirmaram presença, não precisam de voltar a fazê-lo mas quem ainda não o fez, deverá fazê-lo o mais brevemente possível.
Com a reserva do espaço tivemos que proceder ao pagamento do aluguer do Auditório (por conta própria) e por uma questão de respeito para connosco e para com todos os que manifestaram o interesse na realização desta Assembleia, esperamos poder contar com a presença de todos.

Sem mais assunto de momento,

Com os melhores cumprimentos,

O Movimento de Pequenos Accionistas do BES



BN
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Re: BES - A LUTA

por Garfield » 6/10/2014 23:45

Boas,

O BES criou um email através do qual os seus accionistas poderão vir a esclarecer as suas dúvidas junto da Comissão Liquidatária: accionista@bes.pt

BN
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