Caldeirão da Bolsa

Off Topic - Rascunhos Inconsequentes - Os Filhos da China

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Os Filhos da China

por sergix » 12/3/2013 0:32

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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013

Os Filhos da China

Caminhava pelas ruas da minha cidade sentindo o frio dos dias de Natal. Deambulava solto e. Vi aquela menina que me fez pensar pensar. Aquela menina: pequenina, talvez uns dois três anos, de cabelo negro, bandelete, uma franja sobre a sua pele amarelada, um pouco rosada, talvez do frio. Os meus olhos. Deslizaram pelas linhas do seu rosto, redondo, balançado sobre desequilibrados passos curtos, descompassados. Naquele momento. Qualquer coisa dentro de mim. O seu cabelo. Liso, brilhante, encurvando-se sobre as feições do rosto, até aos seus pequenos ombros. Os seus olhos. Bonitos, grandes, de pálpebras semi-cerradas. Olhos em bico: olhos de uma menina chinesa. Dentro dos olhos. Qualquer coisa. A crescer a crescer. Foi o calor da sua ternura que me preencheu e deixei de sentir o frio. Seguia de mão dada com a avó, que, talvez por isso, talvez pela minha figura de João-Espantado, talvez João-Espantalho, expunha nos olhos um brilho orgulhosamente feliz. Foi aquela menina que. Me fez pensar pensar: terá um irmaozinho, uma irmazinha, porque, lembrei-me, aos chineses, somente é permitido ter um filho (há execpções). Será que, os que emigram, passam a ignorá-lo? Não sei. Aquela menina, a sua imagem, os seus passos, em mim. Em mim. Cá dentro. E. Os chineses não podem ter filhos, mas nós podemos. Podemos, mas não temos. E. Todas as desculpas, ou motivos, que já ouvi de muitas pessoas, para não terem, ou ainda não terem filhos. Nesse momento, somos grandes, tão grandes, do mesmo tamanho do altruísmo por não os termos enquanto não lhes podermos dar as tão desejadas boas condições para crescerem felizes. Sempre duvidei destas afirmações, que, como disse, de tão altruístas, me fazem desconfiar de um ligeira falsa humildade, modéstia, parcimónia. Não me interpretem mal, porque, não é por não acreditar no que dizem, porque acredito, mas é porque sempre as achei incompletas, inacabadas, porventura, somente ignorantes. Por momentos, confundo-me se todos teremos crescido com tablets e portáteis, se teremos crescido com roupas de marca, se teremos crescido com pacotes de televisão paga, se teremos crescido com? Talvez as minhas memórias me enganem, e não tenhamos crescido com brinquedos que muitas vezes tínhamos de inventar, jogos de rua, as roupas do nosso irmão ou irmã mais velhos, dois canais de televisão, e que são independentes de qualquer condição? Talvez as minhas memórias me enganem, mas devemos ter sido todos tão infelizes, extremamente infelizes, quando éramos crianças, que, hoje, temos medo de os nossos filhos também o serem? Ou, talvez, esteja tão enganado, e tenhamos sido tão felizes, que, hoje, ao vermos que não podemos dar o mundo como os nossos pais nos deram, não queiramos dar aos nossos filhos o mundo em que hoje vivemos? Talvez, só, seja eu que esteja verdadeiramente enganado. Mas. Se nós fomos felizes na nossa infância, com muito menos do que temos hoje, então, porque é que havemos de pensar que os nossos filhos serão infelizes com mais ainda? Já não se lembram o que nos fazia feliz quando fomos crianças? Crianças. Aquela menina,
o corpinho dentro de uma camisola de lã, branca, com umas figurinhas vermelhas, e calcinhas de ganga, a esconderem a persistência dos seus passos, em crescer em crescer. Um blusão azul-escuro, que. Eu. Compungido. Comovido. Às costas, uma mala larga, quase maior do que ela, e que lhe conferiu a ternura. Essa ternura que caminhava sobre passos descompassados como os nossos passos, que, antes da crise, nos levavam a comprar um carro, talvez topo de gama, uma casa, talvez no melhor lugar, roupas roupas roupas, viagens de sonho, porque ainda somos jovens e precisamos de viver! Precisamos de viver tudo antes de termos os nossos filhos porque, depois, acaba, parece que vai acabar. Mas o que acaba? Já perguntámos a algum pai, mãe, o que acaba? Talvez seja melhor perguntarmos, o que começou?
Antes da crise já tínhamos salários baixos e não chegava. Não poupámos para. Pelo contrário, aproveitámos a vida. Agora, temos salários ainda mais baixos e, afinal, sempre parece que chega. Porque acabámos por cancelar o ginásio, ou, por comprar um telemóvel mais barato. Mas agora, agora que ganhamos mesmo menos, agora é que já não conseguimos poupar. Vamos continuar a dizer que é porque não conseguimos poupar, que é porque ainda não temos a nossa vida encaminhada, agora que sabemos que tudo pode mudar, de um dia para outro? Se assim for, seremos uma geração sem filhos e. Eu. Às vezes. Penso: ainda bem que há umas crises: são como doenças, abrem-nos os olhos ao essencial.
Sempre tivemos muitas desculpas. Não temos emprego ou se temos não é estável. Ainda não temos casa, ou estamos a pagar a casa. Porque temos de ter casa, a nossa casa, não podemos viver sem a nossa nossa casa. Não, não podemos esperar como os nossos pais esperaram para ter a deles. Os nossos pais fizeram a sua escolha: primeiro os filhos, depois a casa, depois o carro. Nós. Nós fizemos a nossa escolha: primeiro o carro, depois a casa e, depois, talvez, um filho. Queremos viver tanto que não viveremos para além de nós mesmos. Não nos podemos esquecer, que, só poderemos viver para além de nós mesmos se, alguém, depois de nós, se lembrar de nós.
E eu que voltei para um lugar que não é o meu, e onde vejo pessoas tão diferentes de nós, como pessoas com linhas parecidas com as linhas daquela menina pequena que eu vi. Não hesitei. Perguntei se tinha tido férias em Dezembro, se tinha ido a casa, ou se iria quando fosse o ano novo Chinês, apesar de nem saber bem o que estava a dizer. Disse-me que não, que não tinha ido, mas que também não iria, porque, lá, na China, na terra onde só podem ter um filho, não tem família. Tem os pais, ainda tem os pais, só os pais. Não tem irmãos, nem tios, nem tias (apesar de a lei de filho único datar de 1978). E disse-me que não iria lá, que não precisa, os pais virão cá, são só dois, e estão lá. Sozinhos, sem irmãos nem irmãs, sem qualquer outro filho, porque já não podiam ter outro filho. Lá, não tem mais ninguém para visitar. Nesse dia naveguei pela elegante recordação de uma menina chinesa, que, me fez pensar pensar em qualquer coisa realmente importante: os chineses não escolheram, mas nós fizemos a nossa escolha: seremos os novos filhos da China.
Um dia terás um filho, só um, ou tentarás. Todos temos amigos que já precisaram de tratamentos de fertilidade, talvez por já ser tarde, talvez por outra coisa qualquer? Somos jovens e desafiamos tudo. Somos jovens e ignorantes. É por isso que digo que são frases inacabadas, incompletas, frases ignorantes. Porque terás um filho aos trinta e cinco, talvez já aos quarenta e. Quando quiseres ser avô, avó, terás setenta, talvez até oitenta, mas o teu filho ainda não quererá ter filhos. E, se tiver, apenas sentirás por breves instantes da tua vida um rasgo de luz de toda a felicidade que os teus pais terão quando forem avós, se forem. Nós escolhemos que o nosso neto (não os nossos) um dia não terá família. E o Natal. Será um Natal mais pequeno. Os irmãos e irmãs, os primos e primas, os tios e tias, estão ameaçados. Como tantas outras espécies estão. Pelo. Homem. Talvez, quando fores velho, percebas o que é ser jovem e tomar decisões ignorantes, e queiras completar algumas frases da tua juventude. Porque, quando formos mais velhos, já não teremos força para correr, para viver tudo como agora vivemos.
Talvez, então, queiramos ver os nossos filhos e os nossos netos a fazer-nos companhia, a brincar, e sabermos que cá, fica algo de nós, porque não nos podemos esquecer, que, só poderemos viver para além de nós mesmos se, alguém. Ou, talvez, eu seja apenas um jovem tão ignorante e pretensioso, que, um dia, ao reler este texto sinta uma imensa vergonha do meu pedantismo.
Um dia ao caminhares pela rua, entre o espreitar de duas montras que te cobiçam (queres ter aquela novidade lá na sala de casa), quiçá, repares num menino pequenino de linhas diferentes das tuas, que te desperte. Serão aquelas linhas diferentes que te farão pensar pensar. Qualquer coisa. Talvez siga de mão dada com o avô, que, porvenura, em virtude da tua figura de *****-Espantad*, talvez, *****-Espantalh*, traga nos olhos um brilho orgulhosamente feliz. Talvez nesse dia. Talvez nesse dia saibas que és jovem e que, quando somos jovens, ainda vivemos no reino da ilusão, porque das coisas mais difíceis, é conseguirmos distinguir a ilusão de sermos jovens e vivermos tudo, com a realidade de que um dia seremos velhos e só nos resta a nossa família.
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A Praia - O Eterno Retorno

por sergix » 12/3/2013 0:29

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Domingo, 3 de Julho de 2011

A Praia - O Eterno Retorno

7:42 AM. Um ruído galgou do rádio despertador interrompendo a letargia da noite. Acordei sobressaltado, satisfeito por não ser mais um dia de semana, mas um pouco desconsolado pelos dígitos que o relógio anunciava. Decidido em não deixar-me adormecer dei um pulo, esquivando-me ao chamamento do leito. Na escuridão, os ténues feixes de luz na forma dos dígitos do rádio despertador foram suficientes para aclarar o percurso até ao interruptor que eleva os estores. Carreguei. Subiram lentamente, como se soubessem as horas e o dia, que lhes pedi para despertarem. Fiz figas para que raios de sol conquistassem o soalho. O céu apresentou-se límpido, e o sol abençoou a intrepidez matinal a que me predispus. A mochila estava pronta desde a noite passada. Vesti os calções de banho e substitui a t-shirt. Tomei o pequeno-almoço. Zarpei!

Atravessei a ponte. Do lado de Lisboa a frescura da manhã convidava-a a reerguer-se dos episódios da noite. Do outro lado a enternecedora combinação de cores, na linha que separa o morro do horizonte, convidava a descobrir o mistério além. Cantei….”Aqui vou eu para a Costa!”….. e deixei-me guiar pelo refrão desta canção até ao fim da ponte. Alcancei tranquilamente o meu destino.
De manhã o sol enfrenta o mar olhos nos olhos. Fiz, por isso, a minha almofada de areia do lado do oceano. Estendi-me. Deixei-me impregnar pelos sons da natureza ainda dominantes, a rebentação das ondas, a leve brisa. Naturalmente, adormeci.

Despertei lentamente. Dominava agora a histeria humana, e para lá, além da histeria, o som das ondas. Dessa manifestação retornei à infância. Certamente uma das razões é a cacofonia dos pequeninos na sua voluptuosidade, na sua emancipação, na sua ignorância verdadeiramente sábia. Sem dúvida que as minhas incursões balneares familiares, quando era pequerrucho, também têm um peso significativo. A praia foi-me apresentada quando eu próprio era uma dessas crianças tresloucadas. Aprendi muitas brincadeiras na praia. Por isso, ainda hoje, gosto de assentar junto das crianças, das novas famílias, onde posso disfrutar da embriaguez areal dos pequenos. Fecho os olhos, e passo a ser um deles. O adulto, consciente, responsável, calculista, stressado, evapora-se no calor das brincadeiras, que me aquecem tanto como o calor do sol. De repente constato que apenas me faltam os baldes e as pás para ser um deles!

Retirei da mochila o meu bloco de notas. Escrevi...........
“Há coisas que me fazem retornar à infância. Uma dessas coisas é a praia. E hoje tive sorte. Aqueles dias de sorte. Aqueles dias em que pequenas coisas, aquelas coisas, que apreciamos, que nos encantam, que nos fazem sorrir, acontecem. Não me importo com a areia que aterra na minha toalha, por causa da correria gaiata, ao contrário dos avisos da mãe, para ter cuidado com o senhor. Pois bem, este senhor não precisa de, nem quer, cuidados! Que as crianças continuem ingovernáveis, rabinas, ariscas, simplesmente enfeitiçadas. “

Continuei a escrever.....
“Desvio o olhar para a minha direita. O mano mais velho corre atrás do mano mais novo, à volta do território demarcado pelo contorno do chapéu-de-sol. O riso dos manos, a alegria, a naturalidade do seu contentamento é contagiante. É como se o ar que eles dispersam se apoderá-se desse vício, e que transportado me atinge na inspiração seguinte, embebendo-se. Inopinadamente, circula-me no sangue aquele mesmo sorriso maroto, aquele brilho de inocência. Não desprendo os olhos dos manos. Não quero separar-me daquele sopro.
O mais velho provoca o mais novo, atingindo-o com um balde na cabeça (sem estragos!). É então que, distanciando levemente o meu olhar, descortino o sorriso do terceiro mano, ao colo da sua mãe, a deliciar-se com as traquinices dos mais velhos. O quanto não me vale este sorriso?! Para mim sei o que vale. Uma manhã saboreada na praia, uma boa disposição para o resto do dia, com certeza! Por que se há coisas que me fazem retornar à infância, uma dessas coisas é a praia."

Foi, assim, sem espanto, que senti subitamente uma espécie de deja vú. A descrição é simples: dois manos, dois calções de banho idênticos. Alguém se identifica? Aquela paranóia horrível, mortificante, que as mães tem de vestir os filhos de igual. Que recordação! Ainda hoje penso nas consequências que esses episódios podem ter no desenvolvimento da pessoa? Que impacto, que trauma, carrega esta mania maternal? Intriga-me. Um dia gostaria de ler um estudo científico que avalie esta situação. E com estas últimas frases pondero a hipótese que não quero admitir: fiquei traumatizado! Afinal, que homem, ainda hoje, não suspira, não dirige a mão à cabeça, não arregala os olhos, ou não concede uma risada solene, quando lhe questionam se, por acaso, o trajavam de igual ao irmão quando eram pequenos? Curiosamente, nunca vi as meninas vestidas iguais à mãe. Mas já vi os meninos vestidos iguais ao pai. E assim deverá ter nascido aquele jogo das diferenças. Encontra as 10 diferenças nestas duas imagens!? E imagino uma fotografia de dois manos cortada ao meio.”
Se tivesse uma máquina fotográfica à mão, tiraria uma fotografia e colocaria neste blogue os dois manos de hoje e os manos de ontem. A prova de um quadro intemporal. Por esta razão apresento somente os manos de ontem (onde é que está o umbigo?!).

O sol já tinha perdido a sua timidez matinal, e por esta altura já almejava por me refrescar. Abandonei a toalha. Caminhei. Cumpri o ritual para entrar na água. Entrei e trocou-se a ordem. Primeiro o som das ondas, e depois lá, além da rebentação das ondas, a histeria humana. E deixei-me relaxar pela inversão do cenário.
Voltei à toalha, sentindo o efeito ambivalente da frescura da água e cálido do sol. Deitei-me e deixei-me ficar, apenas e só, comigo.

Mas as crianças não repousam. Perscrutei à minha direita, um catraio que escavava, escavava, escavava. Um buraco considerável. O pai avisou, “Já chega, já tá fundo...pará!”. Claro que........ não parou. Continuou. Um pouco mais tarde, e desta vez, a mãe levantou-se, “Éééeéééé.....tão fundo. Filipe...já chega! O buraco já é maior que tu! As pessoas vão cair no buraco. Pára!”...... Claro que.....não parou. Juntaram-se os irmãos. Aproximaram-se mais crianças. Literalmente uma creche. Contemplavam o buraco. Algumas juntaram-se à odisseia, estimulando-me a curiosidade, pois já não avistava os pequenos que estavam lá dentro. Na verdade, só via areia a esvoaçar. E na contenção de um adulto, forcei-me em não me levantar e espiar o buraco. Mas queria! Contive-me. Inevitavelmente não consegui escapar ao buraco e julguei,... “D'aqui a nada parece o buraco orçamental!”..... Até que o buraco chegou ao limite, o pai, agarrou nos cachopos e tirou-os lá de dentro. Batidos mas não vencidos exercerem um grito de guerra: “Vamos à água!”. E lá foram os pequeninos. Entretanto, outros cachopos que se amontoaram para cuscar, tombaram mesmo no buraco. Observei os artistas que arquitectaram o buraco e pensei ....”Afinal parece mesmo o buraco orçamental! (ou o buraco de um e outro banco privado)”. As analogias são evidentes: O buraco é fundo, mesmo fundo, maior do que as possibilidades de quem o fez. Quem o fez desertou, e regozija-se à beira mar, impune. Quem não o fez caiu, e espera agora que uma mão se estenda. Qualquer coisa como uma ajuda…….uma ajuda externa. Só faltava mesmo saber quem taparia o buraco? ...Claro que..... tapou-o quem caiu nele, quem não contribui para a sua existência. Buracos, é mesmo coisa de crianças. Não se preocupam com as consequências quando o fazem, e retiram desse acto uma satisfação imensa. E depois.......... depois esquivam-se ao sacrifício de o taparem. E com esta apreciação alivio-me. Já não tenho vontade de escavar buracos. Afinal,….talvez…… não sou criança. Retornei ao modo adulto detectando que os raios de sol ganhavam contornos verticais, avisando-me que era hora de recolher. Assim, voltei a largar a minha infância, por que se há coisas que me fazem retornar à infância, uma dessas coisas é a praia.
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Off Topic - Rascunhos Inconsequentes - Os Filhos da China

por sergix » 9/3/2013 13:43

Partilho convosco alguns post's de um blog de um amigo que acho muito bons, este faz de uma forma sublime referência ao buraco financeiro.
Editado pela última vez por sergix em 12/3/2013 0:30, num total de 2 vezes.
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